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A cidade do Rio de Janeiro será a primeira no país a contar com o Índice de Progresso Social (IPS) por região administrativa, permitindo, assim, uma análise detalhada sobre o município nas três dimensões avaliadas pela metodologia: Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-Estar e Oportunidades. A iniciativa faz parte de uma parceria estabelecida entre o Instituto Pereira Passos, Fundación Avina, Rede Progresso Social Brasil e Social Progress Imperative (SPI).
O IPS, inicialmente proposto para a escala global, possibilita medir o progresso social diretamente, independente do desenvolvimento econômico. Por isso, o índice é baseado em um modelo holístico e rigoroso com indicadores sociais e ambientais em 12 componentes e três dimensões. Ele visa medir os resultados que são importantes para a vida das pessoas, e não o custo ou os esforços para alcançá-los.
O índice foi idealizado a partir do entendimento que medidas de desenvolvimento baseadas apenas em variáveis econômicas são insuficientes, já que crescimento econômico sem progresso social resulta em exclusão, descontentamento social, conflitos sociais e degradação ambiental.
“O IPS não é só um índice, mas um conceito onde procuramos trazer num sentido ético e político ao desenvolvimento. Ele também é uma ferramenta para orientar processos e tomadas de decisão, seja por parte dos governos, empresas ou sociedade civil organizada. O processo de construção também tem um valor muito grande, pois, para se chegar aos indicadores que irão compor o índice, é feito todo um envolvimento das diversas partes interessadas para definir: o que é valor para esta cidade? O que o índice deve radiografar de forma mais atenciosa? O que vamos considerar de fato progresso?”, explica Glaucia Barros, diretora programática da Fundação Avina – uma das apoiadoras da iniciativa em nível global.
Andrea Pulici, diretora de Pesquisa e Avaliação do Instituto Pereira Passos, ressalta ainda a importância para a cidade em contar com o IPS. “Termos a possibilidade de construir um índice sintético contendo em sua maioria dados administrativos possibilita que acompanhemos o rumo das políticas públicas implementadas na cidade, a fim de que possamos fazer ajustes para que elas sejam exitosas. Isso facilita o planejamento urbano, as avaliações e monitoramento das políticas e programas implementados”, enfatiza.
Encontro
No dia 26 de janeiro, os parceiros da iniciativa promoveram um encontro no Rio de Janeiro, com a presença de cerca de 50 pessoas, entre empresários, investidores sociais, representantes de órgãos públicos e formadores de opinião etc, para debater a versão preliminar do índice, que será apresentado oficialmente no final do mês de março. Até o momento já foram levantados 37 indicadores para as 33 regiões administrativas do município.
A proposta do encontro foi validar os indicadores levantados até o momento e obter junto aos participantes sugestões e considerações para novos olhares sobre a cidade e aprimoramento do IPS. “A nossa proposta é que ele possa refletir o pensamento do coletivo. Desta maneira, acreditamos que o IPS possa ser rapidamente incorporado não só pela prefeitura, mas por todos que estavam na reunião e que, de alguma maneira, colaboraram com o resultado final”, opina Andrea.
Alguns indicadores que irão compor o índice, como mortalidade infantil, acesso à água canalizada, óbitos por acidente de transporte terrestre, por exemplo, que fazem parte da dimensão “Necessidades Humanas Básicas”, já foram apresentados e validados. Outros, porém, serão ainda levantados ou sofrerão mudanças. “A reunião corroborou o que já esperávamos: precisamos avançar em indicadores da dimensão ‘Oportunidades’, assim como incorporar algum indicador de saúde atrelado à sustentabilidade”, afirma Andrea.
Segundo a especialista, diante do levantamento realizado até agora, já foi possível perceber que, ao dar um foco maior em indicadores, como acesso à educação superior ou sustentabilidade, por exemplo, a relação IPS x renda não ocorre de maneira tão direta. “Estou muito motivada com os resultados que teremos em março para apresentar”, ressalta.
Até lá, a equipe responsável realizará ainda reuniões com órgãos públicos, como a Secretária de Saúde, Defesa Civil etc, para terminar de compor alguns indicadores que ainda estão incompletos.
Outras aplicações
O movimento que está sendo desenvolvido no Rio de Janeiro irá gerar também outro produto, que será o IPS Favelas, a fim de analisar os indicadores de comunidades pacificadas. O piloto será realizado na Comunidade da Maré, área estratégia do município.
Além do Rio, o Brasil já vem desenvolvendo outras formas de aplicação do Índice de Progresso Social, como o IPS Amazônia, que analisou os 9 Estados e 772 municípios da região, assim como o IPS Comunidade, já aplicado na região do Médio Juruá, também no Amazonas, assim como em Cajamar e Jaguaré, em São Paulo.
Fonte: Publicado por GIFE em 01/02/2016
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