sábado, 4 de agosto de 2018

NITERÓI DE BICICLETA: Número de ciclistas aumenta a cada dia nas ruas de Niterói



Segundo estudo, Niterói se destaca na integração modal, quando a bicicleta é usada em conjunto com outro transporte. Foto: Douglas Macedo


Carolina Ribeiro

Implantação do bicicletário e destaque positivo na integração modal são fatores que atraem novos usuários

Apesar do crescimento do uso da bicicleta como meio de transporte na cidade, ciclistas de Niterói enfrentam problemas de insegurança no trânsito diariamente, assim como falta de infraestrutura adequada da malha cicloviária, e apontam que, caso houvesse mais estrutura nestes fatores, seriam motivados a pedalarem mais. É o que mostra a pesquisa Perfil do Ciclista 2018, organizada pelo grupo Transporte Ativo, com o objetivo de fornecer informações a gestores públicos na tentativa de promover o transporte cicloviário. Ainda segundo o estudo, a cidade se destaca na integração modal, quando a bicicleta é usada em conjunto com outro transporte. A informação é corroborada pelo Grupo Mobilidade Niterói, que informou que a implantação do bicicletário foi a obra que mais causou impacto positivo na circulação de bicicletas, trazendo novos usuários.

Ainda segundo o grupo, na Avenida Ernani do Amaral Peixoto houve um crescimento de 44,11% se compararmos o segundo trimestre de 2017 com o segundo trimestre de 2018, o que corresponde a um salto de 188,2 ciclos/hora para 280,3. Ainda segundo o grupo, na Avenida Marquês do Paraná, a última contagem constatou 308 ciclos/hora em julho de 2017. O trecho estudado foi entre a Rua Doutor Celestino e a Rua Miguel de Frias.

A pesquisa Perfil do Ciclista 2018 constata que a falta de segurança no trânsito e de infraestrutura adequada foi apontada como o principal problema enfrentado no meio de transporte por 43,7% dos entrevistados – não há informação da amostragem na cidade. Para 47,6% e 30,3% dos consultados, mais infraestrutura e mais segurança no trânsito, respectivamente, são os fatores que os motivariam a pedalar mais.

Em todo o Brasil, a segurança no trânsito foi o maior problema (40,8%), seguido da falta de infraestrutura (37,9%). Em relação a que fatores seriam incentivadores, também estão a melhoria da infraestrutura (47,6%) e a segurança (30,3%). A técnica de laboratório Vânia Gentil, de 58 anos, diz que antes havia menos opção na malha cicloviária da cidade, mas destacou que pode melhorar.

“Tem que ter mais ligação entre as ruas. E é preciso respeito no trânsito, os motoristas jogam os carros em cima da gente”, comentou, completando que utiliza a bike para trabalhar, lazer e ainda incentiva o filho no pedal.


Bicicletário Arariboia, junto à Estação das Barcas, no Centro de Niterói.


Entre os motivos que fizeram os munícipes começarem a pedalar em Niterói, está a praticidade e rapidez com que o trajeto é finalizado (55,5%), além de ser mais barato (22,7%) e mais saudável (15,5%). Após o início do uso, a principal razão para a continuidade também é a praticidade e rapidez (58%), porém, continuam por ser mais saudável (22,9%) e depois mais barato (15,9%). Os trajetos mais utilizados no uso da bicicleta são a ida ao trabalho (76%), lazer (72,8%), compras (63,8%) e escola/faculdade (38,1%).

Na cidade, 66% dos ciclistas usam a bicicleta em combinação com outro modo de transporte nos trajetos semanais. Já na média nacional, apenas 18% usam o meio em conjunto a outros. Para o diretor da Transporte Ativo e coordenador-geral da pesquisa, Zé Lobo, este é um dos mais importantes itens de um bom planejamento cicloviário.

“Levantamos os dados, mas ainda não analisamos caso a caso das diferentes cidades. Porém, Niterói se destaca na integração modal, quando a bicicleta é usada em conjunto com outro transporte. Dentre as capitais que participaram da pesquisa, é a com maior percentual”, aponta.

O metalúrgico Bruno Nascimento, de 36 anos, sempre usou a bicicleta como meio de transporte e incorporou o equipamento ao dia a dia desde que começou a trabalhar, pois ganha tempo, economiza passagem e ainda faz exercício. Ele diz que motoristas continuam sem respeitar e falta conscientização.

Integrante do coletivo Pedal Sonoro, grupo da cidade mobilizado pela maior qualidade de serviço oferecido aos ciclistas, Luís Araujo reafirma que a pesquisa não deixa dúvidas quanto à preocupação do usuário niteroiense sobre a falta de segurança no trânsito.

“O número de ciclistas vem aumentando exponencialmente, mas a pouca e a baixa qualidade cicloviária e ausência de campanhas educativas e de fiscalização dificultam ou mesmo impedem que mais pessoas utilizem a bicicleta na cidade”, diz.

Dos entrevistados de Niterói, 45,2% deles pedalam há mais de cinco anos, enquanto 15,4% começaram a menos de 6 meses. A maioria utiliza a bicicleta entre 5 (39,4%) e 7 (35,1%) dias por semana, sendo que 60,4% usa a bike entre 10 e 30 minutos no trajeto mais frequente, e apenas 1,1% leva mais de 1h. A faixa etária dos usuários mais comum é de 15 a 24 anos (27,4%), seguida de 25 a 34 (25,9%), 35 a 44 (21,2%) e 45 a 54 (13,7%).

A pesquisa, organizada pela Transporte Ativo e pelo Laboratório de Mobilidade Sustentável da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LABMOB-UFRJ) abrange 25 cidades de diferentes regiões brasileiras e outras 4 cidades da América Latina. No Brasil, foram entrevistados 7644 ciclistas entre setembro de 2017 e abril de 2018.

A Prefeitura de Niterói informou que Niterói conta, atualmente, com uma malha cicloviária de 40 quilômetros. A prefeitura planeja implantar cem quilômetros de malha cicloviária nos próximos três anos, sendo 57 quilômetros na Região Oceânica. A TransOceânica foi toda planejada levando em conta o uso da bicicleta, inclusive, no túnel Charitas-Cafubá. Foram construídas ciclovias na região e todas as estações do BHS serão dotadas de bicicletários. O Executivo informou que está aberta consulta pública do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável, que apontará diretrizes para o desenvolvimento do setor nos próximos dez anos.

Fonte: O Fluminense









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