Das cinco modalidades com mais medalhas olímpicas no Brasil, as duas perderam força nos últimos Jogos e preocupam o COB
A meta do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para os Jogos do Rio de Janeiro é ambiciosa: 30 medalhas para chegar ao top 10 dos países com mais pódios. Alcançar o feito exige desempenho impecável do país em modalidades nas quais o Hino Nacional não é novidade. Há um porém: alguns dos esportes que mais acumulam títulos olímpicos ao longo da história passam por maus bocados e podem decepcionar na hora do show.
Judô, vôlei (quadra e praia), natação, vela e atletismo detêm 76% das medalhas olímpicas brasileiras — juntos, somam 83, em um total de 108 pódios do país na história. Os três primeiros demonstram plenas condições de contribuir com a meta do COB. Já os demais titubeiam. O caso mais crítico é o do atletismo. O histórico de recordes e títulos protagonizados por nomes como Adhemar Ferreira da Silva (1952 e 1956), Joaquim Cruz (1984) e Maurren Maggi (2008) foi minando até resultar no vácuo de 2012, quando o Brasil saiu sem nenhuma medalha de Londres. A pior campanha em 20 anos.
Para o superintendente de Alto Rendimento da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), Antonio Carlos Gomes, o péssimo resultado foi culpa do momento de transição vivido pela modalidade. “Ficou uma lacuna no processo de formação de novos atletas durante um grande período no atletismo. O Brasil passa por esse período, assim como já passou em outras oportunidades”, lamenta. Ele destaca que o objetivo agora é resgatar a condição de modalidade com potencial para a revelação de medalhistas.
Em um tom menos preocupado, o bicampeão olímpico e atual diretor técnico da Confederação Brasileira de Vela (CBVela), Torben Grael, confessa que nem toda modalidade consegue repetir bons resultados consecutivamente. “É normal. É uma questão de oportunidade, e, às vezes, as condições não estão favoráveis”, defende. O esporte, que desde 1996 volta para casa com pelo menos duas conquistas — tendo o auge em 1996 com dois ouros e um bronze —, surpreendeu ao sair de Londres com apenas um bronze, de Robert Scheidt e Bruno Prada.
Se as condições geográficas são determinantes para os atletas da vela, a expectativa é de que a competição no Rio contribua para o retorno do time nacional ao ponto mais alto do pódio, o que não ocorre há 10 anos, quando Torben conquistou o bicampeonato ao lado de Marcelo Ferreira em Atenas. “A gente só trabalha com a perspectiva de medalhas. Vamos nos manter entre os melhores do mundo”, assegura Torben Grael.
Uma modalidade que já viveu momentos críticos após grandes títulos nas Olimpíadas é a natação. Depois do feito inédito de três medalhas em 1996 com Gustavo Borges e Fernando Scherer, o esporte ficou somente com o bronze por equipes em 2000 e passou batido por Atenas, em 2004, sem nenhum pódio. Os dois principais atletas se aposentaram em 2007. Novos nomes surgiram no ano seguinte em Pequim, colocando o Brasil de volta no topo: Cesar Cielo conquistou ouro e bronze em 2008 e seguiu com o bronze em 2012, ao lado de Thiago Pereira, que terminou com a prata.
COB confia no planejamento
“É uma meta muito audaciosa”, reconhece o diretor executivo de Esportes do COB, Marcus Vinicius Freire, ao falar sobre o objetivo de conquistar 30 medalhas em 2016. O número também tem causado desconforto entre as confederações que lutam para não decepcionar. “Essa meta de chegar ao top 10… Não sei. Temo que isso possa frustrar o brasileiro”, afirma o vice-presidente da CBV, Neuri Barbieri.
A desconfiança é matemática: para chegar às 30 medalhas, o país precisa praticamente dobrar o número de conquistas da última edição, em Londres, quando conseguiu 17 pódios e chegou ao 15º lugar. Ainda assim, o COB acredita que o objetivo pode ser alcançado com o planejamento estratégico feito para apoiar as modalidades vitais. A confiança recai sobre o judô e o vôlei, esportes com mais pódios olímpicos na história.
Fonte: Super Esportes
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