quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

ONU alerta: produção de alimentos está seriamente ameaçada pela perda de biodiversidade







A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) publicou a edição 2019 do seu relatório sobre o Estado da Biodiversidade para Alimentos e Agricultura. 

Pela primeira vez, a FAO alerta para a diminuição da capacidade de produção de alimentos por conta da perda de biodiversidade. O solo está sendo ocupado por cidades e fábricas que espalham substâncias químicas e minam os sistemas naturais de suporte à produção de alimentos. 

Pesquisas mostraram que quase 20% da área cultivável está menos produtiva. Segundo artigo de Jonathan Watts, no The Guardian, entre as espécies mais ameaçadas estão os “polinizadores que provêm serviços essenciais a três quartos das lavouras no mundo”. E 17% dos polinizadores vertebrados, como pássaros e morcegos, também estão ameaçados de extinção. 

Watts acrescenta que, “uma vez perdidas, as espécies que são críticas para nossos sistemas alimentares não podem ser recuperadas, o que coloca o futuro do nosso alimento e o meio ambiente sob um grande risco.” 

Watts cita a coordenadora do relatório, Julie Bélanger: “É urgente que mudemos o modo de produção de alimentos para garantir que a biodiversidade não seja algo a ser colocada de lado, mas tratada como um recurso insubstituível e uma peça-chave nas estratégias de gestão.”


Boletim ClimaInfo, 27 de fevereiro de 2019.

Fonte: ClimaInfo 


















Risco de rompimento de barragens tem relação com preço de minérios



Estudo aponta que, em períodos de baixa na cotação dessas commodities, mais desastres em mineração acontecem devido a cortes nos custos operacionais (foto: Ponte ferroviária que desabou após desastre em Brumadinho (MG)/Wikimedia Commons)


Elton Alisson | Agência FAPESP

A volatilidade de preços é uma característica intrínseca às commodities, como os minérios de ferro. Nas últimas cinco décadas, por exemplo, esses produtos passaram por diversos ciclos de valorização seguidos por períodos de desvalorização.

Um estudo feito por pesquisadores canadenses, com base na análise de 143 desastres em mineração reportados no mundo entre 1968 e 2009, apontou que há uma correlação entre os ciclos de alta e de baixa dos preços dos minérios no mercado internacional com rompimentos de barragens de rejeitos.

A explicação dos pesquisadores para essa correlação é que, em períodos de elevação dos preços dos minérios, normalmente os procedimentos de licenciamento e de execução da construção de barragens de rejeitos são acelerados em razão da pressão das mineradoras para aproveitar essa fase de bonança. Já em períodos subsequentes de queda no preço dos minérios, há uma pressão, também por parte das empresas, para reduzir os custos operacionais, como os de manutenção e de segurança dessas obras. Em razão disso, há um aumento do risco de rompimentos de barragens nessa fase de baixa de preços tanto em intervalo de tempo como em número.

“Ficou muito claro nesse estudo que há uma correlação entre o ciclo de baixa de preço de minérios, como o cobre, com um aumento no número de rompimentos de barragens de rejeitos”, disse Bruno Milanez, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), durante um seminário promovido pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), no dia 14 de fevereiro, sobre os desastres de Mariana e Brumadinho.

O evento fez parte das atividades do Projeto Temático "Governança Ambiental da Macrometrópole Paulista face à variabilidade climática" (MacroAmb), apoiado pela FAPESP.

“Apesar de estar em uma região que não é coincidente com a macrometrópole, Brumadinho traz uma temática que é fundamental, que é a discussão sobre a mineração e seus efeitos sobre a sociedade quando não há responsabilização e adequação a normas legais e de segurança”, disse Pedro Roberto Jacobi, professor do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP e coordenador do projeto, à Agência FAPESP.

Os pesquisadores da UFJF aplicaram o modelo de correlação do ciclo de preço dos minérios com desastres em mineração, desenvolvido pelos pesquisadores canadenses, em um estudo de caso do rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana (MG), ocorrido em novembro de 2015.

“Constatamos que esse modelo se aplicou perfeitamente bem para explicar, do ponto de vista da economia mineral, o rompimento da barragem de Fundão”, afirmou Milanez.

Os pesquisadores constataram que o pedido de licenciamento ambiental para construção da barragem foi feito pela Samarco em 2006, no início de um ciclo de alta de preço dos minérios. Em menos de um ano, em 2007, a empresa obteve as licenças prévias e de instalação e, em 2008, a licença de operação da barragem.

“Observamos que a empresa levou menos de dois anos para apresentar o estudo de impacto ambiental e obter a licença de operação da barragem, um período bastante rápido”, afirmou Milanez.

O rompimento da barragem ocorreu justamente no período de baixa da cotação de minérios no mercado internacional. Os pesquisadores também identificaram que a partir de 2012, quando iniciou o último ciclo de queda de preço dos minérios, o número de acidentes de trabalho registrados e relatados pela empresa começou a aumentar. “Isso remete à hipótese de que, nesse período, ocorreram problemas de gestão de segurança na empresa”, estimou Milanez.

Segundo o pesquisador, um inquérito da Polícia Civil de Minas Gerais, divulgado em 2016, concluiu que a causa do rompimento da barragem de Fundão foi a liquefação – quando um material rígido, no caso o rejeito de minério, passa a se comportar como um fluido em razão da água presente nele. Esse processo também é apontado como a possível causa do rompimento da barragem de Brumadinho.

Entre os fatores que contribuíram para o processo de liquefação da barragem de Fundão o inquérito apontou falhas no monitoramento contínuo do nível da água e da pressão dos poros junto aos rejeitos. Indicou ainda que o monitoramento foi deficiente em virtude do número reduzido de equipamentos instalados.

“O inquérito apontou uma série de problemas operacionais na parte de segurança e de monitoramento da barragem”, afirmou Milanez.

Já no caso do rompimento da barragem 1 da Vale, em Brumadinho, ainda não está clara a correlação entre a variação de preços dos minérios com o desastre. Isso porque, de acordo com o pesquisador, ao contrário da Samarco, que possui uma única mina, a Vale tem muito mais empreendimentos. Isso torna a análise mais complexa e os dados mais difíceis de serem obtidos.

“O que se sabe até agora é que a empresa vinha se recuperando de um alto endividamento e passou por um grande processo de expansão”, afirmou Milanez. “Começou a fazer uma série de desinvestimentos para tentar saldar suas dívidas, estava pagando altos dividendos aos acionistas para recuperar seu valor de mercado e, ao mesmo tempo, a barragem vinha apresentando problemas em seu monitoramento”, disse.

Procurada pela reportagem, a Vale afirmou não estar “concedendo entrevistas individuais no momento, mas conversando com a imprensa por meio de coletivas, dado que a empresa está 100% focada no atendimento aos atingidos pelo rompimento da barragem”.







Lições não aprendidas

Na avaliação de Milanez, o rompimento da barragem de Fundão alertou para uma série de problemas de fiscalização desses empreendimentos, não só em Minas Gerais, como no país.

O modelo de automonitoramento, em que as mineradoras escolhem as empresas que irão auditar suas barragens e atestar a estabilidade delas, se mostrou totalmente impraticável, afirmou. “Esse sistema de automonitoramento das barragens já vinha se mostrando falho e não está sendo colocado em discussão atualmente”, disse.

No ano seguinte ao rompimento da barragem de Fundão, em 2016, também houve uma modificação na legislação mineral de Minas Gerais que tornou o licenciamento ambiental ainda mais permissivo, apontou o pesquisador.

“Vimos que houve movimentações políticas que, em vez de tornar a legislação ambiental da atividade de mineração em Minas Gerais mais cuidadosa em relação ao processo de licenciamento ambiental, a tornaram menos rigorosa”, afirmou.

De acordo com Luis Enrique Sánchez, professor da Escola Politécnica da USP, há uma série de conhecimentos e recomendações de ações de boas práticas na gestão de riscos – reunidas em publicações feitas pelo Comitê Internacional de Grandes Barragens e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – que tratam da conscientização e da preparação para emergências no plano local para mineração.

Essas lições, que começaram a ser aprendidas a partir de experiências da indústria química, envolvida em uma série de desastres que aconteceram nas últimas décadas, com grandes consequências sobre populações e comunidades locais, não têm sido aplicadas, ponderou Sánchez.

“Atualmente, é obrigatório, por conta de uma regulamentação, a colocação de placas indicando rotas de fuga em locais próximos a barragens de rejeitos em Minas Gerais, por exemplo. Mas sabemos que essa ação básica ainda não foi adotada em muitas barragens em operação ou inativas no país”, afirmou o pesquisador.

Os desastres de Mariana e de Brumadinho apontam para a necessidade do setor de mineração no Brasil e no mundo repensar e transformar seus métodos de exploração e transformação desses minérios em riqueza para a sociedade, uma vez que são bens públicos, ponderou Alexandre Orlandi Passos, pesquisador do Núcleo de Pesquisa para Mineração Responsável (NAP.Mineração) da USP.

“A mineração recebe do estado uma concessão para extrair uma riqueza do subsolo e trazê-la para a sociedade. Essa atividade não pode se encerrar na extração do mineral e no depósito dos rejeitos como um passivo ambiental. Esse processo tem de ser repensado”, afirmou.

De acordo com dados apresentados por ele, a atividade de mineração produz 600 milhões de toneladas de rejeitos de minérios por ano, dos quais 200 milhões são originados em Minas Gerais.

Parte desses rejeitos poderia ser usada para uma série de outras finalidades, em vez de ser estocada em reservatórios como um passivo ambiental por ser uma solução mais barata, indicou o pesquisador. Entre as alternativas está a construção de moradias mais baratas e de estruturas hídricas, como lagos artificiais, para o controle de cheias, por exemplo. Já as áreas degradadas pela atividade de mineração poderiam ser transformadas em áreas de lazer, indicou.

“O lago central do Parque do Ibirapuera foi uma cava de areia, ou seja, teve origem na atividade de mineração”, exemplificou Passos.

O artigo Mining market cycles and tailings dam incidents, de Michael Davies e Todd Martin, publicado no Proceedings of 13th International Conference on Tailings and Mine Waste, pode ser lido em https://docplayer.net/14797608-Mining-market-cycles-and-tailings-dam-incidents.html.

E o artigo Antes fosse mais leve a carga – reflexões sobre o desastre da Samarco/Vale/BHP Billiton, de Bruno Milanez, Luiz Wanderley, Maíra Mansur, Raquel Pinto, Ricardo Gonçalves, Rodrigo Santos e Tádzio Coelho, pode ser lido no livro “A questão mineral no Brasil”, volume 2, em www.ufjf.br/poemas/files/2016/11/Livro-Completo-com-capa.pdf.


Fonte: Agência FAPESP




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OPORTUNIDADE: Fundo Verde do Clima destina recursos à proteção florestal no Brasil






O Fundo Verde do Clima (GCF, na sigla em inglês), criado depois da COP de Copenhague, recebeu autorização para apoiar projetos conhecidos como REDD+, de redução de emissões por desmatamento e degradação florestal associada à promoção do desenvolvimento sustentável local. 

Este é um dos campos mais polêmicos de tudo que se discute sobre incentivos para a mitigação de emissões de gases de efeito estufa. A base é simples: dar recursos a quem protege a floresta. 

A conta de quanto carbono não foi parar na atmosfera por conta do projeto é complexa e fonte de eternos debates. Conta-se quanto carbono havia na floresta no começo do projeto. Como florestas não são fixas e imutáveis – uma floresta mesmo intocada ora tem mais carbono, ora tem menos – é preciso projetar quanto carbono haveria nelas na ausência do projeto. E compara-se essa projeção com quanto carbono havia na floresta ao final do tempo projetado. 

Ontem, o Fundo Verde do Clima aprovou o pagamento do primeiro projeto de REDD+, e o beneficiado foi um projeto brasileiro referente ao período 2014-2015; os US$ 96 milhões premiou quase 19 milhões de toneladas de carbono que não foram emitidas, junto com um adicional por “benefícios não carbono” pela promoção do desenvolvimento sustentável. 

Os membros do board do GCF colocaram condicionantes ao projeto. Para garantir que os recursos beneficiem as populações envolvidas com as áreas protegidas, estas devem ter acesso online a informações como as salvaguardas prometidas e a garantia da consistência do projeto com o arcabouço das políticas nacionais subjacentes. 

Em nota, o Ministério do Meio Ambiente disse que “Serão lançadas chamadas pública para a adesão voluntária dos agricultores, indígenas e comunidades tradicionais”, e o Mongabay contou a história com uma lupa bastante crítica. O projeto foi apresentado no governo passado e ainda não se tem notícias quanto a reações do atual governo.

Boletim ClimaInfo, 28 de fevereiro de 2019.

Fonte: ClimaInfo









As emissões dos celulares e das redes de comunicação





Um único celular não incomoda o planeta, mas os bilhões de celulares existentes aparecem no mapa das emissões. 

Cada aparelho contém metais raros cujo processo de mineração e purificação consome eletricidade. Para funcionar, estes aparelhos e a parafernália informática do mundo moderno, precisam estar conectados às antenas das células e a poderosos servidores e data centers que também consomem uma montanha de eletricidade. 

Cada vez mais os data centers e os processos de produção de chips e celulares se localizam na China. E a eletricidade chinesa, pelo menos por enquanto, consome muito carvão. 

Há 12 anos estimava-se que o conjunto desta obra emitia apenas 1% dos gases de efeito estufa de todo o mundo. Mas a projeção para 2020 é de que estas emissões cheguem a 3,5% do total global, mais do que as emissões brasileiras. Em 2040, se a China e a Índia não mudarem suas matrizes elétricas, as emissões de data centers e da produção de celulares representarão 14% das emissões globais e serão, de longe, a indústria mais poluente do mundo. 

A matéria do UOL diz que, “na próxima vez que pensar em poluição, esqueça o escapamento. Pense no seu celular.”

Boletim ClimaInfo, 28 de fevereiro de 2019.

Fonte: ClimaInfo










O que a Pequena Idade do Gelo do século XVII pode nos ensinar sobre a mudança climática?






O começo da Pequena Idade do Gelo inspirou a caça às bruxas na Europa. A perseguição, claro, não conseguiu mudar o clima extremo e, ao longo do tempo, uma nova metáfora iluminista começou a se instalar*


Há muitos séculos atrás, na Europa, os invernos ficaram muito frios e os verões insuportavelmente quentes. “A primavera deste ano foi como o inverno, fria e úmida, a safra de vinho terrível e a colheita ruim”, escreveu o teólogo suíço Heinrich Bullinger em 1570.

No início, aquele parecia ser um problema temporário, apenas um ano ruim. Por isso, em todo o continente, os agricultores abandonaram suas tristes colheitas e os vinicultores venderam vinho de uvas verdes bebido com raiva enquanto os consumidores observavam o aumento dos preços dos grãos.

Mas o clima extremo continuou estação após estação, até que o anormal se tornou o novo normal. Como disse William Shakespeare na peça Ricardo III, de 1593, “Temos agora o inverno da nossa desesperança”.

Em seu livro Nature’s Mutiny, a ser publicado em março pela WW Norton & Company, o jornalista alemão Philipp Blom afirma que Shakespeare escreveu essas palavras como uma descrição literal da sequência de invernos difíceis que acabara de enfrentar. Este período de clima extremo, que se prolongaria por mais de 100 anos, é agora conhecido como a “Pequena Idade do Gelo”, e Blom argumenta que se olharmos para seus efeitos sobre a Europa – onde foram mais bem documentados – vamos entender melhor como chegamos aqui e antecipar o que está por vir, à medida que as mudanças climáticas afetem cada vez mais nossas vidas.

Deus nos abandonou

Nos tempos de Shakespeare, as autoridades religiosas diziam que Deus punia os humanos com o clima impiedoso por conta de seu mau comportamento, e pediam mais piedade para apaziguar a divindade decepcionada. Este pensamento inspirou a caça às bruxas europeias – colocar mulheres em chamas de fogueiras de alguma forma descongelaria a terra congelada do inverno, faria a chuva cair suavemente sobre as plantações na primavera e resfriaria o sol escaldante do verão. Mas a perseguição não conseguiu mudar o clima extremo, obviamente, e assim, muito lentamente, as ideias sobre como lidar com a crise foram se transformando.

Nos 100 anos seguintes, durante o século XVII, uma nova metáfora para o mundo começa a se instalar. Ao invés de um Deus a nos vigiar, o planeta – e toda a natureza – passa a ser tratado como uma espécie de relógio, um mecanismo que segue leis naturais, que nós, humanos, podemos discernir por meio da observação e da experimentação. Os cientistas passam a levar a sério a troca de informações. Os botânicos enviam plantas através dos continentes, e a Europa – lutando para cultivar grãos – adota novos cultivos, como tulipas e batatas, que formaram a base de novos mercados e gastronomias. As economias transformam-se. Os ricos ficaram mais ricos, os pobres mais pobres e nasceu uma pequena classe média.

Quando o clima volta a ficar mais temperado, por volta de 1700, muitas das ideias que moldam o mundo no qual vivemos hoje já haviam dominado – incluindo a noção de um mercado livre com lógica própria. E foram estas “forças” de mercado que incentivaram o comportamento que levou à exploração generalizada dos recursos naturais, contribuindo para a atual crise climática, observa Blom.

Assim, a cobra come seu rabo. A nova abordagem de cultivo de alimentos e as riquezas induzidas pela Pequena Era do Gelo nos trouxeram ao ponto em que nos encontramos hoje, a observar nossas geleiras a derreter e o nível do mar a subir.

Quanto mais as coisas mudam

Não é comum se pensar que a Pequena Idade do Gelo tenha sido causada pelos humanos, embora uma pesquisa publicada na revista Quaternary Science Reviews dispute este pensamento e conclua que a guerra e a doença que se abateram sobre os nativos da América do Norte quando da ocupação europeia levou ao arrefecimento. Alguns levantam a hipótese que esta tenha sido resultado do aumento da atividade vulcânica que influenciando a salinidade dos oceanos, teria alterado as pressões em águas profundas e, como resultado, mudado o clima. Outros argumentam que o aumento da atividade vulcânica é o resultado, e não a causa, do clima extremo.

Qualquer que seja a causa, Blom afirma que podemos entender melhor o futuro examinando estes eventos do passado. A história nos mostra como chegamos onde estamos, bem como as dificuldades que teremos pela frente.

Se Blom está certo, temos razões para ter medo e, também, esperança. A Pequena Idade do Gelo foi um período de crise na Europa. Mas a necessidade mais uma vez provou ser a mãe da invenção. Os problemas suscitaram inovação e exploração, lançando as bases para um modo de vida totalmente novo.

Por exemplo, quando o clima extremo se instalou pela primeira vez, Amsterdam era essencialmente uma aldeia pouco expressiva nos Países Baixos. Em menos de um século, tornou-se uma movimentada cidade portuária e uma metrópole sofisticada, um lugar onde intelectuais de todos os credos e crenças trocaram ideias radicais e novas, onde os mercados, as artes e as editoras prosperaram. O comércio com os portos marítimos bálticos, onde os cereais eram cultivados por servos cujo trabalho era essencialmente não remunerado, ajudou Amsterdam a evoluir.

A transformação positiva foi forçada por circunstâncias difíceis. Assim, na melhor das hipóteses, também nós teremos o nosso próprio tipo de período iluminista. Mas, com base na história, antes que as coisas melhorem, elas vão piorar, prevê Blom.

Leve apenas o que você precisa

A sua análise da Pequena Idade do Gelo, no que esta afetou a Europa, documenta minuciosamente as lutas de um continente em evolução. Para administrar sob novas circunstâncias e alimentar populações famintas em casa, os europeus dependiam da exploração internacional em massa – da escravidão e da colonização – e do crescimento de grandes quantidades de riqueza que levaram à ascensão do continente.

Os ricos europeus também espremiam os pobres em seu próprio território na busca da obtenção de lucro. Os proprietários de terras em todo o continente eliminaram os bens comuns públicos, que antes os aldeães podiam deixar seus animais a pastar ou cultivar algum grão. A agricultura que era feita em pequena escala para alimentar famílias individuais, tornou-se um grande negócio exportador de alimentos em escala do campo para as cidades em crescimento, e isso incentivou os proprietários das terras a reivindicar todos os seus terrenos. Blom explica:

“O sistema social e econômico das sociedades feudais europeias se assentava na propriedade da terra e na produção local de grãos. Este era seu pilar central, bem como sua principal vulnerabilidade. Quando as temperaturas diminuíram o suficiente para perturbar a produção de grãos e, portanto, minar este pilar, todo o modelo social entrou em declínio. Os europeus foram forçados a pensar em formas alternativas de se organizar e de organizar sua vida econômica”.

Esta eliminação dos bens comuns levou os sem-terra à migraram para as cidades em crescimento, onde trabalhavam por uma ninharia para comprar os grãos de que necessitavam. Enquanto isso, os ricos impulsionaram suas fortunas por meio da especulação nos mercados que agora ofereciam possibilidade de investimento em novos produtos.

A cebola mais justa

As tulipas, por exemplo, provocaram a primeira bolha documentada nos mercados de ações. Tudo começou quando um comerciante de Constantinopla, no império Otomano, enviou bulbos da flor a um comerciante holandês no final do século XVI. Este deu os bulbos a seu cozinheiro, pensando que eram cebolas. O cozinheiro, por sua vez, jogou-os em uma pilha de lixo quando percebeu que os bulbos não eram comestíveis.

Mas na primavera, quando o monte de lixo floresceu, o mercador enviou o espécime estrangeiro ao maior botânico da época, Charles de l’Ecluse, em Leiden. Os bulbos haviam sobrevivido ao inverno extremamente rigoroso de 1593 e o botânico, encantado, enviou as flores novas na Europa aos seus amigos, dando-lhes o nome da palavra “turbante” em turco.

As flores tornaram-se uma sensação e empresários roubaram bulbos do botânico e começaram a cultivar tulipas para venda. Em 1630, o preço de uma única variedade de bulbo de tulipa podia ser igual a “uma casa de campo bem localizada”, como diz Blom. Buquês de tulipas tornaram-se acessório indispensável para qualquer boa casa na Holanda e além, levando os investidores a um processo “sem fôlego de compra e venda”.

A bolha das tulipas explodiu repentina e inexplicavelmente em fevereiro de 1637, deixando muitos investidores desamparados e levando alguns ao suicídio. Os bulbos passaram a ser considerados inúteis novamente, e jogados de lado como havia feito o cozinheiro que os confundiu com cebolas não comestíveis.

Tire a sorte

Blom argumenta que, assim como o clima extremo do passado criou novas pressões que levaram a novos modelos econômicos que, por sua vez, trouxeram riquezas e riscos inesperados e criaram sofrimento humano não quantificável devido à exploração, o mesmo acontecerá com o clima em transformação no futuro. “Então como agora, a mudança climática provoca pressões sobre as estruturas econômicas e sociais, sobre os recursos naturais e a coesão social… Então como agora, uma mudança nos padrões climáticos causa desastres naturais, abalando as sociedades e criando medo, além de exacerbar a necessidade de mudança”, escreve ele.

Assumindo o ponto de vista do historiador que estuda nossa atual situação, Blom prevê que estamos em uma posição semelhante à de Shakespeare e seus contemporâneos do final dos 1500, à beira de uma revolução impulsionada por pressões criadas pelo clima extremo. Em outras palavras, o inverno de nossa desesperança já começou, só que desta vez é provável que este venha transfigurado em um verão de temperaturas globais crescentes, causando estragos e levando a temperaturas extremas.

Em vez de desespero, porém, Blom nos pede que pensemos nas possibilidades. Sim, há problemas pela frente. Mas há também a possibilidade da mudança climática vir a impulsionar a próxima grande evolução de ideias – novas metáforas e novas compreensões do planeta – tal como aconteceu no passado, quando a Europa se transformou de uma sociedade religiosa em uma sociedade racional. Blom diz que não podemos esperar mais: “As mudanças climáticas do século XXI tornam urgente repensarmos mais uma vez nossas metáforas culturais, bem como o lugar da humanidade no grande esquema das coisas”.



* Resenha do livro Nature’s Mutiny, de Philipp Blom, feita por Ephrat Livni para a Quartz e traduzida por Délcio Rodrigues.
Fonte: Climainfo










quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Prefeitura oferece 2 mil bolsas para aulas online com foco no Enem 2019





Os estudantes que moram em Niterói terão uma ajudinha da Prefeitura na preparação para as provas do Enem pelo segundo ano consecutivo. Estarão abertas a partir desta quarta-feira (27) as inscrições para o programa Aprova Jovem, que oferece duas mil bolsas de estudo online para quem está se preparando para o exame. A iniciativa é da Coordenadoria de Políticas Públicas para a Juventude (CPPJ) da Prefeitura de Niterói através de um convênio com o curso Descomplica.

“Nossa coordenadoria trabalha para implantar políticas públicas em prol da juventude. Com essa parceria com o curso Descomplica, estamos aumentando as chances desses estudantes terem um bom desempenho no Enem”, explica o coordenador de Políticas Públicas para a Juventude, Binho Guimarães.

As inscrições poderão ser feitas através do site www.aprovajovem.com.br. O aluno receberá um código automático por e-mail e deverá mandar os documentos que constam no edital para o e-mail da Coordenadoria – niteroi.cppj@gmail.com. Dúvidas sobre a inscrição podem ser tiradas através do WhatsApp 96802-6329, da CPPJ.

O reforço escolar será dado para jovens com idades entre 15 e 29 anos, moradores de Niterói e alunos da rede pública ou particular de ensino. Para o preenchimento das 2 mil vagas será obedecida a ordem de inscrição. Por isso é importante que o estudante não deixe para se inscrever depois do carnaval.

O curso gratuito foi oferecido pela primeira vez ano passado, beneficiando quase dois mil estudantes. Muitos deles conseguiram passar para a Faculdade dos sonhos. É o caso de Stephanie de Paula Gomes, de 18 anos. Ela passou para o curso de Medicina, na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e quer se especializar em Médico de Família.

"O curso me ajudou muito. Eu sempre tirava dúvidas consultando os tópicos das matérias e fazendo os exercícios propostos. Já estou estudando na UEMG e gostando muito. Sou muito grata pela ajuda que me deram”, disse Stephanie. Além dela, muitos outros estudantes, que conseguiram boas pontuações no Enem, reconhecem que o programa Aprova Jovem foi importante na preparação para as provas.

Aulão – No dia 23 de março haverá o primeiro aulão deste ano no auditório do Caminho Niemeyer para os inscritos. Além de iniciar a matéria para o Enem, no aulão os professores vão dar dicas e apresentar o conteúdo programático do curso online.


Fonte: Prefeitura de Niterói









Base de dados das árvores matrizes marcadas em Unidades de Conservação do estado do Rio de Janeiro






A Base de dados das árvores matrizes marcadas em Unidades de Conservação do estado do Rio de Janeiro é um dos resultados do projeto “Inventário florístico em UCs estaduais como subsídio para a conservação das espécies endêmicas e ameaçadas e a restauração florestal no estado do Rio de Janeiro” realizado pelo Centro Nacional de Conservação da Flora – CNCFlora / Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ, em parceria com a Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro – SEA. 

No âmbito desse projeto foram realizados o inventário florístico e a marcação de árvores matrizes em cinco UCs estaduais, a fim de melhorar o conhecimento sobre a flora e subsidiar a futura coleta de propágulos para a produção de mudas destinadas aos programas estaduais de restauração florestal. Esta base de dados é apresentada separadamente por UC, sendo elas: 

  • Parque Estadual do Desengano, 
  • Parque Estadual da Costa do Sol, 
  • Parque Estadual dos Três Picos, 
  • Parque Estadual da Serra da Concórdia e 
  • Parque Estadual da Pedra Selada.

Dados e recursos 

Base de dados das árvores matrizes marcadas no Parque Estadual do Desengano - PED no estado do Rio ...XLSX

Base de dados das árvores matrizes marcadas no Parque Estadual da Costa do Sol - PECS no estado do ...XLSX

Base de dados das árvores matrizes marcadas no Parque Estadual dos Três Picos - PETP no estado do ...XLSX

Base de dados das árvores matrizes marcadas no Parque Estadual da Serra da Concórdia - PESC no ...XLSX

Base de dados das árvores matrizes marcadas no Parque Estadual da Pedra Selada - PEPS no estado do ...XLSX





    Fonte: Jardim Botânico do Rio de Janeiro










    1º Relatório Temático de Polinizadores, Polinização e Produção de Alimen...



    Declínio desse serviço ambiental, estimado em R$ 43 bilhões em 2018, põe em risco a produção de alimentos e a conservação da biodiversidade brasileira, alertam autores do primeiro relatório sobre o tema no país (fotos: Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador (REBIPP))


    Elton Alisson | Agência FAPESP 

    Das 191 plantas cultivadas ou silvestres utilizadas para a produção de alimentos no Brasil, com processo de polinização conhecido, 114 (60%) dependem da visita de polinizadores, como as abelhas, para se reproduzir. Entre esses cultivos estão alguns de grande importância para a agricultura brasileira, como a soja (Glycine max), o café (Coffea), o feijão (Phaseolus vulgaris L.) e a laranja (Citrus sinensis).

    Esse serviço ambiental (ecossistêmico), estimado em R$ 43 bilhões anuais, fundamental para garantir a segurança alimentar da população e a renda dos agricultores brasileiros, tem sido ameaçado por fatores como o desmatamento, as mudanças climáticas e o uso de agrotóxicos. A fim de combater essas ameaças, que colocam em risco a produção de alimentos e a conservação da biodiversidade brasileira, são necessárias políticas públicas que integrem ações em diversas áreas, como a do meio ambiente, da agricultura e da ciência e tecnologia.

    O alerta foi feito por um grupo de pesquisadores autores do 1º Relatório Temático de Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil e de seu respectivo “Sumário para Tomadores de Decisão”, lançados quarta-feira (06/02), durante evento na FAPESP.

    Resultado de uma parceria entre a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES, da sigla em inglês), apoiada pelo Programa BIOTA-FAPESP, e a Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador (REBIPP), o relatório foi elaborado nos últimos dois anos por um grupo de 12 pesquisadores e revisado por 11 especialistas.

    O grupo de pesquisadores fez uma revisão sistemática de mais de 400 publicações de modo a sintetizar o conhecimento atual e os fatores de risco que afetam a polinização, os polinizadores e a produção de alimentos no Brasil, e apontar medidas para preservá-los.

    “O relatório aponta que o serviço ecossistêmico de polinização tem uma importância não só do ponto de vista biológico, da conservação das espécies em si, como também econômica. É essa mensagem que pretendemos fazer chegar a quem toma decisões no agronegócio, no que se refere ao uso de substâncias de controle de pragas ou de uso da terra no país”, disse Carlos Joly, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), coordenador do programa BIOTA-FAPESP e membro da coordenação da BPBES, durante o evento.

    O relatório indica que a lista de “visitantes” das culturas agrícolas supera 600 animais, dos quais, no mínimo, 250 têm potencial de polinizador. Entre eles estão borboletas, vespas, morcegos, percevejos e lagartos.

    As abelhas predominam, participando da polinização de 91 (80%) das 114 culturas agrícolas que dependem da visita de polinizadores e são responsáveis pela polinização exclusiva de 74 (65%) delas.

    Algumas plantas cultivadas ou silvestres dependem, contudo, exclusivamente ou primordialmente de outros animais para a realização desse serviço, como é o caso da polinização de flores de bacuri (Platonia insignis) por aves. Outros exemplos são da polinização de flores de pinha (Annona squamosa) e araticum (Annona montana) por besouros, de flores de mangaba (Hancornia speciosa) por mariposas e de flores de cacau (Theobroma cacao) por moscas.

    “As plantas cultivadas ou silvestres visitadas por esses animais polinizadores enriquecem a nossa dieta ao prover frutas e vegetais que fornecem uma série de nutrientes importantes”, disse Marina Wolowski, professora da Universidade Federal de Alfenas (Unifal) e coordenadora do relatório. “Outras plantas cultivadas pelo vento, como o trigo e o arroz, por exemplo, estão mais na base da dieta”, comparou.

    Os pesquisadores avaliaram o grau de dependência da polinização por animais de 91 plantas para a produção de frutas, hortaliças, legumes, grãos, oleaginosas e de outras partes dos cultivos usadas para consumo humano, como o palmito (Euterpe edulis) e a erva-mate (Ilex paraguariensis)

    As análises revelaram que, para 76% delas (69), a ação desses polinizadores aumenta a quantidade ou a qualidade da produção agrícola. Nesse grupo de plantas, a dependência da polinização é essencial para 35% (32), alta para 24% (22), modesta para 10% (9) e pouca para 7% (6).

    A partir das taxas de dependência de polinização dessas 69 plantas, os pesquisadores estimaram o valor econômico do serviço ecossistêmico de polinização para a produção de alimentos no Brasil. O cálculo foi feito por meio da multiplicação da taxa de dependência de polinização por animais pela produção anual do cultivo.

    Os resultados indicaram que o valor do serviço ecossistêmico de polinização para a produção de alimentos no país girou em torno de R$ 43 bilhões em 2018. Cerca de 80% desse valor está relacionado a quatro cultivos de grande importância agrícola: a soja, o café, a laranja e a maçã (Malus domestica).

    “Esse valor ainda está subestimado, uma vez que esses 69 cultivos representam apenas 30% das plantas cultivadas ou silvestres usadas para produção de alimentos no Brasil”, ressaltou Wolowski.

    Fatores de risco

    O relatório também destaca que o serviço ecossistêmico de polinização no Brasil tem sido ameaçado por diversos fatores, tais como desmatamento, mudanças climáticas, poluição ambiental, agrotóxicos, espécies invasoras, doenças e patógenos.

    O desmatamento leva à perda e à substituição de hábitats naturais por áreas urbanas. Essas alterações diminuem a oferta de locais para a construção de ninhos e reduzem os recursos alimentares utilizados por polinizadores.

    Já as mudanças climáticas podem modificar o padrão de distribuição das espécies, a época de floração e o comportamento dos polinizadores. Também são capazes de ocasionar alterações nas interações, invasões biológicas, declínio e extinção de espécies de plantas das quais os polinizadores dependem como fonte alimentar e para construção de ninhos, e o surgimento de doenças e patógenos.

    Por sua vez, a aplicação de agrotóxicos para controle de pragas e patógenos, com alta toxicidade para polinizadores e sem observar seus padrões e horários de visitas, pode provocar a morte, atuar como repelente e também causar efeitos tóxicos subletais, como desorientação do voo e redução na produção de prole. Além disso, o uso de pesticidas tende a suprimir ou encolher a produção de néctar e pólen em algumas plantas, restringindo a oferta de alimentos para polinizadores, ressaltam os autores do relatório.

    “Como esses fatores de risco que ameaçam os polinizadores não ocorrem de maneira isolada é difícil atribuir o peso de cada um deles separadamente na questão da redução das populações de polinizadores que tem sido observada no mundo”, disse Wolowski.

    Na avaliação dos pesquisadores, apesar do cenário adverso, há diversas oportunidades disponíveis para melhorar o serviço ecossistêmico de polinização, diminuir as ameaças aos polinizadores e aumentar o valor agregado dos produtos agrícolas associados a eles no Brasil.

    Entre as ações voltadas à conservação e ao manejo do serviço ecossistêmico de polinização estão a intensificação ecológica da paisagem agrícola, formas alternativas de controle e manejo integrado de pragas e doenças, redução do deslocamento de agrotóxicos para fora das plantações, produção orgânica e certificação ambiental.

    Uma política pública destinada aos polinizadores, à polinização e à produção de alimentos beneficiaria a conservação desse serviço ecossistêmico e promoveria a agricultura sustentável no país, estimam os pesquisadores.

    “Esperamos que o relatório ajude a estabelecer planos estratégicos e políticas públicas voltadas à polinização, polinizadores e produção de alimentos em diferentes regiões do país”, afirmou Kayna Agostini, professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e também coordenadora do estudo.

    Na avaliação de Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, o relatório incorpora várias atividades que o programa BIOTA tem feito ao longo dos seus 20 anos de existência. Entre elas, a de fornecer subsídios para políticas públicas.

    “O BIOTA-FAPESP participa ativamente da vida do Estado de São Paulo e do país ao fornecer subsídios científicos para as decisões governamentais e, ao mesmo tempo, realizar atividade de pesquisa da maior qualidade em uma área vital”, disse Zago na abertura do evento.

    Também esteve presente na abertura do evento Fernando Dias Menezes de Almeida, diretor administrativo da FAPESP.





    Fonte: Agência FAPESP











    ECOSOCIAL: Reflorestamento para educar e incluir socialmente



    Reflorestamento no Peixe Galo, em Jurujuba. Foto Axel Grael.


    Reflorestamento de áreas degradadas contará com a participação de jovens em situação de vulnerabilidade social

    26/02/2019 – Niterói terá sete novas áreas reflorestadas. E mais: o trabalho contará com a participação de jovens em situação de vulnerabilidade social. Nesta terça-feira (26), a Prefeitura publicou o edital para a contratação de empresa especializada em reflorestamento para a elaboração do projeto técnico executivo de recuperação de áreas degradadas com implantação de espécies nativas de Mata Atlântica. Vital Brazil, Cavalão, Viradouro, Arroz, Holofote, Caramujo e Preventório serão as comunidades contempladas.

    O secretário Executivo da Prefeitura, Axel Grael, explica que a iniciativa é parte do programa Niterói Jovem EcoSocial, que irá formar cerca de 400 jovens de comunidades, com idades entre 16 e 24 anos, promovendo sustentabilidade e dando oportunidade para pessoas em situação de vulnerabilidade social. A previsão é de que o projeto tenha início neste primeiro semestre.

    “Niterói já é uma referência internacional em termos de florestas urbanas e, com este projeto, vamos ampliar ainda mais as áreas recuperadas agregando uma novidade, que é a necessidade de recuperação de áreas verdes para também promover a inclusão social. Estamos integrando o reflorestamento com uma oportunidade de inclusão social e de integração à sociedade de jovens que poderão estar em situação de risco”, enfatiza Grael.

    O projeto de reflorestamento deverá reunir informações, diagnósticos, levantamentos e estudos que possam subsidiar as medidas adequadas à recuperação das áreas, além do planejamento das ações de manutenção do plantio.

    “Estamos contratando o projeto nessas sete regiões, desenvolvendo mais uma forma de integrar a comunidade com as áreas de preservação da cidade. Eles terão que estabelecer toda a indicação de espécies, espaçamento, identificar quais são as áreas propícias para o reflorestamento, mapeando e identificando qual a vocação de cada uma das áreas, qual a técnica de plantio, entre outras ações. Teremos mais uma experiência realizada em Niterói que vai repercutir bastante, estimulando outras cidades a seguirem este caminho”, diz o secretário.


    Acesse o edital de reflorestamento lançado pela Prefeitura


    De olho no futuro – A Prefeitura de Niterói dará início, em maio, ao programa Niterói Jovem EcoSocial, que irá formar aproximadamente 400 jovens de comunidades, com idades entre 16 e 24 anos, promovendo sustentabilidade e dando oportunidade para pessoas em situação de vulnerabilidade social. O projeto é coordenado pelo Escritório de Gestão de Projetos de Niterói (EGP/NIT) e integra o pacto Niterói Contra a Violência. Os jovens passarão por um curso de capacitação para, posteriormente, trabalhar em quatro diferentes frentes: reflorestamento; manutenção de recursos pluviais para evitar enchentes; ações preventivas a queimadas; e atividades visando à manutenção e à sinalização de trilhas da cidade, com remuneração e auxílio transporte.

    Áreas protegidas – Niterói conta com o Decreto Municipal 11744/2014, que instituiu o Parnit e preservando cerca de 50% do território do município de áreas protegidas. Nos próximos anos, Niterói vai ganhar ainda mais mudas. O município é a primeira e única cidade brasileira, até o momento, a conseguir recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), no valor de R$ 3 milhões, para projetos de restauração ecológica de 203 hectares da Mata Atlântica.

    A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que, em média, existem 123,2 metros quadrados de áreas verdes para cada niteroiense. De acordo com a agência especializada da ONU, trata-se provavelmente da maior proporção de zonas protegidas per capita em todas as regiões metropolitanas do Brasil.


    Fonte: Prefeitura de Niterói




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    terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

    PAULO NOGUEIRA NETO: agradecimento a um dos maiores nomes do meio ambiente no Brasil, que faleceu aos 96 anos.



    Paulo Nogueira Neto.

    O Brasil perdeu um dos maiores nomes do ambientalismo e da gestão ambiental pública: o Dr. Paulo Nogueira Neto, falecido aos 96 anos, nesta segunda-feira, 25, em São Paulo.

    Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo - USP, em 1945, depois fez o curso de História Natural, na Faculdade de Filosofia e Letras, o qual ele concluiu em 1959. Além disso, foi professor emérito do Instituto de Biociências, onde também foi um dos fundadores do Departamento de Ecologia Geral.

    Paulo Nogueira Neto foi um dos precursores das políticas públicas no Brasil, quando criou e dirigiu a Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA, em pleno regime militar e no momento que o Brasil vivia o auge do desenvolvimentismo e pregava que estava de portas abertas para as indústrias poluidoras.

    Neste contexto tão desfavorável, teve habilidade e sabedoria para formar a SEMA e unir-se aos estados para criar o Sistema Nacional do Meio Ambiente, formado por órgãos ambientais pioneiros como a Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEEMA (RJ), CETESB (SP) e outros, que ajudaram a compor a sua base de apoio para estruturar a gestão ambiental governamental no país.

    Uma triste perda. O Dr. Paulo Nogueira Neto foi a pessoa que me estimulou a ser engenheiro florestal. 

    Dr. Paulo. Muito obrigado por toda inspiração e pelo legado que o Sr. deixa para o nosso país. 

    Axel Grael



    ---***---


    Por ocasião da Crise Hídrica que assolou o Brasil, mas principalmente São Paulo, em 2015, escrevi uma postagem lembrando o alerta feito por ele em 1977, portanto 37 anos antes, que faltaria água em São Paulo: 

    “E, talvez, antes do final do século, São Paulo terá que se abastecer com água transportada do vale do Ribeira.”

    Na postagem, intitulada EM ENTREVISTA À FOLHA DE SP EM 1977, O AMBIENTALISTA PAULO NOGUEIRA NETO ALERTOU PARA A CRISE DA ÁGUA , lembre de como o Dr. Paulo Nogueira Neto influenciou a minha tomada de decisão pela carreira de engenheiro florestal e pela militância ambientalista.

    Transcrevo o texto a seguir:


    ---***---


    PAULO NOGUEIRA NETO

    O professor Paulo Nogueira-Neto é uma das mais importantes referências para mim.

    Foi após uma conversa com este pioneiro do movimento ambientalista e da política ambiental pública no Brasil, que me decidi por seguir a carreira de engenheiro florestal e me dedicar ao ambientalismo.

    A conversa foi em Brasília, na então ainda acanhada sede da recém criada Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA, na década de 1970, quando eu ainda era adolescente e definia para que carreira eu faria o vestibular.

    A SEMA foi o órgão ambiental pioneiro do país, criado logo após a Conferência de Estocolmo, quando a diplomacia nacional defendeu a posição que no Brasil as empresas poluidoras eram bem-vindas pois precisávamos nos desenvolver!

    Praticamente sem estrutura e com pouco apoio e respaldo político no governo federal, Paulo Nogueira Neto teve a sabedoria de trabalhar com o que tinha e buscar os escassos apoios onde eles estivessem. Encontrou apoio em alguns estados, justamente os que mais poluíam: RJ, SP e MG, além de SC. Foi nessa aliança, construída com raros interlocutores sensíveis à causa ambiental que surgiram os primeiros órgãos ambientais do país: FEEMA (RJ) e CETESB (SP). Nascia aí o embrião do SISNAMA, o Sistema Nacional do Meio Ambiente.

    Me lembro muito bem daquele encontro. O Dr. Paulo Nogueira Neto falou dos desafios ambientais das décadas pela frente. Meu pai perguntou: "Mas, o Sr. acha que engenharia florestal tem futuro?". A resposta foi: "Futuro tem. Não tem ainda é presente. Se você acredita no futuro, siga em frente".

    Suas palavras fizeram um velejador, mas neto de um farmacêutico (na época que meu avô Romão Grael exercia o seu ofício no interior de São Paulo, farmacêuticos eram praticamente botânicos), decidir ser engenheiro florestal. Lembro que sempre que eu falava com amigos sobre a minha decisão, tinha que explicar o que era a tão desconhecida profissão.

    Em 1977, ano que ingressei no curso de Engenharia Florestal, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Paulo Nogueira Neto dava a entrevista que resultou na matéria da Folha, que o texto abaixo se refere.

    É importante contextualizar a corajosa atitude do líder ambientalista. As palavras de alerta de Paulo Nogueira Neto foram proferidas numa época de ditadura militar, de forte influência desenvolvimentista e quando ainda havia uma percepção de inesgotabilidade dos recursos naturais. Na época, a população de São Paulo e da maioria das cidades brasileiras era ainda uma fração do que temos hoje. Ainda assim, enxergou longe!

    Manifestações como a dele eram mal compreendidas e consideradas alarmistas e os defensores de tais ideias eram considerados inimigos do progresso e do desenvolvimento. Tempos depois, passaram a chamar ambientalistas como ele também de "ecochatos".

    Pois bem. A realidade está ai para mostrar que a falta de ouvidos para o alerta do ambientalista nos trouxeram exatamente para a crise que ele antecipou.

    E a falta de prudência e a falta de atitude para a transição para uma sociedade sustentável continuam a nos empurrar para outras crises e outras tragédias ambientais. Aliás, tragédias ambientais ou tragédias humanas...?

    Quando começarão a ouvir os ecochatos?

    Axel Grael




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    Morre Paulo Nogueira Neto, pioneiro da proteção ambiental 

    Criador das primeiras unidades de conservação do País, professor foi o primeiro secretário de meio ambiente do País, cargo equivalente ao de ministro, durante regime militar 

    Giovana Girardi, O Estado de S. Paulo
    25 de fevereiro de 2019 | 23h31


    SÃO PAULO - O professor emérito de Ecologia da USP Paulo Nogueira Neto, considerado um dos patronos do ambientalismo no Brasil, morreu nesta segunda-feira, 25, aos 96 anos.

    Secretário especial de Meio Ambiente entre 1973 e 1985, órgão criado pelo governo militar e que seria o embrião do Ministério do Meio Ambiente, Nogueira Neto foi responsável por introduzir no País a agenda da conservação da natureza, criando 26 estações ecológicas e áreas de proteção ambiental (APAs), num total de 3,2 milhões de hectares protegidos, em uma época em que o discurso oficial era desenvolvimentista e pregava o avanço, em especial sobre a Amazônia.


    Paulo Nogueira Neto no jardim de sua casa no Morumbi em 2004 Foto: Sergio Castro/Estadão

    Foi com ele que se criou, por exemplo, a primeira versão da Estação Ecológica da Jureia, ainda sob o governo federal, antes de virar estadual, e a do Jari, na Amazônia. Nogueira Neto também deu origem a alguns marcos regulatórios do País na área, como a Política Nacional do Meio Ambiente, de 1981, que criou o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e o Sisnama. Ainda na década de 1980 foi um dos dois únicos representantes da América do Sul na Comissão Brundtland, da ONU, onde foi cunhado o conceito de desenvolvimento sustentável.

    Com formação em Direito e História Natural, o pesquisador, que criaria o Departamento de Ecologia da USP, iniciou sua carreira na área investigando abelhas sem ferrão, após ganhar uma colmeia do sogro. "Ele se interessou pelas abelhas e aí entra o viés do profissional. Ele entendeu qual era o problema científico intocado que estava naquele material", contou o zoólogo e amigo Paulo Vanzolini (1924-2013) na ocasião em que Nogueira-Neto foi agraciado com o Prêmio Professor Emérito – Troféu Guerreiro da Educação em 2005. A distinção é concedida desde 1997 pelo Estado e pelo Centro de Integração Empresa Escola (Ciee).

    Em seu discurso de agradecimento, Nogueira Neto lembrou o momento em que foi chamado a Brasília pelo então ministro do Interior, Henrique Manoel Cavalcanti, logo após a publicação do decreto que criou a Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema).

    "Falei que era muito fraco, não dava poder de multar, era um decreto criando uma entidade que tinha um nome importante, mas na prática era uma entidade missionária, porque não tinha poderes para agir." Ele pôde mudar os termos e foi convidado para dirigir o novo órgão.

    Convencimento

    O ambientalista contou que para lidar com os freios impostos pelos militares, sempre se valeu da estratégia de muita conversa e trabalho de convencimento. "Nessa luta toda nós procuramos fazer com que as pessoas fossem realmente convencidas. A impressão era que o Brasil deveria se desenvolver primeiro e depois cuidar do meio ambiente. Depois que o Brasil começou a se desenvolver mais, evidentemente que a gente teria de cuidar ao mesmo tempo da poluição", disse. 


    Paulo Nogueira Neto (de cadeira de rodas) acompanha Carlos Minc, Marina Silva, Sarney Filho e Rubens Ricupero, todos ex ministros de Meio Ambiente, para entregar à então presidente Dilma Rousseff um manifesto contra mudanças no Código Florestal em 2011 Foto: ANDRE DUSEK/ESTADÃO

    Foi com essa política que ele conseguiu se contrapor ao programa nuclear do regime militar e ainda proteger a Jureia, como contou ainda em seu discurso de 2005.

    "Um dia me chamaram no Palácio do Planalto e falaram que tinham uma boa notícia: 'Vamos fazer oito usinas nucleares e cada uma vai ser estabelecida dentro de uma estação ecológica'. Aí pus a mão na cabeça, né? E disse a eles que era contra, que nenhum país tinha isso, mas eles não desistiram e graças a isso hoje nós temos a Estação Ecológica da Jureia, que é a joia da coroa em São Paulo em matéria de unidades de conservação. (...) No momento que o Brasil fez as pazes com a Argentina, cancelaram o programa nuclear", contou. "Aí, para proteger a Jureia, fundamos a SOS Mata Atlântica", continuou.

    Quem acompanhou esse trabalho de perto foi José Pedro de Oliveira Costa, primeiro secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo e ex-secretário de Biodiversidade do governo Temer. “Foi ele quem me convidou para trabalhar na Estação Ecológica da Jureia, em 1979 e concordou sem pestanejar que não deveríamos sair de lá mesmo depois do decreto que transformou toda aquela área em zona para usinas nucleares", conta.

    "Ele me dizia: 'Estamos numa guerra em favor do meio ambiente, precisamos calcular cada batalha sem perder a visão do conjunto da luta. Podemos perder algumas batalhas mas precisamos ganhar a guerra'".

    Segundo Costa, Nogueira Neto apoiou a criação do Parque da Serra do Mar, em 1976, a criação do Parque do Tumucumaque em 2002 e das grandes áreas protegidas marinhas no ano passado. "Além de sua importância como pioneiro da militância e governança ambiental, mostrou a todos seu amor e dedicação tanto os homens como à natureza. De forma simples, profunda e fértil."

    Durante a premiação de 2005, o diretor do Estado, Ruy Mesquita (1925-2013) lembrou a importância da atuação do ambientalista na criação de uma consciência ambiental no Brasil. "Sobretudo com suas pesquisas sobre a influência das culturas humanas na natureza e a influência da natureza nos comportamentos humanos, resume ele o que de melhor as novas gerações podem aprender em termos de consciência ambiental", disse, antes de entregar-lhe o troféu.

    "Faleceu nosso mais antigo e respeitado ambientalista", publicou no Instagram o atual ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles

    Clima

    Nogueira Neto também foi um dos primeiros no Brasil a falar abertamente sobre o risco das mudanças climáticas. "Ou se controlam as emissões de gás, ou teremos problemas seríssimos daqui para frente, não só com as tempestades. O nível do mar vai subir. As inundações serão cada vez maiores durante as ressacas." E dava a receita: "Só há uma maneira prática de parar esse processo, que é plantar floresta, que é capaz de retirar carbono da atmosfera. E o custo do reflorestamento é de quem gera carbono."


    "Só há uma maneira prática de parar esse processo, que é plantar floresta, que é capaz de retirar carbono da atmosfera. E o custo do reflorestamento é de quem gera carbono." 


    Imagem de 1974 de Paulo Nogueira Neto com uma anta Foto: Arquivo Estadão


    TRAJETÓRIA

    Governo federal


    Foi secretário especial de Meio Ambiente entre 1973 e 1985, em órgão criado pelo governo militar e que seria o embrião do Ministério do Meio Ambiente.

    Marcos regulatórios

    Deu origem a alguns marcos regulatórios do País, como a Política Nacional do Meio Ambiente, de 1981, que criou o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e o Sisnama.

    Comissão Brundtland

    Foi um dos dois únicos representantes da América do Sul na comissão da ONU, onde foi cunhado o conceito de desenvolvimento sustentável.

    Prêmio Professor Emérito

    Ganhou a premiação Troféu Guerreiro da Educação em 2005, distinção concedida pelo Estado.


    Fonte: Estadão



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    Reflorestamento no Morro da Boavista, área que integrará o novo Parque Natural Municipal Água Escondida, em fase de implantação.


    A Prefeitura de Niterói publicou hoje o edital para a contratação de empresa especializada em reflorestamento para a elaboração do projeto técnico executivo de recuperação de áreas degradadas com implantação de espécies nativas de Mata Atlântica.

    O reflorestamento será implantado como parte do projeto Niterói Jovem EcoSocial , que integra o programa Niterói Contra a Violência.

    O reflorestamento beneficiará as seguintes comunidades:
    • Cavalão/Vital Brazil/Viradouro, 
    • Arroz, 
    • Holofote, 
    • Caramujo e 
    • Preventório

    O projeto de reflorestamento deverá reunir informações, diagnósticos, levantamentos e estudos que possam subsidiar as medidas adequadas à recuperação das áreas em questão, através de reflorestamento, com borda em sistema agroflorestal. Também deverá incluir o planejamento das ações de manutenção do plantio.

    Para mais informações, acesse o edital:




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