domingo, 27 de maio de 2018

Observatório do Clima: "Dia Sem Carro é para os fracos"



Ponte Rio-Niterói vazia às 9:37 de hoje, sábado, 27/05/2018. Site da Ecoponte.


Um país viciado em óleo diesel

O Brasil saiu na frente do resto do mundo mais uma vez. Enquanto os outros países adotam o Dia Sem Carro uma vez por ano, por aqui a greve dos caminhoneiros inaugurou a Semana Sem Carro, Sem Ônibus, Sem Avião. E, em alguns lugares, Sem Comida e Sem Serviços Essenciais.

O protesto que congelou o país tem sua origem na flutuação dos preços dos combustíveis fósseis (casada com a habitual imprevidência do governo brasileiro) e expôs a dependência absoluta que o Brasil tem do óleo diesel. Também permite vislumbrar como será difícil a conversa em torno de descarbonização da matriz energética e da adoção do padrão Euro-VI, de diesel mais limpo, na nossa frota de ônibus e caminhões.

Dados do SEEG, o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa, mostram que o transporte de carga emitiu 102 milhões de toneladas de CO2 equivalente em 2016. É urgente o debate sobre a mudança de modal, já que o Brasil é um dos poucos países grandes do mundo que transportam suas cargas majoritariamente em caminhões, que são mais tecnologicamente difíceis de eletrificar que carros de passeio. Aumentar o subsídio ao óleo diesel, como o governo fez para tentar estancar a crise, vai na contramão da necessidade de reduzir essa dependência, por um lado. Por outro, as alternativas eram escassas.

O diesel não sequestra apenas a economia e a sociedade: a saúde da população também é refém. Nesta semana, o ICCT (Conselho Internacional para o Transporte Limpo) publicou uma análise mostrando que o Brasil será a última grande economia a adotar o padrão de qualidade Euro-VI. Marcado originalmente para 2019, ele agora está sendo, proposto para 2023. Segundo o ICCT, o atraso de quatro anos poderia causar 10 mil mortes prematuras.



Fonte: Observatório do Clima, Newsletter "O Clima da Semana"











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