terça-feira, 30 de outubro de 2018

Terra perdeu 60% de seus animais silvestres em 44 anos, diz relatório lançado na Suiça pela WWF



Onças-pintadas são flagradas em habitat natural. — Foto: Mario Nelson Cleto/Onçafari


Pesquisa também mostra que 90% das aves têm plástico no estômago. Estudo foi baseado no acompanhamento de 16.700 populações de 4 mil espécies.

Por G1
Assista ao vídeo aqui.


Um levantamento divulgado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) nesta terça-feira (30) indica que o estilo de vida dos humanos tem impactado diretamente os ecossistemas e a vida selvagem do planeta. As populações de vertebrados silvestres, como mamíferos, pássaros, peixes, répteis e anfíbios, sofreram uma redução de 60% entre 1970 e 2014 devido à ação humana.

O 'Relatório Planeta Vivo' é baseado no acompanhamento de mais de 16.700 populações de 4 mil espécies, utilizando câmeras, análise de pegadas, programas de investigação e ciências participativas.

Um dos indicadores mostra que o impacto crescente do lixo plástico nos oceanos interfere na qualidade de vida de várias espécies, entre elas, as aves marinhas. Na década de 1960, apenas 5% das aves tinham fragmentos de plástico no estômago. Hoje, o índice é de 90%.

"Preservar a natureza não é apenas proteger os tigres, pandas, baleias e animais que apreciamos (...). É muito mais: não pode haver um futuro saudável e próspero para os homens em um planeta com o clima desestabilizado, os oceanos sujos, os solos degradados e as matas vazias, um planeta despojado de sua biodiversidade", declarou o diretor da WWF, Marco Lambertini.

O Brasil é destaque no relatório. A floresta amazônica se reduz cada vez mais, do mesmo modo que o Cerrado, diante do avanço da agricultura e da pecuária. 


Desmatamento na comuidade Ariri, em Macapá — Foto: Dema/Divulgação .


Por ano, uma área equivalente a 1,4 milhão de campos de futebol de área verde desaparecem do mapa por causa do desmatamento. Já as aéreas de pastagens abandonadas em todo o país por quem cria gado equivalem a duas vezes o estado de São Paulo - 50 milhões de hectares, segundo o estudo.

"Se chegarmos a 25% do desmatamento da Amazônia – e já estamos em 20% – a gente já vai chegar ao chamado ponto sem retorno, a gente não vai conseguir recuperar o equilíbrio da floresta amazônica. Estamos perto deste limite", diz Gabriela Yamaguchi, diretora de engajamento da WWF Brasil em entrevista ao Bom Dia Brasil. 



Em nível mundial, apenas 25% dos solos estão livres da marca do homem. Em 2050, isto cairá para apenas 10%, segundo pesquisadores.

Sem florestas, os animais, como tatu-bola, correm o risco de extinção. Mas, os cuidados com a preservação indicam que é possível reverter quadros, como o da população de onças pintadas, que teve a população recuperada em 30%.

O declive da fauna afeta todo o planeta, com regiões especialmente prejudicadas, como os Trópicos. Na área do Caribe e América do Sul, os dados apontam um quadro "aterrador": um declive de 89% em 44 anos. 

América do Norte e Groenlândia sofreram as menores reduções da fauna, com 23%. Europa, Norte da África e Oriente Médio apresentaram um declive de 31%.

A primeira explicação é a perda dos habitats devido à agricultura intensiva, à mineração e à urbanização, que provocam o desmatamento e o esgotamento dos solos.

'Nossa oportunidade'

"O desaparecimento do capital natural é um problema ético, mas também tem consequências em nosso desenvolvimento, nossos empregos, e começamos a ver isto", assinalou Pascal Canfin, diretor-geral do WWF França.

"Pescamos menos que há 20 anos porque as reservas diminuem. O rendimento de alguns cultivos começa a cair. Na França, o trigo está estancado desde os anos 2000. Estamos jogando pedras em nosso próprio telhado". 


Garrafa de plástico é encontrada na barriga de peixe em Arraial do Cabo, no RJ — Foto: Leonardo Motta


Os economistas avaliam os "serviços devolvidos pela natureza" (água, polinização, estabilidade dos solos e etc.) em US$ 1,25 trilhão anuais.

A cada ano, o dia em que o mundo já consumiu todos os recursos que o planeta pode renovar anualmente chega mais cedo. Em 2018 foi em 1º de agosto.

"O futuro das espécies não parece chamar a atenção suficiente dos líderes" mundiais, alerta a WWF, que defende "elevar o nível de alerta" e provocar um amplo movimento, como se fez pelo clima. "Que todo o mundo compreenda que o status quo não é uma opção".

"Somos a primeira geração que tem uma visão clara do valor da natureza e do nosso impacto nela. Poderemos também ser a última capaz de inverter esta tendência", advertiu a WWF, que pede uma ação antes de 2020, "um momento decisivo na história". "Uma porta sem precedentes se fechará rápido".


Fonte: G1



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O que é o Relatório Planeta Vivo?


O Relatório Planeta Vivo, uma publicação bianual da rede WWF, é um estudo abrangente que mostra as tendências globais de biodiversidade e o estado da vida no planeta. O Relatório Planeta Vivo 2018 é a décima segunda edição do levantamento que traz evidências sobre uma mensagem que a natureza tem repetido constantemente: a forma como alimentamos, abastecemos e financiamos nossa sociedade e economia está levando a natureza e os benefícios que ela nos fornece ao limite.

A partir de múltiplos indicadores, incluindo o Índice Planeta Vivo (IPV) elaborado pela Sociedade Zoológica de Londres, o relatório nos mostra a urgência de um novo acordo global para e pela natureza e pessoas com objetivos claros e ambiciosos, com metas e índices, para reverter a tendência atual de queda de vida. Essa queda que atinge o planeta que nós chamamos de casa.

RELATÓRIO PLANETA VIVO 2018

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