Em um grupo que reúne 70 entre as maiores cidades do mundo, cerca de 50 já traçaram novos planos para melhorias - Domingos Peixoto / Agência O Globo |
Tráfego de veículos poderá responder por metade das emissões desses poluentes no planeta daqui a 20 anos
"... a demanda por petróleo deve crescer de 84,7 milhões para 105 milhões de barris por dia entre 2008 e 2030. E a dependência de combustíveis fósseis é a chave para o aquecimento global".
"O governo de Madri anunciou que uma área de 190 hectares, no coração da capital espanhola, será fechada para o tráfego de veículos. Em Paris, os carros à diesel serão retirados de circulação nos próximos cinco anos".
"No Brasil, (...) automóveis e motocicletas emitiram cerca de 67 milhões de toneladas de CO2 em 2013, o triplo do que foi liberado por ônibus (22 milhões de toneladas)".
A restrição ao transporte, claro, não costuma ser bem vista. Em São Paulo, vagas de estacionamento foram pintadas de vermelho para dar lugar a 100 quilômetros de ciclovias. E os proprietários de carros antigos de Lisboa prometem ir às ruas no início de fevereiro, em uma marcha contra a restrição a seus veículos no centro da cidade.
— É difícil fazer com que as pessoas aceitem transições — admite Tasso, que ressalta como algumas medidas, de tão necessárias, podem ser interpretadas de várias formas. — Existe a proposta de fechar vias inteiras do centro de São Paulo no domingo. Isso é uma estratégia ou um sinal de que realmente estamos vivendo o caos?
O incentivo ao transporte coletivo também está na lista de recomendações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Além disso, os governantes também devem preocupar-se com a eficiência energética dos veículos, o teor de carbono do combustível.
— Na verdade, o importante não é saber a idade do carro, e sim quantos quilômetros ele é capaz de percorrer por litro de combustível — ressalta Roberto Schaeffer, professor do Programa de Planejamento Energético da Coppe e membro do IPCC. — Também é importante optar por combustíveis com menor teor de carbono. É melhor um automóvel movido a álcool, em vez de gasolina, e um ônibus a biodiesel, no lugar do diesel. Infelizmente, o governo brasileiro está fazendo o contrário.
DESLOCAMENTO RACIONAL
Schaeffer defende que as pessoas precisam economizar o máximo possível dentro do que define como “necessidade de deslocamento”.
— As pessoas podem avaliar quanto elas precisam se deslocar. Por exemplo, um ônibus escolar pode levar todas as crianças para a aula, em vez de cada pai dirigir com a sua.
Em paralelo, a indústria automobilística deve ser obrigada a oferecer veículos cada vez menos poluentes. Diversos países, como a China, já estabelecem um cronograma para assegurar o aprimoramento da eficiência dos carros. No Brasil, segundo Schaeffer, a resolução ainda é fraca.
Carros e ônibus podem dar lugar ao Bus Rapid Transit (BRT), os ônibus articulados que circulam em corredores exclusivos. No Rio, há 311 viajando nos 91 quilômetros de extensão da Transcarioca e no trecho já em operação da Transoeste. Com o novo sistema, 700 ônibus urbanos puderam sair de circulação.
— Temos condições de viver em lugares com ar limpo e criar novos empregos em uma economia mais verde — defende Rachel Kyte, vice-presidente do Banco Mundial e enviada espacial para assuntos relacionados às mudanças climáticas. — Precisamos revolucionar as cidades.
Fonte: O Globo
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