quarta-feira, 27 de abril de 2016

Niterói lidera produção de energia solar em área da Ampla



Mercado aquecido. Painéis solares em Piratininga: sistema de microgeração têm seduzido moradores da cidade apesar do custo de instalação - Agência O Globo



Renan Almeida

Mudanças implementadas em março pela Aneel elevaram número de residências com microgeração distribuída

NITERÓI - Viver numa casa autossuficiente em consumo energético ainda parece algo distante para muita gente. De fato, esta ainda é uma realidade remota para a maior parte das pessoas, principalmente devido ao custo elevado dos sistemas de geração de energia — R$ 15 mil, no mínimo — e às dúvidas sobre o retorno que o investimento pode proporcionar. Ainda assim, de forma tímida, Niterói registrou no último ano um aumento no número de residências com microgeração. A cidade passou a liderar a lista de 66 municípios do Rio atendidos pela Ampla com o maior número de clientes que geram a própria energia e vendem o excedente para a rede pública, sistema conhecido como geração distribuída. De acordo com a empresa, apenas dois clientes que geravam energia em 2014 usavam esta técnica. Em março deste ano, já eram 34. O número é pequeno frente ao universo de clientes da Ampla, mas revela que mudanças implementadas mês passado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estão impulsionando o setor.

A geração distribuída é permitida desde o final de 2012, quando entrou em vigor a resolução 482 da Aneel. Existem ainda outros microgeradores mais antigos, não contabilizados, uma vez que quem produzia energia armazenava-a em baterias, em vez de distribuí-la na rede pública. O uso de baterias, no entanto, é menos vantajoso, conforme atesta Rafael Coelho, responsável pela área de geração distribuída da Prátil, uma das empresas que instalam sistemas de geração de energia na cidade. Ele diz que as baterias têm as desvantagens de serem caras e de vida útil curta — cerca de cinco anos, contra mais de 25 dos painéis. E que também não permitem soluções como a chamada “geração remota”, autorizada em março deste ano, que torna possível produzir energia em uma casa e consumir o que é gerado em outra.

— É algo que vemos bastante em Niterói. Gente que mora num apartamento em Icaraí, por exemplo, e tem casa de veraneio em Búzios ou até na Região Oceânica. Essa pessoa pode ter o sistema de geração numa casa e usar o que é produzido para diminuir a conta de luz das duas residências — ensina Coelho.

Captação de energia solar começa com painéis instalados no telhado - Editoria de Arte



Segundo ele, a geração distribuída funciona da seguinte forma: durante o dia, os painéis solares captam a energia solar e a transformam em energia elétrica. Em seguida, um aparelho chamado inversor converte a corrente para o mesmo padrão da rede elétrica. A partir daí, a energia gerada está pronta para ser consumida pela residência, e o excesso é injetado na rede pública. Para registrar quanto é recebido da distribuidora e quanto é inserido, instala-se um medidor bidirecional. A recente mudança implementada pela Aneel também definiu regras para simplificar a regularização. O prazo máximo para as distribuidoras aprovarem e conectarem os sistemas diminuiu de 82 dias para 34 dias.

Decidido a reduzir o valor de sua conta de luz — que chegou a R$ 1.200 em fevereiro do ano passado —, Fábio Bastos, que vive com a mulher e três filhos numa casa em Piratininga, investiu R$ 43 mil num sistema de geração de energia fotovoltaica. Ele estima que passou a economizar cerca de R$ 500 em sua conta desde fevereiro, quando o sistema entrou em operação.

— Pelos nossos cálculos, pago o investimento em seis anos. Estou bem satisfeito, o custo/benefício do equipamento é muito bom — avalia.

Se eventualmente os painéis solares gerarem mais do que a casa consome num mês (caso a família viaje, por exemplo), a energia injetada na rede gera créditos que podem ser utilizados nos meses seguintes, com validade de cinco anos.

RETORNO DO INVESTIMENTO EM SETE ANOS

Segundo especialistas, o custo do investimento ainda é a barreira que dificulta a popularização dos sistemas de geração de energia solar. Diretor da EBD Energias Renováveis, Luiz Paulo Canedo conta que um investimento de R$ 30 mil é capaz de gerar uma redução de, em média, R$ 375 por mês na conta de luz. Considerando a economia na tarifa mensal de energia, esse investimento seria recuperado em sete anos, e só então o proprietário passaria a lucrar com os descontos na conta.

— Todo mundo tem custo com energia. Então, é uma ótima aplicação para quem tem o dinheiro para investir — defende Canedo. — E ainda valoriza o imóvel

André Lucena, professor de planejamento da Coppe/UFRJ, pondera que esse tipo de investimento é mais rentável que uma poupança.

— Mas deve-se considerar que é um investimento para ter retorno num prazo muito longo. E quem fizer isso também com a preocupação de contribuir para o meio ambiente, vai ter uma motivação maior — avalia.

A rápida expansão no número de residências com sistemas de geração distribuída de energia solar também é verificada a nível nacional. De janeiro de 2015 até o mês passado, o acumulado de conexões no Brasil saltou de 425 para 2.607. No Estado do Rio, o número pulou de 38 para 312 no mesmo período.

Fonte: O Globo Niterói


 





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