sábado, 9 de junho de 2018

'Mini-cristais', areias da costa de SP são ameaçadas por 'vilão' microscópico



Amostra da areia de Santos ao microscópio: sedimentação sofre com a presença do microplástico (Foto: Reprodução/Unifesp)


Por João Amaro, G1 Santos
Microplástico já é considerado parte da sedimentação das areias de cidades como Santos e São Vicente, e tem prejudicado organismos do habitat.

As faixas de areia das praias de Santos e São Vicente, no litoral de São Paulo, têm convivido com um intruso pouco agradável. Conhecido como microplástico, o vilão do meio ambiente tem se tornando parte da sedimentação e, além de ser mais resistente do que metais e vidros, tem prejudicado o desenvolvimento de organismos vivos do local.

O problema, embora pareça recente, surgiu na década de 1960, quando a poluição das praias começou a se intensificar e ser registrada. Desde então, isso virou um marcador de período geológico, uma vez que a sedimentação natural das faixas de areia começou a se modificar.

De acordo com Emiliano Castro de Oliveira, professor doutor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o microplástico tem sido um dos maiores problemas atualmente nas praias. Totalmente vindo de produtos abrasivos, ele se espalhou pela região no início dos anos 2000.

“As partículas são feitas ou de uma degradação parcial de porções maiores, ou de um plástico já produzido nessa medida”, diz. Produtos de abrasividade leve, como cosméticos, pastas dentárias, glitter e purpurina são cheias destas substâncias. 


Praia de reserva, Itaguaré, em Bertioga, é uma das regiões com menos índice de lixo (Foto: Reprodução/Unifesp)


“Elas são do tamanho de grãos de areia, às vezes menores. Isso permite que sejam facilmente absorvidas por organismos que vivem no mar, prejudicando as funções deles. E essa contaminação também prejudica a alimentação de comunidades que dependem de peixes e outros seres para se alimentarem”, explica.

Segundo Emiliano, atualmente, na região, há o monitoramento das areias de São Vicente, Santos e, também, da Praia de Itaguaré, em Bertioga, tida como unidade de reserva. “Lá, encontramos índices [de contaminação] extremamente baixos. No ano passado, por exemplo, foi achada apenas uma partícula de plástico”, diz.

Entretanto, se por lá a poluição é pequena, as praias de Santos e São Vicente sofrem, principalmente, com a contaminação das partículas de plásticos pré-industrializados, chamados de “pele de plástico”. O Porto de Santos é a porta de entrada delas.

“No espaço onde as ondas chegam e voltam, é possível ver bolinhas de plástico, até grandes. É uma matéria-prima do plástico que se perde no processo de embarque e desembarque dos navios, e que vai para a praia por ser menos densa que a água”. 

Monitoramento necessário

Ainda que pareçam cristais ao microscópio, os grãos de areia estão quase que totalmente tomados pelas micropartículas de plástico. “Antes, amostras de areia com fragmentos de plástico ou de algo produzido pelo homem eram descartadas. Hoje, é algo tão presente, tão pequeno que encaramos como parte da sedimentação", diz.

Para Emiliano, é preciso que a coleta de amostras e o estudo delas sejam frequentes. Só assim será possível o monitoramento e identificação dos componentes de poluição, para que sejam traçadas estratégias de prevenção. "Nem os metais e os vidros têm essa resistência [do microplástico], o que piora pelo fato de esse tipo de resíduo ser volumoso. É perigoso e é necessária atenção".


Fonte: G1









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