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Gustavo Schmitt NITERÓI — O plano da Águas de Niterói e da prefeitura de universalizar o saneamento no município até 2018 enfrenta resistência de moradores da Região Oceânica que insistem em não se ligar à rede de esgoto. As ações de fiscalização realizadas este ano na operação “Se liga” — uma parceria entre a concessionária, a Secretaria municipal de Meio Ambiente e Recurso Hídricos e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) — revelaram que 10% dos imóveis não estão conectados. De um total de 4.465 endereços vistoriados, foram encontradas ligações clandestinas ou outros tipo de tratamento, como fossa e filtro, em 450 residências, que vão desde mansões até barracos. Segundo a Águas de Niterói, a cobertura de saneamento na cidade alcança 90%. Contudo, a falta de conscientização implica ainda no despejo de 80 litros por hora de esgoto em córregos, rios e lagoas.
— Muitos imóveis da Região Oceânica ainda não estão conectados com a rede coletora de esgoto disponível. Isso é responsabilidade do cliente. A estações de tratamento de esgoto não vão adiantar muita coisa se as pessoas não se conscientizarem sobre essa responsabilidade — afirma o superintendente da Águas de Niterói, Nelson Gomes.
As operações de fiscalização foram realizadas no entorno da Lagoa de Piratininga, no Jardim Imbuí, no Maravista e nas bacias dos rios Arrozal, Santo Antônio e Jacaré. A concessionária informa que os imóveis identificados na ação conjunta foram notificados e serão multados se não fizerem a ligação em 60 dias, a contar do dia da vistoria. O Inea informou que 40 multas já foram aplicadas, no valor de R$ 1.242 cada uma.
O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, disse que o município vai se empenhar na campanha de conscientização dos moradores.
— Sabemos que não são só casas humildes que precisam se ligar. Há muitas casas de alto padrão que também não estão regularizadas. Estamos fazendo um esforço para que Niterói seja a primeira da cidade da Região Metropolitana a ter 100% de saneamento — afirma.
Atualmente, dos dez municípios do estado que constam do último ranking da ONG Instituto Trata Brasil — que avalia o saneamento nas cem cidades mais populosas do país —, Niterói aparece na 14ª posição, muito à frente do Rio, que amarga um modesto 56ª lugar. Mesmo assim, muitos moradores utilizam outros meios de tratamento, como fossa e filtro, embora a lei estadual 2.661, de dezembro de 1996, obrigue a ligação onde já houver o sistema.
MORADORES ALEGAM DESNIVELAMENTO DE RUASO presidente do Conselho Comunitário da Região Oceânica (Ccron), Gonçalo Perez, concorda que há falta de conscientização, mas pondera que moradores de localidades como o loteamento Santo Antônio, que sofre com enchentes, não fazem ligações porque suas ruas são desniveladas, não pavimentadas, o que impediria o fluxo adequado dos efluentes.
— O Santo Antônio, por exemplo, é um bairro muito baixo. Muitas pessoas não se ligam porque, em dias de alagamento, o esgoto acaba retornando para suas casas. Então é preciso também que o município faça obras de drenagem — explica o presidente do Ccron.
Obras de drenagem e pavimentação estão em curso em várias ruas da Região Oceânica — umas executadas pela prefeitura; outras, em parceria com o governo do estado, para solucionar o problema das enchentes.
Conselheira do Instituto Baía de Guanabara, Dora Negreiros ressalta a importância das campanhas de conscientização:
— A ligação de esgoto é subterrânea e depende de uma campanha de conscientização e de investimento, mesmo que pequeno, de cada proprietário. Eu moro em São Francisco, num prédio antigo, anterior à rede de esgoto da área, que só foi ligado à rede há cinco anos. Isso porque ninguém sabia que esse prédio não era conectado. Quer dizer, depende de campanhas de conscientização e depende de os proprietários terem recursos para fazer a ligação. Muitas vezes, as pessoas nem sabem se a casa está ligada ou não — afirma.
Para chegar aos 100% de tratamento de esgoto, a Águas de Niterói ainda precisa inaugurar as estações de Maria Paula e Badu, cujas obras começam no ano que vem; e Sapê, em 2016. Com isso, serão atendidos os bairros de Matapaca, Vila Progresso, Muriqui, Badu, Largo da Batalha, Maceió, Cantagalo, Ititioca e Santa Bárbara.
No mês passado, a concessionária entregou as obras de duplicação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Itaipu, com capacidade para tratar 164 litros de esgoto por segundo. Além disso, a ETE Camboinhas também será duplicada.
Fonte:
O Globo Niterói
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