quarta-feira, 20 de novembro de 2013

"Chega de construir novas rodovias, pontes e viadutos", defende diretor da ONU-Habitat

 
Nos dias 14 e 15 de agosto de 2013, a Universidade Federal Fluminense, em parceria com a Petrobras e com o Escritório Regional para América Latina e Caribe do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), realizou o seminário nacional “Monitoramento dos Indicadores Socioeconômicos dos Municípios do Entorno do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro – Comperj”.

O objetivo do seminário foi apresentar os indicadores do milênio monitorados entre os anos 2000 e 2011, durante a segunda etapa de uma pesquisa pioneira realizada nos 11 municípios do entorno do Comperj. Os indicadores servirão de referência para o poder público na elaboração de políticas públicas que permitam a inserção da região em um processo de desenvolvimento sustentável.

Eu fiz parte da Mesa de Abertura do Seminário, onde estiveram também o reitor da UFF, Roberto Salles, o diretor do escritório regional para América Latina do ONU-Habitat, Elkin Velaskez e Álvaro Adolfo, secretário de Trabalho e Renda de Itaboraí e representante do ComLeste.

Axel Grael


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"Chega de construir novas rodovias, pontes e viadutos", defende diretor da ONU-Habitat

 

Na foto, Axel Grael (vice-prefeito de Niterói), Elkin Velazkez (ONU-Habitat), Roberto Salles (reitor da UFF) e Álvaro Adolfo (ComLeste). Velaskez (com o microfone) defendeu cidades sustentáveis compactas, conectadas, integradas e inclusivas
Foto: Gabriel Oliveira/UFF

Quando o assunto são os investimentos do poder público para melhorar a mobilidade urbana das cidades, as medidas adotadas costumam ser as mesmas: novas rodovias, pontes e viadutos. Mas será que essas são as reais necessidades dos centros urbanos para resolver o problema? Na opinião do diretor do escritório regional para América Latina do ONU-Habitat, Elkin Velaskez, a resposta é não. Para ele, a solução passa menos pelas mãos e mentes dos engenheiros de transportes e mais pelos planejadores.

Velaskez defendeu o conceito de cidades sustentáveis compactas, conectadas, integradas e inclusivas como saída para o problema da mobilidade urbana, ao participar na terça-feira, 19 de novembro, do Exame Fórum Sustentabilidade, realizado em São Paulo.

"Nos últimos 50 anos, nós desenvolvemos as cidades de maneira estendida e parcelada, com áreas comerciais, industriais, tudo separado, mas conectado por rodovias, o que exige deslocamentos mais longos. Isso não é sustentável nem do ponto de vista econômico, nem social, nem ambiental", afirmou o especialista da ONU.
"Uma cidade não é igualitária quando constrói ruas para serem ocupadas 80% por único modal".

Segundo ele, é preciso encontrar um modelo de expansão sustentável. "Vamos fazer cidades mais compactas. Compactas, mas organizadas. Compactas, mas planificadas", explicou. De acordo com Velaskez, trata-se de regiões onde viagens diárias sejam curtas, com foco no desenvolvimento de áreas adjacentes às cidades existentes. Uma cidade que concilia densidade e capacidade de trânsito, além de se debruçar sobre um Plano Diretor e áreas TOD (Desenvolvimento Orientado para o Trânsito).

Cidade inclusiva e integrada

A criação de densas redes de ruas e trajetos são outra caraterística importante. "Em geral, as cidades carecem de ruas bem conectadas que facilitem o fluxo de veículos e de outros meios de transportes", ressaltou. Na América Latina, onde os bairros se desenvolveram de forma informal, há uma grande oportunidade para essa mudança.
"A cidade inclusiva implica pensar na maioria e como desenhar a cidade para priorizar a maioria, de forma a melhorar a qualidade do espaço público"

A cidade integrada, acrescentou o diretor da ONU, estimula o uso misto dos bairros, o equilíbrio entre moradias e serviços, com provisão de uma variedade de parques e espaços ao ar livre. "Aqui o que funciona é a economia local, distribuída em diferentes bairros, para que os moradores possam encontrar o que querem sem depender muito do transporte público", sublinhou.

Cidade inclusivas devem ainda desenvolver bairros que estimulem a caminhada. Encurtar cruzamentos e enfatizar a segurança e conveniência da caminhada. "Uma cidade não é igualitária quando constrói ruas para serem ocupadas 80% por único modal", criticou Velásquez.

Fonte: Ecodesenvolvimento


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