Capa da O Flu Revista, 26 e 27/05/2014. |
Ayra Rosa
Especialistas falam da mudança de comportamento nesta idade. Os brasileiros hoje chegam aos 50 anos com uma vida bem corrida, ativa e com aparência mais jovem
Já passou o tempo de considerar a “meia-idade”, como uma fase ruim e preocupante. Os brasileiros hoje chegam aos 50 anos com uma vida bem corrida, ativa e com aparência mais jovem. Além de exercerem seus trabalhos, buscam estar sempre em contato com atividades que lhes dão prazer e lhes proporcionam uma forma de viver intensamente sem ver o tempo e os anos passarem. Especialistas comentam sobre essa mudança de comportamento e explicam como manter uma mente e um corpo saudável nessa fase da vida.
Segundo a psicóloga Christiane Vilhena, a consequência natural do envelhecimento é a morte, porém, é plausível considerar natural e legítima a tentativa de torná-la “mais distante”, já que hoje existem recursos para isso.
“A questão é que no reboque das informações e tecnologias que criam as condições da longevidade desenhou-se um cenário no qual se tornou possível viver com mais qualidade. Quando gozamos de boa saúde mental, temos a possibilidade de aprender com as experiências vividas. Esse aprendizado amplia nosso repertório sobre nós mesmos e sobre a vida (pelo menos do ponto sobre o qual a percebemos). Experientes, ficamos mais relaxados. Já não é mais preciso provar muitas coisas. Alguns mitos foram derrubados, pedestais foram removidos de nossos altares psíquicos e a vida, de certa forma, se torna mais leve”, explica Christiane.
De acordo com a gerontóloga e especialista em treinamento individualizado, Patrícia Marinho, qualquer pessoa, ativa ou não, começa a perceber os efeitos da idade quando chega aos 50 anos. “Nesta fase, a curva do envelhecimento celular fica mais acentuada. A pele, o cabelo e o corpo começam a mostrar as alterações. Aceitar as mudanças ajuda, mas, não podemos nos acomodar. A nutrição deve ser ajustada e os exercícios regulares se fazem necessários, já que os efeitos do envelhecimento no corpo podem prejudicar a locomoção e o equilíbrio. Exercitar o corpo de forma inteligente e prazerosa e manter uma alimentação saudável é a melhor receita para envelhecer bem”, comenta Patrícia.
A especialista explica que existem diversos fatores que podem interferir no envelhecimento de uma pessoa de forma particular. “A pessoa pode chegar aos 50 anos de diferentes maneiras. Hereditariedade, cuidado com a saúde e modo de vida (ativo ou não) interferem no envelhecimento particular. Em regra, as pessoas de 50 anos estão aptas à prática de atividades de ganho de força, resistência e cardiorrespiratórios. Esta aptidão está condicionada à real condição física de cada um. Sabe-se que nesta faixa etária perdemos força muscular e mobilidade articular em um ritmo mais acelerado que um adulto jovem. Porém, intensificar os treinos visando essas valências, será otimizar tempo e resultados”, explica a profissional.
Um dos exemplos de mulher superativa é a triatleta Fernanda Keller. Com 50 anos e em plena forma, a recordista mundial no campeonato mais importante de triatlo do mundo, o Ironman do Havaí, e pentacampeã da prova mais importante da América do Sul, o Ironman Brasil, além de outros recordes e títulos, diz não pensar na idade, e está sempre “a mil por hora”.
“O que importa é seguir a sua vocação, seja ela qual for, só assim nos sentimos felizes e realizados. O resto vem de brinde”, brinca.
Na rotina de treinamentos para competições, ela nada, pedala, corre, rema, pratica bioginástica, ioga, entre outros exercícios que ajudam para as provas, além de proporcionar uma bela forma física. Fernanda diz que mantém longe do seu cardápio os alimentos como carne vermelha, fritura e refrigerante, se alimenta de forma equilibrada, preferindo sempre os alimentos saudáveis.
“Fui homenageada na minha comemoração de 30 anos de carreira ano passado no Campeonato Mundial de Ironman no Havaí. A prova que me consagrou como atleta e onde conquistei meus títulos mais importantes, como estar entre as três melhores atletas do mundo seis vezes. E foi nessa prova que recebi a homenagem de ser considerada ‘The Legends’, uma lenda mundial do meu esporte. Não poderia ter melhor forma de comemorar a minha longevidade na minha carreia”, comemora Fernanda.
Lars Grael, velejador, medalhista olímpico. Especialistas falam da mudança de comportamento nesta idade. veja quem já chegou lá em ótima forma. Foto: Evelen Gouvêa |
Falando em experiências vividas, o velejador Lars Grael, que chegou aos 50 anos esse ano, diz que a idade contribui para o amadurecimento, fazendo a pessoa selecionar melhor o que faz bem, podendo curtir a vida com o que realmente gosta. “Pelo autoconhecimento, na vida aprendemos a discernir o que é bom para seu bem-estar, para o seu corpo e para a sua mente. Com o tempo, você passa a fazer escolhas mais acertadas a partir do método de tentativas de acerto no que faz te sentir bem e o que te dar prazer”, analisa.
Lars vibra com sua conquista de primeiro lugar com o parceiro Samoel Gonçalves no importante Bacardi Cup da classe Star, em Miami. Tornando-se os primeiros brasileiros a vencer essa competição em 87 anos. “Me sinto muito bem tanto fisicamente como psicologicamente, não mudei muito desde que fiz 40 anos. É certo que não ficamos tão produtivos como quando jovens, mas continuo bem, mais maduro”, comenta.
Além das competições de vela, o atleta promove palestras de superação pelo Brasil. “Quando eu tive o acidente em 98, as principais fugas que tive para não cair em depressão, e aceitar que eu era um medalhista olímpico e de um dia para o outro havia perdido a perna, foi ocupar a mente. Então, naquela época eu fui aceitando tudo, e qualquer convite que me faziam para dirigir cargos públicos, filantrópicos, eu dizia sim, fui aceitando desafios, um atrás do outro. Por um lado foi bom, porque eu trabalhava bastante e não tinha tempo para depressão e, por outro, eu fiquei com o ritmo totalmente acelerado. Aos 50 anos eu percebo que tenho que selecionar melhor o que me faz bem, o que eu tenho vontade de fazer e reservando mais tempo para minha família”, diz Grael.
Renato Moreth, fotógrafo. Aos 58 anos o fotógrafo Renato Moreth brinca ao estar no grupo de “cinquentões”. “Não sinto, pelo menos por enquanto”, diverte-se. Foto: Léo Fonseca |
“Sobre estar no grupo dos cinquentões, sinceramente, não sinto, pelo menos por enquanto”, brinca o fotógrafo Renato Moreth, de 58 anos, considerado uma das referências quando o assunto é fotografia de casamentos. Renato também diz que a sua família, seu trabalho com a fotografia e suas lojas são os responsáveis por ele estar em constante atividade.
“Meu trabalho é lidar com gente, beleza, estética, luz e novidades. Isto é vida e energia”, afirma.
Renato, que trabalha há mais de 30 anos com fotografia, diz ter sorte por fazer o que gosta. O fotógrafo se mantém ativo através de suas viagens, onde captura momentos com o seu olhar de artista, mostrando que seu trabalho também é um hobby.
Regina Moreira Pinto, gerente de obras. Prestes a completar 50 anos, a gerente de obras Regina Moreira Pinto tem dois filhos, três netos e exibe ótima forma. Foto: André Redlich |
Mostrando-se sempre uma esposa preocupada, mãe de dois filhos e avó do Arthur, da Manuella e do Giovani, que já está a caminho, a gerente de obras Regina Moreira Pinto, que no próximo ano entra para o grupo dos “cinquentões”, também esbanja boa forma e se diz cheia de disposição.
“Às vezes, eu nem acredito que já estou praticamente com 50 anos, passa tão rápido. Ainda consigo me sentir bem jovem porque eu tenho objetivos. Trabalho, faço atividades físicas, mas além de tudo, tenho ainda uma gana muito forte pela minha família, meus filhos e netos”, diz Regina, entusiasmada.
Além de uma alimentação balanceada, Regina pratica esportes e não se restringe a novas maneiras de se manter bem. “Eu acho que como bem, não como em muita quantidade e procuro sempre comer muitos legumes, verduras e grãos. De vez em quando, corro e adoro andar de bicicleta. Estou gostando bastante de fazer atividades no mar como caiaque, e agora vou partir para o stand up paddle. Ainda tenho um pouquinho de medo do mar, mas isso não impede. Já com tratamentos estéticos, faço regularmente sessões de cavitação, radiofrequência e drenagem que ajudam bastante na boa forma”, revela.
O medo de envelhecer pode submeter as pessoas a se sacrificarem de várias formas, tornando essas atitudes prejudiciais tanto no seu estado físico e mental. Os especialistas alertam que a busca pela juventude eterna pode provocar certos desencadeamentos na obsessão da utilização dos recursos apresentáveis para se sentir e aparentar jovial por mais tempo.
“Pode-se ficar saudável, mais bem-humorado, mais feliz, mais culto, mais atraente, mas mais jovem, não. A busca desmedida pela juventude eterna coloca a pessoa em rota de colisão. Esse ato sem medida já dá o tom dos excessos que se traduzem em comportamentos desajustados e aparências bizarras. Os recursos que poderiam ser aliados nessa passagem do tempo acabam sendo utilizados obsessivamente e essa compulsão, no sentido mesmo de um excesso, evidencia o sofrimento disfarçado no cartão de crédito estourado, na microssaia, nas horas de academia, nas inúmeras plásticas e na tentativa frustrante de pertencer a um grupo com o qual já se tem muito pouco em comum”, enfatiza a psicóloga Christiane Vilhena.
Fonte: O Fluminense
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