terça-feira, 19 de abril de 2016

INVENTÁRIO FLORESTAL IDENTIFICA 904 ESPÉCIES ENDÊMICAS NO RJ






Com o levantamento, a proposta é elaborar um plano de ação para a conservação das espécies ameaçadas de extinção


O Inventário das Espécies Florestais do Estado do Rio de Janeiro, que reúne informações sobre as 904 espécies da flora que, no planeta, só existem no território fluminense, foi apresentado, nesta segunda-feira (18), pelo secretário estadual do Ambiente, André Corrêa. Ele participou de uma palestra, na sede do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), no Centro do Rio, que reuniu especialistas do Instituto Jardim Botânico e técnicos do Inea para apresentação do projeto "Unidades de Conservação do Estado do Rio de Janeiro: análises e estratégias para conservação da flora endêmica ameaçada".

Segundo o secretário André Corrêa, a partir desse trabalho, a proposta é elaborar um plano de ação para a conservação das espécies endêmicas ameaçadas de extinção.

"Fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado do Ambiente, do Instituto Jardim Botânico e do Serviço Florestal Brasileiro, o inventário das espécies florestais foi constituído a partir de um amplo trabalho de pesquisa realizado pelas equipes contratadas pela SEA e por técnicos do Jardim Botânico, com apoio do Inea. É um trabalho pioneiro de avaliação das espécies endêmicas do Estado. Há informações inclusive, de espécies que eram consideradas extintas há quase 200 anos e que foram observadas novamente. Este levantamento servirá como instrumento de formação da nossa política de conservação, de acompanhamento e de fiscalização", disse o secretário.


Objetivo foi identificar as espécies da flora e em quais locais elas foram encontradas. Foto: Lourenço Eduardo/ Divulgação Inea


Para a elaboração do inventário, a equipe coletou amostras de solo, folhas, caule e tronco de árvores e de plantas em todo Estado do Rio de Janeiro para análise no Jardim Botânico. O objetivo foi identificar as espécies da flora e em quais locais elas foram encontradas.

"O trabalho de campo foi realizado em 960 mil metros quadrados de área e mobilizou 80 pessoas. Foram efetuadas 962 amostras de solo e cerca de 8 mil coletas botânicas. Em Cabo Frio, foram encontradas sete espécies ameaçadas de extinção em um único fragmento de, aproximadamente, 50 hectares. Como resultado desse trabalho, foi ampliada a área protegida do Norte e do Noroeste Fluminenses com a criação de unidades de conservação municipal", destacou o coordenador do inventário florestal da SEA, Telmo Borges.

Dentre as espécies que constam no inventário, está a "Terminalia acuminata", conhecida como Jundiaí ou Guarajuba, que havia sido dada como extinta na natureza pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) - organização que é autoridade mundial em listas vermelhas.

Entretanto, em 2015, um dos pesquisadores do Centro Nacional de Conservação da Flora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (CNCFlora) identificou a espécie no Parque Municipal do Grumari. Antes disso, não havia registros de Guarajuba na natureza desde uma coleta feita em Maricá em 1942. Foram 73 anos sem que os botânicos conseguissem encontrar essa árvore, que foi muito explorada no passado na fabricação de embarcações e de móveis.

Depois de Grumari, a equipe do Jardim Botânico também encontrou a guarajuba no Parque Estadual da Serra da Tiririca, no Parque Municipal da Cidade e no Parque Municipal da Serra do Mendanha. Com essas descobertas, será possível incluir a Guarajuba nos planos e ações para conservação de espécies ameaçadas de extinção.

O diretor de pesquisa interino do Jardim Botânico e coordenador do CNC Flora, Gustavo Martinelli, destacou que, no Parque Estadual dos Três Picos, foram identificadas espécies que não eram vistas há quase 150 anos. São quatro espécies endêmicas encontradas: "Gaylussacia pruinosa"; uma orquídea (Hoffmansegella alvaroana); e duas espécies da
família Melastomataceae.

No Parque Estadual do Mendanha, o grupo identificou a espécie "Davilla glaziovii - EICHLEN", conhecida popularmente como cipó-da-Santa-Luzia, que possui propriedades medicinais.

Gustavo Martinelli destaca que, para a segunda fase deste trabalho, a proposta é criar um tipo de aplicativo para a campanha "Procura-se":

"A finalidade é envolver o cidadão. É estimulá-lo a participar deste trabalho. Através deste aplicativo, o cidadão registraria a imagem e enviaria para nós. A partir daí, faríamos um trabalho de pesquisa", comentou ele.

Fonte: O Fluminese









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