A coordenadora de Políticas Públicas de Prevenção às Drogas da prefeitura, Vânia Miranda, adianta que o projeto será levado a outras escolas ainda em 2019 Foto: Marcio Alves / Agência O Globo |
Pesquisa inédita começará a ser feita a partir de novembro com 800 alunos do 7º e 8º ano da rede municipal
Leonardo Sodré
NITERÓI — A Coordenadoria de Políticas Públicas de Prevenção às Drogas (Copod) de Niterói realizará a partir do mês que vem uma pesquisa inédita com 800 alunos do 7º e 8º ano das escolas municipais Altivo César, no Barreto; e Paulo Freire, no Fonseca, para identificar estudantes mais vulneráveis ao uso de entorpecentes. O levantamento será levado em 2019 a todas as escolas da rede municipal e também para as particulares que aderirem ao programa.
O objetivo da consulta é desenvolver um cronograma de atividades extraclasse que potencializem habilidades socioemocionais dos jovens — que é a capacidade de persistir em tarefas e superar obstáculos ou frustrações, inovar e trabalhar em grupo — e evitem o primeiro contato deles com as drogas. O desenvolvimento dessas habilidades, dizem especialistas, influi na autoestima e torna os jovens menos vulneráveis ao contato com estimulantes.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar Pense (2015), 77,5% dos alunos de 13 anos do Rio de Janeiro já consumiram bebida alcoólica. O índice põe o estado na quarta posição do ranking entre os estados brasileiros. Quanto à ocorrência de embriaguez, 21,45% dos estudantes informaram que já passaram por essa experiência. A pesquisa mostra também que 9,0% dos escolares do 9º ano do ensino fundamental já utilizaram drogas ilícitas, como maconha, crack, solventes, ecstasy e oxy. Não há um levantamento específico que aponte a relação dos jovens em Niterói com essas substâncias, mas são os dados nacionais que direcionaram o projeto aos jovens de 12 a 14 anos.
— A droga é apenas um dos fins aos quais um jovem com dificuldades sociais não compreendidas pode ter acesso, mas não é o único problema, até porque, a cada cem jovens que têm contato com as drogas, apenas 10% se tornam dependentes — avalia Vania Miranda, coordenadora da Copod. — As condições que os levam ao uso de drogas são as mesmas que os deixam vulneráveis à depressão e a outros distúrbios psicológicos que serão combatidos na raiz.
Ajuda dos universitários
Através de um convênio que será assinado ainda este mês com universidades da cidade, serão selecionados 24 estagiários de psicologia e assistência social que atuarão, dois em cada sala de aula, na coleta de informações a respeito da constituição familiar de cada estudante, suas aflições e possíveis dificuldades de socialização. Depois, explica Vania, será desenvolvido um programa de formação que incluirá os alunos em aulas de teatro, batalhas de rap, festivais de poesia e fotografia, de acordo com cada diagnóstico e habilidade específica identificada:
— Será a primeira ação, em âmbito municipal, de prevenção ao uso de drogas com foco em quem ainda não teve contato com elas.
Vania diz que a escolha das escolas Altivo César e Paulo Freire para servirem de piloto se deu pela quantidade de alunos nas turmas do 7º ao 8º ano: cerca de 800, de 12 a 14 anos, a quantidade ideal para trabalhar no início do projeto.
O gerente comercial Carlos André Bastos, de 52 anos, que luta contra o alcoolismo, lembra que seu primeiro contato com o álcool foi aos 14 anos:
— Durante muitos anos, minha relação com a bebida se deu de forma recreativa, mas depois comecei a ter problemas de saúde, no trabalho, com a família... Até que sofri um AVC há seis anos e procurei ajuda. Se eu tivesse sido mais preparado na juventude, não teria chegado a esse ponto. Há uma falta de informação em relação ao álcool, até porque é aceito pela sociedade, uma droga lícita, e as pessoas não falam tanto das suas consequências.
Fonte: O Globo Niterói
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