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Renato Onofre
Prefeitura lança portal em que cidadão discutirá investimentos para os próximos 20 anos
NITERÓI — Que cidade os niteroienses querem para os próximos 20 anos? Onde serão investidos os recursos arrecadados dos impostos? Qual deve ser o modelo de transporte, saúde e educação? Pela primeira vez, a discussão sobre o futuro sai do campo político e insere a população no debate. Anunciado, em princípio, para agosto, o portal Niterói que Queremos (www.niteroiquequeremos.com.br) será lançado terça-feira pela prefeitura, com o objetivo de ouvir da sociedade opiniões sobre as políticas públicas que deverão ser implementadas nas próximas duas décadas.
Os desafios da cidade não são poucos. Um levantamento realizado pela empresa Macroplan em cooperação com o Movimento Brasil Competitivo (MBC), que serviu de base para a elaboração dos questionários que serão respondidos pela sociedade, mostra que o município tem muito o que discutir. Segundo o estudo, hoje os principais problemas de Niterói estão relacionados à alta densidade urbana, ao elevado número de comunidades carentes, à baixa qualidade do sistema de educação e aos setores de saúde pública, mobilidade urbana e segurança.
O estudo mostrou ainda que duas percepções consolidadas no imaginário da cidade nos últimos anos — que há uma densa população de jovens e que o município é rico — não correspondem à realidade. Segundo o levantamento, um dos problemas de Niterói é o baixo PIB per capita (o que há de fato é a concentração de renda na mão dos niteroienses) e o alto índice de idosos, acima da média brasileira.
— As manifestações de junho mostraram que a pauta pública estava distante das vozes das ruas. Ouvimos esse recado e, com esse programa, vamos discutir com a sociedade a Niterói que queremos — afirmou o prefeito Rodrigo Neves (PT).
Além do portal Niterói que Queremos, haverá seis congressos no primeiro semestre, em que serão discutidas as prioridades de cada região. Datas e endereços ainda serão divulgados. Com as informações coletadas, serão traçadas estratégias para garantir o atendimento das principais reivindicações. Equipes do governo municipal e da Macroplan vão elaborar o chamado Plano Estratégico para a Cidade de Niterói — Horizonte 2033. O documento deverá ter projetos e metas para curto (2016), médio (2020) e longo prazos (2033).
Um grupo de 40 notáveis de diferentes segmentos da cidade (cultural e empresarial, entre outros) foi entrevistado e avaliou qual é o cenário atual de Niterói. Além dos problemas apontados no estudo, os entrevistados declararam que é necessário um novo modelo de gestão pública e uma maior integração do município com a Região Metropolitana.
— Niterói só vai aproveitar seu potencial se superar os imensos déficits e gargalos em serviços públicos essenciais. A população está sendo chamada para discutir isso. Nosso objetivo é criar um planejamento duradouro que ultrapasse as metas individuais de cada gestão. Há problemas que não se resolvem em quatro anos de governo — explica a secretária municipal de Planejamento, Modernização da Gestão e Controle, Patrícia Audi.
Desigualdade explícita entre regiões
O estudo, que serviu de base para a pesquisa, reafirmou que a região das praias da baía (Icaraí, Ingá, São Francisco e Charitas) têm os melhores indicadores em educação, renda e saneamento básico. Do outro lado da balança estão os bairros de Baldeador, Santa Barbara, Caramujo, Viçoso Jardim, Rio do Ouro, Várzea das Moças e Maria Paula.
Niterói também ganhará uma carteira independente de projetos (deverão ser aproximadamente dez) para colocar em prática até 2016. Entre as metas consideradas prioritárias está a obtenção de melhores posições no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) — a cidade está em 69º lugar entre os cem maiores municípios do Brasil — e no Índice de Desempenho do Sistema Único de Saúde (IdSUS), no qual aparece como a quarta pior.
Fonte: O Globo Niterói
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