quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

TORBEN GRAEL - Mudança de materiais transformou antigo iatismo na vela olímpica



Torben Grael é um dos mais experientes iatistas do Brasil Foto: Zulmair Rocha/Estadão


Gustavo Zucchi

Torben Grael explica como o esporte mudou ao longo dos anos

Não foram apenas os atletas que mudaram em mais de 100 anos de Jogos Olímpicos. Os equipamentos utilizados por eles também mudaram. Em esportes onde máquina e homem praticamente têm que se tornar um só, essa evolução pode fazer toda a diferença, alterando o esporte por um todo. Foi o que aconteceu com a vela. A modalidade, uma em que o Brasil mais ganhou medalhas em todas suas participações, passou por grandes mudanças, até mesmo de nome: deixou de ser iatismo e passou a ser vela.
"Deixaram de ser grandes iates e viraram realmente barcos de competição. Então, esse movimento vem acontecendo progressivamente ao longo dos anos", explica o medalhista olímpico, Torben Grael. Com cinco medalhas em Olimpíadas desde 1984, Grael não é apenas uma lenda viva do esporte brasileiro, mas também uma testemunha da mudança da vela ao longo dos anos.

"Os barcos olímpicos, esses do século passado, eram barcos bem grandes, de vários tripulantes. Em 1912, o menor barco era um barco de 4 tripulantes. Eram barcos de madeira, depois passaram a ser feitos de vibra de vidro. Teve várias evoluções ao longo da história. Hoje são barcos bem mais ágeis, menores, com muita performance, alguns usam fibras de carbono na constituição do barco e eles e são super leves. E em geral tirando poucas exceções no programa, são barcos são muito rápidos", explica Grael.
Essas mudanças se refletem diretamente na qualidade de competição. Antes da mudança de materiais, que foi da madeira, passando pela fibra de vidro até chegar na de carbono, os barcos eram muito diferentes entre si. Com a facilidade de se moldar que existe nas matérias-primas atuais, hoje são todos feitos no mesmo molde, praticamente pela mesma empresa.

"A maioria dos barcos tem formatos que são mais difíceis de se conseguir na madeira. A maioria dos barcos olímpicos hoje sai no que a gente chama de 'one design', ou um fabricante só. No mesmo molde, os barcos são rigorosamente iguais", conta o medalhista. "Como era muito difícil você construir barcos de madeira igual havia alguma tolerância para você conseguir acertar a embarcação dentro da medição. Quando se começou a fazer os barcos de fibra de vidro começou a se jogar com essas tolerâncias para se fazer o formato da maneira que você acha certo", afirma Grael.

Há também desvantagens: Consequentemente também duram menos. "Leves e rapidos têm muita solicitação, muito esfoço e os barcos acabam durando menos. Mas são barcos mais espetaculares, mais plásticos, mais bonitos de se ver navegando e mais atrativos", explica. "Você tem materiais que melhoraram muito. A maioria dos barcos modernos são de fibra de carbono. O material das velas, o tecido que era feito antigamente era de algodão e hoje chama-se Dácron, feito de materiais sintéticos. Temos muita evolução especialmente na parte de materiais", completa.

Fonte: Estadão









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