domingo, 3 de junho de 2018

A crise de abastecimento e o aumento do uso da bicicleta em Niterói



Nos últimos dias temos postado aqui no Blog as análises sobre as consequências e as possíveis repercussões duradoras da crise de desabastecimento causada pelo greve dos caminhoneiros, que em poucos dias deixou as cidades brasileiras sem combustíveis. O problema, levou à reflexão sobre a dependência dos brasileiros do modelo rodoviarista e do petróleo como fonte de energia para o transporte.

Como vimos, em São Paulo a paralização dos veículos reduziu a poluição do ar pela metade, a incoerência do nosso modelo mostra que 15% da carga transportada por caminhões nas estradas é de combustível para abastecer os próprios veículos nas cidades. O Observatório do Clima, em artigo intitulado "Dia sem carro é para os fracos", alertou que:

"O Brasil saiu na frente do resto do mundo mais uma vez. Enquanto os outros países adotam o Dia Sem Carro uma vez por ano, por aqui a greve dos caminhoneiros inaugurou a Semana Sem Carro, Sem Ônibus, Sem Avião. E, em alguns lugares, Sem Comida e Sem Serviços Essenciais".
"...o transporte de carga emitiu 102 milhões de toneladas de CO2 equivalente em 2016. É urgente o debate sobre a mudança de modal, já que o Brasil é um dos poucos países grandes do mundo que transportam suas cargas majoritariamente em caminhões, que são mais tecnologicamente difíceis de eletrificar que carros de passeio. Aumentar o subsídio ao óleo diesel, como o governo fez para tentar estancar a crise, vai na contramão da necessidade de reduzir essa dependência, por um lado. Por outro, as alternativas eram escassas".

Em Niterói, o prefeito Rodrigo Neves constituiu um Gabinete de Crise para garantir os serviços básicos da cidade funcionando e também passamos a avaliar as consequências para a cidade e o comportamento do cidadão diante da crise. Uma das providências, foi a verificação do aumento de pessoas que adotaram o uso da bicicleta como opção de locomoção em Niterói. A equipe do programa Niterói de Bicicleta fez uma contagem do número de usuários da ciclovia da Avenida Amaral Peixoto e chegou aos seguintes dados:


Contagem realizada em 29/05/2018. Vale observar que a data já era posterior ao auge da crise, quando o abastecimento ainda estava precário, mas a situação começava a se regularizar. Os dados de 29/05/2018, mostrados em 5 horários do dia, são comparados a dezembro de 2015, dezembro de 2016 e dezembro de 2017. Fonte Niterói de Bicleta
Planilha. Fonte Niterói de Bicicleta


Os dados acima mostram o quanto o número de usuários está crescendo rapidamente em Niterói, a medida que a infraestrutura cicloviária avança na cidade. O mesmo crescimento de usuários foi verificado no Rio de Janeiro durante a crise e as duas Prefeituras estão trabalhando juntas para integrar as duas políticas de desenvolvimento cicloviário. Em recente encontro técnico realizado na Prefeitura do Rio, com a participação do José Lobo, da ONG Transporte Ativo, a equipe do programa Niterói de Bicicleta trocou experiências com profissionais do Rio.

Um grande impulso para o uso da bicicleta em Niterói foi a construção pela Prefeitura do Bicicletário da Praça Arariboia, que atraiu um maior número de usuários pela facilidade logística para manter a bicicleta em segurança. Conforme pesquisa, o Bicicletário Arariboia atende aos ciclistas que se dirigem ao Centro de Niterói, os que seguem para o Rio utilizando a conexão hidroviária e usuários que vêm do Rio para a UFF ou outros destinos no Centro de Niterói.

Uma das ideias do diálogo com a Prefeitura do Rio é o estudo conjunto da viabilidade e pertinência da construção de um bicicletário similar ao de Niterói na Praça XV.

Com o crescimento do número de ciclistas em Niterói, aumentou a demanda por espaço para bicicletas nas barcas Niterói-Rio.

Veja os dados a seguir:

Mais espaço para as bicicletas nas Barcas

Com o objetivo de garantir a segurança da navegação e a qualidade do serviço para os passageiros, devido ao crescimento do número de bicicletas na linha Arariboia (Rio-Niterói-Rio), a CCR Barcas implantou bicicletários nas proas das embarcações Gávea, Ingá, Urca e Neves. Com a instalação dos equipamentos, que permitem o transporte de até 45 bicicletas do lado de fora dos barcos, todas as sete embarcações que navegam nessa linha contam agora com bicicletários.

Embarcações Gávea, Ingá, Urca e Neves tiveram bicicletários instalados na proa. Capacidade de até 45 bicicletas
Em 2012, eram 120 bicicletas/dia.
Em 2018, são em média 320 bicicletas/dia, um aumento de 166%.

De acordo com a logística estabelecida, os ciclistas devem ser os últimos a embarcar e a desembarcar, sendo que o armazenamento de bicicletas nos catamarãs ocorre de maneira que não interfira na segurança da navegação e dos passageiros.

A Concessionária foi pioneira no transporte gratuito de bicicletas. Inicialmente, esse benefício foi concedido durante os fins de semana, depois, em dias úteis, nos horários de contrafluxo e de menor movimento.

Desde 12 de setembro de 2013, usuários da linha Arariboia podem transportar suas bicicletas convencionais, sem custo adicional, em qualquer horário. Para quem utiliza bicicleta dobrável, o benefício já existia em todas as linhas. Em 2012 a média diária de bicicletas na linha Arariboia (entre 7h e 12h) era de 120 veículos/dia. Atualmente, no mesmo período, a média é de 320 bicicletas, um aumento de 166%.

Fonte: CCR Barcas


APLIAÇÃO DO SISTEMA CICLOVIÁRIO DE NITERÓI

A Prefeitura estabeleceu a meta de 100 km de ciclovias na cidade até 2020, como está definido no plano de metas "Niterói que Queremos", elaborado em 2013. Nos próximos dias, será lançado o edital para a contratação do projeto executivo da malha cicloviária da Região Oceânica, com a previsão de 60 km de ciclorrotas e que será implantado como parte do Programa Região Oceânica Sustentável (PRO-Sustentável). O investimento total no sistema cicloviário da Região Oceânica será por volta de R$ 30 milhões.

Outra obra estratégica para a bicicleta em Niterói será a ciclovia da Avenida Marquês do Paraná, que interligará as ciclovias da Marquês do Paraná, da Avenida Amaral Peixoto, a Avenida Jansen de Melo e a Rua São Lourenço, portanto fazendo a ligação entre a Zona Sul, Centro e Zona Norte.
CICLOVIAS EM NITERÓI NA IMPRENSA NESSE DOMINGO

A medida que a bicicleta vai se consolidando no cotidiano de Niterói como uma opção de mobilidade, a imprensa reflete esta mudança cultural e dá cada vez mais espaço ao tema das bicicletas e ciclovias.

Neste domingo, o tema foi abordado pelos jornais O Fluminense e O Globo Niterói.

O Fluminense

BICICLETAS PARA DRIBLAR FALTA DE COMBUSTÍVEIS

Mais ciclistas

A falta de combustível na última semana evidenciou ainda mais o fato de que cada vez mais niteroienses aderem à bicicleta como meio de transporte sustentável. Os números comprovam: uma contagem feita no dia 29, na ciclovia da Avenida Amaral Peixoto, pelo programa Niterói de Bicicleta, revelou que 453 ciclistas passaram pela via entre 18h e 19h, um aumento de mais de 40% em relação a dezembro de 2017, quando o número registrado foi de 277. O Bicicletário Arariboia, que até a última sexta-feira tinha 4.890 usuários cadastrados, ganhou novos frequentadores: 88 novos cadastros foram feitos. O aumento do número de ciclistas também pode ser verificado pela quantidade de bicicletas que atravessam a Baía de Guanabara de barcas. A concessionária que administra o transporte hidroviário entre Praça Arariboia e Praça 15 registra uma média de 1,5 mil ciclistas/dia nas embarcações.

Em defesa da cultura da bicicleta

Comemorando a decisão judicial que permitiu a retomada das obras de alargamento da Avenida Marquês do Paraná, o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, destacou em redes sociais que o projeto vai sair do papel, beneficiando a cultura da bicicleta, a mobilidade e a qualidade de vida na cidade. É o que todos esperam, com a maior celeridade.

Fonte: Coluna Informe


O Globo Niterói

Pedaladas

O cicle Garage Bike vai expandir os negócios graças ao aumento de bicicletas nas ruas da cidade. Além da oficina na Roberto Silveira, quase na esquina da Lopes Trovão, abre ainda este mês uma segunda loja, bem maior e na mesma avenida, só que na altura da Álvares de Azevedo. Vai fazer consertos e também vender acessórios e bikes novas.

Coluna "Outra Coisa", de Luiz André Alzer



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