Na Baía de Guanabara, boto-cinza convive com lixo Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo |
Bruno Alfano
A crise da Uerj está afetando os projetos de pesquisa da instituição. O Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores (Maqua), por exemplo, pode interromper suas atividades por falta de recursos. Ontem, a Uerj realizou a primeira fase de seu vestibular em meio à mais grave crise da história da instituição.
A falta de coleta de lixo especializado é, atualmente, o maior risco ao laboratório. O local para armazenar resíduos químicos e biológicos já está ficando lotado. José Laílson, um dos coordenadores do Maqua, prevê que, caso não haja recursos para a realização do serviço, o trabalho pare.
— O serviço parou por falta de pagamentos. Conseguimos um dinheiro extra no começo do ano, mas agora já precisa de novo. Teremos que parar por insalubridade — diz.
"O boto-cinza é uma espécie ameaçada de extinção. A Baía de Guanabara é o local mais crítico: há apenas 36 animais sobreviventes".
O principal projeto do laboratório já sofre cortes: o monitoramento dos botos, que nas baías de Guanabara, Sepetiba e Ilha Grande diminuiu pela metade o número de saídas a campo.
— Saíamos de quatro a oito vezes por mês. Agora, não temos dinheiro para mais do que duas idas a campo. A situação está chegando no limite — afirma José Lailson.
O boto-cinza, símbolo da cidade do Rio de Janeiro, é uma espécie ameaçada de extinção. A Baía de Guanabara é o local mais crítico: há apenas 36 animais sobreviventes. As outras duas baías somam mais 1.800 indivíduos, mas só no ano passado foram encontrados cem mortos.
A falta de pagamento dos bolsistas é um dos maiores problemas. Professora do Instituo de Física, Lilian Pantoja conta que perde estudantes talentosos para outras instituições por conta da crise. A Uerj tem uma dívida de R$ 150 milhões e, em 2016, só teve uma semana de aulas.
Fonte: Extra
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