segunda-feira, 26 de agosto de 2019

NITERÓI CONTRA QUEIMADAS: considerações sobre o programa pioneiro da Prefeitura de Niterói



COMENTÁRIO:

No momento em que as queimadas na Amazônia são o principal assunto em pauta, expondo o Brasil ao vexame e às críticas mundiais diante do discurso anti-meio ambiente do presidente da República e da cúpula do governo federal, é compreensível e legítimo que haja uma vigilância da mídia mais atenta sobre o tema.

Não queremos aqui brigar com os números, como faz, no momento, o governo federal. A diferença entre o que ocorre em Niterói e na escala nacional e até mesmo na escala estadual, é que, em 2015, a cidade implantou um programa pioneiro chamado Niterói Contra Queimadas, que foi objeto de matéria com destaque na primeira página na mesma edição de O Globo Niterói, que a matéria abaixo foi publicada.

O Niterói Contra Queimadas envolve a Defesa Civil de Niterói, a Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão - SEPLAG, a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade (SMARHS), a Companhia de Limpeza Urbana de Niterói - CLIN e a Guarda Municipal, contando ainda com o apoio do Corpo de Bombeiros. O programa já promoveu as seguintes medidas: fortalecimento institucional, estruturação e capacitação das equipes, formação de 350 voluntários para a prevenção de incêndios em vegetação (NUDEC Queimadas), a execução das Rondas Preventivas (visita às áreas críticas de focos de incêndio para notificação educativa dos moradores), o uso de tecnologias para prevenir e avaliar danos dos incêndios em vegetação, como uso de drones e o desenvolvimento de aplicações específicas do Sistema de Gestão da Geoinformação - SIGEO, que estarão disponíveis em breve. Também faz parte do Niterói Contra Queimadas o oferecimento de remuneração para efetivos dos Bombeiros através do Regime Adicional de Serviço - RAS, para que estes profissionais fiquem à disposição da cidade e dedicados à prevenção e o combate aos incêndios em vegetação.

Cabe destacar que uma das atividades que os 350 voluntários são capacitados para atuar é na identificação precoce de focos de incêndios, observação de trajetórias de balões e outros cuidados preventivos às queimadas. Ao avistar fumaça ou focos de incêndio são orientados a comunicar imediatamente à Defesa Civil (199) ou ao Centro Integrado de Segurança Pública - CISP (153). Também existem vários canais de comunicação, como o Disque Denúncia (2253-1177). A cada nova turma de voluntários formada, maior número de "fiscais-voluntários" teremos para fazer o importante alerta.

Portanto, o número de chamadas para ações de combate a incêndios não é a melhor métrica para se medir a incidência de incêndios, considerando a organização de Niterói justamente para tornar mais eficiente a comunicação de incêndios em vegetação. Se há mais chamadas para a atuação dos Bombeiros, pode ser pela eficiência da notificação e não, necessariamente, pelo aumento de focos.

Talvez a forma mais correta de auferir a incidência de incêndios e a eficiência das políticas públicas preventivas seria comparar com os demais municípios no mesmo período.

Axel Grael
Secretário
Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão - SEPLAG
Prefeitura de Niterói






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Sinais de fogo. No Morro do Pico, em Jurujuba, fumaça expõe, no último dia 14, focos de incêndio em área verde Foto: Bruno Kaiuca / Agência O Globo


Focos de incêndio em Niterói mais do que dobram em agosto em relação ao mesmo período de 2018

Relatório dos Bombeiros aponta que nos primeiros 15 dias deste mês houve 16 registros em áreas de vegetação, nove a mais do que no ano passado

Lívia Neder

NITERÓI — As ocorrências de focos de incêndio em áreas de vegetação em Niterói aumentaram este mês. O Corpo de Bombeiros foi acionado para 16 ocorrências entre os dias 1º e 15, mais do que o dobro das sete anotadas no mesmo período de 2018.

Realizando um trabalho de combate a incêndios criminosos e queimadas urbanas desde 2010, o ambientalista Cássio Garcez, membro do conselho consultivo do Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset) e responsável pelo grupo Ecoando, Ecologia e Caminhadas, diz ter percebido o recente aumento de queimadas nas matas niteroienses . Ele associa os episódios à falta de consciência ambiental e aponta o ateamento de fogo em capim e lixo como as principais causas.

— Fizemos uma reunião com o Axel Grael em 2011, quando era vice-prefeito, e ele se sensibilizou tanto com a questão que criou um programa de combate a queimadas. Desde então, até o ano passado, notei que os incêndios em vegetação estavam começando a diminuir com esse trabalho de formiguinha, com campanhas do Peset e da prefeitura, mas este ano a situação está diferente — afirma Garcez. — Apesar de estarmos em época de estiagem, não acredito que esse aumento tenha a ver com a seca porque tem chovido bastante. Acho mais uma questão social e cultural. A queimada de capim colonial e de lixo sempre existiu, mas quando há um discurso do governo federal que miniminiza a questão ambiental, as pessoas se sentem autorizadas a ultrapassar barreiras.

No último dia 14, havia sinais de fumaça no Morro do Pico, em Jurujuba. Na mesma ocasião, a equipe do GLOBO-Niterói percebeu uma área que havia sido queimada no Morro da Viração, antes do Preventório, em Charitas.

A percepção do ambientalista de que as queimadas estavam diminuindo é confirmada por números. O mesmo anuário do Corpo de Bombeiros que mostra a alta este mês revela que os casos de incêndio caíram 28% em 2018 (859 registros) na comparação com o ano anterior (1.212).

Comandante do 3° GBM, do Centro, o tenente-coronel Fábio Dutra lembra que os incêndios em vegetação ocorrem, com maior incidência, em períodos de seca, o que é mais comum entre os meses de maio e outubro, mas a corporação destaca que não investiga as causas.

— A população pode ajudar a prevenir o fogo em mata ao evitar acender fogueiras, queimar lixo no quintal, soltar balões, jogar pontas de cigarro em qualquer ambiente, principalmente, nas estradas próximas à vegetação — lista o comandante.

A Defesa Civil de Niterói destaca que o programa Niterói Contra Queimadas realiza o monitoramento meteorológico voltado para ameaças de fogo e tem um plano de contingência que prevê a ação integrada com Secretaria municipal de Meio Ambiente, Guarda Ambiental, Clin, Corpo de Bombeiros e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea). O órgão também atribui o aumento das focos de incêndio ao período de estiagem.

Moradora de Santa Rosa, a atriz Ana Lobianco relata que flagrou um incêndio no Morro Souza Soares, no dia 2:

— Ao ligar para os Bombeiros, ouvi que não podiam fazer nada pois tratava-se de área de risco.

Em nota, o Corpo de Bombeiros diz que não há registros de acionamento da corporação nessa ocasião.

Procurados, o Batalhão Florestal da Polícia Militar e a Polícia Civil, que investiga incêndios criminosos, não retornaram.


Fonte: O Globo Niterói









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