O vice-prefeito Axel Grael abriu o segundo dia do Seminário Meio Ambiente e Sustentabilidade Júlio Silva |
Realizações para recuperação da Baía e soluções para o lixo sólido são apresentadas no Seminário Meio Ambiente e Sustentabilidade
As ações de preservação do meio ambiente na região foram destaque no segundo dia do Seminário Meio Ambiente e Sustentabilidade, promovido pelo Grupo Fluminense Multimídia, que aconteceu nesta terça-feira (10), no auditório da Universidade Candido Mendes (UCAM), no Centro de Niterói. Com a presença de autoridades municipais, estaduais e lideranças de diversas entidades, o encontro abordou temas como a prevenção de crimes ambientais e a gestão do lixo.
O vice-prefeito de Niterói, Axel Grael, fez a abertura do evento destacando as ações da atual gestão pública do município voltadas à preservação do meio ambiente. De acordo com ele, o tema ambiental deixou de ser periférico e hoje se tornou presente em todas as pastas da prefeitura de Niterói. Por essa razão, segundo Axel, o município avançou em questões como transporte, utilização de bicicletas, contenção de encostas e gestão do lixo.
Axel também foi o primeiro palestrante do dia, falando sobre o Instituto Rumo Náutico/Projeto Grael, do qual é um dos fundadores. Desde 1998, a entidade oferece para estudantes da rede pública oportunidade educacional e de socialização através da iniciação à prática de esportes como a vela, remo, canoagem e educação ambiental. O instituto também atua com educação complementar disponibilizando cursos profissionalizantes e de formação para marinheiro auxiliar de convés.
“A intenção não era ensinar a ser campeão no esporte, até porque a gente poderia deixar muitos desses jovens frustrados, mas, sim, mostrar que existe outra forma de ser campeão, que é vencer na vida”, explicou Axel.
Além dos programas náuticos e profissionalizantes, Axel falou ainda sobre as ações ambientais do instituto como o “Projeto Águas Limpas”, que trabalha na coleta e o monitoramento do lixo flutuante da Enseada de Icaraí e de Jurujuba e o “Projeto Baía de Guanabara”, que ajuda pesquisadores a estudarem o ecossistema.
“O Projeto Baía de Guanabara, por exemplo, representa um avanço tecnológico específico para o monitoramento ambiental, permitindo o conhecimento das correntes marítimas, contribuindo, entre outras coisas, para coleta de resíduos flutuantes de forma mais inteligente e precisa, evitando desperdiçar recursos e tempo”, ressaltou o vice-prefeito.
Axel também destacou o projeto “Enseada Limpa”, que foi implantado pela Prefeitura de Niterói, e atua com obras de melhoria da infraestrutura na Enseada de Jurujuba, que no passado era sistematicamente considerada imprópria para banho.
“Foram investidos R$ 20 milhões para resolver as línguas de esgoto na enseada. No entanto, os últimos estudos do Inea mostraram períodos onde algumas praias tiveram até 43% de balneabilidade. Nesse ritmo, a Enseada de Jurujuba pode se tornar a primeira parte a ser considerada despoluída da Baía de Guanabara”, apontou Axel Grael.
Os crimes ambientais da região foram a segunda pauta do dia na palestra do coronel André Luiz Vidal, do Comando de Polícia Ambiental do Rio de Janeiro. Ele explicou que o comando é um projeto pioneiro da Polícia Militar que atua através de postos distribuídos pelo Estado, as chamadas Unidade de Policiamento Ambiental (UPAm).
“Os crimes mais recorrentes no Leste Fluminense são a pesca ilegal, principalmente nas lagoas em período de defeso, e o crime de fauna, que é a captura e venda de animais principalmente pássaros. Em São Gonçalo temos também muita soltura de balões. Já o desmatamento é praticamente zero, pois o maior parte da floresta da região é na Serra da Tiririca, onde fica nossa unidade, portanto tem um policiamento constante para impedir que isso aconteça”, explicou Vidal.
Segundo ele, em 2014 quase 14 quilômetros de redes para pesca imprópria foram apreendidas, que causariam uma imensa destruição na fauna das lagoas e mares do Estado. Além das redes, o programa também apreendeu diversas armas e mais de 500 balões. De acordo com o coronel, alguns crimes ambientais, como a venda de animais, acontecem no Estado desde a década de 1960 e a maioria dos criminosos são reincidentes e não permanecem presos por falta de uma legislação específica.
A 6ª UPAm, unidade que cuida da área do Parque Estadual da Serra da Tiririca, segundo André Luiz, ainda precisa deslocar parte do seu efetivo para cuidar de crimes ambientais em outros municípios. Uma realidade que segundo ele pode mudar com a implantação de uma nova unidade em Cabo Frio.
“Ali é nossa área de atuação e excepcionalmente a gente sai. Os efetivos, que hoje são um número bastante reduzido, que tem que cobrir desde Niterói até praticamente Cabo Frio. Mas com a criação dessa nova UPAm, eles vão ficar concentrados basicamente em Niterói, São Gonçalo e Maricá”, revelou o coronel.
Reciclagem - A segunda parte do Seminário Meio Ambiente e Sustentabilidade contou nesta terça-feira com a presença da assessora técnica da Companhia de Limpeza de Niterói (Clin), Valéria Vianna, falando sobre “Lixo que dá lucro”. Ela mostrou o trabalho realizado pela empresa e destacou a adesão do município à coleta seletiva.
“O material da coleta seletiva não pode ser descartado com lixo comum, tem que ser separado, e os que não participam poderão ser multados no futuro de acordo com o decreto de lei municipal. Seja residência, empresa ou órgão público”, explicou a engenheira.
Por mês, segundo Vianna, são doados 250 toneladas de resíduos sólidos aos catadores, uma atitude fundamental que, segundo ela, ajuda a manter ações como Cooperativa do Morro do Céu, no bairro Caramujo. Os resíduos doados se transformam em renda para dezenas de catadores organizados.
“Para a empresa, o lucro com a coleta seletiva não acontece em forma de dinheiro, no entanto, os catadores cumprem com excelência um trabalho que precisaria de vários garis para ser realizado. Sem dúvidas, eles são agentes ambientais que contribuem para limpeza e preservação do meio ambiente”, afirmou Valéria.
Manguezal - A gestão participativa e comunitária aliada à preservação ambiental realizada pela ONG Guardiões do Mar foi apresentada pelo presidente da organização, Pedro Belga. O projeto já atendeu mais 63 mil pessoas e qualificou mais de 5 mil professores.
“Temos uma área de atuação muito grande, mas em Niterói e no Leste da Baía de Guanabara nosso trabalho mais importante é justamente o reflorestamento do manguezal, porque ele vai contribuir para a volta da biodiversidade da Baía de Guanabara”, explicou Belga.
Fundada em 1998, a ONG Guardiões do Mar é uma instituição sem fins lucrativos, localizada em São Gonçalo. Através do projeto Caranguejo Uçá, a organização trabalha a educação ambiental corretiva nas escolas de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Magé e Guapimirim, através de um jogo lúdico mostrando a jovens e crianças a realidade da Baía de Guanabara.
“A gente pode dizer que vida na Praia de Boa Viagem está desaparecendo por causa do lixo e catadores de mexilhão que desequilibram todo ecossistema. Apesar disso, precisamos lembrar que a Baía de Guanabara não é um terreno baldio, e ainda está cheia de vida. O poder de destruir ou construir só depende de nós”, afirmou Belga.
Cozinha - As possibilidades para a realização de uma gastronomia consciente e sustentável foi tema da última palestra do evento, realizada por Igor Fernández, professor da Escola de Gastronomia da UCAM. Ele falou sobre a possibilidade de se reduzir, reutilizar e reciclar os alimentos.
“Temos hoje uma média hoje de 18 toneladas de lixo orgânico produzidas diariamente no Rio de Janeiro. Um lixo que por lei deve ser inutilizado, mas algumas iniciativas já conseguem dar um destino a esse alimento como produto para fertilização de solos ou distribuição adequada para consumo. Vale lembrar que o consumo de alimentos orgânicos, que respeitam a época de cada alimento, também ajudam a diminuir a exploração inadequada do solo. Aconselho que todos tentem inserir esse tipo de atitude no dia a dia”, finalizou o professor.
Também estiveram no evento o jornalista Alexandre Torres, a superintendente do Grupo Fluminense Multimídia, Cátia Gomes, e o diretor da UCAM Niterói, Edson Xavier.
O seminário foi realizado pelo Grupo Fluminense Multimídia, com apoio institucional da Universidade Candido Mendes; patrocínio do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj), copatrocínio da Prefeitura de Niterói e apoio da Concessionária Águas de Niterói.
Fonte: O Fluminense
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