sábado, 3 de dezembro de 2011

Enterrados vivos: a saga dos rios de Pinheiros

Gustavo Angimahtz

No distrito de Pinheiros, os rios Verde, Belini e Corujas desaguam no rio Pinheiros e são confundidos com canais de esgoto. Existem projetos para melhorar o cenário atual, mas caminham a passos curtos.


Este é um trecho do Rio Pinheiros em dezembro de 1930. Hoje, os meandros do curso d'água não existem e o que restou corre para o lado oposto. Imagem: Rios e Ruas

São Paulo remete ao caos. Por trás desta realidade urbana, existe uma natureza, doente, mas viva. Ou melhor, por baixo desta realidade, já que a metrópole é uma verdadeira laje construída sobre uma imensa bacia hidrográfica. Em 1554, São Paulo era de Piratininga, antigo nome do rio Tamanduateí. Foi na junção deste com o Anhangabaú que foi fundada, e sua urbanização aconteceu de forma desenfreada.


Arquibancadas eram construídas às margens do Pinheiros para os eventos esportivos. Imagem: Rios e Ruas.

Os rios Tietê e Pinheiros eram as marcas dos limites da cidade, que precisava de energia e ocupação. O bairro de Pinheiros, rota para tropeiros que bebiam água nas bicas do rio Verde antes de subir o espigão da Paulista, não possuía infraestrutura, e as cheias castigavam a região, que fica em uma parte mais baixa da cidade. São Paulo é, na verdade, uma riquíssima bacia hidrográfica.


“Ninguém pensa que São Paulo está lotada de rios, porque rio não morre. Eles ficam doentes, arrebentados, totalmente enterrados. Enterrados vivos”, dramatiza Luiz Campos Jr., que organiza expedições com o grupo Rios e Ruas pela cidade. “Não tem jeito de estar em qualquer lugar da área central da metrópole sem estar a menos de 200 metros de um curso d’água. As pessoas dizem que estou louco, mas ainda não me desmentiram”, completa o especialista.


Laje sobre os rios

Mapa hidrográfico usado pela prefeitura
As cidades são construídas de acordo com os cursos d’água que possuem. Mesmo as tribos indígenas já se instalavam na convergência entre um canal mais caudaloso para navegação e comunicação com outras tribos; e um rio mais manso, onde lavavam e banhavam-se. Remos, inclusive, eram personalizados para cada tribo, que talhava artesanalmente símbolos de seus povos.

A região de Pinheiros passou por um processo de urbanização totalmente fundado no curso e na cheia do rio Pinheiros. Além do rio, limitando ao sul, Pinheiros é delimitada ao norte pelo espigão do Caaguaçú, um grande divisor de águas (extensa e estreita faixa de terra mais alta de onde brota água para os dois lados). Lá nascem milhares de minas d’água que correm em direção aos rios Pinheiros e Tietê, e é onde estão construídas as ruas Domingos de Moraes, Bernardino de Campos, Paulista, Dr. Arnaldo (antiga avenida Municipal), Afonso Bovero e Cerro Corá. Assim que acaba o divisor, o Tietê e o Pinheiros se encontram e rumam juntos em direção ao rio Paraná.

Neste mapa de 1924 é possível ver a dinâmica das águas de São Paulo: primeiro, os bairros do Paraíso, Villa America (hoje, os Jardins) e Villa Cerqueira César (hoje, Cerqueira César). Note que a rua principal é hoje o grande espigão que começa na rua Bernardino de Campos e acaba na Cerro Corá. Os rios nascem e correm para os dois lados desse divisor de águas. As águas do lado sul desaguam no rio Pinheiros, as águas do lado norte desaguam no Tietê, e ambos se encontram no final do divisor.


“Nada mais importante na história da humanidade que os rios”, emociona-se o professor Alexandre Delijaikov, que coordena o Departamento de Projetos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU – USP). “Nós conseguimos modular tempo e espaço por conta das cheias e vazantes”, continua o docente, “nós percebemos o território por conta da água. Todas as cidades do planeta na história da humanidade foram fundadas por conta dos cursos d’água”, finaliza.


O homem que inverteu o curso do Rio Pinheiros

Na década de 20, o engenheiro norte-americano Asa White Kenney Billings, que mais tarde batizaria uma represa aonde nasce o rio Pinheiros, foi chamado para ajudar na urbanização das várzeas do deste mesmo rio. No entanto, para aumentar a cidade, ele precisava pensar na energia que seria necessária gerar para isso.



Nesta imagem, o rio Pinheiros na altura da ponte Cidade Jardim, na década de 30.

Billings resolveu aproveitar a abundância de água da região e decidiu fazer um projeto ousado para a época. Fez uma barragem que manteria a água que nascia do Pinheiros na Serra do Mar, mais tarde nomeada Represa Billings, e construiu duas usinas elevatórias no rio Pinheiros e uma comporta no trecho aonde o rio deságua no Tietê. Dessa forma, ao fechar a comporta e ligar as usinas, ele conseguiria fazer com que a água corresse para o sentido oposto, ultrapassasse a represa e despencasse por canos a 800 metros de altura, do topo da Serra do Mar, para ser aproveitada em uma terceira usina, em Cubatão, que gerava energia hidrelétrica. O projeto foi um sucesso, e assim as empresas que geriam a energia e a urbanização de São Paulo, a City e a Light, abasteciam Cubatão, São Paulo e Santos com folga. Após alguns anos, uma segunda usina, subterrânea, foi construída e a capacidade aumentou muito, trazendo reconhecimento mundial para o engenheiro. Billings chegou a palestrar sobre sua conquista em todo o mundo.

E com o advento do capitalismo…

…agora era preciso definir a área a ser estruturada e dividida em lotes. Para isso, ficou decidido, no final na década de 20, que a cheia do rio Pinheiros determinaria a área a ser urbanizada. Em 1929, especulações não confirmadas defenderam que as comportas do Tietê fossem fechadas, as da Billings abertas e as usinas desligadas para que o rio alagasse mais, a água ocupasse uma área maior e assim as empresas teriam um negócio mais lucrativo. Fora essas obras, o Tietê chegou a perder 17 quilômetros de extensão com sua retificação e as águas do Pinheiros agora corriam para o lado oposto.

Também na altura da ponte Cidade Jardim, esta é a foto da cheia de 1929. Praticamente o "crack" das águas de São Paulo. A City e a Light eram agora donas de toda a várzea do Pinheiros.
 
Hoje em dia, devido à poluição dos rios de São Paulo, as usinas funcionam com capacidade muito reduzida, pois a água não flui com a mesma velocidade que antes. “A poluição é problema habitacional, social, urbanístico. O problema ambiental é a conseqüência”, explica Luiz Campos Jr.“O foco é que está errado, assim como o problema das enchentes é tratado como um problema técnico de engenharia, mas vai muito além disso”, completa.
O professor Delijaikov concorda e complementa: “O problema, quando se fala de infraestrutura regional, não adianta falar do rio maior. Para despoluir o Tietê, tem que despoluir o afluente do rio Tietê, e o afluente deste rio menor. Se não controlar essa unidade hidrográfica de gerenciamento, sistemicamente falando, de maneira capilar, não é possível resolver nada”, afirma.

A avenida Sumaré e a Paulo VI, Vale do Rio Verde, antes e depois da urbanização dominar a região de Pinheiros.


Todas as águas de Pinheiros – ou algumas delas
São três os rios mais expressivos da região de Pinheiros, e todos nascem no espigão entre as ruas Cerro Corá e Paulista e já estão canalizados. A canalização é outro fator que aumenta as enchentes. Faz parte do ciclo de um rio o período de cheia e de vazante, é uma forma de respiração do rio, que leva sedimentos e está constantemente modificando a paisagem. Ao canalizar um curso d’água, a água deixa de carregar galhos, sedimentos, deixa de fazer curvas e meandros e acelera de velocidade, contribuindo com o aumento da geração de energia e com as inundações. Mas isso traz problemas, pois com uma velocidade maior, os gargalos naturais da cidade são obstáculos fáceis de serem transpostos com uma chuva forte.
O menor dos córregos, Belini, nasce pouco acima da praça Panamericana, no Alto de Pinheiros. É um rio relativamente curto, que corta por Alto de Pinheiros, avenida Pedroso de Moraes e passa rente ao Parque Villa-Lobos para então desaguar no Pinheiros. Totalmente encoberto, tudo o que se vê dele é uma boca de cano no rio Pinheiros.


Em 1957, o rio Pinheiros já retificado na altura do Jockey Clube e do Clube A Hebraica, onde desagua um dos braços do rio Verde.
 
 
Observando um pouco mais à direita do mapa, o rio das Corujas, mais caudaloso, nasce na travessa Raul Seixas, na Vila Madalena, em uma região com muitas minas d’água. Ainda pode ser percebido na praça de mesmo nome, onde corre a céu aberto por um curto espaço para logo correr por galerias e canos direto para o rio Pinheiros. “Do lado da escadaria da Raul Seixas tem um escorredor de água que não para. É ali a nascente. O vigia da rua nunca viu parar de correr água ali, pode perguntar”, afirma Luiz Campos Jr.


Cerca de 90% dos rios da cidade estão sob o asfalto, portanto o Corujas é um caso raro. “Muita gente sabe que ele existe porque tem a avenida das Corujas e ele está aberto na praça. As pessoas vêem e é possível se integrar a ele de alguma forma”, conta Luiz.

O rio Verde

Mais à direita no mapa, o maior rio da região, o Verde, nasce em múltiplos focos de nascentes, numa formação geológica chamada anfiteatro – pois parece com a arquibancada de um anfiteatro, alta e em curva -, em milhares de pontos diferentes do bairro. As minas d’água do Verde formam dois córregos que se juntam na Rebouças, que chamaremos de braço leste e braço oeste.


Este é o rio Verde, no início do século XX, atravessando a atual Cardeal Arcoverde na região onde acontece a feira de antiguidades da praça Benedito Calixto. Na imagem é possível ver a Igreja que ainda existe em frente à praça.
 
O braço oeste do Verde nasce principalmente na rua sem saída Beatriz Galvão, que atravessa a Heitor Penteado e no primeiro quarteirão da rua Oscar Freire, quase na esquina com o início da avenida Dr. Arnaldo. Ele passa pela rua Abegoárias, Medeiros de Albuquerque, Beco do Batman, uma viela entre as ruas Harmonia e Girassol e pelo Beco do Aprendiz, de onde segue em linha reta pela avenida Paes Leme até o rio Pinheiros.


O outro braço nasce parte dentro do Grêmio da Faculdade de Medicina da USP, parte na rua Gabriel Monteiro da Silva, e desce próximo ao curso da avenida Rebouças até desaguar também no Pinheiros. Antigamente, os dois braços se encontravam na altura da rua dos Pinheiros.


É próximo à antiga junção dos braços do Verde que se pode perceber a falha de engenharia no projeto de canalização do córrego. Ao canalizá-lo, foi decidido separar os dois braços, e o oeste faz uma curva de quase 90 graus na altura da Rua dos Pinheiros, desviando o braço direto para o rio Pinheiros pelo Largo da Batata. O outro braço sofreu apenas pequenas alterações e continua seu curso por entre os canos até desaguar próximo à sua foz original, por baixo dos clubes A Hebraica e Pinheiros.

Se notarmos, a região de alagamento mais tensa do bairro é exatamente onde os canos fazem a curva acentuada. “Fizeram um túnel na gestão da Marta Suplicy onde, na primeira semana de inauguração, morreu uma senhora afogada. Já imaginou a água fazendo um ângulo reto? Descendo os morros da Vila Madalena, a água não tá nem aí pra nada. Se tem um ponto de estrangulamento, dá enchente”, explica Luiz Campos Jr. Realmente, é fácil assimilar que trechos onde se reduz drasticamente a velocidade da água fatalmente se tornam estatística nas prefeituras e subprefeituras de toda São Paulo.

Curiosamente, o rio Verde esconde muitas histórias, e por seu tamanho mais avantajado somado às vielas e becos pelos quais passa, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, juntamente com o Aprendiz e o escritório Aedas Arquitetura fizeram um projeto que pode revolucionar a paisagem do bairro – e para melhor.

O projeto é chamado Parque Linear Córrego Verde, e consiste em três projetos: uma reforma das galerias do córrego, a implementação de um reservatório subterrâneo para auxiliar na contenção de cheias e um parque com equipamentos para os cidadãos praticarem esportes, se locomoverem e ainda conhecerem a história do rio Verde.

Parque Linear Córrego Verde
 

Nesta imagem, o projeto retrata o local onde hoje é o Beco do Batman, conhecido mundialmente por seus grafites.
 
O projeto arquitetônico é encabeçado pela profissional Anna Dietzsch, que entrou nessa por acaso. Tudo começou com um convite do jornalista Gilberto Dimenstein para que Anna fizesse um projeto para abrir uma porta nos fundos de uma das casas da ONG Aprendiz, que daria para o Beco do Aprendiz, conhecido mundialmente pelos grafites ao longo de toda sua extensão.


Anna fez algumas visitas ao local e descobriu que não poderia abrir a passagem porque o beco se trata de uma viela sanitária, e é proibido abrir a viela para a rua. Desta descoberta, outras ideias surgiram, e começaram a pensar em ocupar de forma positiva o beco que até então encontrava-se abandonado.

Nesta fase, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, que tem como meta a inauguração de 100 parques até abril de 2012, viu neste projeto a possibilidade de construir a existência do rio Verde com uma ocupação que melhoraria a infra-estrutura urbana: era o início do projeto do Parque Linear Córrego Verde. A praça Victor Civita, de autoria da arquiteta, também faz parte do plano dos 100 parques da secretaria.

Para Luiz Campos Jr., “tudo o que vai em direção ao rio, que chama a atenção para o rio, é um avanço. O parque é, na verdade, um memorial, mas se só nas ruas colocassem umas placas ‘aqui passa o rio tal’ para mim já era legal”, defende o ativista. “O que deve mudar é a cabeça das pessoas, não acho que essa realidade vai mudar com grandes projetos de despoluição do Tietê”, complementa.

Neste mapa, é possível ver por onde o rio Verde corre atualmente. O grupo de Luiz Campos Jr. fez uma incursão em grupo e desvendou todo o curso de cada um dos braços que hoje caminham separados por baixo da cidade.
 
Com a ideia na cabeça, a ONG se mobilizou com o escritório de Anna, o Aedas, e todos os equipamentos interessados da região se reuniram para discutir como poderia ser esse tal parque. “Eu não tinha noção de que a gente vivia sobre água. A gente só vê a água quando ela vem agredir”, conta a arquiteta Anna Dietzsch.


A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente possuía em seu caixa um dinheiro oriundo de termos de compensação ambiental que era destinado justamente a construir seus parques, e isso era outro ponto a favor para Anna. “Era um dinheiro resultante da construção do metrô. Quando tem uma obra que derruba árvore, por exemplo, essa empresa tem que pagar para a cidade de volta”, explica a arquiteta.


O Parque Linear Córrego Verde faz o traçado do braço oeste do Rio Verde. Na rua sem saída chamada Beatriz Galvão ficou decidido o marco zero do parque, pois é onde foram identificadas várias nascentes. O projeto vai acompanhando a rua Abegoárias, onde pretende instalar equipamentos para passeio, ginástica, ciclismo e caminhadas, inclusive uma pista de skate. Seguindo pela rua Medeiros de Albuquerque, um piso drenante com biotrincheiras – canteiros muito drenantes com plantas flexíveis para sobreviver em charcos – acompanha a ciclovia até ocupar todo o Beco do Batman.

Enquanto a ciclovia continua, no beco será construído um palco para shows e uma galeria a céu aberto para grafites, mantendo a fama do lugar. Na viela entre a Harmonia e a Girassol uma ponte pretende abrir o rio por um quarteirão para que ele seja percebido, com banners com poesias sobre a água pelas paredes. Por fim, o parque encampa o Beco do Aprendiz, com jogos de chão como amarelinha, brinquedos de muro e uma área com plantas nativas da região. “A ideia é criar um grande eixo de pedestre e bicicletas, um grande calçadão. É um grande plano drenante que utiliza métodos passivos de drenagem que complementem esses métodos tradicionais de grandes obras de infraestrutura que mostrarão para a população que isso pode ser feito em grande escala e que pode acabar com muitos problemas”, defende Anna Dietzsch. “O parque em si é uma área pequena, mas se conseguíssemos que 80% da bacia tivesse esse tipo de impermeabilidade, conseguiríamos diminuir a enchente em 30%.

Nem tudo são flores e rios

A construção do parque está atualmente embargada pelos próprios moradores do Jardim das Bandeiras, a região da praça do Maracatu próxima da rua Abegoárias. Como o projeto requer a instalação de um reservatório subterrâneo abaixo de uma das praças que será reformada, uma vistoria contratada por um perito em drenagem foi argumento suficiente para que o projeto fosse parado na Justiça.

Esta praça é o motivo do embargo.


O piscinão é um instrumento para aliviar as enchentes, e Anna garante que é o melhor a ser feito. “É uma bacia muito estreita e profunda. As enchentes são rápidas, as chamadas enchentes relâmpago. Acontecem porque a água aumenta em volume muito rápido. O reservatório absorve parte dessa água e solta aos poucos”, defende a arquiteta. “A gente não pode ser responsável por fazer tudo isso e correr o risco de ser inundado. Por isso que a população tem que concordar com o piscinão. A gente precisa dessa infraestrutura”, completa.


Anna acredita que o grande problema foi que o piscinão foi planejado antes, sem um projeto paisagístico, e por isso assustou os moradores. A comunidade se defende alegando que se existisse uma galeria maior do que a que existe atualmente, não seria necessário um piscinão. O problema é que essa galeria precisaria ser um verdadeiro túnel, respondeu a arquiteta, que vem da Paulista até a Vila Madalena. “É uma obra mais cara, ideal, não factível. A maior razão para o projeto ficar parado foi esse embargo”, argumenta.

Até mesmo a Secretaria do Verde não gosta do piscinão, pois acha que tem que fazer as coisas de forma menos agressiva, mas nesse caso, uma consultoria de drenagem fez uma análise e um relatório constatando a necessidade da obra com um cálculo de retorno de 100 anos. “Significa que a probabilidade de dar uma enchente segundo o ciclo de chuvas analisado nos últimos 50 anos, é de 100 anos”, explica Anna. “Esse negócio de falar que a chuva fica mais forte bobagem. O que acontece é que a cidade se torna mais impermeável. É só uma medida para dar condições que essa infraestrutura seja planejada”, justifica mais uma vez.


E o chove não molha?

Agora o próximo passo é marcar uma apresentação do projeto para os possíveis clientes – a iniciativa privada – e também para os moradores descontentes, para tentar fazê-los acreditar nos benefícios do projeto. “As coisas tem uma morosidade no poder público. A gente tem que ter interferência de várias secretarias e entidades. O projeto base está todo feito”, alega Anna. Mesmo com boas expectativas, uma próxima data para dar andamento ainda não existe.

Para o professor Alexandre Delijaikov, “não adianta ter tudo na cabeça se não houver uma construção coletiva no âmbito das mentalidades e da visão de mundo, e do que seria a idéia das pessoas poderem viver juntas, com confiança e convivência”. Basicamente, a esperança de uma sociedade que possa voltar a usar os rios para o lazer e o transporte ainda é distante, mas ganha força a cada dia.

Para que a sociedade se dê conta da importância dos rios que por ela passam, é preciso muito mais que um projeto de despoluição. O professor Delijaikov defende que a mudança deve acontecer na mentalidade das pessoas. Mas como mudar a mentalidade de toda uma sociedade? “Esclarecendo. Construindo um quadro, aguçando o olhar crítico em cada cidadão, através do diálogo de fato, confronto de idéias e debates, para então chegar a uma conclusão”, responde o professor. “Ao longo do século 20, vários educadores defendiam a pedagogia da autonomia, como o Aloísio Teixeira e o Paulo Freire. Falavam que era importante ter filosofia e arte em todos os anos do ensino fundamental. O que quer dizer isso? É tomada de consciência. Essas coisas são muito importantes”, conclui.

Fonte: Vilamundo

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