terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Matéria de hoje no jornal O Globo usa opinião de Torben Grael de forma indevida

DESABAFO DE IRMÃO

Uma matéria na edição impressa do jornal O Globo de hoje inclui de forma maliciosa declarações do meu irmão, o velejador Torben Grael, conforme explicamos, a seguir:

Em artigo assinado por Carla Rocha e Fábio Vasconcellos ("Marina: projeto para 1,5 mil vagas é abandonado", O Globo, 13/12/11, Rio, Pág. 13), os leitores do jornal são informados que o empresário Eike Batista desiste de um polêmico projeto para a Marina da Glória, considerado por ele mesmo como "uma vergonha" ("...nós queremos um projeto minimalista, e não algo como essa proposta, que é uma vergonha...").

Curiosamente, após registrar o "mea culpa" do próprio empresário, o artigo complementa: "O anúncio surpreendeu a todos..."

A partir deste ponto, o texto passa a apresentar opiniões do velejador Torben Grael ("Maior medalhista olímpico do país, o iatista Torben Grael lamentou o fato..."), dando a entender que Torben defende o projeto, que o seu próprio autor considera "uma vergonha".

O artigo prossegue, atribuindo a Torben a declaração: "... O Rio merecia ter uma marina de nível internacional". É claro que Torben sonha com isso, por frequentar tantas marinas mundo afora e verificar a importância que estas têm para o esporte, para o turismo náutico, para a economia e para a reabilitação urbana em muitas cidades que visitou. É natural que ele deseje o mesmo para o Rio.

"Ele afirmou que já tinha visto o anteprojeto e, em sua opinião, a garagem subterrânea parecia uma solução boa porque criava vagas - fundamentais em empreendimentos do gênero - sem causar impacto na paisagem". Ora, é óbvio que, sem saber da ênfase da matéria, Torben não estava entrando no mérito da legalidade, dos aspectos urbanísticos referentes à volumetria do projeto arquitetônico ou se o número de vagas era adequado ou não, mas afirmando corretamente que empreendimentos deste tipo devem prever vagas de estacionamento.

Ou alguém considera aceitáveis os problemas causados pela falta de planejamento de muitos equipamentos públicos da cidade? É o caso, por exemplo, da estação das Barcas em Charitas (Niterói), que não conta com vagas para automóveis suficientes e que, consequentemente, faz do bairro um enorme estacionamento? A mesma crítica aplica-se a uma eventual ampliação da Marina da Glória. Um empreendimento como este, sem logística de estacionamento, seria inconcebível em qualquer país que conte com uma legislação urbana razoável.

Na mesma matéria, Torben ainda confirma a sua opinião: "Toda marina moderna tem estacionamento subterrâneo. Uma na Espanha tem (conforme redação do texto). É a coisa mais lógica, porque você não perde o espaço de cima". Portanto, ao ser perguntado pela repórter, Torben não fazia uma defesa de 1.500 vagas ou qualquer outro número, mas responde a uma pergunta sobre a pertinência de uma marina ter estacionamento.

Também é curioso que a matéria publicada no site do jornal tenha suprimido a parte que se refere às respostas de Torben Grael (veja abaixo a transcrição do texto do site).

Enfim, que o Rio de Janeiro conquiste uma marina de nível internacional compatível com a sua vocação náutica - como sonha Torben Grael, mas que ela seja planejada em respeito às leis e, acima de tudo, com bom senso.

Axel Grael

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Leia, a seguir, o texto publicado no site do jornal, que omitiram as declarações de Torben que constaram no texto na versão do jornal impresso:




Eike desiste de atual projeto de ampliação da Marina da Glória





Proposta previa a criação de 1,5 mil vagas de estacionamento e construção de 15 metros

RIO - O empresário Eike Batista informou, nesta segunda-feira, em entrevista ao GLOBO, que desistiu do projeto de ampliação da Marina da Glória que previa a criação de 1,5 mil vagas de estacionamento e uma construção com até 15 metros de altura. Segundo ele, a decisão já tinha sido tomada há cerca de três meses mas, por falha de comunicação, não foi anunciado. Eike classificou como inviável o projeto atual cujo custo chegaria a R$ 550 milhões. Em reportagem publicada nesta segunda-feira, urbanistas e arquitetos criticaram a proposta que, inicialmente, seria iniciada em 2012, com conclusão em 2014.

— Só vou fazer ali o que a sociedade permitir. Jamais faria algo diferente. O projeto é um devaneio. Jamais construiria 1,5 mil vagas de estacionamento. Gosto demais da cidade e jamais faria isso numa área que é concessão pública. Pode anotar, este projeto já está na lata do lixo. Faço minha mea culpa. Decidimos não levar adiante este projeto há uns três meses, mas não divulgamos para a sociedade. Foi uma falha — afirmou Eike.

O empresário acrescentou que a EBX vai buscar outro projeto para a Marina da Glória que tenha o menor impacto possível. Segundo ele, está mantido o prazo de iniciar as obras em 2012.

— Vamos iniciar o processo e enviar tudo para o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Muita gente gosta de obras gigantescas. Mas nós queremos um projeto minimalista e não algo como este projeto que é uma vergonha, pois afeta a beleza do parque. Estão falando que tenho interesse comercial na Marina. Não é verdade. Quero é que as pessoas passem a frequentar a Marina, que hoje é fechada apenas para quem tem barco — afirmou Eike.

A principal crítica com relação ao projeto que foi proposto é a construção de uma garagem subterrânea para 1.500 veículos, além da altura do empreendimento. Mas há também questionamentos ao processo de aprovação do anteprojeto pelo Iphan. Em sua coluna de domingo, no GLOBO, o jornalista Élio Gaspari observou que o conselho consultivo do órgão aprovou, em Brasília, apenas o projeto conceitual e que, ao ser cobrado pelo Ministério Público Federal, o instituto não tinha sequer a ata da reunião. O Iphan também não abriu processo administrativo que poderia levar a proposta a ser analisada pelo corpo técnico do instituto. O jornalista também pôs em dúvida a existência do concurso internacional que, conforme anunciado pela EBX, analisou 33 projetos antes de escolher o sugerido pelo arquiteto Indio da Costa.

Num documento que circula pela internet, a arquiteta Cláudia Girão, que trabalha no Iphan, analisou a proposta da EBX e fez severas críticas ao empreendimento. Segundo ela, a área total construída será de 44,9 mil metros quadrados, dez vezes maior do que o projeto de 1965, que faz parte do plano original do Parque do Flamengo. Cláudia afirmou que o projeto da EBX prevê a criação total de 2.427 vagas e não apenas 1.500. Este seria apenas o número que ficaria no subsolo. A arquiteta ressalta ainda que o projeto da EBX, caso fôsse levado adiante, obstruiria a visão do Morro Cara de Cão, na Urca.

Na página 26 do documento, Cláudia diz que "além de o anteprojeto modificar traçados originais, as atividades propostas num espaço tão grande consolidariam e agravariam uma mudança radical no uso e fruição neste trecho do Parque do Flamengo". Na avaliação da arquiteta, "é fácil constatar que, da mesma maneira que nos anteprojetos anteriores, o programa do anteprojeto não é de revitalização de uma marina, mas de expansão de um complexo de negócios".

Para Nireu Cavalcanti, arquiteto e historiador, a execução do projeto fere o princípio do tombamento do parque, que inclui a manutenção do seu desenho original. Cavalcanti ressaltou que até mesmo a construção de garagem subterrânea contraria a preservação do lugar:

— É a mesma coisa de uma área residencial que só permite prédios de três andares. Sendo assim, a pessoa constrói um de 23, sendo que 20 andares embutidos no subsolo e só três aparecendo. Não faz o menor sentido. Quando damos um parecer não é contra a pessoa. A gente vê se fere os estatutos do tombamento. E, no caso do Aterro, realmente o tombamento é total.

Fonte: site O Globo

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