A Arquidiocese Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro está organizando uma grande celebração para os 90 anos do icônico monumento-santuário do Cristo Redentor, situado imponentemente no alto dos 709 metros de altitude do pico do Corcovado, no coração da cidade do Rio de Janeiro, constituindo-se no seu mais conhecido símbolo internacional.
Na última quinta-feira, dia 24 de junho, a convite do padre Omar, reitor do Santuário do Cristo Redentor, eu e minha esposa Christa Grael, acompanhados de Paulo Novaes, presidente da NELTUR; André Bento, diretor de Turismo da NELTUR; Leonardo Caldeira, secretário de Comunicação da Prefeitura de Niterói, tivemos a honra de visitar o interior do monumento e subir até os Braços do Cristo, para usufruir de uma das mais lindas paisagens do mundo.
Saímos de casa às 4:30h da manhã, para chegar no pico do Corcovado às 5:30h, a tempo de subir os 10 lances de escadas estreitas, pelo meio das estruturas de concreto, e ver o sol nascer no alto do monumento. Foi uma experiência inesquecível, marcante para o resto da vida. Assistir a chegada do dia, num lugar de tanta energia espiritual, sentimento de paz e diante de uma das paisagens mais belas do mundo, é um privilégio.
Símbolo do Rio de Janeiro e do Brasil
O monumento ao Cristo é um patrimônio multidimensional e a sua presença é marcante na paisagem, podendo ser avistado como destaque de quase toda a Região Metropolitana. Além da dimensão religiosa, da importância econômica através da promoção do turismo do Rio e do Brasil, o monumento também me encanta pelo seu valor artístico, histórico e pelo pioneirismo da sua construção.
Conforme consta em texto assinado por Nina Almeida Braga ("Cristo Redentor: uma narrativa da história"), na bela publicação "Cristo Redentor: divina geometria", do médico, empresário, artista plástico e ativista ambiental Oskar Metzavaht, a primeira expedição oficial ao Corcovado foi liderado por D. Pedro I, em 1824, que se fez acompanhar por Jean-Baptiste Debret que eternizou em suas telas a exuberância do lugar. Tempos depois, com o acesso mais facilitado, o naturalista Charles Darwin também visitou e se encantou com o local.
A Floresta da Tijuca também tornou-se uma marca da proteção e recuperação ambiental no Brasil, com a iniciativa pioneira de D. Pedro II de proteger e restaurar partes importantes da floresta, destruída pelas fazendas de café e que afetaram os mananciais que abasteciam a cidade do Rio de Janeiro.
A obra da construção do monumento foi autorizada em 1922, como parte das celebrações do centenário da Independência, após uma forte mobilização católica para a sua efetivação. O projeto vencedor em um processo seletivo foi o do arquiteto e engenheiro carioca, Heitor da Silva Costa. Para viabilizar a obra, o projetista recorreu a Paris para encontrar um artista que fizesse a cabeça e as mãos, responsabilidade que foi atribuída a Paul Landowski, especialista em Art Deco.
Para fazer o corpo e os braços, o arquiteto-engenheiro decidiu pelo uso do concreto armado, técnica recente na época, que revolucionou a engenharia, mas ainda ganhava espaço gradativamente entre os construtores. A primeira obra em concreto armado foi feita em 1849. Foi um pequeno barco, de 4,00 m x 1,30 m construído pelo francês Joseph-Louis Lambot, que patenteou a técnica em 1849. Inicialmente, havia muito ceticismo, como é comum acontecer com tudo que é muito inovador, mas o concreto armado foi ganhando espaço. Em 1902, foi construído o primeiro prédio de grande altura (64 metros), em Ohio, EUA (Camila Goretti & Natália Resende (?):"Uma breve história do concreto armado") . A primeira notícia do uso da técnica no Brasil está na publicação do professor Antônio de Paula Freitas, da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, intitulada "Construcções em cimento armado", publicado em 1904. Atribuiu a primeira utilização da técnica na construção de prédios em Copacabana. (Fonte: Thiago Bomjardim e Danielle S. G. Fernandes, "A história do concreto armado no Brasil").
Na década de 1920, algumas obras marcantes da engenharia nacional utilizando o concreto armado começaram a surgir, como a marquise da arquibancada do Jockey Clube Brasileiro (Hipódromo da Gávea), projetado por Archimedes Memória. Foi considerada uma das maiores lajes em balanço do mundo na época.Portanto, é fascinante ver que o projeto do Cristo Redentor já tinha a sua concepção utilizando a nova técnica para esta finalidade e foi erguido em local tão desafiador, a mais de 700 metros de altitude.
A obra teve início em 1926 e foi inaugurada em 12 de outubro de 1931, durando portanto 5 anos. Para a obra, foram importadas placas de metal da França e cimento da Suécia.
O Cristo Redentor, a fé, o turismo e a visitação ao Parque Nacional da Tijuca
O Cristo Redentor, o Pão de Açúcar e as praias da Zona Sul do Rio são as grandes atrações turísticas e cartões postais do turismo do RJ, porta de entrada do turismo nacional.
Em 2006, o monumento foi transformado em Santuário Católico e a gestão passou a ser da Arquidiocese da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Localizado no Parque Nacional da Tijuca, administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, o Cristo Redentor é a atração mais visitada, com mais de 1/3 das visitas, em comparação com outras áreas do parque, como Estrada do Redentor, Pedra Bonita, Pedra da Gávea, Floresta da Tijuca e Vista Chinesa. Em 2016, ano dos Jogos Olímpicos Rio 2016, o Corcovado recebeu 2.057.231 visitantes. No ano seguinte, o número de visitantes caiu um pouco, chegando a 2.023.974, registrando uma queda mais expressiva em 2018, quando registrou-se 1.740.094 visitantes. Em 2019, a presença de turistas recuperou-se para 1.940.327. Em 2020, primeiro ano da pandemia, nos três primeiros meses do ano, o Corcovado recebeu 555.403 visitantes, até ser fechado em março por motivos de segurança sanitária. (Fonte: Prefeitura do Rio, in Corcovado é a área mais visitada do Parque Nacional da Tijuca).
Portanto, verifica-se que o Cristo Redentor é o maior atrativo do Parque Nacional da Tijuca, que por sua vez é a unidade de conservação mais visitada do Brasil.
Segundo fomos informados durante a visita por gestores do Santuário, uma demanda crescente no local é o turismo religioso, tendo sido o local palco de celebração de casamentos de muitas celebridades, tornado a procura crescente. A agenda de eventos no local está lotada, somente tendo vagas para novos eventos com muitos meses de antecedência. Por exemplo, no dia da nossa visita, encontramos ao descer do monumento, um casal do Recife, que chegava para se casar. Isso era antes de 8:00 da manhã!
Cristo Redentor e Niterói
Há muita afinidade de Niterói com o monumento do Cristo Redentor. Com obra iniciada em 1890 e inaugurada em dezembro de 1900, portanto bem antes da decisão de construir a obra no Corcovado, erigiu-se um monumento em homenagem à Nossa Senhora Auxiliadora, no Morro da Atalaia, bairro de Santa Rosa, em Niterói. Dizem que a santa em Niterói já olhava para o Corcovado, mesmo antes da construção do Cristo Redentor.
Outro fato é que, segundo algumas fontes, ao chegar da França, a cabeça do Cristo teve a sua conclusão finalizada em uma propriedade rural em São Gonçalo, contando com o trabalho de artesãos de Niterói.
Niterói e a celebração dos 90 anos do Cristo Redentor
Apesar de ser na cidade vizinha, o Corcovado faz parte da paisagem de Niterói e a nossa cidade pode se beneficiar muito mais do turismo promovido e impulsionado pelo Cristo Redentor.
Em maio, assinei com o reitor do Santuário Cristo Redentor, Padre Omar, um termo de cooperação inserindo a cidade no calendário de atividades comemorativas. O Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói, vai receber a exposição “Cristo Redentor – Divina Geometria”, de Oskar Metsavaht. Portanto, vamos integrar as celebrações de 90 anos do Cristo Redentor, 25 anos do MAC e 448 anos de Niterói.
A ideia é promover a conexão de Niterói com o Cristo Redentor e divulgar as atrações da cidade para os visitantes do Corcovado. Teremos equipes no local para promover a cidade e um stand com informações.
Um circuito de luzes, promovendo efeitos especiais entre o Cristo e o MAC, também acontecerá durante as comemorações. Uma luneta será instalada na escadaria do Santuário Cristo Redentor apontando para Niterói, mostrando ao turista o que ele verá quando vier visitar a cidade. Representante de Governança Corporativa do Cristo Redentor, Rodrigo de Souza celebrou a parceria.
“Para nós do Santuário Cristo Redentor e da Arquidiocese do Rio de Janeiro é um grande prazer poder integrar Niterói às comemorações dos 90 anos. A gente fica muito feliz com essa parceria com a cidade e esperamos fomentar o turismo tanto lá, quanto aqui no próprio Cristo Redentor. Tenho certeza que será uma colaboração de muito sucesso para todos”, finalizou.
Importante salientar que acreditamos muito no turismo como uma das atividades capazes de alavancar a economia de Niterói no período da pós-Covid, considerando toda a cadeia produtiva existente em torno da atividade. Integrando ao turismo tudo o que Niterói tem a oferecer na cultura, na gastronomia, nos esportes, na agenda de eventos, poderemos gerar mais empregos e oportunidades para a nossa população.
Continuaremos trabalhando para promover a nossa cidade e a garantir que tenha o justo e merecido protagonismo, em benefício da população de Niterói.
Axel GraelPrefeito de Niterói