terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

CLIMA E RESILIÊNCIA URBANA: Publicação registra os resultados de evento de cidades latino-americanas realizado em Niterói






Mais uma vez, o trabalho que vem sendo realizado pela Prefeitura de Niterói para fazer da cidade uma referência de políticas públicas para a sustentabilidade e resiliência urbana repercutiu internacionalmente (veja outras situações em que Niterói se destaca).

Em novembro de 2019, Niterói sediou o evento "Resiliência climática e desenvolvimento urbano",  reunindo 32 participantes (14 mulheres e 18 homens) especialistas e gestores urbanos do Brasil, Alemanha, México, Argentina, Colômbia e Equador.

O evento foi promovido pelas organizações Connective Cities e UCLG Learning, com o apoio da Prefeitura de Niterói, através da Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão - SEPLAG, da GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit), do governo alemão, além da Associação Alemã de Municípios (Deutscher Städtetag).

A escolha de Niterói para receber o evento ocorreu devido ao interesse que as políticas públicas de sustentabilidade e resiliência urbana que eu tive a oportunidade de apresentar a experiência da cidade em evento similar realizado em Dortmund, na Alemanha. Naquela ocasião, surgiu o interesse de reunir cidades latino-americanas para também compartilhar experiências sobre a questão climática.

Em Niterói, os visitantes tiveram a oportunidade de visitar iniciativas de implantação de parques, ações do Programa Região Oceânica Sustentável - PRO Sustentável e projetos habitacionais.

Agora, a Connective Cities e UCLG Learning acabam de lançar a publicação que faz o registro do evento organizado em Niterói e os seus resultados.

Acesse a publicação em https://www.uclg.org/sites/default/files/pln26_eng_0.pdf

Axel Grael
Secretário
Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão - SEPLAG
Prefeitura de Niterói


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LEIA TAMBÉM:

Workshop em Niterói discute soluções sustentáveis para cidades da América Latina
PARQUE ORLA DE PIRATININGA (POP) citado como exemplo de drenagem sustentável em publicação da Comunidade Europeia

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

NITERÓI RECEBERÁ VELASHOW COM O APOIO DO PROJETO GRAEL



Palestrantes e produtos da modalidade impulsionam VelaShow 2020

Feira voltada ao mundo da vela será em Niterói (RJ) entre os dias 3 e 5 de abril de 2020.

A organização do VelaShow 2020 abriu o segundo lote de inscrições do evento, que será realizado entre os dias 3 e 5 de abril, no Clube Naval Charitas, localizado na Enseada de Jurujuba, em Niterói (RJ).

Autor: Flávio Perez





A venda dos ingressos é feito exclusivamente pelo site www.velashow.com. O VelaShow é uma plataforma de comunicação e negócios exclusivamente voltada para a vela no Brasil, incluindo exposições e workshops.

Na exposição estão confirmados estaleiros, empresas de tintas industriais e marítimas, âncoras, dessalinizadores de água, fabricante de produtos náuticos à base de EVA, escolas de vela, produtos de comunicação via satélite, empresas de charter, pisos e tapetes náuticos e etc.

“Os resultados das inscrições já são muito positivos. Pois o número de pessoas empolgadas com o evento cresceu consideravelmente e pelo fato de acontecer no Rio de Janeiro, trouxe uma facilidade muito grande para receber visitantes de todo o país”, comentou Edilberto Almeida, organizador do evento.

Diversos palestrantes também estão confirmados, como Aleixo Belov, Beto Pandiani, Beto Toledo, Família Grilo, Marcelo Bonilla, Tio Spinelli, entre outros. Para assistir as palestras, basta adquirir o ingresso no site do evento.

“O primeiro lote já foi todo vendido e estamos trabalhando com o segundo lote de ingressos. Estamos trabalhando bastante para que esse evento tenha muitas atividades. O crescimento do nível das palestras certamente tem contribuído muito para a antecipação das inscrições”, disse Edilberto Almeida.

Os palestrantes foram escolhidos pelos organizadores por abordarem todo o segmento de vela no País, incluindo competições, travessias entre oceanos e vida a bordo.

Uma das novidades desse ano é a participação do Projeto Grael como apoiador do evento. O VelaShow terá também regatas nas classes RGS, ORC, IRC e Bico de Proa abrindo o calendário, depois uma competição para os monotipos Laser e Dingue, sem contar a categoria de introdução à vela, o Optimist.

A Regata Velashow também está confirmada na edição 2020 e as informações sobre as classes convidadas e os detalhes do percurso serão informados em breve. O certo é que as provas serão disputadas na Baía de Guanabara, um dos locais mais tradicionais de regatas no País.

“O Vela Show acontecendo no Rio consagra essa cidade como um destino que pode sediar eventos de vela, com potencial para se tornar um local internacional. Estamos satisfeitos com o resultado e aguardando com ansiedade a chegada da feira”, finalizou.

A feira deve receber mais de 50 representantes de marcas relacionadas ao mundo náutico, como estaleiros, veleria, empresas de charter, embarcações expostas e outros.

Sobre o VelaShow

Será a segunda edição da feira, que teve sua estreia em 2019 no Centreventos de Itajaí (SC), no mês de abril. A feira reuniu mais de 40 expositores, e ainda fez três regatas e uma expedição nos três dias do feriado de Páscoa.

O evento deu mais destaque no cenário náutico à cidade, sede de três edições da Volvo Ocean Race (hoje Ocean Race) e duas da Transat Jacques Vabre.

Para saber mais sobre o evento, acesse o site: www.velashow.com.


Fonte: Diarinho







domingo, 16 de fevereiro de 2020

PARQUE ORLA DE PIRATININGA (POP) citado como exemplo de drenagem sustentável em publicação da Comunidade Europeia



Apresentação pública do projeto executivo do Parque Orla de Piratininga (POP), no dia 22 de novembro, como parte das celebrações de 446° Aniversário da Cidade de Niterói.

Vista de um dos trechos do Parque Orla de Piratininga (POP), com jardins filtrantes e outras tecnologias de Soluções Baseadas na Natureza (SBN).


MESMO ANTES DE INICIADO, PROJETO DO PARQUE ORLA DE PIRATININGA (POP) JÁ É CITADO EM RELATÓRIO TÉCNICO DA COMUNIDADE EUROPEIA

Reconhecida em publicações internacionais, Niterói já é considerada uma referência nacional e internacional de projetos de sustentabilidade urbana e acaba de ser mais uma vez citada em um novo relatório internacional. Desta vez, numa publicação da Comunidade Europeia, em que Niterói consta como uma das 10 cidades brasileiras que adotam tecnologias conhecidas como Soluções Baseadas na Natureza - SBN (ou em inglês, Nature Based Solutions - NBS).

A citação é do projeto do Parque Orla de Piratininga (POP), que integra o Programa Região Oceânica Sustentável - PRO Sustentável. O programa é desenvolvido pela Unidade de Gestão de Projetos (UGP PRO Sustentável), da Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão - SEPLAG, da Prefeitura de Niterói, e é financiado pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina - CAF,

Mesmo ainda em fase de licitação para o início das obras (licitação em 28 de fevereiro), o POP já ganha destaque como exemplo de drenagem sustentável ou de Solução Baseada na Natureza (SBN), como pode ser verificado na referência da publicação abaixo:

The EU – Brazil: Sector Dialogue onnature-based solutions Contribution to a Brazilian roadmap onnature-based solutions for resilient cities 
Edited by Tiago Freitas, Guilherme Wiedman and Josefina Enfedaque
Authors: Cecilia P. Herzog and Carmen Antuña Rozado


Veja nas páginas abaixo a citação do Parque Orla de Piratininga (POP) na referida publicação:








O Parque Orla de Piratininga (POP) foi planejado para contribuir para a despoluição da Lagoa de Piratininga, através da implantação de equipamentos de drenagem sustentável e outras tecnologias de Solução Baseada na Natureza (SBN), além de recuperação de ecossistemas e oferecer infraestrutura de visitação e lazer.

Dentre as tecnologias de SBN previstas no Parque Orla de Piratininga, estão:


Sistema 1: BIOVALETAS: Será implantado próximo ao chamado Via Parque, no entorno da Lagoa de Piratininga.

Sistema 2: JARDINS DE CHUVA: implantado como solução nos bairros limítrofes, nas ruas que chegam ao POP.

Sistema 3: BACIAS DE SEDIMENTAÇÃO E JARDINS FILTRANTES. Detalhe do funcionamento das bacias de sedimentação e dos jardins filtrantes. 

Disposição dos equipamentos com tecnologias de Sistemas Baseados na Natureza (SBN), no trecho norte do Parque Orla de Piratininga.

Com as soluções acima citadas, o objetivo é retirar das águas da drenagem natural (rios) e urbana (águas pluviais e escoamento superficial nas vias públicas) os excessos de sedimentos e de nutrientes, que representam respectivamente o assoreamento e a eutrofização da lagoa de Piratininga.

O processo de licitação das obras do POP está em fase final e, em breve, teremos a implantação de uma das mais inovadoras iniciativas de implantação de parques e de drenagem sustentável no país, como assim atesta e reconhece a publicação da Comunidade Europeia.

Além do POP, o PRO Sustentável também inclui iniciativas como a Renaturalização do Rio Jacaré, o saneamento e a regularização fundiária de comunidades, além de estudos para a Despoluição do Sistema Lagunar, dentre outras medidas.

A matéria abaixo, publicada pelo G1, mostra como as iniciativas em desenvolvimento na cidade de Niterói estão alinhadas com as tendências mundiais de soluções sustentáveis para a drenagem urbana.

Vamos seguindo em frente por uma Niterói Sustentável e Socialmente Justa.

Axel Grael
Coordenador Geral
Programa Região Oceânica Sustentável - PRO Sustentável

Secretário
Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão - SEPLAG
Prefeitura de Niterói



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Cidades-esponja: conheça iniciativas pelo mundo para combater enchentes em centros urbanos


Parque dos Manguezais em Sanya, na China, um exemplo de parque alagável — Foto: Turenscape/Divulgação


Parques alagáveis, praças-piscina e telhados com jardins estão entre medidas adotadas por cidades chinesas, europeias e americanas. No Brasil, São Paulo e Belo Horizonte tiveram perdas provocadas por chuvas em 2020.

Por Daniel Médici e Letícia Macedo, G1

Assim como grandes cidades brasileiras, várias partes do mundo sofreram com enchentes e inundações que causaram tragédias nas últimas décadas. Para enfrentar ou evitar catástrofes, urbanistas têm rejeitado soluções tradicionais – baseadas em bocas de lobo e encanamentos – em favor de novas formas de garantir a drenagem da água: criam, assim, as chamadas cidades-esponja.

O que foi feito e o que falta fazer para evitar mais tragédias causadas por chuvas

O conceito parte da ideia central de que as metrópoles modernas lidam com a água de maneira errada. Em vez de coletar a água das chuvas e jogá-la o mais rápido possível nos rios – como ocorre habitualmente –, as cidades-esponja lançam mão de uma série de recursos que asseguram espaço e tempo para que a água seja absorvida pelo solo (conheça cada um deles mais abaixo).

Essas medidas incluem a criação de:
  • parques alagáveis
  • telhados verdes
  • calçamentos permeáveis
  • praças-piscina

Cidades-esponja: veja recursos para minimizar o impacto das chuvas em metrópoles pelo mundo — Foto: Arte/G1


Inspiração ancestral na China

Em 2012, uma enchente causou a morte de quase 80 pessoas em Pequim, muitas delas afogadas ou eletrocutadas. Casas desabaram e estradas, metrô e até o aeroporto ficaram sob as águas.

No entanto, fotos de turistas tiradas na época mostraram a Cidade Proibida, construída centenas de anos atrás, completamente seca – graças a seu antigo sistema de drenagem.

A tragédia chamou a atenção das autoridades. A China, que viveu intenso processo de urbanização nos últimos anos, passou a ser um dos países que abraçou com mais força o conceito de cidade-esponja. Em Taizhou e Jinhua, por exemplo, muros de concreto que canalizavam rios foram demolidos e substituídos por parques.


Parque alagável Yanweizhou, na cidade de Jinhua, na China — Foto: Turenscape/Divulgação


Propostas semelhantes também têm sido adotadas em outras cidades pelo mundo, como Berlim, Copenhague e Nova York.

O arquiteto chinês Kongjian Yu explica que a proposta da cidade-esponja é preservar ecossistemas naturais, mais capazes de se recuperar das adversidades.

“A sabedoria ancestral de conviver com a água é a maior inspiração para o conceito de cidade-esponja”, explica o arquiteto chinês Kongjian Yu, chefe do escritório que fez alguns dos maiores projetos da área no país asiático. 
"Esse conhecimento vem sendo negligenciado há muito tempo. Nós construímos as cidades modernas usando técnicas industriais, dependentes de infraestrutura feita de concreto, canos e bombas."

O arquiteto defende que construir cidades-esponja ajuda não só a enfrentar, no período das chuvas, a força da água, mas também a mantê-la fluindo pelas torneiras durante os meses mais secos do ano.

Veja, abaixo, algumas das soluções das cidades-esponja pelo mundo:

O Rio Yongningantes da construção de um parque alagável na cidade chinesa de Taizhou... — Foto: Turenscape/Divulgação

...e o mesmo rio depois da criação do parque alagável, que absorve a água das cheias e é aberto à população — Foto: Turenscape/Divulgação

A face mais visível do conceito de cidade-esponja são os parques desenhados especialmente para serem parcialmente alagados durante alguns meses do ano. Diversos locais do tipo foram projetados e inaugurados pelo escritório de Kongjian em cidades chinesas.
Em boa parte dos casos, esses espaços tem passarelas suspensas, com livre acesso o ano todo. A parte térrea, alagável, fica intransitável no período de cheias, mas pode ser usada pelos frequentadores durante a seca.

Um parque alagável geralmente vai muito além da criação de um espaço extra para as águas. Ele também conta com uma vegetação pensada para absorver a água e fomentar a biodiversidade local.

Para o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil em São Paulo (IAB-SP), Fernando Tulio, esses parques são uma alternativa aos piscinões, uma das soluções comumente adotadas por autoridades brasileiras.

"Piscinões são grandes espaços vazios que passam a ser um grande problema urbano, acumulam lixo, ratos, exigem manutenção”, critica o arquiteto

Os parques alagáveis são mais comuns nas margens dos rios e nas costas, como no caso de Nova York, onde foi criado o Hunters Point South Park.

Mas também são encontrados em terrenos sem cursos d’água, que concentram água da chuva, como o parque Chulalongkorn, em Bangcoc, na Tailândia, e o parque de Qunli, na própria China.


Parque alagável de Qunli, na China, criado para reter, filtrar e devolver ao solo a água da chuva — Foto: Turenscape/Divulgação

Calçamentos permeáveis

Boa parte da água da chuva que cai sobre uma cidade fica retida sobre asfalto ou concreto. De lá, ela é drenada por meio de canos para ser levada a rios e muitas vezes se mistura com esgoto não tratado no caminho — especialmente quando a chuva é tanta, que supera a capacidade do sistema para absorvê-la.

A cidade chinesa de Lingshui, no extremo sul do país, é uma das que trocaram os tradicionais bueiros por estruturas conhecidas como bioswales. São pequenos canais de infiltração natural, com vegetação nativa, que correm paralelamente a ruas, avenidas e calçadas.

Outras opções exigem novas tecnologias. Copenhague, na Dinamarca, e cidades chinesas têm aberto novos espaços públicos usando um tipo de "concreto" permeável.


Praça Langelands, em Frederiksberg, na Dinamarca, recebeu tecnologia que funciona como uma esponja para absorver a água da chuva — Foto: Divulgação/ Rockwool

A cidade dinamarquesa de Frederiksberg, perto da capital do país, sofreu com os estragos de uma chuva de 100 mm que caiu em duas horas em julho de 2011. Desde então, o município focou em desenvolver a capacidade de "amortecer" grandes volumes de água para, em seguida, dispersá-los de maneira segura.

Uma das iniciativas foi colocada em prática na praça Langelands (veja a foto acima), ponto alto mais alto de Frederiksberg e o local a partir de onde a água da chuva corre para Copenhague.

Nessa praça de 3 mil metros quadrados, foi concluída em 2019 a instalação de um material fibroso (stone wool) que funciona como uma esponja e libera a água de maneira lenta. A cada litro de água despejado, o material pode absorver até 950 ml, de acordo com o fabricante.


Concreto permeável usado na construção do Parque Yanweizhou, em Jinhua, na China — Foto: Turenscape/Divulgação


Apesar dessas iniciativas, a ideia de que a permeabilização por si só é a chave para evitar alagamentos não é unanimidade.

O arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) Milton Braga defende que a discussão deve privilegiar a preservação do verde nas grandes cidades, e não a permeabilização do solo.

A vegetação é que "segura" a água e dá tempo para que o solo consiga absorver todo o volume de chuva.

"Tanto a vegetação rasteira, como gramados e arbustos, quanto as árvores contribuem [para evitar alagamentos]", diz o arquiteto. "Muitas vezes, o solo já é naturalmente impermeável. O grave é a supressão dos elementos que 'seguram' a água."

Telhados verdes

Telhado verde implantado sobre prédio da Escola de Finanças e Administração de Frankfurt — Foto: Frank Rumpenhorst/dpa/Picture-Alliance/AFP/Arquivo

A ideia de fazer jardins em tetos ou telhados não é nova – vem da Antiguidade, passando pela Itália renascentista. Telhados verdes existem em diversas partes do mundo, e não é difícil encontrá-los no Brasil.

A novidade é incentivar a construção desses espaços de forma ampla, para resolver problemas das cidades. Em número suficiente, a vegetação em cima dos prédios pode reter boa parte da chuva e diminuir o fluxo de água que vai parar nos bueiros e nos rios durante uma tempestade.

"Os benefícios desses jardins vão muito além de ajudar a mitigar as enchentes”, diz o arquiteto e professor FAU-USP Milton Braga. "Eles ajudam a regular a temperatura dentro dos centros urbanos, a filtrar o ar, a filtrar a própria água."

Braga pondera, no entanto, que criar um jardim sobre um prédio já existente significa colocar um peso muito maior sobre a estrutura, e isso exige cuidados.

"Não é fácil fazer um jardim no topo de um prédio já existente. É impossível fazer um jardim no telhado de uma casa sem um reforço na estrutura."

Já abrir um quintal em um espaço impermeabilizado no térreo é bem mais fácil, diz o arquiteto.

A ideia, como política pública, ainda engatinha – mas algumas cidades já buscam meios de incentivar a implantação de telhados verdes em prédios privados. É o caso de Copenhague, que já em 2011 colocou a medida em seu Plano de Adaptação Climática.

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Praças-piscina

Quadra da praça Benthemplein, em Roterdã, na Holanda, em um dia sem chuva — Foto: Divulgação: Jeroen Musch, Ossip van Duivenbode, pallesh+azarfane, Jurgen Bals and De Urbanisten (Florian Boer & Eduardo Marin)

Em Roterdã, na Holanda, a praça Benthemplein foi construída em 2013 adaptada para armazenar água nos dias de chuva.

O complexo, desenvolvido pelo escritório de arquitetura De Urbanisten, é composto por três bacias. Duas delas são subterrâneas e armazenam a água sempre que chove. A terceira é uma quadra de esportes abaixo do nível da rua que enche quando a chuva persiste (veja acima).

Na praça, a água da chuva é transportada até as bacias por grandes calhas de aço inoxidável. Essas calhas são projetadas para serem utilizadas por skatistas quando não está chovendo.

Quadra na Praça Benthemplein, em Roterdã, na Holanda, estava com água nesta quinta-feira (13) — Foto: Reprodução/fotopaulmartens.netcam.nl

O armazenamento da água pode durar até 36 horas depois da chuva. Um sistema deixa a água fluir gradualmente, o que permite que ela volte para as reservas subterrâneas e nunca seja canalizada para o esgoto.

O equilíbrio das águas subterrâneas é especialmente importante durante os períodos de seca para manter as árvores e plantas da cidade em boas condições. A iniciativa acaba por reduzir o efeito da ilha de calor urbano. Parte a água, devidamente filtrada, é distribuída em bebedouros.

Uma câmera mostra ao vivo o movimento na praça de estudantes, frequentadores de uma igreja e visitantes de um teatro que fica na região.

Fonte: G1




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Eduardo Viveiros de Castro: 'O governo declarou guerra aos índios'



Reproduzo abaixo a importante entrevista publicada em O Globo, do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em que se refere à nefasta legislação que o Governo Federal encaminhou ao Congresso Nacional, prevendo a liberação de construção de hidrelétricas, mineração e garimpo em terras indígenas.

Na postagem RETROCESSOS: projeto de lei do governo ameaça áreas indígenas, analiso um texto de Míriam Leitão e falo da experiência de vida que tive ao trabalhar na Área Indígena Nhamundá-Mapuera, na década de 1980.

Como afirma o antropólogo, o que está em curso é um projeto de etnocídio: “O que eles querem é acabar com os índios no Brasil” e "Destruir o que há de indígena nos povos indígenas". Critica o presidente dizendo: "Ele tem um imaginário do Velho Oeste, uma obsessão primitiva com a ideia de ficar rico com o ouro".

Que as instituições mantenham o mínimo de civilidades nesses tempos de retrocesso e que o projeto de extinção dos índios seja afastado pelo Congresso Nacional.

Axel Grael




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'Existe uma frase famosa atribuída a um índio americano: “Nós ficamos com a Bíblia e vocês ficaram com a terra”. Os grandes interesses econômicos, que sempre tiveram a posse do Estado, agora se uniram ao fundamentalismo religioso. Isso é uma coisa relativamente nova no Brasil. E muito preocupante'.



'O governo declarou guerra aos índios'


O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro avalia que a escalada do desmatamento e a pressão sobre povos indígenas piorou após a eleição de Jair Bolsonaro Foto: Ana Branco / Agência O Globo


Em entrevista ao GLOBO, antropólogo diz que Bolsonaro tem 'obsessão primitiva' com exploração de terras indígenas. Para ele, missionários buscam ‘desconectar’ povos de sua cultura

Bernardo Mello Franco e Fernanda Godoy

RIO - Numa palestra recente, o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro disse que governar é criar desertos. Ele usou a metáfora para descrever a relação dos donos do poder com o meio ambiente. “Quem já andou pela Amazônia sabe que a grande realização de todo prefeito é derrubar as árvores e cimentar a praça”, comenta.

Crítico de obras faraônicas da ditadura militar e dos governos petistas, o professor da UFRJ considera que a situação ficou ainda pior desde a posse de Jair Bolsonaro. Ele atribui a escalada do desmatamento a uma aliança da gestão atual com os setores mais atrasados da economia, que derrubam a floresta para plantar soja e extrair minério. O avanço das motosserras tem aumentado a pressão sobre os povos indígenas, que o antropólogo estuda desde a década de 1970. “O que eles querem é acabar com os índios no Brasil”, afirma.

Há muito tempo não se falava tanto em ameaças aos índios no Brasil. Por quê?

Há uma ofensiva econômica e religiosa contra os povos indígenas. O grande capital quer as terras, e os evangélicos querem as almas.

Existe uma frase famosa atribuída a um índio americano: “Nós ficamos com a Bíblia e vocês ficaram com a terra”. Os grandes interesses econômicos, que sempre tiveram a posse do Estado, agora se uniram ao fundamentalismo religioso. Isso é uma coisa relativamente nova no Brasil. E muito preocupante.

Onde o governo entra nisso?

Este governo tem três braços: o econômico, o religioso e o militar. Os militares veem os índios como ameaça à soberania. Os evangélicos tratam os índios como pagãos que devem ser convertidos. E o grande capital quer privatizar ao máximo o território brasileiro, o que significa reduzir as reservas ecológicas e as terras indígenas.

O projeto é abrir novas áreas para o extrativismo mineral e derrubar mais floresta para abrir pasto e plantar soja.

O Brasil está retomando sua vocação de colônia de exportação de produtos primários. Tivemos o ciclo do açúcar, o ciclo do ouro, o ciclo do café e o ciclo da borracha. Agora temos o ciclo da soja e da carne.

Bolsonaro nomeou um missionário para o setor da Funai que cuida dos índios isolados. O que isso significa?

Os cristãos fundamentalistas acreditam que é preciso converter até o último pagão, e os índios isolados são os clientes ideais para esse projeto.

O objetivo dos missionários é desconectar os índios das suas condições culturais e materiais de existência. Isso significa separar os povos deles mesmos. Destruir o que há de indígena nos povos indígenas.


'Há uma ofensiva econômica e religiosa contra os povos indígenas', afirma Viveiros de Castro Foto: Ana Branco / Agência O Globo


É um projeto especialmente sinistro porque está ligado a um programa econômico de desterritorializar os índios para permitir a entrada da mineração. Os missionários são fanáticos, mas os estrategistas do Estado não são.

Desde 1987, a política oficial da Funai era evitar o contato e garantir a proteção dos índios isolados. Essa política sempre foi combatida pelos missionários. Agora também passou a ser combatida pelo governo.

Como vê as declarações do presidente sobre os índios?

São declarações racistas e repugnantes. Essa história de que o índio “está evoluindo” e “cada vez mais é um ser humano igual a nós”... Bolsonaro faz declarações racistas e xenófobas, na medida em que trata os índios como se fossem estrangeiros. Essas falas estimulam a a violência, como se fossem uma licença para matar.

O Brasil tem um governo que declarou guerra aos povos indígenas. O governo Bolsonaro vê os índios como um obstáculo, como algo que precisa acabar. Os governos anteriores nunca atacaram os índios dessa forma.

Qual é o projeto de Bolsonaro para os povos indígenas?

Ele não tem projeto nenhum. Quem tem um projeto é o grande capital, que usa o Bolsonaro como uma espécie de leão de chácara.

O horizonte intelectual do Bolsonaro vai até a bateia do garimpeiro. Ele tem um imaginário do Velho Oeste, uma obsessão primitiva com a ideia de ficar rico com o ouro.

Este é o governo da terra arrasada. Querem desescrever a Constituição de 1988, que não é nenhuma maravilha, mas representou um grande avanço na conquista de direitos e na proteção dos índios.

Por que os militares veem a demarcação de terras indígenas como ameaça à soberania?

Os militares vivem na paranoia de que o Brasil está sob ameaça perpétua de invasão. No plano econômico, a internacionalização da Amazônia já aconteceu há muito tempo, mas eles não dão a mínima.

Como vê os ataques do Planalto a ONGs ambientalistas?

Existem ONGs de todos os tipos, mas o governo só ataca as que difundem práticas de justiça ambiental e social. E esses ataques agradam aos militares, que sempre se viram como donos do território nacional.

O senhor também fez críticas duras aos governos Lula e Dilma. Qual a diferença entre as gestões do PT e a atual?

Fui muito crítico ao modo como os governos Lula e Dilma concebiam o desenvolvimento econômico. A construção da usina de Belo Monte foi uma monstruosidade, uma iniciativa criminosa. Sem falar nas interações bizarras entre os governos do PT e as empreiteiras.

Apesar de tudo, o que estamos vivendo hoje é muito pior. Antes você já tinha garimpeiros invadindo terras indígenas, mas a Polícia Federal ia lá e tentava retirá-los. Agora o governo quer destruir a Funai e incentivar o garimpo.

O que nós temos hoje no Brasil é um projeto de destruição. Bolsonaro já disse que não chegou para construir, e sim para derrubar.

Outra coisa sinistra é a relação do poder com os porões da ditadura, com um submundo que emergiu. Vivemos num país em que a distância entre a milícia e o governo se tornou infinitesimal, para usar um eufemismo.

Como define o espírito deste governo?

O sentimento predominante no governo e em sua base de apoio é o ressentimento. Ele se manifesta nos ricos que não toleram ver a empregada indo à Disney e nos pobres que pararam de ascender socialmente por causa da crise.

O Brasil é um país que não aboliu a escravidão, um país racista. A frase do Paulo Guedes sobre as empregadas indo à Disney pertence ao universo moral da escravidão.

As classes dominantes do Brasil sempre foram eficazes em manter o povo num estado de abjeção intelectual. Darcy Ribeiro já dizia que a crise da educação não é uma crise, é um projeto.

A incapacidade de aceitar as diferenças também produz ressentimento. O sujeito olha em volta e diz: “Este cara é gay, não quer viver como eu”. Então ele pensa que tem que curar o gay, tem que acabar com o índio.

Isso gera um processo de etnocídio, no sentido mais amplo da palavra. Estamos assistindo a um etnocídio geral no Brasil, uma tentativa de exterminar tudo o que não é parecido com quem está no poder.

Por que o ressentimento virou uma arma tão poderosa para políticos populistas?

Isso é um fenômeno mundial. Tem a ver com a ideia de que o mundo em que nós vivemos está acabando. Com a emergência climática, o futuro próximo se tornou imprevisível. E a sensação de que as coisas estão saindo do eixo produz uma insegurança existencial enorme.

Nós imaginávamos que a História iria conduzir o Ocidente a um mundo cada vez mais secular. E o que se vê é um retorno da religião e do fundamentalismo, que estão ligados a esse sentimento de pânico.


Fonte: O Globo









sábado, 15 de fevereiro de 2020

DONA ZÉLIA: Prefeitura lança aplicativo para informar sobre vacinas e combater fake news





Você mora em Niterói e quer saber mais sobre vacinas? Pergunte pra Dona Zélia!

A enfermeira virtual Dona Zélia, lançada nesta sexta-feira, já está a serviço dos niteroienses. Esse é um aplicativo, disponível no Facebook, que vai ajudar a tirar dúvidas sobre as vacinas disponibilizadas no município.

O objetivo é facilitar o acesso do cidadão niteroiense a informações básicas como locais de vacinação, as vacinas disponíveis, dúvidas comuns sobre imunização e o combate às fake news.


A imagem pode conter: 2 pessoas, pessoas sentadas e área interna
Evento de lançamento do Dona Zélia.


O aplicativo Dona Zélia é umas das soluções apresentadas no HackNit de 2018, a maratona tecnológica da cidade, organizado pela Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão - SEPLAG. Trata-se de um chatbot programado para dar respostas automáticas aos usuários. O Dona Zélia está abrigado no Facebook e para poder interagir, fazendo as suas perguntas, e a nossa enfermeira virtual vai responde-lo.

A implantação do Dona Zélia envolve a Fundação Municipal de Saúde (FMS), em parceria com a empresa startup Remedin e a Secretaria de Planejamento Orçamento e Modernização da Gestão (SEPLAG).

Siga a página e fique por dentro das notícias: https://www.facebook.com/nitdzelia/

Axel Grael
Secretário
Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão - SEPLAG
Prefeitura de Niterói



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A ORIGEM DA DONA ZÉLIA

Dona Zélia nasceu em Agosto de 2018 durante o Hacknit 2018, um encontro de pessoas dispostas a cumprir com diversos desafios propostos pela Prefeitura de Niterói visando melhorar os serviços prestados à sociedade niteroiense.

Um desses desafios foi definido pela Fundação Municipal de Saúde do Município e propunha uma solução que aumentasse o engajamento da população nas campanhas de vacinação.

Das soluções propostas, a adotada foi a Dona Zélia foi a escolhida, uma assistente virtual que através da Inteligência Artificial auxilia à população de Niterói sobre vacinas, desenvolvida em parceria com o Aplicativo Remedin, e hoje ela está pronta para interagir com a sociedade, compartilhando em tempo real e integral os melhores conteúdos e informações sobre vacinas. Dessa forma, você não precisa mais telefonar ou buscar informações pessoalmente nos postos de vacinação!

É a Prefeitura de Niterói trazendo soluções práticas para o bem estar da nossa sociedade!

Fonte: Dona Zélia



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Dúvidas sobre vacinação poderão ser tiradas com a enfermeira virtual. Divulgação


Enfermeira virtual vai informar e tirar dúvidas sobre vacina em Niterói

Objetivo é facilitar o acesso do cidadão niteroiense a informações básicas

A Prefeitura de Niterói lança, nesta sexta-feira (14), uma nova ferramenta que vai ajudar a população a tirar dúvidas relacionadas as vacinas disponibilizadas no município. Trata-se de uma enfermeira virtual batizada de Dona Zélia que estará disponível gratuitamente na rede social Facebook. O objetivo é facilitar o acesso do cidadão niteroiense a informações básicas como locais de vacinação, as vacinas disponíveis, dúvidas comuns sobre imunização e o combate às fake news.

Durante os últimos meses foram desenvolvidas a parte técnica e a seleção do conteúdo a ser divulgado, que permitem que o Dona Zélia utilize o aplicativo de mensagens do Facebook (Messenger) para interagir com os usuários e se aprimorar com as dúvidas que vão surgindo, em um processo de aprendizagem que vai se desenvolvendo quanto mais o chat for utilizado.

"Essa proposta é muito bem-vinda e acompanha todo projeto da Prefeitura na modernização da gestão. No caso desse chatbot, será uma das formas de aproximar a população dos conhecimentos sobre vacinas, garantindo ao usuário do SUS mais uma opção de troca de informação com a pasta", afirmou a secretária de saúde, Maria Célia Vasconcellos.

O Dona Zélia é umas das soluções apresentadas no HackNit de 2018, desenvolvida pela a startup Remedin, que envolve a Fundação Municipal de Saúde (FMS) e a Secretaria de Planejamento Orçamento e Modernização da Gestão (SEPLAG). O HackNit é a maratona tecnológica da cidade que une especialistas de diferentes experiências, interesses e setores, com o objetivo de contribuir para melhorar a gestão das diversas secretarias do município.

“A Prefeitura de Niterói está investindo em ferramentas tecnológicas que tenham impacto na rotina dos cidadãos, como o Sigeo, o CCO de mobilidade, o Sistema Municipal de Defesa Civil. Nosso objetivo é sempre que a cidade avance para realidade mais sustentável e inteligente, mas não basta só ser tecnológico: as pessoas precisam ver como esses recursos ajudam no dia-a-dia”, detalhou.

Fonte: O Fluminense







PELA PRIMEIRA VEZ, OS CINCO PRINCIPAIS RISCOS GLOBAIS PARA OS PRÓXIMOS 10 ANOS SÃO TODOS AMBIENTAIS





O Relatório de Riscos Globais (GRR) do Fórum Econômico Mundial aponta que os cinco principais riscos em termos de probabilidade para os próximos 10 anos são todos de caráter ambiental. É a primeira vez que a pesquisa mostra esse resultado

  • As graves ameaças ao clima são responsáveis por todos os principais riscos de longo prazo do Relatório Global de Riscos, com “confrontos econômicos” e “polarização política doméstica” reconhecidos como riscos significativos a curto prazo em 2020
  • O relatório adverte que a turbulência geopolítica e a retirada do multilateralismo ameaçam a capacidade de todos de enfrentar riscos globais críticos e compartilhados
  • Sem atenção urgente à reparação da polarização e divisão da sociedade e ao crescimento econômico sustentável, os líderes não podem lidar sistematicamente com ameaças como a crise climática ou da biodiversidade, alerta o relatório
  • Leia o relatório completo aqui e saiba mais sobre a Iniciativa Global de Riscos aqui. Junte-se à discussão usando #risks20

A polarização econômica e política aumentará este ano, uma vez que a colaboração entre líderes mundiais, empresas e formuladores de políticas torna-se mais do que nunca necessária para impedir graves ameaças ao nosso clima, meio ambiente, saúde pública e sistemas de tecnologia. Isso aponta para uma clara necessidade de uma abordagem multissetorial para mitigar riscos em um momento em que o mundo não pode esperar que o nevoeiro da desordem geopolítica se dissipe. Estas são as conclusões do Relatório Global de Riscos 2020 do Fórum Econômico Mundial, publicado ontem.

O relatório prevê um ano de aumento dos embates e divisões domésticas e internacionais e desaceleração econômica. A turbulência geopolítica está levando a um mundo unilateral “instável” de grandes rivalidades de poder, em uma época na qual os líderes empresariais e governamentais devem se concentrar urgentemente em trabalhar juntos para enfrentar os riscos compartilhados.

Mais de 750 especialistas e tomadores de decisão globais foram convidados a classificar suas maiores preocupações em relação a probabilidade e impacto e 78% disseram esperar que “confrontos econômicos” e “polarização política doméstica” aumentem em 2020.

Isso seria catastrófico, principalmente para enfrentar desafios urgentes como a crise climática, a perda de biodiversidade e o declínio recorde de espécies. O relatório, produzido em parceria com a Marsh & McLennan e o Zurich Insurance Group, aponta para a necessidade de os formuladores de políticas combinarem objetivos de proteção da Terra com metas que impulsionem as economias, e que as empresas evitem os riscos de perdas futuras potencialmente desastrosas ajustando-se a essas metas baseadas na ciência.

Pela primeira vez nas perspectivas de 10 anos da pesquisa, os cinco principais riscos globais em termos de probabilidade são todos ambientais:

  1. Eventos climáticos extremos com grandes danos à propriedade, infraestrutura e perda de vidas humanas.
  2. Falha na mitigação e adaptação às mudanças climáticas por governos e empresas.
  3. Danos e desastres ambientais causados pelo homem, incluindo crimes ambientais, como derramamentos de óleo e contaminação radioativa.
  4. Grande perda de biodiversidade e colapso do ecossistema (terrestre ou marinho), com consequências irreversíveis para o meio ambiente, resultando em recursos severamente esgotados para a humanidade e para as indústrias.
  5. Desastres naturais graves, como terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas e tempestades geomagnéticas.

O relatório ainda acrescenta que, a menos que os stakeholders se adaptem à “mudança de poder histórica de hoje” e à turbulência geopolítica, enquanto ainda se preparam para o futuro, o tempo se esgotará para enfrentar alguns dos mais prementes desafios econômicos, ambientais e tecnológicos. Isso indica onde as ações de empresas e formuladores de políticas são mais necessárias.

“O cenário político está polarizado, o nível do mar está subindo e os incêndios climáticos estão incinerando. Este é o ano em que os líderes mundiais devem trabalhar com todos os setores da sociedade para reparar e revigorar nossos sistemas de cooperação, não apenas para benefícios a curto prazo, mas também para enfrentar nossos riscos profundamente enraizados”, disse Borge Brende, presidente do Fórum Econômico Mundial.

O Relatório Global de Riscos faz parte da Iniciativa Global de Riscos que reúne os stakeholders para desenvolver soluções integradas e sustentáveis para os desafios mais prementes do mundo.

É necessário pensar sistemicamente para enfrentar os riscos geopolíticos e ambientais iminentes e ameaças que, de outra forma, podem estar sob o radar. O relatório deste ano se concentra explicitamente nos impactos da crescente desigualdade, lacunas na governança de tecnologia e sistemas de saúde sob pressão.

John Drzik, presidente da Marsh & McLennan Insights, disse: “Há uma pressão crescente nas empresas por parte dos investidores, reguladores, clientes e funcionários para que elas demonstrem sua resiliência à crescente volatilidade climática. Os avanços científicos significam que os riscos climáticos agora podem ser modelados com maior precisão e incorporados ao gerenciamento de riscos e aos planos de negócios. Eventos de alto impacto, como incêndios florestais recentes na Austrália e na Califórnia, estão pressionando as empresas a tomar medidas contra os riscos climáticos em um momento em que elas também enfrentam maiores desafios geopolíticos e de riscos cibernéticos.”

Para as gerações mais jovens, o estado do planeta é ainda mais alarmante. O relatório destaca como os riscos são vistos pelos nascidos após 1980. Eles classificaram os riscos ambientais em um grau mais elevado do que outros entrevistados, a curto e longo prazo. Quase 90% desses entrevistados acreditam que “ondas de calor extremo”, “destruição de ecossistemas” e “saúde impactada pela poluição” serão agravadas em 2020; comparado a 77%, 76% e 67%, respectivamente, para outras gerações. Eles também acreditam que o impacto dos riscos ambientais até 2030 será mais catastrófico e mais provável.

A atividade humana já causou a perda de 83% de todos os mamíferos selvagens e de metade das plantas que sustentam nossos sistemas de alimentos e saúde. Peter Giger, diretor de Riscos da Zurich Insurance Group, alertou sobre a necessidade urgente de se adaptar mais rapidamente para evitar piores e irreversíveis impactos piores e irreversíveis das mudanças climáticas e de fazer mais para proteger a biodiversidade do planeta:

“Ecossistemas biologicamente diversos capturam grandes quantidades de carbono e fornecem enormes benefícios econômicos estimados em $33 trilhões por ano – o equivalente ao PIB dos EUA e da China juntos. É fundamental que as empresas e os formuladores de políticas avancem mais rapidamente para uma economia de baixa emissão de carbono e modelos de negócios mais sustentáveis. Já estamos vendo empresas destruídas por não alinhar suas estratégias às mudanças nas políticas e nas preferências dos clientes. Os riscos de transição são reais e todos devem fazer sua parte para mitigá-los. Não é apenas um imperativo econômico, é realmente a coisa certa a fazer”, disse ele.

O Relatório Global de Riscos 2020 foi desenvolvido com o apoio do Conselho Consultivo para Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial. Ele também se beneficia da colaboração contínua com seus parceiros estratégicos Marsh & McLennan e Zurich Insurance Group, e seus consultores acadêmicos na Oxford Martin School (Universidade de Oxford), na Universidade Nacional de Cingapura e no Centro de Processos de Decisão e Gerenciamento de Risco Wharton (Universidade da Pensilvânia).

Os entrevistados foram convidados a avaliar: (1) a probabilidade de ocorrência de um risco global ao longo dos próximos 10 anos e (2) a gravidade de seu impacto globalmente, caso ocorra.

Estes são os 5 principais riscos, por probabilidade, nos próximos 10 anos:

  1. Eventos climáticos extremos (incêndios, inundações, tempestades etc.)
  2. Falha na mitigação e adaptação à mudança climática
  3. Grandes desastres naturais ( terremoto, tsunami, erupção vulcânica, tempestades geomagnéticas etc.)
  4. Grande perda de biodiversidade e colapso do ecossistema
  5. Danos e desastres ambientais causados pelo homem

Estes são os 5 principais riscos, por gravidade de impacto, nos próximos 10 anos:

  1. Falha na mitigação e adaptação à mudança climática
  2. Armas de destruição em massa
  3. Grande perda de biodiversidade e colapso do ecossistema
  4. Eventos climáticos extremos (incêndios, inundações, tempestades etc.)
  5. Crises hídricas

Os riscos globais não são isolados e, portanto, os entrevistados foram convidados a avaliar as interconexões entre pares de riscos globais.

  1. Estes são os principais riscos globais mais fortemente conectados:
  2. Eventos climáticos extremos + falha na mitigação e adaptação à mudança climática
  3. Ataques cibernéticos em larga escala + quebra de infraestrutura e redes de informação críticas
  4. Desemprego ou subemprego estrutural elevado + consequências adversas dos avanços tecnológicos
  5. Grande perda de biodiversidade e colapso do ecossistema + falha na mitigação e adaptação às mudanças climáticas
  6. Crise de alimentos + eventos climáticos extremos

Riscos a curto prazo: porcentagem de entrevistados que pensam que um risco aumentará em 2020:

  1. Confrontos econômicos = 78,5%
  2. Polarização política doméstica = 78,4%
  3. Ondas de calor extremas = 77,1%
  4. Destruição de ecossistemas de recursos naturais = 76,2%
  5. Ataques cibernéticos: infraestrutura = 76,1%

Fonte: Página 22








CULTURA DE PAZ: Projeto Grael representado em evento da ONU na Áustria





Projeto Grael na Áustria

Nos dias 22 e 23 de janeiro, nosso Coordenador de Desenvolvimento Esportivo André Alcantara Martins esteve em Viena, Áustria, para participar de um evento da United Nations Office Office on Drugs and Crime (UNODC), que tratou dos esportes como caminhos para que jovens possam evitar as drogas e o crime. 

Aqui no Projeto Grael, temos certeza que o esporte educacional muda vidas e, por isso, há 21 anos trabalhamos pela emancipação de crianças e jovens que possam estar em situação de vulnerabilidade. A UNODC é uma das agências especializadas da ONU, criada em 1997, para pensar e agir na prevenção de drogas e crimes.

André foi falar um pouco sobre nossa experiência com a capacitação de profissionais do Esporte, no seminário "Barcos como instrumentos de Educação", que aconteceu em 2018 e atendeu a mais de 100 profissionais interessados em aprender como os valores do esporte podem incentivar valores positivos e uma cultura da paz.

Fonte: Boletim Informativo do Projeto Grael




quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

ILHA DA BOA VIAGEM: Prefeitura publica edital para as obras de restauração



Vista aérea da Ilha da Boa Viagem, situada na orla da Baía de Guanabara de Niterói.

Visitantes na Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem.

Ponte de acesso à Ilha da Boa Viagem.


Desde o início da atual gestão municipal, em 2013, recebi a incumbência do prefeito Rodrigo Neves de promover a recuperação e a abertura à visitação pública da Ilha da Boa Viagem, um dos mais importantes patrimônios culturais e marcos paisagístico de Niterói.

A nossa atuação ocorreu em diferentes etapas:

  • primeiro, foi restaurada a ponte de acesso à ilha
  • depois, foram tomadas medidas para a abertura da ilha durante o período dos Jogos Olímpicos de 2016 
  • e agora, estamos na terceira etapa, implementando obras definitivas para garantir a integridade deste patrimônio e possibilitar a visitação do público.


Portanto, agora, após décadas de abandono, a Prefeitura fará a completa restauração do patrimônio da Ilha da Boa Viagem. Através da Empresa Municipal de Moradia, Urbanização e Saneamento - EMUSA, a Prefeitura publicou o Edital de Concorrência Pública Nº 02/2020, para a contratação de empresa para a restauração do chamado "castelo", da capela Nossa Senhora da Boa Viagem e do fortim situados na Ilha da Boa Viagem.

Para chegar ao momento atual, foi necessário superar muitas dificuldades até que a Prefeitura pudesse cumprir o seu objetivo. As intervenções, que serão iniciadas tão logo se conclua o processo licitatório, foram devidamente autorizados pelo Secretaria do Patrimônio da União - SPU, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade - SMARHS, e seguirão as orientações determinadas pelos órgãos para que a restauração garanta as características originais.

Quando as obras forem concluídas, as atividades religiosas na capela e a dos Escoteiros do Mar, ambas tradicionais na ilha, serão mantidas e a gestão da atividade turística e de visitação será feita de forma controlada, assim como ocorreu na época dos Jogos Olímpicos Rio 2016, mantendo-se o cuidado da limitação do número de visitantes e as visitas acontecerão apenas com o acompanhamento especializado.

A Prefeitura já iniciou um outro contrato de obras de contenção de encosta e outras intervenções de estabilização da infraestrutura da ilha.

Para saber mais sobre as obras e o processo licitatório, acesse aqui:

Faça Download do Edital

Faça Download da Planta

Faça Download do Cronograma Financeiro

Faça Download do Projeto

A restauração da Ilha da Boa Viagem é o cumprimento de mais um compromisso assumido pela atual gestão.

Vamos em frente.

Axel Grael



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terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Um breve vídeo sobre o legado científico de Johanna Döbereiner



Assista ao vídeo acima, da Academia Brasileira de Ciências, e conheça o trabalho dessa brilhante engenheira agrônoma sobre bactérias fixadoras de nitrogênio, crucial para que o Brasil se tornasse o segundo maior produtor de soja do mundo.



Quando fui estudante de engenharia florestal, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ, tive a honra e a felicidade de conhecer a Dra. Johanna Döbereiner, um dos grandes nomes da ciência brasileira. Nascida na República Tcheca, migrou ainda jovem para o Brasil onde desenvolveu o seu trabalho científico, tendo se destacado pelas pesquisas sobre a associação de bactérias com as raízes e como estas promovem a fixação de nitrogênio e outros elementos fundamentais para as plantas. Trabalhou na Embrapa e na Universidade Rural.

A descoberta teve grande impacto sobre a agricultura mundial, pois reduziu drasticamente a dependência sobre fertilizantes químicos e deu um enorme impulso ao cultivo de leguminosas, como a soja. Em 1997, a Dra Döbereiner foi indicada para o Prêmio Nobel de Química.

Tornei-me amigo do filho de Johanna, Christian, com quem trabalhei na área de consultoria ambiental.

Axel Grael








sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

RETROCESSOS: projeto de lei do governo ameaça áreas indígenas



Mais um retrocesso absurdo do atual governo: Bolsonaro anunciou o projeto de lei liberando mineração, exploração de petróleo e hidrelétricas em terras indígenas. No mesmo dia, nomeou um evangelizador para a área mais sensível da Funai: a dos índios isolados. Como se não bastasse, em seu discurso disse que se um dia puder ele confinará os ambientalistas na Amazônia.

As afirmações e iniciativas causam indignação. Uma das minhas mais marcantes experiências de vida e profissionais foi o trabalho que desenvolvi na Área Indígena Nhamunda-Mapuera, no Pará, na década de 1980. 
Na ocasião, aprendi a respeitar e a valorizar a cultura e a sabedoria sustentável destes povos. A ameaça e o tom preconceituoso do presidente com as comunidades indígenas são de envergonhar e estarrecer, mostrando que em tempos de "terraplanismos" e outros obscurantismos, não há limites para os danos que essa gente pode causar.


Axel Grael, Mirian Nuti e Cláudio Delorenci, na Aldeia Mapuera. Foto acervo Mirian Nuti.

Crianças indígenas da Aldeia Wai-Wai, Rio Mapuera (PA), preparadas para exercício de pontaria com arcos e flechas. A brincadeira consistia em acertar um disco cortado do tronco de uma bananeira. Foto do acervo Axel Grael/ENGE-RIO.

A análise desenvolvida pela jornalista Míriam Leitão, no artigo abaixo, é precisa em denunciar o absurdo do intenção do capitão. Damos destaque ao seguinte trecho:

Em várias ocasiões Bolsonaro já demonstrou preconceito em relação aos índios, ou visão ultrapassada sobre o assunto. É por isso que a ideia assusta ainda mais. A Constituição prevê atividade econômica em terra indígena, dependendo apenas de regulamentação. O projeto, portanto, poderia até ser considerado se não fosse o presidente quem ele é, se não tivesse as declaradas intenções que tem.

É preciso resistir no campo das ideias e das ações, impedindo que essas maluquices prosperem. Que o Congresso Nacional reverta esses retrocessos.

Axel Grael



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Riscos que pesam sobre os indígenas

No mesmo dia em que anunciou o projeto de lei prevendo mineração, exploração de petróleo e hidrelétricas em terras indígenas, o presidente Bolsonaro nomeou um evangelizador para a área mais sensível da Funai: a dos índios isolados. Em seguida, disse que se um dia puder ele confinará os ambientalistas na Amazônia. Em várias ocasiões Bolsonaro já demonstrou preconceito em relação aos índios, ou visão ultrapassada sobre o assunto. É por isso que a ideia assusta ainda mais. A Constituição prevê atividade econômica em terra indígena, dependendo apenas de regulamentação. O projeto, portanto, poderia até ser considerado se não fosse o presidente quem ele é, se não tivesse as declaradas intenções que tem.

O projeto vem após uma série de ataques à Funai feitos sob o olhar condescendente do ministro da Justiça, Sergio Moro. Não se conhece uma palavra de Moro contra os excessos e abusos cometidos contra a Funai, o aparelhamento político, a ocupação de cargos por pessoas sem a qualificação técnica, a escolha de coordenadores estranhos à área. A tentativa é de fazer da Funai uma instituição oca. Se ela ainda resiste é pelos seus servidores de carreira.

A escolha de Ricardo Lopes Dias para coordenador de índios isolados é um perigo não por ser pastor. O temor é que ele ponha em prática a convicção de que os índios precisam ser convertidos por missionários. Isso é a morte cultural. Os isolados são os mais frágeis sob todos os pontos de vista e há uma política consagrada de sequer forçar contato. A nomeação veio após a mudança de critérios para ocupar o cargo, em decisão do presidente da Funai, Marcelo Xavier. Antes, o cargo era exclusivo de servidores públicos efetivos. No dia 30 o critério foi alterado para que pudesse haver nomeação política.

Bolsonaro não tem o poder de confinar ninguém, mas seu pensamento antidemocrático é revelado na palavra que usou para definir o que quer fazer com pessoas que pensam diferente dele. Ele trata como natural uma atitude totalitária. Há uma fadiga no país em reagir aos absurdos diários que o presidente expõe em suas falas. E muita gente, com razão, quer simplesmente ignorar as “bolsonarices”. Seria um alívio. O problema é que ele, por ser presidente, tem visibilidade ampliada. Esses valores deletérios estão sendo apresentados diariamente como sendo naturais. Há uma geração de brasileiros sendo formada diante da exposição de que o presidente acha normal confinar pessoas porque pensam de forma diferente da do governo, definir indígenas como sub-humanos, afirmar que portadores de HIV custam caro ao país.

Essas foram apenas as últimas agressões verbais aos direitos humanos. Neste contexto é que foi apresentado o projeto de exploração de terra indígena. São terras públicas, da União, e serão ocupadas por grupos privados. Os indígenas serão ouvidos mas sem poder de veto, o que transforma o ato de ouvir como mera formalidade. O que o presidente está propondo é a morte cultural e étnica. Quer que eles sejam “como nós”. Como se os 300 povos não estivessem resistindo há 500 anos para manter suas culturas, seus idiomas, seu modo de viver. Se quisessem ter a vida de não indígenas já teriam feito essa escolha. Esse projeto pode ser o começo de uma nova onda de violência física e cultural contra os índios.

Tudo isso bate na economia, claro. No meio empresarial é possível ouvir empresários reclamando da estratégia do presidente Jair Bolsonaro de “governar por atrito”, na expressão de um deles que dirige uma grande associação. Se por um lado há os que apoiam incondicionalmente o presidente, por outro, há os que lamentam e se sentem inseguros com as crises constantes que não saem da primeira página dos jornais: “Passamos por uma forte recessão e estamos há três anos sem crescer muito. Este é o momento em que todos deveriam estar remando na mesma direção. Mas temos um presidente que estimula a divisão. Tem o empresário que não liga, mas tem o empresário que fica incomodado e inseguro. E aí continuamos nesse clima de morosidade, que não engrena nunca”, desabafou.

A economia nem é o maior problema. O perigo é o que o presidente pretende com esse projeto de permitir atividades econômicas nas terras indígenas, que hoje são unidades de conservação.

Com Alvaro Gribel (de São Paulo)

Fonte: Coluna Miriam Leitão, O Globo




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