COMENTÁRIO DE AXEL GRAEL:
A publicação alerta para uma dimensão interessante do problema da sustentabilidade no cotidiano e as projeções de aumento de demanda de energia em função do aquecimento global e a expectativa de aumento do acesso da população ao uso do ar condicionado para o seu conforto.
Cabem aqui algumas considerações para reduzir este aumento de demanda e para associar aspectos que as pessoas nem sempre associam devidamente - necessidade de refrigeração e clima urbano, ou seja, a necessidade de ar condicionado tem ligação com a presença de florestas urbanas e com um urbanismo mais sustentável. Vejamos:
TECNOLOGIA MAIS EFICIENTE: Como a publicação afirma, já contamos com tecnologia para melhorar muito a eficiência dos equipamentos de refrigeração:
A eficiência energética dos aparelhos de ar condicionado varia muito no mercado, de modo que os modelos vendidos no Japão e na União Europeia consomem cerca de 25% menos energia do que os vendidos nos Estados Unidos e na China, o que revela o potencial de torna-los mais eficientes.
Portanto, é preciso aumentar a exigência por tecnologias mais avançadas nos mercados defasados como é o caso do Brasil. Sugerimos aqui acessar o relatório recente da ONU sobre as emissões de carbono da construção civil.
GERAÇÃO DESCENTRALIZADA: é necessário adotar políticas mais atraentes para estimular a produção energética predial ou condominial, como é o caso da produção fotovoltaica (energia solar), que ainda avança lentamente no Brasil, em comparação a outros países. Equipamentos fotovoltaicos tem se tornado mais baratos e são ainda mais atraentes economicamente, quando o consumo é maior, pois isso favorece a taxa de retorno do investimento. A geração descentralizada tem mais uma grande vantagem, que é prescindir de extensas linhas de transmissão.
ARQUITETURA SUSTENTÁVEL: existem soluções de eficiência energética nas construções, com mais ventilação e iluminação natural, materiais mais eficientes etc. Há que se estimular telhados verdes e outras soluções que reduzem a necessidade de refrigeração dos prédios.
A Prefeitura de Niterói prepara-se para encaminhar uma legislação à Câmara Municipal com o objetivo de atender aos itens acima.
ILHAS DE CALOR: o planejamento urbano deve priorizar soluções de prevenção e reversão de Ilhas de Calor. Neste sentido, o Plano Diretor de Niterói, que está sendo ora revisado e encontra-se em fase de votação do Legislativo Municipal, trás um segmento para privilegiar soluções urbanísticas com este objetivo.
NITERÓI MAIS VERDE: as áreas verdes e a arborização urbana cumprem um papel fundamental de amenização climática. Em 2014, o prefeito Rodrigo Neves assinou o Decreto 11.744 instituindo o programa Niterói Mais Verde, aumentando o número de áreas protegidas na cidade que passaram a ultrapassar 50% do território do município. Os trabalhos de ampliação da arborização urbana e reflorestamento das encostas em Niterói ganhou destaque internacional em publicação da FAO.
Axel Grael
Secretário Executivo
Prefeitura de Niterói
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Ar condicionado deve triplicar a demanda por energia até 2050
Melhorar a eficiência dos aparelhos é a única forma de controlar o consumo de energia e, de quebra, reduzir a emissão de gases de efeito estufa
À medida que as cidades se tornam mais populosas e a renda aumenta, especialmente em cidades mais quentes de países emergentes, o consumo de aparelhos de ar condicionado, e consequentemente de energia, evolui a uma velocidade assustadora – podendo elevar perigosamente a concentração de gases de efeito estufa, revelou uma nova análise da Agência Internacional de Energia (IEA) publicada nesta terça-feira (15). Até 2050, o consumo de energia a partir de modelos de ar condicionado deve triplicar, assim como a quantidade de aparelhos, que deve passar de 1,6 bilhões para 5,6 bilhões, ou 10 novos aparelhos vendidos a cada segundo pelos próximos 30 anos, revelou o estudo intitulado “O futuro do resfriamento”.
A eficiência energética dos aparelhos de ar condicionado varia muito no mercado, de modo que os modelos vendidos no Japão e na União Europeia consomem cerca de 25% menos energia do que os vendidos nos Estados Unidos e na China, o que revela o potencial de torna-los mais eficientes. O relatório da IEA destaca não só a necessidade de estabelecer padrões mínimos globais de desempenho energético para ar condicionado bem abaixo dos modelos de boa parte da indústria, como os benefícios financeiros desses ajustes: uma economia de US$ 2,9 trilhões em investimentos, combustíveis e custos operacionais.
“É o mesmo que dizer que o ar condicionado tende a se tornar um dos principais itens da demanda global por eletricidade”, disse o diretor-executivo da IEA, Fatih Birol, reforçando que os sistemas de refrigeração podem se colocar como mais uma força poderosa e contrária às metas que estabelecemos com o acordo climático de Paris. “Teremos de construir novas usinas e aumentar as emissões de gases de efeito estufa, caso a eficiência energética de resfriamento fique aquém do que planejamos, o que será um grave problema para o planeta”, afirmou. Atualmente, cerca de um quinto do consumo de eletricidade em edifícios está ligada ao uso do ar condicionado e ventiladores, revela o relatório. Em 2050, porém, os aparelhos de resfriamento estarão no topo do ranking de consumo de energia, à frente de chuveiros, eletrodomésticos e demais eletrônicos.
Mesmo que os gases utilizados atualmente em refrigeração, como os hidrofluorcarbonos (HFCs), substitutos dos CFCs, tenham se mostrado inofensivos para a camada de ozônio, eles contribuem bastante para o aquecimento global. O HFC-23, por exemplo, é 11.700 vezes mais potente que o gás carbônico para aquecer o planeta, embora seu tempo de vida seja mais curto e sua presença na atmosfera bem menor.
Um dos maiores estudos sobre o tema publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences no ano passado revela que, em 2040, o aumento do uso de ar-condicionado em regiões de clima quente resultará em uma elevação de 64% no consumo de energia elétrica e um acréscimo anual de 23,1 milhões de toneladas de dióxido de carbono.
Em países como os Estados Unidos e o Japão, mais de 90% dos domicílios têm ar condicionado atualmente, ao passo que apenas 8% dos 2,8 bilhões de pessoas que vivem nas partes mais quentes do mundo o possui. Na Índia, um país quente com alta taxa de crescimento, o consumo de aparelhos de ar condicionado pode exigir grandes investimentos em usinas poluentes. “É preciso ajustar a indústria antes que que o consumo exploda”, diz Birol. (OC)
Saiba mais sobre o tema no artigo “Por que o seu ar condicionado resfria o ar – mas esquenta a atmosfera“, de Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, e Ricardo Baitelo, coordenador de Clima e Energia do Greenpeace.
Fonte: Observatório do Clima
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