sábado, 23 de abril de 2016

Niterói anuncia implantação de sistema de monitoramento do ar


Sistema começa a funcionar em dois meses - Editoria de Arte


Por Leonardo Sodré

Informações irão para banco de dados dinâmico

NITERÓI — Dentro de dois messes, entrará em operação o primeiro sistema de monitoramento da qualidade atmosférica do município de Niterói. Em um primeiro momento, serão sete pontos de captação e aferição do ar. Essas primeiras bases estão sendo instaladas no percurso da Transoceânica, onde a prefeitura espera que a circulação de veículos diminua devido à implantação do sistema de ônibus BHLS (sigla para ônibus de serviço de alto nível). No futuro, segundo o vice-prefeito Axel Grael, o sistema poderá ser expandido para outras áreas da cidade, como o Fonseca e o Barreto.

As informações geradas pelas estações de monitoramento da qualidade do ar irão para um banco de dados, e poderão ser cruzadas com outras informações sobre a cidade, como relevo, topografia e balneabilidade das praias. Na próxima segunda-feira, o município assina contrato com a empresa Imagem Sistema de Informações que, até março do ano que vem, botará em funcionamento um software exclusivo para essa base de dados e disponibilizará as informações em um portal na internet. O investimento é de R$ 5 milhões — R$ 1,6 milhão captado junto ao BNDES; R$ 2,1 milhões, com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); e R$ 1,2 milhão, da prefeitura.

Dos sete pontos de monitoramento do ar que estão sendo instalados pela prefeitura, dois ficam em Jurujuba, sendo um no Hospital Psiquiátrico e outro na unidade do Corpo de Bombeiros. Seguindo o trajeto da Transoceânica, a terceira estação será implantada na Associação Atlético Banco do Brasil (AABB), no Cafubá, e a quarta no prédio da Emusa, próximo ao Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO) do bairro. Outra base de captação ficará na Escola Municipal Portugal Neves, em Piratininga. Mais outras duas serão implantadas em Itaipu, uma na loja da Águas de Niterói e outra no quartel do Corpo de Bombeiros, ambas na Estrada Francisco da Cruz Nunes. Segundo Grael, a opção pela Região Oceânica também se deu pelas características locais.

— A Região Oceânica é um lugar interessante para estudos pela própria geomorfologia da área. O relevo ali é um anfiteatro. Esperamos que, com o início de funcionamento do sistema BHLS, as pessoas usem menos os carros. E as bases de monitoramento do ar naquele trajeto vão nos permitir avaliar isso — explica.

Aferição atmosférica começará a ser feita em pontos do trajeto da Transoceânica, de Charitas à Itaipú. - Divulgação / Prefeitura de Niterói.


PORTAL ENTRARÁ NO AR EM 11 MESES

O aumento no número de veículos em Niterói nos último cinco anos foi de 19,1%, de acordo com o Detran. Enquanto em março de 2011 eram 239.935, no último mês de março foram calculados 285.996. O aumento faz crescer, entre especialistas, a preocupação com a qualidade do ar. Por isso, o médico Paulo Saldiva, professor do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, avalia como importante a medida. De acordo com o especialista, o uso correto das informações aferidas poderá trazer benefícios para além da saúde.

— A poluição é hoje um problema de saúde pública global. Ha dois anos, a Agência Internacional de Saúde apontou a poluição como causadora de câncer de pulmão e de bexiga. Morrem, por ano, sete milhões de pessoas no mundo por conta da poluição. Sem uma política de aferição, não há como desenvolver políticas públicas focadas. As medições também permitem avaliar se as políticas vigentes estão funcionando, o que reflete na economia — avalia.

O novo sistema de armazenamento de dados do município permitirá não só cruzar informações ambientais, mas também informes sobre diferentes áreas da administração pública. As secretarias acrescentarão dados específicos, e relatórios sistemáticos darão um quadro geral de cada localidade da cidade. Grande parte do que for armazenado estará à disposição do público por meio de um portal que deve entrar no ar em 11 messes.

— A prefeitura não tem um banco de dados centralizado. O que a gente tem é um cadastro tributário, um banco de dados muito bom do programa Médico de Família e algumas informações de serviços da Seconser. Agora, tudo isso vai estar em um único sistema alimentado por todas as secretarias, que também poderão consultá-lo. Com o tempo, vamos dispor de um nível de informação tal que o cidadão poderá não só quantificar a emissão de gases de uma indústria perto da sua casa como também saber se ela está sendo fiscalizada ou quando foi a última fiscalização — explica Axel Grael.

Com o sistema, a Secretaria de Fazenda espera aumentar a arrecadação, corrigindo distorções no IPTU. A partir de setembro, o órgão começará a cruzar automaticamente fotos aéreas da cidade, de alta resolução, feitas no fim de 2014, com registros mais antigos e mapas georreferenciados (em que imóveis são identificados individualmente). O objetivo é encontrar alterações nos imóveis que ainda não constem nos cadastros da prefeitura. Em janeiro, o secretário titular da pasta, Cesar Barbieiro, afirmou ao GLOBO-Niterói que esse trabalho está sendo feito manualmente pela Superintendência de Tributos Imobiliários desde julho do ano passado. Ao todo, já foram revistos 28.051 imóveis; desses, 3.925 tiveram os valores de IPTU aumentados. A grande maioria passará a ser cobrada a partir de 2017. As correções já concluídas aumentarão em R$ 6,2 milhões a arrecadação com o tributo apenas na Região Oceânica.

Fonte: O Globo Niterói







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