Chegando ao local é impossível não se surpreender com a vista. Foto: Lucas Benevides |
Ulisses Dávila
A história contada através do maior complexo contínuo de fortes do Brasil em um roteiro inesquecível. Os fortes eram usados como proteções das povoações e territórios
No passado, as fortificações eram usadas como proteções das povoações e territórios. Uma vez que a baía de Guanabara possui um acesso restrito, as construções serviam para barrar a chegada dos navios. Felizmente, os períodos de guerras e invasões por disputa de territórios ficaram no passado, e os fortes, que nos serviram como proteção, são hoje um dos melhores passeios turísticos de Niterói. Uma viagem no tempo, pela história do país, com cenários de tirar o fôlego.
Rubens Branquinho, diretor de turismo da Neltur (Niterói Empresa de Lazer e Turismo) afirma que os fortes são fundamentais para o turismo histórico e de lazer do município, e estão diretamente relacionados com a história do país. Ele revela, ainda, que, através de um protocolo de intenções assinado com o Ministério do Turismo, está previsto um orçamento de aproximadamente R$ 2 milhões destinados a melhorias no acesso à Fortaleza de Santa Cruz.
De acordo com a Neltur, em um levantamento feito com visitantes nos principais atrativos da cidade, as fortificações ficaram entre os principais passeios do município no gosto popular, atrás apenas do Museu de Arte Contemporânea (MAC).
“Estou gostando muito desse passeio. Minha filha mora aqui na cidade e me trouxe para conhecer os fortes. Indico para todo mundo”, conta Ercília Piracicaba, que veio de São Paulo conhecer os fortes.
“Gostamos bastante. É uma oportunidade de saber um pouco da nossa história”, diz o geógrafo Silvio Oliveira, enquanto passeava pela Fortaleza de Santa Cruz.
“Estou impressionado com a preservação e com a riqueza histórica desse lugar, e de como isso tudo ainda é desconhecido”, conta Marcelo Monteiro, jornalista do Rio Grande do Sul, durante o passeio.
O roteiro leva os visitantes por um passeio impressionante, guiados por jovens do Exército, o que oferece uma visão peculiar sobre o lugar, e nos transporta à outra época através de imponentes estruturas idealizadas pelos portugueses, para garantir o território brasileiro livre das invasões dos europeus. As fortificações fluem pela história do Brasil, pela evolução dos armamentos e a necessidade de ampliação dessas estruturas em uma época que só conhecemos pelos livros ou pelo cinema.
Todo trajeto é repleto de elementos da cultura portuguesa e das tradições militares. No imaginário da maioria das pessoas, eles estavam constantemente em batalhas heroicas contra piratas e corsários, mas na verdade o principal papel dessas construções era o de inibir tentativas de ataques e invasões, em uma época em que os viajantes chegavam ao Brasil em navios.
“Formar esses guias faz parte dessa ciência que é ser soldado, é um privilégio ensinar essa história essencial, não só para o Exército, mas para a identidade nacional e para o orgulho de ser brasileiro”, afirma o subtenente Henri Torres, responsável pela formação dos guias que acompanham os turistas pelo complexo de fortes.
Fortaleza de Santa Cruz
Corredores com canhões apontados para o mar, em posições estratégicas, celas, uma igreja com uma escultura barroca de madeira maciça de Santa Bárbara e histórias da tradição oral que se confundem entre lendas e realidades fazem do passeio à Fortaleza de Santa Cruz uma verdadeira imersão em um passado de lutas, devoção e conquistas.
Trata-se de um sítio histórico da maior importância no País, que abriga 52 peças de artilharia, sendo 45 canhões de origem norte-americana, francesa e inglesa. Com uma visão privilegiada das cidades do Rio de Janeiro e Niterói, é um dos melhores locais para contemplar as belezas naturais desses municípios.
Após a expulsão dos franceses do Rio de Janeiro em 1567, durante o período em que o Brasil foi colônia de Portugal, recebeu o nome de Bateria de Nossa Senhora da Guia, e só depois em 1612 é que foi chamada de Fortaleza de Santa Cruz da Barra, como é conhecida até hoje. Devido a sua excelente posição e demonstração de importância em batalhas, a fortificação foi sendo constantemente ampliada, por isso, uma vez dentro da fortaleza, é possível transitar em construções de diferentes séculos.
Em 1612, considerada como a chave de defesa da cidade, e com o aumento da importância econômica da colônia para Portugal, passou a merecer cada vez mais atenção de engenheiros e militares a ponto de, no final do século XVII ser a mais importante do Brasil. Em 1939 a Fortaleza de Santa Cruz foi tombada como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Aberta para visitação de terça a domingo, das 10h às 17 horas, conta com uma loja de souvenirs e lanchonete. A entrada custa R$ 6 para adultos e R$ 3 para idosos e estudantes. Crianças até 6 anos não pagam.
Forte Barão do Rio Branco
Em conjunto com a Fortaleza de São João, na Urca, a Fortaleza de Santa Cruz funcionava como um portal de restrição de entrada de embarcações. Posteriormente, foi erguido o Forte Barão do Rio Branco para proteger a retaguarda da Fortaleza. Considerada uma defesa complementar, passou por modificações de grande porte. E foi uma das poucas fortificações a serem constantemente modernizadas e mantida em plena atividade até o século XX.
Na verdade, tratava-se de um observatório que foi criado em 1555, sendo, depois, armado e transformado em bateria. A construção teria recebido o nome “Forte do Rio Branco” em 1938 apenas como uma homenagem, já que não exercia uma real função defensiva.
Apesar de não estar aberto a visitação, um dos passeios mais interessantes pelas fortificações de Niterói, que leva os visitantes para o Forte São Luís e Pico, em vans, tem saída do Rio Branco, nos fins de semana, entre 9h e 17h30. O passeio é guiado e custa R$ 10 (meia entrada R$ 5). É aconselhável levar lanche e água.
Forte São Luís e Pico
Um passeio fascinante por ruínas e paisagens, em um conjunto arquitetônico do século XVIII que cria um cenário equivalente aos grandes roteiros turísticos internacionais, é o que proporciona uma visita ao Forte São Luís. Tanto o São Luís quando o Pico tem servido como locação para diversos trabalhos da televisão, que por sua vez ajudam na conservação desse verdadeiro tesouro histórico.
O conjunto arquitetônico do Forte de São Luís está a uma altura de 180 metros em relação ao nível do mar. O acesso às ruínas se dá por estradas sinuosas, partindo do Forte Barão do Rio Branco. A história do lugar remonta a 1567, quando também serviu como posto de observação da Bateria Nossa Senhora da Guia. Chegando ao local é impossível não se surpreender com a vista.
A reconstrução do forte data de 1775, sob a ordem do Marquês do Lavradio. Por lá ainda é possível encontrar um portal de grandes pedras talhadas, formando muralhas de aproximadamente 15 metros de altura. As ruínas das antigas hospedarias renderam ao local um apelido bem humorado de “Machu Picchu” brasileira.
Já o Forte do Pico representou uma inovação como forte de obuseiros - tipo de arma que dispara obuses (projéteis) – em função de combater navios mais modernos, rápidos e ágeis para a época. Rochas foram talhadas para construção de poços para esse armamento, que rapidamente tornou-se obsoleto em função da nova possibilidade de ataques aéreos.
A altitude do local possibilita uma vista única da baía de Guanabara e conta com um equipamento turístico para observação, estrategicamente instalado, e também, um museu com elementos utilizados pela Força Expedicionária. Existe ainda uma praça em homenagem ao poeta português Fernando Pessoa, com uma imensa cruz de malta e um mastro no centro, onde a bandeira nacional é erguida em datas comemorativas.
Rubens Branquinho, diretor de turismo da Neltur (Niterói Empresa de Lazer e Turismo) afirma que os fortes são fundamentais para o turismo histórico e de lazer do município, e estão diretamente relacionados com a história do país. Ele revela, ainda, que, através de um protocolo de intenções assinado com o Ministério do Turismo, está previsto um orçamento de aproximadamente R$ 2 milhões destinados a melhorias no acesso à Fortaleza de Santa Cruz.
De acordo com a Neltur, em um levantamento feito com visitantes nos principais atrativos da cidade, as fortificações ficaram entre os principais passeios do município no gosto popular, atrás apenas do Museu de Arte Contemporânea (MAC).
“Estou gostando muito desse passeio. Minha filha mora aqui na cidade e me trouxe para conhecer os fortes. Indico para todo mundo”, conta Ercília Piracicaba, que veio de São Paulo conhecer os fortes.
“Gostamos bastante. É uma oportunidade de saber um pouco da nossa história”, diz o geógrafo Silvio Oliveira, enquanto passeava pela Fortaleza de Santa Cruz.
“Estou impressionado com a preservação e com a riqueza histórica desse lugar, e de como isso tudo ainda é desconhecido”, conta Marcelo Monteiro, jornalista do Rio Grande do Sul, durante o passeio.
O roteiro leva os visitantes por um passeio impressionante, guiados por jovens do Exército, o que oferece uma visão peculiar sobre o lugar, e nos transporta à outra época através de imponentes estruturas idealizadas pelos portugueses, para garantir o território brasileiro livre das invasões dos europeus. As fortificações fluem pela história do Brasil, pela evolução dos armamentos e a necessidade de ampliação dessas estruturas em uma época que só conhecemos pelos livros ou pelo cinema.
Todo trajeto é repleto de elementos da cultura portuguesa e das tradições militares. No imaginário da maioria das pessoas, eles estavam constantemente em batalhas heroicas contra piratas e corsários, mas na verdade o principal papel dessas construções era o de inibir tentativas de ataques e invasões, em uma época em que os viajantes chegavam ao Brasil em navios.
“Formar esses guias faz parte dessa ciência que é ser soldado, é um privilégio ensinar essa história essencial, não só para o Exército, mas para a identidade nacional e para o orgulho de ser brasileiro”, afirma o subtenente Henri Torres, responsável pela formação dos guias que acompanham os turistas pelo complexo de fortes.
Dados da Neltur indicam que o passeio pelos fortes da cidade está atrás apenas das visitas ao MAC. Nesta foto, a Fortaleza de Santa Cruz, que é a mais conhecida. Foto: Lucas Benevides |
Fortaleza de Santa Cruz
Corredores com canhões apontados para o mar, em posições estratégicas, celas, uma igreja com uma escultura barroca de madeira maciça de Santa Bárbara e histórias da tradição oral que se confundem entre lendas e realidades fazem do passeio à Fortaleza de Santa Cruz uma verdadeira imersão em um passado de lutas, devoção e conquistas.
Trata-se de um sítio histórico da maior importância no País, que abriga 52 peças de artilharia, sendo 45 canhões de origem norte-americana, francesa e inglesa. Com uma visão privilegiada das cidades do Rio de Janeiro e Niterói, é um dos melhores locais para contemplar as belezas naturais desses municípios.
Após a expulsão dos franceses do Rio de Janeiro em 1567, durante o período em que o Brasil foi colônia de Portugal, recebeu o nome de Bateria de Nossa Senhora da Guia, e só depois em 1612 é que foi chamada de Fortaleza de Santa Cruz da Barra, como é conhecida até hoje. Devido a sua excelente posição e demonstração de importância em batalhas, a fortificação foi sendo constantemente ampliada, por isso, uma vez dentro da fortaleza, é possível transitar em construções de diferentes séculos.
Em 1612, considerada como a chave de defesa da cidade, e com o aumento da importância econômica da colônia para Portugal, passou a merecer cada vez mais atenção de engenheiros e militares a ponto de, no final do século XVII ser a mais importante do Brasil. Em 1939 a Fortaleza de Santa Cruz foi tombada como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Aberta para visitação de terça a domingo, das 10h às 17 horas, conta com uma loja de souvenirs e lanchonete. A entrada custa R$ 6 para adultos e R$ 3 para idosos e estudantes. Crianças até 6 anos não pagam.
Forte Barão do Rio Branco
Em conjunto com a Fortaleza de São João, na Urca, a Fortaleza de Santa Cruz funcionava como um portal de restrição de entrada de embarcações. Posteriormente, foi erguido o Forte Barão do Rio Branco para proteger a retaguarda da Fortaleza. Considerada uma defesa complementar, passou por modificações de grande porte. E foi uma das poucas fortificações a serem constantemente modernizadas e mantida em plena atividade até o século XX.
Na verdade, tratava-se de um observatório que foi criado em 1555, sendo, depois, armado e transformado em bateria. A construção teria recebido o nome “Forte do Rio Branco” em 1938 apenas como uma homenagem, já que não exercia uma real função defensiva.
Apesar de não estar aberto a visitação, um dos passeios mais interessantes pelas fortificações de Niterói, que leva os visitantes para o Forte São Luís e Pico, em vans, tem saída do Rio Branco, nos fins de semana, entre 9h e 17h30. O passeio é guiado e custa R$ 10 (meia entrada R$ 5). É aconselhável levar lanche e água.
Forte São Luís e Pico
Um passeio fascinante por ruínas e paisagens, em um conjunto arquitetônico do século XVIII que cria um cenário equivalente aos grandes roteiros turísticos internacionais, é o que proporciona uma visita ao Forte São Luís. Tanto o São Luís quando o Pico tem servido como locação para diversos trabalhos da televisão, que por sua vez ajudam na conservação desse verdadeiro tesouro histórico.
O conjunto arquitetônico do Forte de São Luís está a uma altura de 180 metros em relação ao nível do mar. O acesso às ruínas se dá por estradas sinuosas, partindo do Forte Barão do Rio Branco. A história do lugar remonta a 1567, quando também serviu como posto de observação da Bateria Nossa Senhora da Guia. Chegando ao local é impossível não se surpreender com a vista.
A reconstrução do forte data de 1775, sob a ordem do Marquês do Lavradio. Por lá ainda é possível encontrar um portal de grandes pedras talhadas, formando muralhas de aproximadamente 15 metros de altura. As ruínas das antigas hospedarias renderam ao local um apelido bem humorado de “Machu Picchu” brasileira.
Já o Forte do Pico representou uma inovação como forte de obuseiros - tipo de arma que dispara obuses (projéteis) – em função de combater navios mais modernos, rápidos e ágeis para a época. Rochas foram talhadas para construção de poços para esse armamento, que rapidamente tornou-se obsoleto em função da nova possibilidade de ataques aéreos.
A altitude do local possibilita uma vista única da baía de Guanabara e conta com um equipamento turístico para observação, estrategicamente instalado, e também, um museu com elementos utilizados pela Força Expedicionária. Existe ainda uma praça em homenagem ao poeta português Fernando Pessoa, com uma imensa cruz de malta e um mastro no centro, onde a bandeira nacional é erguida em datas comemorativas.
Fonte: O Fluminense
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