A onda parece engolir a embarcação na Baía de Guanabara Foto: Marcelo Piu / O. A onda parece engolir a embarcação na Baía de Guanabara Marcelo Piu / O Globo |
O CPTEC/INPE lançou em sua página de previsão de ondas (http://ondas.cptec.inpe.br/) um modelo conceitual de monitoramento costeiro, de alta resolução (com grade de até 20 metros), que permite avaliar diferentes impactos a partir dos movimentos de marés e ressacas no litoral brasileiro. Este modelo está associado a um projeto mais amplo, o Sistema de Previsão e Monitoramento Costeiro (SIMCos), um projeto temático financiado pelo FAPESP, em operação há quase um ano, cujas previsões podem ser acompanhadas na página do CPTEC/INPE. O SIMCos é composto de dois modelos diferentes e independentes, mas concebidos para operar em conjunto, de forma complementar, com o objetivo de emitir alertas de ressacas e, adicionalmente, monitorar e avaliar os possíveis impactos na costa brasileira.
O modelo de alta resolução, que está sendo lançado neste momento, utilizou como área teste a Baia de Vitória, Espírito Santo, que abrange a ilha de Vitória, região metropolitana e os portos de Tubarão e Vitória. A base do modelo é o de correntes marítimas WWATCH, do NCEP/NOAA, com dados de contorno (velocidade e direção dos ventos de superfície) do modelo francês de circulação atmosférica global Mercator, além do modelo holandês MOHID, que simula correntes marítimas próximas à costa e os impactos de marés, ressacas e vasão de rios.
O SIMCos conta com 61 pontos de previsão e monitoramento ao longo da costa brasileira. Em cada um destes locais, o sistema conta com uma linha de 100 metros de profundidade, paralela e próxima a costa, para a qual há uma série histórica de 30 anos, com dados de corrente marítima, temperatura da superfície do mar, altura e direção das ondas, entre outros dados. Assim que ondas acima da média são detectas pelo modelo, o SIMCos estaria programado para emitir alertas de ressaca, passando a processar o modelo de alta resoulção. Este modelo seria um similar ao desenvolvido para a baia capixaba, que simularia com maior detalhamento os possíveis impactos da ressaca para aquele litoral.
O modelo desenvolvido para a Baía de Vitória permite simular impactos relacionados à vazão de rios, circulação e interação de água doce e oceânica, erosão, dispersão e transporte de sedimentos e poluentes (como manchas de petróleo), entre outras aplicações. Também simula os efeitos das marés para obras de dragagem, construção de obras civis, como ampliação de portos, prevendo áreas de assoreamento e de possíveis danos ambientais. O desenvolvimento deste módulo do SIMCos contou com a cooperação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Universidade Nacional Autonoma do México (UNAM).
De acordo com Valdir Innocentini, pesquisador do CPTEC/INPE responsável pelo projeto, o desenvolvimento do SIMCos, alcançou seu objetivo, que era viabilizar um conceito de sistema de alerta, a ser rodado operacionalmente para toda a costa brasileira. Para implementar o sistema completo, o pesquisador explica que seria necessário um novo projeto que permitisse desenvolver modelos para cada um dos 60 pontos do SIMCos, para os quais seriam “desenhadas” as respectivas grades do modelo, com base na batimetria das áreas submersas destas regiões costeiras.
Como estes modelos podem ser rodados independentemente do funcionamento do sistema de alerta, também seria possível utilizar o modelo de maior resolução, adaptando-o a qualquer área da costa brasileira, para simular com melhor precisão e refinamento impactos dos movimentos de marés e ressacas nas diferentes atividades econômicas, de extração de petróleo, turísticas e náuticas, típicas destas regiões. Os modelos também teriam aplicações em pesquisas ambientais, com possíveis aplicações na área de mudanças climáticas, além de ser uma poderosa ferramenta de monitoramento ambiental capaz de oferecer subsídios a ações fiscais ambientais na costa e à formulação de políticas ambientais.
Pontos de monitoramento na costa brasileira
Fonte: INPE
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