Um incêndio iniciado no fim da tarde da última quinta-feira, (05-07), possivelmente de origem criminosa (fazer queimada é crime!), afetou parte da área em reflorestamento na encosta do Morro da Boa Vista, no Centro de Niterói.
A área recebe o principal investimento em reflorestamento na cidade, plantios que se intensificaram a partir de 2017, com atuação de equipes da Companhia de Limpeza Urbana de Niterói - Clin e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade (SMARHS), que tem direcionado para o Morro da Boa Vista uma boa parte da compensações ambientais resultantes dos procedimentos de licenciamento e fiscalização ambiental. A área plantada já passa dos 10 hectares e a meta é que, até 2020, toda a área de 22,5 hectares já esteja completamente recuperada.
O engenheiro florestal Luiz Vicente Peres, da Clin, que coordena as atividades de reflorestamento mantidos pelo órgão, esteve no local e me passou as seguintes informações:
"Estou repassando alguns registros dos danos ocasionados pelo fogo na vertente norte, próximo a nascente. O fogo não chegou provocar a morte das árvores. A maior parte do material combustível foi de resíduo de capim ( Sapé, colonião e agulha ) e folhagens".
O trabalho de proteção e recuperação de áreas verdes realizado por Niterói tem chamado a atenção no Brasil e no exterior, como foi o caso da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), que publicou "Forests and Sustainable Cities: inspiring stories from around the world". O livro apresenta cidades que se destacam no mundo no que se refere a florestas urbanas e sustentabilidade urbana e apenas duas cidades da América Latina foram citadas: Niterói e Lima (Peru). No texto que escrevi a convite da FAO, o trabalho realizado no Morro da Boa Vista é destaque e ilustra o capítulo niteroiense da publicação.
A experiência de Niterói também teve repercussão internacional no evento Foro Latino-americano e do Caribe sobre Silvicultura Urbana, Arboricultura e Paisagismo para Bosques Urbanos e Espaços Verdes, realizado em junho de 2017, em Lima, Peru, promovido pela FAO e CAF. Na ocasião, mostramos a experiência de Niterói, que mesmo em um contexto metropolitano complexo, como temos no Rio de Janeiro, passou a contar com mais da metade do seu território coberto por áreas protegidas, conforme as categorias definidas na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC (Lei Federal 9.085/2000). Isso foi possível a partir do Decreto 11.744/2014, assinado pelo prefeito Rodrigo Neves, criando o Programa Niterói Mais Verde.
Incêndio
Veja, a seguir, alguns registros fotográficos dos danos causados pelo fogo:
Incêndio em vegetação no Morro da Boa Vista, 05/07/2018. |
O combate ao incêndio reuniu equipes da CLIN, da Defesa Civil de Niterói e Corpo de Bombeiros. |
No dia seguinte, foi realizada uma vistoria nas áreas queimadas para avaliação dos danos e para ter certeza que o fogo estava debelado. Veja, a seguir, as fotos encaminhadas pelo engenheiro florestal Luiz Vicente Peres.
Funcionário da Clin diante de vegetação herbácea queimada, mas com pouco dano para a vegetação arbustiva. |
Nascente que havia sido protegida teve a vegetação protetora destruída. |
Incêndio afetou algumas áreas de maior declividade, onde o plantio é mais difícil e ainda mais necessário, para justamente proteger a comunidade dos riscos de deslizamento. |
Mudas afetadas mas que sobreviveram aparentemente em boas condições e que deverão resistir aos danos do fogo. |
Área de plantio afetada. |
Aceiro: área mantida limpa no entorno dos plantios para prevenir o alastramento do fogo até as mudas. Os aceiros salvaram as principais áreas já plantadas. |
As duas fotos abaixo mostram que o incêndio pode ter sido criminoso. Foram verificadas pequenas áreas queimadas, isoladas das principais manchas de incêndio. Por sorte, o fogo não se alastrou e conteve-se no local.
Reflorestamento realizado pela Prefeitura de Niterói no Morro da Boa Vista
As fotos abaixo foram obtidas da página "Viveiro de Mudas", no Facebook, que registra a experiência do Viveiro da Clin, que produz as mudas para atender as demandas de reflorestamento da cidade. Outros dois viveiros da Prefeitura também atendem as demandas das áreas de plantio: Horto do Fonseca e Horto de Itaipu.
As fotos, permitem verificar o avanço dos trabalhos e quanto esforço e investimento foram ameaçados pelo fogo.
Imagem da mesma encosta em 2017, já com reflorestamento sendo implantado. |
Nas fotos acima, equipe utiliza equipamento para escavação mecânica de covas para o plantio das mudas. |
A vista privilegiada para a Baía de Guanabara e diversos bairro de Niterói mostra que o morro faz jus ao nome: Morro da Boa Vista. |
Área com as mudas já plantadas. |
Área preparada, com material vegetal disposto em leiras que acompanham as curvas de nível, de forma a evitar a erosão. |
Nas três fotos acima, a operação de calagem, que é a aplicação de calcário para a correção da acidez do solo. |
Área de plantio com as leiras. |
Prevenção às queimadas
Niterói também tem se destacado pelo esforço de prevenção e combate aos incêndios, através do programa Niterói Contra Queimadas. O programa é conduzido pela Defesa Civil de Niterói e também pela SMARHS.
Uma das iniciativas é a formação de um contingente de voluntários que contribuem com a Prefeitura nas ações preventivas e educacionais.
Uma turma com 72 novos voluntários acaba de ser formada pela Defesa Civil de Niterói.
Nova turma de voluntários do programa Niterói Contra Queimadas. |
Registramos aqui o nosso agradecimento e o reconhecimento pelo trabalho duro e perseverante realizado pelas equipes da Prefeitura de Niterói e pelas empresas contratadas para a implantação dos plantios compensatórios, pela qualidade do trabalho e pelos benefícios que as áreas reflorestadas proporcionam à cidade de Niterói.
Vamos em frente fazendo de Niterói uma cidade cada vez mais verde e sustentável.
Axel Grael
Engenheiro Florestal
Secretário Executivo
Prefeitura de Niterói
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