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segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Aprovado Plano de Manejo do Parque Natural Municipal da Água Escondida

Ruinas de aqueduto no Parque Água Escondida _ Luciana Carneiro

Morro do Morcego, em Jurujuba.

Niterói deu mais dois passos, nesta segunda-feira (16), para garantir a preservação de duas importantes unidades de conservação da cidade. A Secretaria de Meio Ambiente Recursos Hídricos e Sustentabilidade apresentou os resultados do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal da Água Escondida e foi aprovado o Termo de Referência para a contratação de serviços especializados para mais um plano de manejo, desta vez para o Parque Natural Municipal do Morro do Morcego Dora Hees de Negreiros, em Jurujuba. O evento contou com a presença do prefeito Axel Grael e o secretário de Meio Ambiente, Rafael Robertson, que assinaram os documentos. 

O Plano de Manejo é um documento que tem como objetivo estabelecer o zoneamento e as normas de uso e manejo da área, cumprindo os critérios estabelecidos na criação da Unidade de Conservação (UC). A partir do Termo de Referência será iniciado o processo para contratar por licitação o serviço especializado para elaboração do Plano de Manejo. A metodologia envolverá oficinas participativas, nas quais a população poderá contribuir com sugestões.

Foto evento de assinatura: Lucas Benevides

A elaboração do Plano de Manejo faz parte do ciclo contínuo de consultas e tomada de decisão com base no entendimento de questões ambientais, socioeconômicas, históricas e culturais que vêm sendo realizadas ao longo da gestão municipal. O Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, o Plano Municipal de Saneamento Básico, o Plano Diretor, o Plano Urbanístico e o Plano Municipal de Adaptação, Mitigação, e Resiliência de Niterói são exemplos.

Entre os benefícios da implantação do Plano de Manejo, está a criação de projetos específicos como Programa de Gestão de Atrativos e o Programa de Recuperação de Áreas Degradadas, os quais têm como função promover uma melhor experiência ao visitante. O Plano define áreas prioritárias para a interpretação ambiental e estimula o conhecimento e a admiração pela unidade de conservação. O documento também sinaliza áreas para atividades de educação ambiental.

Parque do Morcego – O espaço tem 24 hectares, um costão e só era conhecido por trilheiros. A criação da área foi mais uma iniciativa da Prefeitura para proteger o patrimônio natural, paisagístico e cultural da região. O local passou por desapropriação e ganhou o nome de Parque Natural Municipal Dora Negreiros em homenagem à ativista ambiental que morreu aos 82 anos e era atuante em ações ambientais na Baía de Guanabara

O local já ganhou plantio de vegetação de restinga com a implantação de 150 araçás, 20 cajueiros e 46 pitangueiras. As equipes fizeram a retirada de árvores mortas e secas, a demolição e limpeza de antigas estruturas que levavam risco aos visitantes e trabalho de roçadeira. Foram instaladas mesas para piquenique, placas informativas e lixeiras, que também foram vandalizadas.

Parque Água Escondida - O Parque Natural Municipal da Água Escondida é a maior área protegida da parte central da cidade e tem 62 hectares. A região abrange partes dos bairros de São Lourenço, Cubango, Fonseca, Fátima e Pé-Pequeno.

O parque foi criado como uma recategorização da Área de Proteção Ambiental (APA) da Água Escondida, então existente. O principal objetivo da recategorização é ampliar a proteção das nascentes, fragmentos florestais e patrimônio histórico do município. Dentro do Parque está a antiga Chácara do Vintém, implantada em 1837, formada por um aqueduto, caixas de depuração e canalizações. A criação do Parque prevê a reforma das históricas ruínas, além da criação de plano de manejo para toda a área, com supressão de vegetação exótica e invasora, proteção das nascentes e reflorestamento no Morro Boa Vista. O patrimônio histórico composto pela captação de água na Chácara do Vintém, o aqueduto, o reservatório e a antiga fonte de abastecimento público serão protegidos.




segunda-feira, 17 de abril de 2023

PLANEJANDO O PARQUE NATURAL MUNICIPAL DORA HEES DE NEGREIROS - MORRO DO MORCEGO PARA SER ABERTO AO PÚBLICO












O novo Parque Natural Municipal Dora Hees de Negreiros - Morro do Morcego já é uma realidade e Niterói dá mais um passo importante no caminho da sustentabilidade! Em dezembro de 2022, decretei a desapropriação dos imóveis e encaminhamos para a Câmara Municipal a mensagem com a criação do novo parque na nossa cidade, que já tem mais de 56% do seu território protegido por unidades de conservação. A iniciativa contou com consultas à população, com a realização de audiências públicas. Localizado no bairro de Jurujuba, o Parque terá 24,03 hectares, incluindo os dois imóveis, abrangendo todos os lados do Morro do Morcego (a Pedra do Morcego, a vertente voltada para da Baía de Guanabara e para a Enseada de Jurujuba). Inclui, portanto, as Praias de Adão e Eva, a Praia da Maçã, a Praia do Morcego e a chamada "Praia Secreta". 

Veja, a seguir, mais informações:

Conheça o Estudo Técnico para a criação do Parque Natural Municipal Dora Hees de Negreiros - Morro do Morcego, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade - SMARHS.


Nos últimos dias (dia 13 de abril e hoje, 17 de abril), fiz visitas técnicas ao local reunindo dirigentes e técnicos da Prefeitura, para alinhar a abertura ao público no prazo de 60 dias. Assista aos vídeos das visitas:

Visita técnica 13/04/2023
Visita técnica 17/04/2023

Além da minha esposa, Christa, me acompanharam nessas inspeções, o secretário municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade (SMARHS), Rafael Robertson, o vereador Andrigo de Carvalho, líder do governo na Câmara, o secretário de Ações Estratégicas e Economia Criativa, André Diniz, e o filho de nossa homenageada, a querida Dora, Alexandre Negreiros. Demos início a um mutirão de vários órgãos da administração municipal para deixar a área pronta para receber a população. Esta sendo feito uma limpeza geral da área, reabertura de trilhas, verificação da integridade dos acessos e edificações, além de estudos de conservação e para a infraestrutura definitiva do Parque.



O acesso de visitantes ao novo parque será feito em grupos mediante agendamento. Em breve divulgaremos nos canais oficiais da Prefeitura de Niterói o procedimento para realizar essa marcação prévia. Neste primeiro momento, o acesso ao parque só poderá ser feito a pé ou de bicicleta. A abertura do Parque Natural Municipal Dora Hees de Negreiros é mais um passo na longa caminhada que viemos trilhando para proteger o patrimônio natural, paisagístico e cultural deste espaço tão importante da nossa cidade.

No final do ano passado, assinei a desapropriação do Morro do Morcego para a implantação do Parque. A comissão formada por técnicos de várias áreas da Prefeitura e representantes da sociedade civil estão fazendo todo o planejamento para criar uma estrutura com centro de visitantes, restaurante e pontos de observação desta paisagem reconhecida pela Unesco como patrimônio da humanidade. Já foi elaborado pela SMARHS um estudo técnico que embasa todas as nossas ações para esse local. 



Dora Hees de Negreiros

A homenagem a Dora Hees de Negreiros (1933-2016) é muito justificada. Engenheira química de formação, Dora foi uma precursora da gestão ambiental pública. Servidora pública com origem no Instituto de Engenharia Sanitária - IES, empresa de saneamento do antigo estado do Rio de Janeiro (antes da fusão RJ-GB ), e que deu origem à CEDAE. No IES, atuou com outros grandes nomes do meio ambiente e do saneamento, como Ricardo Silveira e José Bedran.

Foi uma das fundadoras da antiga FEEMA, órgão ambiental pioneiro no Brasil, tendo exercido cargos de direção no órgão. Além da longa amizade, tive a honra de tê-la na minha equipe quando fui presidente do Instituto Estadual de Florestas - IEF-RJ. Na década de 1990, atuou no Grupo Executivo para a Despoluição da Baía de Guanabara - GEDEG, tendo sido uma das responsáveis pela estruturação do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara - PDBG e pela negociação dos recursos junto ao BID, para viabilizá-lo.

Dora Hees de Negreiros

Dora também teve atuação marcante na sociedade civil, sendo uma das fundadoras do Instituto Baía de Guanabara - IBG, onde militou por uma baía limpa e com participação cidadã. Liderou muitas iniciativas estruturantes para a governança da Baía de Guanabara. Eu a sucedi como presidente do IBG e pude contar com ela como membro do Conselho Diretor do Instituto Rumo Náutico / Projeto Grael. Dora era especial... Nos inspirará sempre!

Morro do Morcego

O Morro do Morcego tem uma história riquíssima. Com posição avantajada na frente da entrada da Baía de Guanabara, originalmente foi habitado por povos indígenas e posteriormente ocupado por militares durante o período de invasões europeias no século XVII. De lá, é possível apreciar a paisagem da enseada de Jurujuba, a Ilha da Boa Viagem e uma vista belíssima do Rio de Janeiro. 

Na década de 1950, houve no local uma exploração mineral de onde saíram rochas que foram utilizadas para a construção do Aterro do Flamengo. O peculiar corte na feição oeste do Morro do Morcego, é um remanescente da extração de gnaisse. Frente às detonações da rocha à vista da orla de Icaraí, a atividade gerou desagrado e revolta da população, que culminou com matérias jornalísticas na época, solicitando a paralisação das atividades, as quais obtiveram sucesso (saiba mais aqui).

 Extração mineral no Morro do Morcego na década de 1950.


Tenho grande apreço por este projeto porque converge muitas iniciativas interessantes para a cidade. Além de proteger o ecossistema do Morro do Morcego, com o parque faremos um trabalho de atração turística e valorização histórica do local, gerando oportunidades de emprego e de lazer e recreação para a população. 

Tenho certeza que o Parque vai encantar tanto os niteroienses que forem conhecê-lo, quanto os turistas que vamos atrair para o local. Siga acompanhando as novidades sobre este novo espaço nos canais oficiais da Prefeitura de Niterói!

Axel Grael
Prefeito de Niterói

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

CRIAÇÃO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO MORRO DO MORCEGO DORA HEES DE NEGREIROS AVANÇA






Ao longo deste mês de dezembro, a Prefeitura de Niterói deu passos decisivos para proteger o patrimônio natural, paisagístico e cultural de um local muito importante da cidade. No dia 1°, ao lado do secretário municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade, Rafael Robertson, e do vereador Andrigo de Carvalho, líder do governo na Câmara Municipal, assinei a desapropriação do Morro do Morcego, em Jurujuba, onde será criado o Parque Natural Municipal do Morro do Morcego Dora Hees de Negreiros. No último dia 19, o projeto de lei para a sua criação foi enviado para votação na Câmara e já foi aprovado em primeira discussão, com 16 votos favoráveis.

Localizado no bairro de Jurujuba, o novo Parque Natural Municipal do Morro do Morcego Dora Hees de Negreiros terá 24,03 hectares, incluindo além do próprio Morro do Morcego, as Praias de Adão e Eva, a Praia da Maçã, a Praia do Morcego e a chamada "Praia Secreta". 

O Morro do Morcego, uma formação de gnaisse facoidal, de idade Pré-Cambriana, é uma área de grande beleza cênica às margens da Baía de Guanabara e Enseada de Jurujuba, próximo à "Boca da Barra da Baía de Guanabara". Apesar da presença de grande extensão de áreas sem cobertura florestal, em particular na vertente da Praia da Maçã, tomada pelo capim-colonião, a área tem grande relevância ecologica. As áreas degradadas serão restauradas. A parte mais alta da Pedra do Morcego tem 140 metros, elevando-se diretamente do espelho d'água da baía, o que lhe dá destaque e exuberante beleza. Além de ser destaque na paisagem de vários bairros de Niterói e mesmo do Rio de Janeiro, uma das cenas mais marcantes no cotidiano da cidade é a da saída do túnel Charitas-Cafubá (sentido Charitas), vendo-se à frente o imponente Morro do Morcego. Justamente por todos estes atributos, tem um grande potencial para o desenvolvimento do ecoturismo. Uma das principais finalidades do parque será oferecer serviços e opções de atividades que atraiam o turista nacional e estrangeiro do Rio de Janeiro que procura uma experiência única e que ele somente terá ao visitar o local. O novo parque comporá o produto turístico que inclui a Fortaleza de Santa Cruz e as outras atrações do bairro de Jurujuba, como a sua destacada gastronomia de frutos do mar. Para potencializar este objetivo, pretendemos criar no parque uma infraestrutura com centro de visitantes, restaurante panorâmico, trilhas, mirantes e outras possibilidades

Conheça o Estudo Técnico para a criação do Parque Natural Municipal do Morro do Morcego Dora Hees de Negreiros, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade - SMARHS. 

Quem vai ao Morro do Morcego tem uma experiência rara de apreciar a paisagem da nossa enseada de Jurujuba, que é lindíssima, e da entrada da Baía de Guanabara. Para se ter uma ideia, a vista do local para a cidade do Rio foi considerada em 2012 pela UNESCO como Patrimônio Mundial-Paisagem Cultural! O novo parque vai fortalecer o interesse já despertado pela Fortaleza de Santa Cruz, que recebe turistas nacionais e estrangeiros.

O objetivo de desapropriação e criação do parque foi apresentado à população através de Audiência Pública, promovida pela SMARHS, no último dia 21 de novembro.



Audiência Pública sobre desapropriação dos imóveis e a criação do PNM do Morro do Morcego Dora Hees de Negreiros, realizada no CEU de Jurujuba, no dia 21 de novembro de 2022.


A comissão formada pela Prefeitura para planejar o Parque Natural Municipal do Morro do Morcego Dora Hees de Negreiros é liderada pelo secretário da SMARHS, Rafael Robertson. Com o novo parque, que terá 24 hectares, a população terá acesso a uma verdadeira joia da cidade que antes estava restrita a fotos e imagens aéreas. Com uma gestão qualificada, vamos recuperar e manter o ecossistema preservado, além de gerar renda com o ecoturismo.

A criação do parque é mais um esforço da Prefeitura de Niterói, que desde 2013 vem construindo uma política pública ambiental bem estruturada e vem se instrumentalizando adequadamente para gerir, proteger e recuperar as áreas verdes da cidade. Atualmente já temos 56% do nosso território em áreas protegidas na forma de parques ou outras unidades de conservação ambiental. O trabalho realizado pela Prefeitura para a proteção e restauração de suas florestas urbanas já alcançou repercussão internacional, com a inclusão da cidade em publicação da FAO sobre o assunto. Niterói e Lima foram as únicas cidades latino-americanas citadas na publicação sobre boas práticas sobre florestas urbanas.

Tenho certeza que quando concluirmos o trabalho de planejamento e implantação da infraestrutura para a visitação no local, o Parque Natural Municipal do Morro do Morcego Dora Hees de Negreiros será tão importante para Niterói quanto já é, por exemplo, o Parque da Cidade.

Histórico

O Morro do Morcego é objeto de preocupação e de ação dos ambientalistas desde a década de 1980. quando por ocasião da discussão sobre a Lei Orgânica de Niterói, procuramos incluir - sem sucesso naquela ocasião - a área dentre as listadas como de Proteção Permanente (Art. 323). A Lei foi publicada em 04 de abril de 1990, sem a proteção à área.

O primeiro instrumento de proteção da área surgiu em 1992, quando a cidade instituiu o Plano Diretor de Niterói, através da Lei N° 1157, de 29/12/1992 (PUB. 31/12/1992), no Art. 151, o seguinte texto:

Art. 151° Constituem bens sujeitos a proteção os seguintes elementos arquitetônicos, urbanísticos e paisagísticos:

I- Morro do Morcego

Posteriormente, surgiu a Lei Nº 1967, de 04/04/2002, que instituiu o Plano Urbanístico da Região das Praias da Baía, que eu seu artigo 6° estabeleceu:

Art. 6º Ficam instituídas as seguintes Unidades de Conservação Municipais na Região das Praias da Baía...

(...)

II - Área de Proteção Ambiental (APA) do Morro do Morcego, da Fortaleza de Santa Cruz e dos Fortes do Pico e do Rio Branco;


A Lei N°. 1967/2002 foi regulamentada pelo Decreto N° 10912/2011 (Art. 1°), que aprovou o Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental do Morro do Morcego, da Fortaleza de Santa Cruz e dos Fortes do Pico e do Rio Branco, com o objetivo de preservar e recuperar amostras significativas do ecossistema de mata atlântica e promover o desenvolvimento da riqueza da flora e da fauna originais da unidade.

Agora, a Prefeitura Municipal de Niterói prepara-se para garantir a efetiva proteção da área, através da desapropriação dos imóveis e, em seguida, a criação do parque.

Dora Hees de Negreiros

A homenagem a Dora Hees de Negreiros (1933-2016) é muito justificada. Engenheira química de formação, Dora foi uma precursora da gestão ambiental pública. Servidora pública com origem no Instituto de Engenharia Sanitária - IES, empresa de saneamento do antigo estado do Rio de Janeiro (antes da fusão RJ-GB ), e que deu origem à CEDAE. No IES, atuou com outros grandes nomes do meio ambiente e do saneamento, como Ricardo Silveira e José Bedran.

Foi uma das fundadoras da FEEMA, órgão ambiental pioneiro no Brasil, tendo exercido cargos de direção no órgão. Além da longa amizade, tive a honra de tê-la na minha equipe quando fui presidente do Instituto Estadual de Florestas - IEF-RJ. Na década de 1990, atuou no Grupo Executivo para a Despoluição da Baía de Guanabara - GEDEG, tendo sido uma das responsáveis pela estruturação do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara - PDBG e pela negociação dos recursos junto ao BID, para viabilizá-lo.


Dora Hees de Negreiros, foto Marcelo Feitosa. Saiba mais sobre Dora Hees de Negreiros aqui.


Dora também teve atuação marcante na sociedade civil, sendo uma das fundadoras do Instituto Baía de Guanabara - IBG, onde militou por uma baía limpa e com participação cidadã. Liderou muitas iniciativas estruturantes para a governança da Baía de Guanabara. Eu a sucedi como presidente do IBG e pude contar com ela como membro do Conselho Diretor do Instituto Rumo Náutico / Projeto Grael. Dora era especial... Nos inspirará sempre.

Sigamos em frente fazendo de Niterói uma referência de sustentabilidade urbana e justiça social.

Axel Grael
Prefeito de Niterói


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LEIA TAMBÉM:

NITERÓI MAIS VERDE: FAO lança publicação que inclui Niterói como um exemplo de política para florestas urbanas  

Dora Negreiros registra um passado da Praia de São Francisco que se perde com a demolição do LIDO
"JABUTICABA". Texto da ambientalista Dora Hees de Negreiros
"Tomara que chova", artigo de Dora Negreiros

domingo, 9 de outubro de 2022

Nova Praça na Rua Mem de Sá homenageará a ambientalista Dora Hees de Negreiros


Vistoriei essa semana as obras da nova praça na Rua Mem de Sá, uma intervenção que integra o Plano Niterói 450 e que vai transformar a entrada do bairro de Icaraí. A obra foi planejada para resolver mais um gargalo do trânsito na cidade, que causa congestionamentos no final da Avenida Roberto Silveira, principalmente na parte da manhã.

A solução viária resultará numa nova praça para a cidade, que será nomeada Praça Ambientalista Dora Hees de Negreiros, em homenagem a uma grande personalidade do meio ambiente de Niterói. 


Dora Hees de Negreiros

Dora Hees de Negreiros

Dora Hees de Negreiros (1933-2016) foi uma precursora do meio ambiente, tendo atuado como profissional da área ambiental, como formuladora de politicas públicas e ambientalista. Engenheira química de formação, começou a carreira no antigo estado do Rio de Janeiro, como servidora do Instituto de Engenharia Sanitária - IES, onde atuou com outros grandes nomes do meio ambiente, como Ricardo Silveira e José Bedran. 

Em 1975, com a Fusão do então estado do RJ com o estado da Guanabara, ajudou a fundar a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente - FEEMA, órgão ambiental pioneiro no Brasil, do qual tive a honra de presidir por duas vezes (1999-2000 e 2007-2008), após ter sido estagiário na década de 1970. 

Quando fui presidente do Instituto Estadual de Florestas - IEF-RJ (1990-1994), eu a convidei para a minha equipe e ela me ajudou muito trazendo a sua experiência para exercer a função de Assessora de Planejamento do órgão. Depois, ainda no segundo Governo Brizola, junto com Manuel Sanches, estruturou o Grupo Executivo de Despoluição da Baía de Guanabara - GEDEG, órgão colegiado que teve como atribuição implantar e gerenciar o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara - PDBG.

Em 1993, Dora foi a principal incentivadora da criação do Instituto Baía de Guanabara - IBG, organização ambientalista e de atuação técnica (como ela fazia questão de destacar), que fez história e tem forte legado em defesa da Baía de Guanabara. Dora presidiu e foi diretora executiva do IBG por muitos anos, tarefa que eu também exerci (presidência) com o incentivo e participação dela. Dora foi uma das mais ativas e queridas personalidades do cenário ambiental do RJ. Deixou muita saudade, ensinamentos e inspiração! Saiba mais sobre Dora Hees de Negreiros aqui.


Histórias e sabedoria

Conforme já escrevi aqui no Blog, Dora era uma presença marcante que extrapolava apenas a dimensão profissional e da militante ambientalista. Tinha uma rara capacidade de combinar firmeza de posição e ternura. Mas, não era intransigente. Liderava com naturalidade e tinha um jeitinho próprio e eficiente de negociar.

Mas, uma das coisas que eu mais apreciava no convívio com a Dora era ouvir os seus relatos sobre a evolução das políticas ambientais e de saneamento, muitas das quais tinha sido protagonista ou testemunha pessoal, desde os tempos do antigo estado do Rio de Janeiro, com a sua capital em Niterói.

Era uma "eco-enciclopédia". Das memórias da Dora, surgiam explicações para a origem e razões de muitas das normas e rotinas ambientais: licenciamento ambiental, monitoramento da Baía de Guanabara, padrões ambientais. E da reflexão que fazíamos sobre estes aspectos, surgiam boas ideias de solução e estratégias de ação.

Algumas vezes, ela atendia aos nossos apelos para que escrevesse algumas memórias ou impressões pessoais e, assim, surgiram alguns textos (poucos para o potencial que tinha) que ela permitiu que eu publicasse aqui no meu blog:


Solução viária e mais uma área verde para Icaraí 

As ruas Miguel de Frias e Mem de Sá são um dos principais acessos a Icaraí para quem sai do Centro. O projeto prevê uma praça que irá ligar a rua Castilho França à Miguel de Frias. As obras vão garantir melhorias para o trânsito na região e beneficiar cerca de 20 mil pessoas por dia, que passam pelo local. O acesso a Icaraí vai ser facilitado com uma uma nova ligação da rua Roberto Silveira com a Fagundes Varela, mesmo durante o horário da faixa reversível. 

A praça terá jardins e contará com equipamentos de lazer e contemplação, como bancos, brinquedos, iluminação etc. Todo o seu entorno terá melhorias urbanas, com enterramento da fiação, arborização e novas calçadas. A praça dará amplitude ao local e permitirá a valorização da fachada de imóveis no entorno, melhorando a qualidade urbana. No bairro de maior densidade populacional da cidade, complementando a ambiência marcada pelo Rio Cricket Club, um marco histórico da cidade e destaque na paisagem de Icaraí, a praça terá presença destacada na vida da população. 



Avanço das obras

Com tratores no local, as obras estão avançando em um bom ritmo. Já foram retiradas as estruturas metálicas, os cabos de rede elétrica, pisos, portas e janelas dos imóveis que estão sendo demolidos para a construção da rotatória em forma de praça. O trânsito na conversão da Roberto Silveira em direção à Miguel de Frias vai ser desafogado e quem mora em Santa Rosa e no Jardim Icaraí, que tenha como destino a Fagundes Varela e a Praia de Icaraí, também terão a opção de passar por essa rua. A obra tem previsão para inaugurar em janeiro de 2023.

"Essas obras estão gerando 25 empregos diretos e 75 indiretos, levando mais infraestrutura e qualidade de vida para a região".

Durante a visita às obras, conversei com moradores que tiraram dúvidas e disseram que estão animados com as melhorias. O padrão do piso será o mesmo da Avenida Marquês do Paraná. A praça será arborizada e vai privilegiar um paisagismo com a utilização de peças nativas da Mata Atlântica, além de iluminação em LED e rampas de acessibilidade. E com o alargamento das calçadas, os ciclistas e pedestres terão mais conforto. O comércio, restaurantes e serviços no entorno também serão beneficiados.

Avançamos comprometidos, buscando melhorias para a cidade e a qualidade de vida da população!

Axel Grael
Prefeito de Niterói



sábado, 10 de agosto de 2019

DEPOIMENTO: "MILITÂNCIA PELA SUSTENTABILIDADE DE NITERÓI"



BAÍA DE GUANABARA. Banhistas na Praia de Charitas, Enseada de Jurujuba. A recuperação da balneabilidade da enseada foi uma das primeiras lutas ambientalistas que me dediquei e agora, após 40 anos, vemos os resultados aparecendo. 


Motivado por matérias publicadas nesse sábado sobre os avanços do saneamento de Niterói, faço aqui um depoimento oferecendo o meu olhar sobre a evolução de Niterói na agenda do saneamento, recuperação de ecossistemas e sobre a minha participação em etapas importantes destas bandeiras.

Niterói tem longa tradição ambientalista e de organização comunitária e tive a oportunidade de contribuir de diversas formas. Comecei a atuar como ambientalista em Niterói no final da década de 1970. Fundei organizações ambientalistas que, segundo muitos, marcaram época na defesa da causa e pude liderar ou dar contribuições em diversos episódios importantes.

Foram muitas décadas de atuação intensa, passando pela: 
  • criação do Movimento de Resistência Ecológica - MORE (fundado em 1980), do qual fui fundador e presidente.
  • criação do Movimento Cidadania Ecológica - MCE (fundado em 1989), do qual fui fundador e presidente.
  • Instituto Baía de Guanabara - IBG (fundado em 1993), do qual fui presidente. O IBG tem sede em Niterói.
  • criação do Instituto Rumo Náutico - Projeto Grael (fundado em 1998), do qual fui fundador, com os meus irmãos Torben e Lars Grael e fui presidente.
Além destas organizações de atuação ou sede em Niterói, dentre outras, também tive as seguintes participações:
  • ajudei a fundar o Instituto Preservale, fundado em 1994 e que atua pela proteção, fortalecimento e valorização do Vale do Café. Fui diretor da área ambiental do instituto.
  • fui dirigente da Rede Brasileira Agroflorestal - REBRAF, fundado em 1990 pelo saudoso Jean Dubois, um belga de nascimento e de coração brasileiro, um dos maiores especialistas em engenharia florestal, com quem aprendi muito.
  • fui dirigente da Fundação Brasileira pela Conservação da Natureza - FBCN, organização histórica do movimento ambientalista brasileiro. 
  • fui também vice-presidente da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente - ABEMA, na gestão de Cláudio Roberto Langone (2001-2003). A ABEMA, fundada em 1985, reúne os órgãos ambientais dos estados.

Em paralelo a isso, e muitas vezes de forma concomitante, atuei na área ambiental também como dirigente na administração pública, como presidente do Instituto Estadual de Florestas - IEF, presidente da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente - FEEMA, como subsecretário da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro. Na Prefeitura de Niterói, fui vice-prefeito, secretário da Secretaria Executiva e secretário da Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão (SEPLAG) de Niterói e como idealizador de várias políticas públicas no município de Niterói.

Não fui o único a seguir esta trajetória e ao longo desta longa atuação, convivi com importantes personalidades ambientalistas do passado, como Marcelo Ipanema, Dora Hees de Negreiros, João Batista Petersen, Omar Serrano e outros ainda atuantes, como Paulo Bidegain, Alba Simon, Katia Vallado, Katia Medeiros, Carlos Jamel e outros. Também cabe destaque a atuação de especialistas das universidades que ajudam a subsidiar as ações e profissionais do setor público que vêm tirando projetos esperados há tantos anos do papel.

Dentre estes profissionais, quero destacar alguns colegas da minha equipe de trabalho, como a geógrafa Dionê Marinho Castro e todos que compõem a Unidade de Gestão de Projetos - UGP / PRO Sustentável, a engenheira florestal Valéria Braga e tantos outros competentes profissionais que estão viabilizando os avanços de Niterói para a sustentabilidade. Também em outros órgãos fora da SEPLAG, como na SMARHS, SECONSER, CLIN, Águas de Niterói, Urbanismo, Defesa Civil, SMO/EMUSA e tantos outros.

São estas equipes que têm viabilizado projetos como o Niterói Mais Verde (implantação de Parques e recuperação de ecossistemas: elevou a cobertura de áreas protegidas a mais de 50% do território municipal de Niterói), PRO Sustentável (sustentabilidade para a Região Oceânica), Niterói de Bicicleta, Niterói Contra Queimadas, EcoSocial e o Enseada Limpa.

Mesmo na conjuntura atual de crise econômica paralisante, de falta de capacidade de investimentos do setor público, de escalada de um discurso anti-ambiental e anti-sustentabilidade, particularmente no governo federal, Niterói tem conseguido avançar graças a liderança do prefeito Rodrigo Neves que tem mantido a sustentabilidade no eixo condutor das políticas públicas da cidade.

Trajetória e militância

Na minha infância (tenho 61 anos), a Baía de Guanabara e a Enseada de Jurujuba (Saco de São Francisco) eram muito mais limpos, sem a poluição que vieram ao longo das décadas seguintes. A fauna era muito mais exuberante. Me lembro das velejadas com o meu avô, Preben Schmidt, no seu barco Aileen - ainda na família e muito bem cuidado pelo meu irmão Torben, quando víamos o salto das jamantas (um tipo de arraia bem grande) próximo ao Morro do Morcego, os enormes grupos de botos pela Baía de Guanabara. Também lembro bem dos cavalos-marinhos, caranguejos e os cardumes de mamarreis na frente do Rio Yacht Club (Sailing).

Na década de 1970, vimos a Enseada de Jurujuba ser tomada por uma gordura espessa e mal-cheirosa (cheiro de peixe podre) tomando as praias, principalmente São Francisco, Charitas, mesmo Icaraí. O mesmo ocorria nos clubes da orla da Estrada Fróes para onde os ventos levavam o "óleo de sardinha", que as indústrias de pescado do bairro de Jurujuba lançavam sem qualquer tratamento nas águas da enseada.

Em 1979, comecei a organizar manifestações contra a poluição das fábricas, que culminou com uma regata de protesto que reuniu cerca de 100 barcos nas proximidades de Jurujuba, que exibiam em suas velas frases de esperança pela Baía de Guanabara.

Em 1980, com a ajuda do meu paí Dickson Grael (que redigiu comigo o primeiro estatuto) e de um grupo de amigos, fundei o Movimento de Resistência Ecológica - MORE, tendo como primeira bandeira resistir contra a poluição da Baía de Guanabara e das "fábricas de sardinha". Com o apoio de jornais locais, em Niterói, (Luiz Antônio Mello e Jardel Ferre, jornalistas de jornais como o LIG, Opinião e Sete Dias eram os nossos porta-vozes) lançamos uma campanha que se chamava "Os tubarões da sardinha", mirando sensibilizar a Feema e os proprietários das indústrias a instalar equipamentos para o tratamento dos seus efluentes.

Leia: INEA fecha fábrica de sardinha: uma fétida lembrança de décadas atrás


Ainda estudante de engenharia florestal, mas muito motivado pelas causas ambientais, comecei a me aprofundar nos detalhes técnicos sobre o assunto e, em conversa com o engenheiro químico e velejador Ricardo Silveira, um dos fundadores da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente - FEEMA, soube de um dado que me impressionou na época: a poluição das fábricas de sardinha (incluindo as que ficavam na Ilha da Conceição e na Niterói Manilha) correspondia a mais do que toda a carga orgânica que chegava à Baía de Guanabara através do esgoto de toda a cidade de Niterói. Um pouco mais de uma dezena de fábricas poluíam mais do que quase meio milhão de pessoas. É importante lembrar a precariedade do tratamento de esgoto da cidade naquela época, pois o tratamento de esgoto restringia-se a uma pequena parte da cidade. A informação virou o nosso mantra. Repetíamos à exaustão: "As fábricas poluem mais do que todo o esgoto produzido em Niterói!" (o saneamento de Niterói era muito precário naquela época).

Brigamos contra as fábricas por décadas e o problema resolveu-se da pior forma: todas as empresa fecharam. As fábricas mataram a galinha dos ovos de ouro e inviabilizaram a própria atividade. Sistemas simples e de baixa sofisticação (baseados em decantação) teriam resolvido o problema a baixos custos. É o que pregávamos.

Sem as fábricas, reduziu-se uma grande parte do problema, mas a escalada da poluição continuou com a falta de saneamento básicos em todas as cidades da Bacia da Baía de Guanabara. Em 1999, Niterói deu um passo importante para avançar na agenda do saneamento. Após uma disputa judicial com o estado, o município rompeu com a CEDAE, exerceu o seu poder concedente e contratou mediante licitação a Concessionária Águas de Niterói.

Saneamento

Os resultados do novo modelo de parceria com a iniciativa privada são evidentes: enquanto Niterói aproxima-se de alcançar 100% de oferta de rede de esgoto e tratamento de todo o esgoto coletado, e por isso, está estre as 10 melhores cidades do país em saneamento, conforme o ranking do Instituto Trata Brasil. Os municípios servidos pela CEDAE, avançaram muito pouco. A capital (Rio de Janeiro), que é o município mais populoso do estado, com uma população mais do que dez vezes superior à de Niterói, tem apenas cerca de 40% de esgoto coletado e tratado. São Gonçalo, Itaboraí, Caxias, Nova Iguaçu coletam e tratam menos do que 5% e estão estre os piores municípios do ranking do Instituto Trata Brasil.



Capa de O Globo

Matérias na Editoria Rio.

Desde 2013, o prefeito Rodrigo Neves atuou para reduzir os prazos para atingir a universalização do saneamento e renegociou o contrato com a concessionária Águas de Niterói. O resultado se consumará em 2020. Um dos grandes esforços no momento é promover a cooperação da população para que façam a conexão com de cada propriedade com a rede de esgoto. Isso é feito através do Programa "Se Liga" (desenvolvido pela Prefeitura, em parceria com Águas de Niterói e o INEA) e o programa "Se Liga na Rede", promovido pela Prefeitura e por Águas de Niterói.

Enseada Limpa

Matéria publicada neste sábado no O Globo e Extra (vide acima) mostram os avanços do saneamento em Niterói e as boas consequências no cotidiano das pessoas, com o sensacional aumento do número de clubes e praticantes de canoa havaiana na cidade, com uma maior concentração de clubes justamente na Enseada de Jurujuba.

Com o programa Enseada Limpa, Niterói rompeu o ceticismo quanto a possibilidade de despoluição da enseada diante de uma Baía de Guanabara tão poluída. No início do programa, em 2013, dizia-se que seria inútil tentar despoluir a enseada. Mostramos que era possível. De 2013 a 2018, avançamos de cerca de 15% de balneabilidade para mais de 60%.

Sempre acreditamos em resultados de enseada por enseada. Um programa amplo, a nível de toda a bacia hidrográfica da Baía de Guanabara é imprescindível, mas isso não impede que se avance com ações locais e de menor custo, desenvolvidos na escala do cidadão. Quando se fala que despoluir a Baía de Guanabara pode custar ainda mais de 20 bilhões de reais, muita gente se sente desestimulado de se envolver na causa. Quando se traz o problema para a escala local, de um pequeno rio, uma praia, ou enseada, a relação entre a causa do problema e os seus efeitos é mais evidente. Fulaniza-se o problema: a poluição vem da casa do fulano, daquela "língua de esgoto"... Sabe-se de quem, para quem e como reclamar.

PRO Sustentável

Com base nessas premissas, da importância da ação local, desenvolvemos o Programa Região Oceânica Sustentável (PRO-Sustentável), desenvolvido atualmente pela Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão - SEPLAG, com financiamento captado junto ao Banco de Desenvolvimento da América Latina - CAF.

Dentre os componentes do PRO Sustentável, estão várias ações inovadoras no campo do saneamento, como o Projeto de Renaturalização do Rio Jacaré, a implantação do Parque Orla de Piratininga - POP com todas as suas soluções de drenagem sustentável, as iniciativas para a despoluição do Sistema Lagunar de Piratininga e Itaipu,

Plano de Saneamento

Em atendimento à Política Nacional de Saneamento Básico, aprovada pela Lei 11.455/2007, a Prefeitura de Niterói está atualizando o seu Plano Municipal de Saneamento Básico - PMSB. De acordo com a legislação, o plano abrange distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto, coleta e tratamento de resíduos sólidos e drenagem.

A iniciativa de Niterói ao atender ao chamamento legal para um Plano de Saneamento, vai muito além de apenas atender ao escopo das exigências da lei. Por estar próximo da universalização da coleta e do tratamento de esgoto, a cidade tem uma ambição muito maior.

Assim como ocorre em outras cidades que superaram a etapa do tratamento de esgoto (cá entre nós: uma agenda do século 19), Niterói pensa no passo adiante da implantação de redes de esgoto e tratamento de esgoto, que é lidar com novos desafios: drenagem.

Sempre cito o exemplo do programa de despoluição da Baía de Chesapeake, nos EUA e o comparo com a despoluição da Baía de Guanabara. Ambos os programas começaram na mesma época, mas na Baía de Guanabara, a ênfase sempre foi o saneamento básico. Em geral, na Chesapeake, o problema já tinha sido resolvido há muitas décadas. E eles estavam começando um programa de despoluição !

Mesmo com o esgoto tratado, a Baía de Chesapeake continuava com altos índices de poluição. O que faltava? Resolver o problema das fontes não-pontuais de poluição e a drenagem urbana.

Em conjunto com a conexão das propriedades com a rede de esgoto, a drenagem e a recuperação dos corpos hídricos da cidade (como estamos fazendo com o PRO Sustentável) serão as prioridades de Niterói após a universalização da coleta e tratamento do esgoto.

Vamos em frente!

Axel Grael
Coordenador Geral do PRO Sustentável

Secretário
Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão - SEPLAG
Prefeitura de Niterói



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sexta-feira, 20 de abril de 2018

Niterói recebe evento 'Oceano Sem Plástico'





Maria Costa

Praia de Charitas foi escolhida para ação de limpeza que acontece neste domingo

A Praia de Charitas, na Zona Sul de Niterói, recebe amanhã (22) um mutirão de limpeza como parte do projeto 'Oceano Sem Plástico', promovido pelo Ong internacional WWF. O evento contará com cerca 500 voluntários que atuarão fazendo a retirada de resíduos na faixa de areia da orla. Essa já é a quarta edição do evento que percorre praias brasileiras com objetivo de conscientizar a população e autoridades sobre os perigos que o descarte e o uso do plástico representam para o meio ambiente.

A mobilização começa às 8h30 com a limpeza em toda faixa de areia da praia. Interessados em participar do evento como voluntário podem se cadastrar clicando aqui.

Já foram realizadas três edições do evento no Brasil, sendo a primeira na Praia de Copacabana, Zona Sul do Rio, no arquipélago de Fernando de Noronha e no Recife, em Pernambuco.

Para a diretora de comunicação da WWF-Brasil, Gabriela Yamaguchi, a ação é importante, pois o plástico demora cerca de 400 anos para se decompor.

“No oceano, ele pode se tornar uma verdadeira epidemia, como estamos vendo acontecer. A ilha de lixo que flutua hoje no Oceano Pacífico já chega ao tamanho do estado do Texas, nos Estados Unidos. Precisamos agir com urgência", afirmou.

Uma pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial estima que, até 2050, existirá mais plásticos nos oceanos do que peixes. Anualmente, cerca de um milhão de espécies marinhas morrem em virtude da quantidade de resíduos que são despejados nos mares. Esses são apenas alguns dos fatores que indicam o grau de degradação ambiental.

Niterói - Segundo a Prefeitura já foram retiradas 619,66 toneladas de resíduos recolhidos pela Companhia de limpeza de Niterói (CLIN) apenas nos três primeiros meses do ano. Sendo março o mês de maior quantidade com 242,02, em janeiro foram 206 toneladas, e fevereiro 171,64.


Fonte: O Fluminense

















quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

"Barômetro da Baía" e o monitoramento da Baía de Chesapeake: inspiração para a despoluição da Baía de Guanabara




COMENTÁRIO DE AXEL GRAEL:

A Baía de Chesapeake, nos EUA, e a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro tiveram programas de despoluição com início mais ou menos na mesma época, no começo da década de 1990. As duas baías têm muita coisa em comum, mas algumas diferenças bem marcantes.

Talvez, a mais importante diferença entre as duas iniciativas de despoluição seja o ponto de partida de cada uma delas. Enquanto na Baía de Guanabara, o nosso olhar está voltado prioritariamente para resolver problemas remanescentes de séculos atrás (tratar esgoto), na Baía de Chesapeake a grande preocupação está no controle das fontes não-pontuais de poluição, com especial atenção para a drenagem de águas pluviais ("storm water"), os sedimentos carreados por rios e drenagens urbanas, que causa o assoreamento, e o aporte de nutrientes, que causa a eutrofização dos corpos d'água.

A comparação entre as ações de gestão das duas baías sempre me interessou, pois, numa visão otimista que conseguiremos de fato despoluir a Baía de Guanabara, Chesapeake é como olhar para o futuro. É o estágio em que as nossas preocupações estarão quando conseguirmos resolver os problemas do saneamento.

Os programas em andamento em Chesapeake são importantes para alertar que a agenda de saneamento e despoluição não se encerra com a implantação de redes de esgoto e estações de tratamento. Eles já tinham superado este estágio (saneamento básico) há tempos e começaram um programa de despoluição da baía.

Outro assunto interessante a acompanhar são os instrumentos legais e o complexo arranjo institucional que desenvolveram para envolver órgãos governamentais federais, dos sete estados na bacia hidrográfica (Maryland, Virginia, West Virginia, Pennsylvania, Nova York, Washington-DC, Delaware), governos locais, regionais e a sociedade civil.

Uma grande lição para a Baía de Guanabara são os vários mecanismos de monitoramento das condições ambientais e do cumprimento de metas de despoluição estabelecidas para Chesapeake. Merece destaque o "Bay Barometer", publicação oficial do Chesapeake Bay Program, originado pelo Chesapeake Bay Watershed Agreement. Trata-se de um relatório anual que apresenta para o cidadão, de forma didática, os dados que indicam a saúde e a recuperação da baía.

Outra iniciativa semelhante e mais antiga é a publicação do relatório anual "State of the Bay Report", da Chesapeake Bay Foundation, uma ONG dedicada à recuperação da baía. O relatório é desenvolvido de forma independente pela organização e apresenta os dados sobre a qualidade ambiental e dá uma nota para a baía naquele ano. A nota permite que se perceba o ritmo dos avanços da despoluição.


Evolução da recuperação da Baía de Chesapeake, conforme as notas anuais publicadas pelo "State of the Bay Report", da Chesapeake Bay Foundation. 


Recentemente, a Secretaria Estadual do Ambiente e o Instituto Estadual do Ambiente - INEA promoveram a adaptação de algumas ferramentas de gestão utilizados em Chesapeake para a Baía de Guanabara. Em cooperação técnica com o BID, foram desenvolvidos os seguintes estudos:

  • Plano de Recuperação da Baía, conduzido pela consultoria KCI Technologies; 
  • Boletim de Saúde Ambiental da Baía, elaborado pela Universidade de Maryland; 
  • Proposta de Modelo de Governança para a Baía, desenvolvida pela Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS).

Os resultados dos estudos ainda precisam ser melhor entendidos e absorvidos pela sociedade em geral e, depois, ser internalizados institucionalmente na gestão da Baía de Guanabara. Mas, o conteúdo dos relatórios expressam um volume de reflexão que trazem luz a uma das maiores deficiências da Baía de Guanabara:


  • Definição de um Modelo Institucional de Governança
  • Procedimentos e rotinas de monitoramento da performance ambiental e dos avanços da recuperação


Com relação a este último aspecto, a falta de um sistema de monitoramento de performance impede que se tenha uma noção se estamos avançando ou não na despoluição. Antes e durante a Rio 2016, o governo estadual foi duramente criticado pelo descumprimento das metas da candidatura olímpica no que se refere à despoluição da Baía de Guanabara.

A falta de uma métrica própria e de um sistema de monitoramento tornava impossível dar credibilidade a qualquer índice de despoluição. Surgiram vários números que ninguém sabia bem de onde vieram ou se mereciam crédito.

Os monitoramentos hoje existentes são muito técnicos e de difícil compreensão para o público. O sistema de notas utilizado pela Chesapeake Bay Foundation (vide figura acima), embora seja de complexa elaboração, é de fácil compreensão para o público em geral. Ter este indicador é importante pois permite que se percebam os avanços e, com isso, que se aumente a massa crítica e a motivação geral para a despoluição. Hoje, por falta desta ferramenta, uma percepção muito comum nas pessoas é que a Baía de Guanabara piora a cada dia. Talvez, não seja verdade, mas como convencer, se não se mede?

Em 2004, a pedido da saudosa ambientalista Dora Negreiros, fundadora e ex-presidente do Instituto Baía de Guanabara - IBG, coordenei uma equipe multidisciplinar que adaptou a experiência do State of the Bay Report para a Guanabara, produzindo uma metodologia transparente e participativa, que denominamos "Baía Nota 10". O Baía Nota 10 era mais amplo do que o State of the Bay, que utiliza indicadores biológicos e de qualidade da água, que são restritos apenas no espelho d'água da Baía de Chesapeake. A metodologia desenvolvida pelo IBG abrange toda a bacia hidrográfica e inclui indicadores sociais, saneamento e de gestão pública. O projeto foi financiado através de um "grant" da United States Information Service - USIS. O Baía Nota 10 nunca foi implantado, mas a metodologia proposta ainda poderia ser útil à causa da união de esforços pela despoluição da Guanabara.

Portanto, acredito que vale conhecer os mecanismos de monitoramento oficial ("Bay Barometer") ou cidadão ("State of the Bay Report").

Axel Grael





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The headwaters of Mattawoman Creek flow through Mattawoman Natural Environmental Area in Charles County, Md. The estuarine parts of the creek are considered a model for a fully restored Chesapeake Bay. (Photo by Will Parson/Chesapeake Bay Program)


Chesapeake Bay restoration efforts showing positive trends

Annual Bay Barometer reports signs of resilience throughout watershed

by Rachel Felver
January 04, 2018


Every year, the Chesapeake Bay Program rounds up the latest environmental health and restoration data and information available and releases the Bay Barometer: Health and Restoration in the Chesapeake Bay Watershed. This year we are excited to report that the majority of our indicators are showing positive trends – an encouraging sign that our restoration efforts are working.

Guided by the Chesapeake Bay Watershed Agreement, Chesapeake Bay Program partners use ten interrelated goals and 31 outcomes to collectively advance the protection and restoration of the Chesapeake Bay ecosystem and its watershed. Data and information used to track progress toward these outcomes come from a range of trusted sources, including government agencies, academic institutions, nongovernmental organizations and direct demographic and behavior surveys.

Thanks to the efforts of local governments, private landowners and watershed residents, nutrient and sediment pollution entering local waterways and the Bay have declined, but agricultural and urban and suburban runoff continue to be a challenge. We also observed these encouraging signs:

  • In 2016, 97,668 acres of submerged aquatic vegetation (SAV) or underwater grasses were mapped in the Chesapeake Bay. This accounts for 53 percent of the outcome to achieve and sustain 185,000 acres of underwater grasses in the Bay, including 130,000 acres by 2025. ·
  • Dredge surveys estimate that there are 254 million adult female blue crabs in the Bay, exceeding the target of 215 million.
  • Between 2012 and 2016, Bay Program partners opened 1,126 historical fish migration routes for fish passage, exceeding the outcome to restore 1,000 additional stream miles.
  • Computer simulations show that pollution controls put into place in the Chesapeake Bay watershed between 2009 and 2016 lowered nitrogen loads by nine percent, phosphorus loads by 20 percent and sediment loads by nine percent. Pollution-reducing practices are in place to achieve 33 percent of the nitrogen reductions, 81 percent of the phosphorus reductions and 57 percent of the sediment reductions necessary to attain clean water standards
  • Forty percent of the Chesapeake Bay and its tidal tributaries met water quality standards between 2014 and 2016. This is the highest amount ever recorded since we began collecting data in 1985.


This year, our experts assessed data for the first time for three new indicators: Environmental Literacy and Planning, Student Meaningful Watershed Experiences and Citizen Stewardship. Our first-ever Citizen Stewardship Index shows what actions residents are taking to protect clean water and restore environmental health as well as how much of the region has volunteered or spoken out on behalf of the environment.

“The Chesapeake Bay is our greatest natural asset, and our administration has been working tirelessly for three years to restore the Bay and protect our environment," said Maryland Governor Larry Hogan. "Together with our partners on the Chesapeake Executive Council, we have made great strides, and we are committed to continuing to make historic investments and fight for the Bay. It will take all of the Bay jurisdictions and our federal partners working together to build on this incredible progress and secure the Chesapeake for future generations.”

Fonte: Chesapeake Bay Program




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