Publicação já teve sua primeira edição esgotada. (Foto:Mariana Gil / EMBARQ Brasil)
Mais de 3,2 milhões de famílias vivem em assentamentos informais no Brasil atualmente. A falta de opções de transporte e o desenho urbano desfavorável são barreiras no dia a dia destas comunidades. O grande desafio tem sido encontrar soluções de transporte que superem as condições adversas e propiciem melhor mobilidade e acessibilidade às pessoas.
Mesmo com os entraves, 57% dos deslocamentos nestas comunidades são realizados a pé e de bicicleta. O estudo realizado pela EMBARQ Brasil, COPPE/UFRJ e Lincoln Institute for Land Policy revelou que 33% dos moradores tem pelo menos uma bicicleta em casa. Os números comprovam que o transporte sustentável já faz parte da vida nas comunidades, mas como os técnicos e gestores públicos podem ampliar e potencializar os benefícios desse meio de transporte?
Bicicletas em Santa Marta, RJ. (Foto:Mariana Gil / EMBARQ Brasil)
Com informações técnicas detalhadas, o Manual de Projetos e Programas para Incentivar o Uso de Bicicletas em Comunidades é uma ferramenta para auxiliar nessa direção. A publicação – lançada no último dia 20, no Rio, e já com sua primeira edição esgotada – aponta também as práticas de infraestrutura ideais para os diversos tipos de terreno, tanto dentro das comunidades, quanto para ligar à cidade formal.
Desenvolvido pela EMBARQ Brasil com apoio das Secretarias Municipais de Habitação e de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, contando ainda com recursos da Bloomberg Philanthropies, a publicação é resultado de um trabalho criterioso de pesquisa e visitas técnicas ao longo de dois anos na cidade do Rio de Janeiro. “O manual foi construído a muitas mãos, incluindo inúmeras entrevistas com moradores das comunidades, participação de especialistas em desenho urbano e em segurança viária. É gratificante vermos uma repercussão tão grande”, declara Daniela Facchini, diretora de Projetos & Operações da EMBARQ Brasil.
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A publicação apresenta diversos programas de apoio destinados a tornar o ciclismo mais seguro, acessível e prazeroso, com base em observações realizadas nos trabalhos de campo e nos projetos do Programa Morar Carioca. Há exemplos práticos de programas já implementados, como o Recicleta e os sistemas de bike-sharing, bem como iniciativas educativas e de financiamentos para apoiar pequenas empresas ligadas ao setor.
A ideia da publicação surgiu em 2011, durante uma reunião entre as secretarias municipais e especialistas internacionais da área de urbanismo da Alta Planning, empresa norte-americana especializada em transporte multimodal. Desde então, foram realizadas visitas a comunidades de diferentes topografias, planas e íngremes, onde foram constatadas as reais necessidades dos usuários.
Paula Santos da Rocha durante apresentação do Manual, no Rio. (Foto: Mariana Gil / EMBARQ Brasil)
“O objetivo desse manual é que as pessoas pedalem mais. Trazendo-as para as bicicletas, podemos evitar que migrem para outros modais menos seguros, como a motocicleta, por exemplo”, explica Paula Santos da Rocha, coordenadora de Projetos de Transporte da EMBARQ Brasil. “Agradeço o empenho de todos que participaram desse projeto e acreditam que as pessoas podem ter uma qualidade de vida ainda melhor através da mobilidade sustentável”, finaliza.
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Ricardo Montezuma e a força da bicicleta na América Latina
O lançamento oficial do manual ocorreu no dia 20 de maio, na sede do IAB-RJ, com público formado por arquitetos, técnicos e cicloativistas, e palestra do urbanista colombiano Ricardo Montezuma. O especialista é um dos responsáveis pelas soluções de mobilidade em Bogotá que vêm servindo de exemplo no mundo todo e é o atual diretor da Fundação Ciudad Humana, que fomenta o uso da bicicleta e modais sustentáveis em toda a América Latina.
“A bicicleta está mudando paradigmas e hábitos da população sul-americana. Gostaria de parabenizar a EMBARQ Brasil pela ideia muito original e as secretarias envolvidas em pensar as bicicletas nas comunidades populares”, destaca. De acordo com Montezuma, o modal ainda tem um grande potencial a ser explorado em projetos de integração urbana e social.
"A bicicleta vive sua 'primavera' ", disse Ricardo Montezuma. (Foto: Mariana Gil / EMBARQ Brasil)
“A bicicleta é um dos modos mais eficientes e, acima de tudo, ecológico, saudável, ocupa muito pouco espaço e é econômico. Tem externalidades muito positivas e pode ser usado por um grande grupo de cidadãos em uma cidade – 10%, 20% ou até 30% poderiam usa-lo”. Leia a entrevista completa com Ricardo Montezuma no TheCityFix Brasil.
Fonte: Embarq Brasil
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