sábado, 23 de junho de 2018

Matéria dá destaque ao trabalho da Prefeitura para a recuperação dos rios de Niterói



COMENTÁRIO DE AXEL GRAEL:

A matéria de O Globo dá destaque ao trabalho de saneamento e recuperação de rios que a Prefeitura de Niterói está desenvolvendo. O trabalho inédito e há tanto tempo reivindicado e esperado pelos ambientalistas é de grande complexidade, requer integração com a comunidade, investimentos, projetos com técnicas inovadoras e inéditas no país.

Niterói tem avançado de forma exemplar no saneamento (está estre as melhores do país em coleta e tratamento de esgotos e foi considerada a segunda melhor do país em gestão de resíduos sólidos), está inovando para superar algumas práticas e técnicas ultrapassadas de engenharia, buscando novos conceitos sustentáveis. Além disso, nosso trabalho é planejado de forma integrada e distribuída ao longo do território. Não é a toa que Niterói tem conquistado o reconhecimento expresso em premiações e no protagonismo em políticas públicas que a cidade conquistou no cenário nacional.

Devido a esta complexidade e necessidade de inovação, sabemos que é preciso garantir que a população entenda e apoie as iniciativas. Para isso, a Prefeitura tem organizado inúmeras audiências públicas, participado de reuniões comunitárias e mantém uma equipe exclusiva para manter a interlocução com estas comunidades, com o objetivo de debater conceitos e projetos, mostrar cronogramas, esclarecer dúvidas e superar ceticismos, como o próprio ambientalista Vilmar Berna demonstra na matéria. Quase sempre, o ceticismo origina-se nas experiências e frustrações experimentadas pelos interlocutores, mas também por desinformação. Por isso, o esforço pela informação.

Céticos diziam que o Túnel Charitas-Cafubá não aconteceria e ele está lá. Diziam que a TransOceânica não seria concluída e estamos próximos a isso, diziam que o Hospital Getulinho não seria reaberto e lá está ele. Cheguei a fazer uma aposta com um amigo ambientalista da cidade que duvidava que criaríamos e implantaríamos o Parque Natural Municipal de Niterói e estamos fazendo o que dissemos que faríamos.

Vencido o ceticismo, verifica-se a ansiedade. As pessoas querem amanhã o que não se conseguiu em décadas, mas é compreensível. As pessoas aguardaram por tanto tempo e todos almejam uma cidade melhor.


"Em gestão pública nada é fácil. Se estiver fácil, provavelmente não estamos fazendo a coisa certa!"


A cidade hoje vive uma nova realidade. Os projetos não são apenas promessas, mas têm planejamento e recursos definidos como é o caso da Renaturalização do Rio Jacaré (abordado na matéria), a implantação do Parque Orla de Piratininga, ações para a despoluição  e outras ações.

É parte do nosso trabalho informar e esclarecer dúvidas e atrair parcerias para viabilizar estas ações. E superar o pessimismo e o ceticismo com resultados e avanços palpáveis.

Como dizemos: "Em gestão pública nada é fácil. Se estiver fácil, provavelmente não estamos fazendo a coisa certa!"

Há muito por fazer, muitos desafios a superar, mas chegaremos lá. Não há outro caminho que não seja trabalhar e perseverar até que o resultado aconteça.

Vamos em frente!

Axel Grael
Secretário Executivo
Prefeitura de Niterói



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Plano de Saneamento de Niterói dará diretrizes para despoluição de rios


Assoreado. O Rio Jacaré, que desemboca na Lagoa de Piratininga, vai receber projeto de renaturalização, com a retirada da canalização e restituição da dinâmica natural - Roberto Moreyra / Roberto Moreyra


Nívia Neder

Renaturalização do Jacaré será primeiro passo para despoluição dos cursos d’água

NITERÓI - Escondidos sob o asfalto, canalizados ou correndo a céu aberto, alvos de despejo de lixo, os rios de Niterói são ignorados pela maioria da população. Quando transbordam nas chuvas, viram vilões. Projetos como a renaturalização do Rio Jacaré, na Região Oceânica, que tem previsão de ser concluído em 2020, e a criação de um Plano Municipal de Saneamento, cujo edital está previsto para ser lançado no mês que vem, são algumas das iniciativas da prefeitura para recuperar os cursos d’água da cidade. Ambientalistas veem as ações com entusiasmo, mas temem que elas morram na praia.

A renaturalização do Rio Jacaré propõe uma mudança do olhar tradicional de engenharia hidráulica, que prioriza canalização e retificação de rios. De acordo com o secretário Executivo de Niterói, Axel Grael, a ideia é levar o projeto para outros rios da cidade, observando as especificidades de cada um. O Rio João Mendes, em Itaipu, e o Rio Engenhoca, na Zona Norte, são outros que estão sendo estudados para receber intervenções, mas em fase menos adiantada do que o Jacaré, que está na etapa de estudos feitos por uma empresa contratada. O investimento previsto é de R$ 12 milhões.

— Sempre que possível vamos tirar a canalização e restituir a dinâmica natural do rio. No Jacaré, mais do que despoluí-lo, queremos ressuscitá-lo, já que nessas décadas de canalização ele perdeu a vazão média. Outras prioridades serão proteger a margem, recuperar a mata ciliar e, além disso, implantar uma nova ótica de drenagem. A ideia é não ter apenas um olhar para o rio de transporte de água, mas observá-lo como um ecossistema. Atualmente, todos os rios da Região Oceânica estão sendo monitorados pela prefeitura através da empresa Concremat. Agora, estamos concluindo a contratação de outra empresa para monitorar o sistema lagunar. A importância desse monitoramento é definir a estratégia que será adotada para a recuperação das lagoas. O Jacaré é o principal afluente da Lagoa de Piratininga, por isso está sendo priorizado — explica o secretário.

Nada mudou em dez anos, diz ambientalista

De acordo com Axel Grael, o Plano de Saneamento será um grande aliado na recuperação dos rios de Niterói. Através das vertentes água, esgoto, lixo e drenagem, a ideia é que ele estabeleça diretrizes gerais para todas as bacias hidrográficas da cidade. Ele listou ainda outras ações realizadas pela prefeitura para minimizar a poluição dos rios, como a implantação de um equipamento para redução do transporte de sedimentos no canal da Avenida Presidente Roosevelt, em São Francisco, e a recente instalação de um dispositivo de Tomada de Tempo Seco no trecho do Rio Icaraí que atravessa o Campo do São Bento.

— O projeto do Rio Jacaré é pioneiro e queremos levá-lo para outros rios. Mas cada rio tem que ter seu plano de bacia, e é isso que o Plano de Saneamento vai fazer. O Jacaré tem característica ainda semi-rural e para ele é indicado um tipo de tratamento. Outros têm densidade de ocupação muito maior, portanto precisam de outras opções — completa Axel, lembrando ainda o projeto Enseada Limpa, que prevê a redução do lançamento de esgoto na bacia hidrográfica e no qual foram investidos, em 2014, quase R$ 20 milhões em rede coletora.


Cachoeira que fica na "Estrada da Cachoeira", em São Francisco. Foto: Márcio Alves / Agência O Globo - Marcio Alves / fotos de Márcio Alves

Há exatos dez anos, numa reportagem do GLOBO-Niterói, o ambientalista Vilmar Berna garantia que 100% dos rios da cidade estavam poluídos. Na ocasião, projetos para instalação de tomadas de tempo seco começariam a ser executados pela então Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla) — hoje Instituto Estadual do Ambiente (Inea) —, sobretudo nos rios Bomba e Maruí, na divisa com São Gonçalo, para evitar que o esgoto lançado nos cursos d’água contaminassem o meio ambiente. Passado esse tempo, a situação não é muito diferente, como reforça o ambientalista.

— Nos últimos dez anos nada de bom aconteceu; só piorou. O rio é a parte visível de um lençol freático. Não adianta fazer despoluição instalando barreira; tem que atuar na bacia hidrográfica como um todo — avalia Berna. — Na Estrada da Cachoeira, que leva esse nome devido a uma cachoeira que poderia ser ponto turístico, o que se vê é uma cascata de lixo e esgoto. Os canais da cidade, como o (da Avenida) Ari Parreiras também são esgoto puro — questiona o ambientalista.

Morador da Região Oceânica, o ambientalista Cássio Garcez acredita que falta reforço de fiscalização e educação ambiental para aliviar a pressão da poluição, sobretudo dos rios que desembocam nas lagoas e afetam as praias.

— Embora existam avanços de saneamento, ainda falta muita coisa. A cidade está crescendo e nem todo mundo tem a consciência de se ligar à rede de esgoto. Isso acontece principalmente nas comunidades menos favorecidas, mas na Região Oceânica, até mesmo em áreas de maior poder aquisitivo, isso é visível. No Canal do Camboatá, em Camboinhas, é possível observar ligações clandestinas, mesmo que discretas. O projeto de renaturalização do Rio Jacaré parece interessante, mas é inevitável o receio de que ele morra na praia, já que tivemos diversos projetos lindos e bilionários que ficaram pelo caminho. Cabe à população estar mais ativa e cobrar mais das autoridades — pondera.

O ambientalista e professor de Biologia da Faculdade Maria Thereza Turíbio Tinoco acredita que faltam investimentos, principalmente do estado, em meio ambiente.

— As condições dos rios na nossa cidade estão críticas. É muito esgoto sendo lançado, e a população ainda joga lixo nos cursos d’água, o que contribui para entupimento das redes pluviais. Existem bons técnicos na prefeitura e no estado. Há projetos, mas falta verba. O governo estadual tem que injetar mais recursos na área de meio ambiente — avalia Tinoco.

Ecobarreiras e desassoreamento

Sem especificar as ações realizadas nem anunciar ações para mitigar os problemas nos rios de Niterói, o Inea diz que executa o programa Limpa Rio. A iniciativa de prevenção a enchentes que se destina à limpeza e ao desassoreamento de rios e canais localizados no estado beneficiou, desde 2015, 16 rios e canais de São Gonçalo. Outra ação que o órgão destaca e tem impacto na Baía de Guanabara é a instalação de ecobarreiras na foz dos rios Imboaçu, Marimbondo, Brandoas, Bomba e Canal da Vila Maruí, também em São Gonçalo, os dois últimos na divisa com Niterói.

“Instaladas de uma margem à outra, essas barreiras têm a finalidade de reter os resíduos sólidos flutuantes, evitando que cheguem à Baía de Guanabara. O lixo retido é recolhido para destinação ambiental adequada. Essas ecobarreiras já retiveram cerca de 400 toneladas de lixo flutuante, impedindo que cheguem à Baía de Guanabara. Todos os 92 municípios estão automaticamente credenciados a receber os serviços realizados pelo Limpa Rio, sendo necessário como contrapartida, por parte dessas prefeituras, a indicação de área de descarte pública licenciada para a disposição final dos sedimentos removidos dos corpos hídricos”, diz a nota do Inea.

Para o Fórum da Agenda 21 Niterói, a limpeza e a conservação dos rios são pontos prioritários na pauta ambiental do município.

— Niterói precisa dar o bom exemplo para o Leste Fluminense. Rios limpos são o que mais a Baía de Guanabara precisa. É triste ver, nas chuvas, o lixo e o esgoto que vêm da Baixada e de outras cidades do fundo da Baía. Falta conscientização de moradores e maior cuidado das prefeituras — diz Joel Osório, da coordenação da Agenda 21.

A prefeitura informa que tem uma equipe da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (Seconser) que trabalha na limpeza de rios.

— Estamos reforçando o trabalho de educação ambiental, distribuindo cartilhas e conscientizando moradores sobre a destinação de lixo. Regiões como da Estrada da Cachoeira são servidas pela rotina de coleta da Clin — diz Axel Grael.

Sobre a sujeira na Cachoeira, o secretário diz que o acesso àquele ponto se tornou difícil devido às construções próximas ao rio.

Fonte: O Globo Niterói












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