quinta-feira, 17 de maio de 2018

ROTA CHARLES DARWIN: Trilha ecológica vai unir Niterói e Maricá



Pedro Menezes apresenta o planejamento do Sistema Brasileiro de Trilhas de Longo Curso no encontro realizado na sede do PARNIT. Foto Amanda Jevaux




O Parque da Cidade, um dos mais importantes pontos turísticos de Niterói e que integra o Parque Natural Municipal de Niterói (PARNIT), recebeu nesta terça-feira, 15/05, um evento que reuniu o coordenador-geral de Uso Público e Negócios do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Pedro Menezes, e dirigentes da Prefeitura de Niterói, da Prefeitura de Maricá, do Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET), do INEA e outros representantes, para fazer o anúncio da implantação da Rota Charles Darwin.

A Rota Charles Darwin terá 74 km, cruzando os territórios dos municípios de Niterói e Maricá e faz parte de uma iniciativa do ICMBio de criar o Sistema Brasileiro de Trilhas de Longo Curso, no contexto do Programa Conectividade de Paisagens - Corredores Ecológicos. A ideia inspira-se em outras iniciativas no exterior, como o sistemas de trilhas existentes nos EUA (existe há mais de 50 anos), em Portugal, Alemanha, Espanha, Nova Zelândia, Peru e outros países.



Trilhas de Longo Curso. Grandes corredores. ICMBio

Concebido e implementado por Pedro Menezes, o Sistema Brasileiro de Trilhas de Longo Curso prevê inicialmente quatro grandes corredores: o Corredor Litorâneo, que ligará o Oiapoque ao Chuí; a Trilha Missão Cruls, que ligará a cidade de Goiás Velho até a Chapada dos Veadeiros; Caminhos do Peabiru, que ligará o Parque Nacional do Iguaçu ao litoral paranaense e a Estrada Real, atualmente percorrida por carros e bicicletas, ganhará também um percurso para os caminhantes.

Sistema Brasileiro de Trilhas de Longo Curso

Corredor Litorâneo

Terá mais de 8.000 km, passando por mais de 100 unidades de conservação federais, estaduais, municipais e privadas ao longo da costa brasileira.

Percursos:
- Caminho das Araucárias (Florestas Nacionais de Canela e de São Francisco de Paula, Parques Nacionais de Aparados da Serra, Serra Geral e São Joaquim)
- Transmantiqueira (Parque Nacional do Itatiaia, APA da Serra da Mantiqueira, Parques Estaduais da Pedra Selada, da Serra do Papagaio e de Campos do Jordão, Monumento Natural Estadual da Pedra do Bau e Monumento Natural Municipal da Pedra do Picu)
- Trilha Transcarioca (Parque Nacional da Tijuca, Parque Natural Municipal de Grumari, Parque Estadual da Pedra Branca)
- Caminhos da Serra do Mar (Parque Nacional da Serra dos Órgãos)
- Rota do Descobrimento (Parques Nacionais do Pau Brasil e do Monte Pascoal)
- Rota das Emoções (Parques Nacionais de Jericoacoara e Lençóis Maranhenses)

Trilha Missão Cruls

O traçado de 600 km seguirá o caminho percorrido por Luiz Cruls em 1892, quando liderou uma expedição para estudar o Planalto Central e delimitar a área onde seria construída Brasília. O percurso de 136 km já sinalizado no Distrito Federal também pode ser percorrido de bicicleta.

Percursos:
- Caminho de Cora Coralina (Parques Estaduais da Serra dos Pirineus, Serra Dourada e Serra de Jaraguá)
- Trilha União + Circuito Flona + Circuito Serrinha do Paranoá (Parque Nacional de Brasília, Floresta Nacional de Brasília e Área de Proteção Ambiental do Planalto Central)
- Travessia das Sete Quedas (Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros)

Caminhos do Peabiru

Cerca de 1.000 km seguindo o caminho histórico dos índios Guarani que ligava o Atlântico aos Andes. Áreas núcleo: Parque Nacional do Iguaçu, Estação Ecológica da Mata Preta, Parques Nacionais das Araucárias, Guaricana, Saint-Hilaire/Lange, Florestas Nacionais de Três Barras e Assungui, entre outros

Estrada Real

Mais de 1.700 km de extensão, passando por Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo seguindo o caminho histórico oficializado pela Coroa Portuguesa no século XVII. Áreas núcleo: Parques Nacionais das Sempre Vivas, Serra do Cipó, Itatiaia e Serra da Bocaina. Saiba mais aqui.

Concepção

A concepção de uma trilha do Oiapoque ao Chuí, bem como as demais, não é que se espere um grande contingente de pessoas que as faça de ponta-a-ponta, mas que a trilha estimule a conectividade entre parques e outras áreas protegidas na perspectiva tanto do usuário como do planejador e do gestor.

Como verifica-se nos outros países, as trilhas de longo curso estimulam e ecoturismo e fomentam a economia, principalmente em pequenas cidades capazes de fornecer apoio logístico e atrativos turísticos para os caminhantes.

As trilhas existentes nas unidades de conservação são ligadas a outras trilhas ou estradas turísticas. O percurso que liga duas unidades é a chamada “linha tracejada”. As experiências anteriores tanto em outros países quanto no Brasil mostram que existe um movimento natural de pressão dos caminhantes para que as “linhas tracejadas” sejam também implementadas e sinalizadas. Para os proprietários de terras por onde passa essa linha surge uma oportunidade de transformar a área em reserva legal ou área de preservação permanente e ainda gerar renda oferecendo serviços como camping e alimentação para os visitantes.


Rota Charles Darwin

Quando Pedro Menezes mobilizava voluntários, ambientalistas e gestores de parques no Rio de Janeiro para implantar a Trilha TransCarioca, propusemos a ele a extensão da iniciativa para Niterói, considerando a proximidade geográfica, paisagística e ecológica do PARNIT com áreas protegidas na cidade vizinha.

Posteriormente, Pedro Menezes escreveu:

Na ocasião opinei que não tínhamos pernas para fazer essa extensão naquele momento, mas concordei que a ideia era ótima e, à luz do que vi da malha de trilhas do PARNIT, me coloquei à disposição para ajudar em um segundo momento.

Agora, depois de ver os grandes avanços na gestão de trilhas levados a cabo tanto pelo Parnit quanto pelo INEA, em conjunto com o projeto que está sendo desenvolvido no MMA para estabelecer uma REDE BRASILEIRA DE TRILHAS DE LONGO CURSO, acho que essa hora chegou.


A estratégia de implantação do sistema de trilhas conta com iniciativas regionais e locais, tendo como base as unidades de conservação federais, estaduais e municipais. A Rota Charles Darwin tem por objetivo integrar a Trilha Transcarioca, no Rio de Janeiro, com um novo planejamento de conexão de trilhas já existentes em áreas protegidas de Niterói, Maricá e o Parque Estadual da Serra da Tiririca, justamente na divisa entre os dois municípios. Assim, a Rota Charles Darwin permite que mais um trecho do longo Corredor Litorâneo se estruture.




Vista do PARNIT para a Baía de Guanabara. Ao fundo, no Rio de Janeiro, o Parque Nacional da Tijuca, onde já foi implantada a Trilha TransCarioca.


O nome da Rota é uma homenagem e referência aos caminhos que o naturalista inglês Charles Darwin, que criou a Teoria da Evolução das Espécies - uma das principais bases da ciência biológica atual - e que percorreu a região durante sua estadia no Rio de Janeiro em 1832.

Trajeto

Em Niterói, a prioridade da equipe da Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade (SMARHS) e da Secretaria Executiva da Prefeitura de Niterói, foi planejar o traçado de forma a privilegiar a conectividade entre o PARNIT e o PESET, inicialmente utilizando-se na Região Oceânica a ciclovia ao longo da TransOceânica. Posteriormente, o traçado prioritário será a Ciclovia TransLagunar, que será implantada através do Programa Região Oceânica Sustentável (PRO-Sustentável), que investe na infraestrutura, na implantação de parques, da malha cicloviária da região (60 km), na renaturalização do Rio Jacaré e outros investimentos em sustentabilidade da região. Em Marica, a prioridade é valorizar a orla, com praias e lagoas da região.

A Rota Charles Darwin, com 74 quilômetros, terá início na estação hidroviária da Praça Arariboia, no centro da cidade de Niterói, seguindo através da orla da Baía de Guanabara em direção à Praia das Flechas, passando pelo Parque Natural Municipal de Niterói – PARNIT – em seu setor Costeiro Lagunar, onde é possível observar a Ilha da Boa Viagem, as cavernas localizadas abaixo do Museu de Arte Contemporânea (MAC) e as pedras do Índio e de Itapuca.


Percurso da Rota Charles Darwin.


O percurso segue para o bairro São Francisco em direção à sede do PARNIT no setor Montanha da Viração e neste trecho segue pela Trilha Tupinambás em direção à Ilha do Pontal – parte integrante do PARNIT em seu Setor Costeiro Lagunar. A partir deste momento a Rota Darwin corta o bairro de Itaipu e adentra o Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET) através da trilha do Morro da Peça, mangue do Canal do Camboatá e a trilha Córrego dos Colibris.

Seguindo no sentido de Maricá, ainda dentro do PESET, a Rota Darwin encontra o Caminho de Darwin, um importante trecho histórico e ambiental por onde o naturalista Charles Darwin passou em sua estada no Brasil no ano de 1832. Em seguida a Rota Darwin segue para Maricá, passando pelas praias de Itaipuaçu e da Barra de Maricá e finalizando próximo à divisa de Maricá com Saquarema, onde pretende-se, no futuro, que haja continuidade.

Gestores da Prefeitura de Niterói estudam também a inclusão da alternativa da travessia da Baía de Guanabara da Praça XV até a estação de Charitas. Esta opção traz o visitante diretamente para o entorno do PARNIT, mas tem o inconveniente do não funcionamento dos catamarãs nos fins de semana e feriados.

Sinalização

Existe um padrão de sinalização estabelecido pelo Sistema Brasileiro de Trilhas de Longo Curso, que estabelece critérios genéricos e permite identidades locais, de acordo com as características naturais, culturais, históricas e paisagísticas de cada trecho.



Sinalização padronizada: a pegada (sola) e uma característica gráfica que identifique o trecho.

Toda a extensão da Rota Charles Darwin receberá uma sinalização específica, identificadas com a marca de uma pegada em amarelo e preto. Esta logo segue o padrão estabelecido pelo Sistema Brasileiro de Trilhas de Longo Curso, com o desenho de uma sola e, para identificar a Rota, a figura de um primata homenageia a principal contribuição de Charles Darwin à ciência: a teoria da evolução das espécies.

Marca da Rota Charles Darwin, a ser utilizada na sinalização. Esta versão, em amarelo com fundo preto é a que marca o caminhamento no sentido Norte (Niterói para Maricá). No sentido Sul, é o inverso, preto sobre fundo amarelo.

De acordo com o Sistema Brasileiro de Trilhas de Longo Curso, a sinalização seguirá o seguinte critério: no sentido Sul (direção a Niterói) a marca será com a pegada preta sobre fundo amarelo e a pegada amarela sobre fundo preto no sentido Norte (direção Maricá).

Benefícios

A partir de 2014, com a assinatura pelo prefeito Rodrigo Neves do Decreto 11.744, criando o Programa Niterói Mais Verde, a cidade passou a contar com mais de 50% do seu território protegido por unidades de conservação. A prioridade agora da administração municipal é consolidar estes parques e implantar a sua infraestrutura, de forma a atrair mais visitantes. Trilhas estão sendo implantadas, áreas de encostas estão sendo recuperadas e o trabalho de Niterói tem alcançado reconhecimento nacional e internacional, como no caso da FAO, que deu destaque a "iniciativas inspiradoras" em florestas urbanas na publicação "Forests and Sustainable Cities: inspiring stories from around the world". Niterói e Lima foram as únicas cidades da América Latina a serem incluídas.

O objetivo de Niterói ao aderir à iniciativa do Sistema Brasileiro de Trilhas de Longo Curso é integrar-se à uma estratégia metropolitana e regional de conservação e trazer oportunidades e

Axel Grael
Secretário Executivo
Prefeitura de Niterói


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