domingo, 9 de fevereiro de 2025

Estudo aponta Niterói como a melhor cidade para se viver no RJ

 


Mais uma vez, Niterói é bem reconhecida num ranking comparativo de qualidade de vida e gestão da cidade. O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia - IMAZON anunciou o resultado do Índice de Progresso Social - IPS 2024 que posicionou a Niterói como a melhor cidade para se viver no estado do Rio de Janeiro e a 133° lugar dentre todos os 5.570 municípios brasileiros. 

Como explica o site do IPS Brasil, a metodologia avalia "53 indicadores secundários de fontes públicas que são exclusivamente sociais, ambientais e que medem resultados, não investimentos. Essas variáveis foram agregadas em um índice geral, com nota de 0 a 100, e índices para 3 dimensões (Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades) e 12 componentes (Nutrição e Cuidados Médicos Básicos, Água e Saneamento, Moradia, Segurança Pessoal, Acesso ao Conhecimento Básico, Acesso à Informação e Comunicação, Saúde e Bem-estar, Qualidade do Meio Ambiente, Direitos Individuais, Liberdades Individuais e de Escolha, Inclusão Social e Acesso à Educação Superior)".

Os indicadores que deram a melhor avaliação a Niterói foram aqueles contidos nos temas "Água e saneamento", onde Niterói alcançou a excelente nota 91,09 e "Qualidade do meio ambiente", onde Niterói atingiu a nota 77,11.

A boa matéria do Correio Braziliense dá destaque à nossa gestão e às políticas de sustentabilidade que implementamos, resultado este que é expresso no scorecard de Niterói.

O IPS espelha a força e o desenvolvimento das cidades da Região Sul e Sudeste, com especial destaque para o interior de São Paulo, como mostra o mapa nacional. As regiões Norte e Nordeste mostram uma grande assimetria, com muitos municípios avaliados entre os piores do país.

Mapa do IPS Brasil 2024 e a escala das notas à esquerda. Fonte: IPS Brasil 2024


Veja as notas dos municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e outros que selecionamos no site do IPS Brasil:
Niterói: 67,31
Rio de Janeiro: 66,41
São Gonçalo: 57,92
Maricá: 57,6
Itaboraí: 53,00
Guapimirim: 55,63
Caxias: 56,68
Rio Bonito: 55,68
Cachoeiras de Macacu: 57,84
Saquarema: 55,17
Magé: 53,00
Mesquita: 60,06
Japeri: 53,19
Queimados: 55,51
São João de Meriti: 57,88
Paracambi: 56,58
Nova Iguaçu: 58,63
Tanguá: 53,04
Mangaratiba: 56,45
Itaguaí: 58,17
Petrópolis: 60,37
Seropédica: 61,57
Belford Roxo: 57,78
Macaé: 61,00
Campos dos Goitacazes: 62,37
Quissamã: 56,30
Armação de Búzios: 57,90
Angra dos Reis: 56,8
Teresópolis: 61,21
Nova Friburgo: 64,74

Conforme o critério do IPS 2024, com a nota 67,31, Niterói está na categoria mais elevada das cidades, que vai de 65,86 até 74,50, a maior nota atribuída (as notas são atribuídas entre 0 e 100), no caso ao município paulista de Gavião Peixoto. Apesar de não ser uma má posição no ranking nacional, o resultado de Niterói causa estranheza com relação a alguns dos indicadores considerados. Mas, a metodologia parece ser interessante e estes rankings, que estão bem "na moda", sempre são interessantes para avaliar a performance da nossa cidade com relação a outras no nosso país.

IPS GLOBAL

Desde 2013, o Social Progress Imperative, em colaboração entre a Fundación Avina, o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e a Harvard Business School, divulga o IPS Global, que analisa o desempenho dos países em termos de progresso social. O cálculo desse índice, na versão de 2024, é obtido a partir de 57 indicadores provenientes de pesquisas globais conduzidas por instituições como Health Metrics and Evaluation, UN Departament of Economics and Social Affairs, Gallup Poll. O IPS Global oferece dados para 170 países, oferecendo insights cruciais sobre o progresso social em escala internacional.

No ano de 2024, o Brasil apresentou a pontuação 68,90 no IPS Global, ocupando a 67ª posição no ranking entre 170 países. Na América do Sul, Chile (78,43), Argentina (77,19) e Equador (69,56) foram os países com as melhores pontuações. Em termos globais, Dinamarca (90,30), Noruega (90,32) e Finlândia (89,96) apresentaram o melhor desempenho no progresso social (Social Progress Imperative, 2024).

Axel Grael
Ex-prefeito de Niterói (2021-2024)


------------------------------------------------------------



Conheça a melhor cidade para se viver no estado do Rio de Janeiro

Niterói alcançou uma posição de destaque no Índice de Progresso Social Brasil 2024 (IPS Brasil), liderando o estado do Rio de Janeiro. Este índice avalia a qualidade de vida e o desempenho social e ambiental dos municípios brasileiros, utilizando uma abordagem abrangente para medir o bem-estar das populações locais.

O IPS Brasil é uma ferramenta desenvolvida para identificar se as pessoas têm acesso às condições necessárias para prosperar, desde necessidades básicas até oportunidades de desenvolvimento pessoal e social. O índice foi criado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) em colaboração com outros centros de pesquisa.

Como funciona o Índice de Progresso Social Brasil?

O Índice de Progresso Social Brasil utiliza uma metodologia global para avaliar o progresso social e ambiental dos municípios. Ele é dividido em três dimensões principais: “Necessidades Humanas Básicas”, “Fundamentos para o Bem-Estar” e “Oportunidades”. Cada uma dessas dimensões é composta por componentes que incluem diversos indicadores.

Os indicadores são obtidos de fontes confiáveis e públicas, como DataSUS e Anatel, e são escolhidos com base em critérios rigorosos. O índice varia de zero a 100, representando a média dos índices das três dimensões principais.

Qual a melhor cidade do Rio de Janeiro no IPS

A cidade de Niterói tem se empenhado em políticas públicas que promovem o desenvolvimento sustentável e a justiça social. O prefeito Axel Grael enfatizou que o foco da administração tem sido garantir que o crescimento econômico beneficie toda a população, através de uma distribuição equitativa de recursos e oportunidades.

Desde a implementação do Plano Estratégico Niterói Que Queremos, a cidade tem investido em áreas como saúde, educação e assistência social, visando melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes. Este compromisso com o bem-estar social foi um dos fatores que contribuíram para o bom desempenho de Niterói no índice.

Quais foram os resultados gerais do IPS Brasil 2024?

O município de Gavião Peixoto, em São Paulo, foi o que obteve o melhor índice geral no IPS Brasil 2024. O estado de São Paulo também se destacou com o melhor desempenho entre os estados brasileiros. Estes resultados refletem a eficácia das políticas públicas implementadas nessas regiões.

O IPS Brasil será atualizado anualmente, permitindo que os municípios acompanhem seu progresso e ajustem suas estratégias de desenvolvimento conforme necessário. Esta atualização contínua é essencial para garantir que as políticas públicas permaneçam eficazes e relevantes.

O impacto do IPS Brasil no futuro das cidades

O IPS Brasil serve como uma ferramenta crucial para gestores públicos, oferecendo dados que podem orientar políticas e investimentos em prol do desenvolvimento social e ambiental. Através de suas atualizações anuais, o índice ajuda a monitorar o progresso dos municípios e a identificar áreas que necessitam de melhorias.

O sucesso de Niterói no IPS Brasil 2024 demonstra o impacto positivo de políticas públicas bem planejadas e executadas, servindo de exemplo para outras cidades que buscam melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos.





quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Universidade de Yale: Inteligência Artificial precisa de consumo gigantesco de energia e água

A tecnologia da Inteligência Artificial traz grandes perspectivas para o mundo, para a ciência e revolucionará o cotidiano das pessoas mas, por outro lado, está aumentando a emissão de carbono, reduzindo a disponibilidade de água e, portanto, a IA ameaça a sustentabilidade.

A afirmação é do artigo de autoria de David Berreby, publicado no site da Universidade de Yale, apresenta dados impressionantes sobre o consumo de energia e água para viabilizar a tecnologia da Inteligência Artificial.

O número de data centers que dão suporte aos sistemas de nuvens (clouds) já chegam a uma quantidade entre 9.000 e 11.000 em todo o mundo. A Agência Internacional de Energia (International Energy Agency - IEA) prevê que, em 2026, o consumo de eletricidade dos data centers será o dobro do registrado em 2022, ou seja, 1.000 terawatts: aproximadamente o consumo atual de eletricidade do Japão!

Um pesquisador citado no texto, Shaolei Ren, da Universidade da Califórnia, em Riverside, calculou o consumo anual de água para o sistema de resfriamento da Microsoft. Segundo ele, uma pessoa que se dedicar a responder a um questionário do GPT-3 (10 a 50 respostas), gera um consumo de cerca de meio litro de água. Revela ainda que pouco se sabe sobre os milhões de gallons (1 galão = 3,78 litros) de água de resfriamento nos data centers.

Os data centers da Google consumiram 20% mais água em 2022 do que em 2021, enquanto o crescimento de consumo da Microsoft foi de 34%.

Ainda segundo o texto, o conflito sobre a demanda de água já está gerando protestos no Chile e Uruguai, que se opõem a implantação de data centers da Google.

E estamos falando de uma tecnologia recente, cuja infraestrutura ainda demanda a implantação rápida de uma rede ainda bem maior de data centers. Ninguém pode precisar ainda o quanto essa rede precisara de energia e consumirá de recursos naturais, competindo com outras necessidades humanas.

O fato está mobilizando esforços de regulação para exigir critérios e tecnologias para maior eficiência e sustentabilidade para a infraestrutura de armazenamento de dados para a Inteligência Artificial.

Axel Grael


-----------------------------------------------


Inside the Guian Data Center of China Unicom, which uses artificial intelligence in its operations. Tao Liang / Xinhua via Getty Images


As Use of A.I. Soars, So Does the Energy and Water It Requires

Generative artificial intelligence uses massive amounts of energy for computation and data storage and millions of gallons of water to cool the equipment at data centers. Now, legislators and regulators — in the U.S. and the EU — are starting to demand accountability.

By David Berreby • February 6, 2024


Two months after its release in November 2022, OpenAI’s ChatGPT had 100 million active users, and suddenly tech corporations were racing to offer the public more “generative A.I.” Pundits compared the new technology’s impact to the Internet, or electrification, or the Industrial Revolution — or the discovery of fire.

Time will sort hype from reality, but one consequence of the explosion of artificial intelligence is clear: this technology’s environmental footprint is large and growing.

A.I. use is directly responsible for carbon emissions from non-renewable electricity and for the consumption of millions of gallons of fresh water, and it indirectly boosts impacts from building and maintaining the power-hungry equipment on which A.I. runs. As tech companies seek to embed high-intensity A.I. into everything from resume-writing to kidney transplant medicine and from choosing dog food to climate modeling, they cite many ways A.I. could help reduce humanity’s environmental footprint. But legislators, regulators, activists, and international organizations now want to make sure the benefits aren’t outweighed by A.I.’s mounting hazards.

Right now, it’s not possible to tell how your A.I. request for homework help will affect carbon emissions or freshwater stocks.

“The development of the next generation of A.I. tools cannot come at the expense of the health of our planet,” Massachusetts Senator Edward Markey (D) said last week in Washington, after he and other senators and representatives introduced a bill that would require the federal government to assess A.I.’s current environmental footprint and develop a standardized system for reporting future impacts. Similarly, the European Union’s “A.I. Act,” approved by member states last week, will require “high-risk A.I. systems” (which include the powerful “foundation models” that power ChatGPT and similar A.I.s) to report their energy consumption, resource use, and other impacts throughout their systems’ lifecycle. The EU law takes effect next year.

Meanwhile, the International Organization for Standardization, a global network that develops standards for manufacturers, regulators, and others, says it will issue criteria for “sustainable A.I.” later this year. Those will include standards for measuring energy efficiency, raw material use, transportation, and water consumption, as well as practices for reducing A.I. impacts throughout its life cycle, from the process of mining materials and making computer components to the electricity consumed by its calculations. The ISO wants to enable A.I. users to make informed decisions about their A.I. consumption.

An Amazon data center in a Northern Virginia suburb. Jahi Chikwendiu / The Washington Post via Getty Images

Right now, it’s not possible to tell how your A.I. request for homework help or a picture of an astronaut riding a horse will affect carbon emissions or freshwater stocks. This is why 2024’s crop of “sustainable A.I.” proposals describe ways to get more information about A.I. impacts.

In the absence of standards and regulations, tech companies have been reporting whatever they choose, however they choose, about their A.I. impact, says Shaolei Ren, an associate professor of electrical and computer engineering at UC Riverside, who has been studying the water costs of computation for the past decade. Working from calculations of annual use of water for cooling systems by Microsoft, Ren estimates that a person who engages in a session of questions and answers with GPT-3 (roughly 10 t0 50 responses) drives the consumption of a half-liter of fresh water. “It will vary by region, and with a bigger A.I., it could be more.” But a great deal remains unrevealed about the millions of gallons of water used to cool computers running A.I., he says.

The same is true of carbon.

“Data scientists today do not have easy or reliable access to measurements of [greenhouse gas impacts from A.I.], which precludes development of actionable tactics,” a group of 10 prominent researchers on A.I. impacts wrote in a 2022 conference paper. Since they presented their article, A.I. applications and users have proliferated, but the public is still in the dark about those data, says Jesse Dodge, a research scientist at the Allen Institute for Artificial Intelligence in Seattle, who was one of the paper’s coauthors.

Data centers’ electricity consumption in 2026 is projected to reach 1,000 terawatts, roughly Japan’s total consumption.

A.I. can run on many devices — the simple A.I. that autocorrects text messages will run on a smartphone. But the kind of A.I. people most want to use is too big for most personal devices, Dodge says. “The models that are able to write a poem for you, or draft an email, those are very large,” he says. “Size is vital for them to have those capabilities.”

Big A.I.s need to run immense numbers of calculations very quickly, usually on specialized Graphical Processing Units — processors originally designed for intense computation to render graphics on computer screens. Compared to other chips, GPUs are more energy-efficient for A.I., and they’re most efficient when they’re run in large “cloud data centers” — specialized buildings full of computers equipped with those chips. The larger the data center, the more energy efficient it can be. Improvements in A.I.’s energy efficiency in recent years are partly due to the construction of more “hyperscale data centers,” which contain many more computers and can quickly scale up. Where a typical cloud data center occupies about 100,000 square feet, a hyperscale center can be 1 or even 2 million square feet.

Estimates of the number of cloud data centers worldwide range from around 9,000 to nearly 11,000. More are under construction. The International Energy Agency (IEA) projects that data centers’ electricity consumption in 2026 will be double that of 2022 — 1,000 terawatts, roughly equivalent to Japan’s current total consumption.

However, as an illustration of one problem with the way A.I. impacts are measured, that IEA estimate includes all data center activity, which extends beyond A.I. to many aspects of modern life. Running Amazon’s store interface, serving up Apple TV’s videos, storing millions of people’s emails on Gmail, and “mining” Bitcoin are also performed by data centers. (Other IEA reports exclude crypto operations, but still lump all other data-center activity together.)

Most tech firms that run data centers don’t reveal what percentage of their energy use processes A.I. The exception is Google, which says “machine learning” — the basis for humanlike A.I. — accounts for somewhat less than 15 percent of its data centers’ energy use.

Another complication is the fact that A.I., unlike Bitcoin mining or online shopping, can be used to reduce humanity’s impacts. A.I. can improve climate models, find more efficient ways to make digital tech, reduce waste in transport, and otherwise cut carbon and water use. One estimate, for example, found that A.I. -run smart homes could reduce households’ CO₂ consumption by up to 40 percent. And a recent Google project found that an A.I. fast-crunching atmospheric data can guide airline pilots to flight paths that will leave the fewest contrails.

Google’s data centers used 20 percent more water in 2022 than in 2021, while Microsoft’s water use rose by 34 percent.

Because contrails create more than a third of commercial aviation’s contribution to global warming, “if the whole aviation industry took advantage of this single A.I. breakthrough,” says Dave Patterson, a computer-science professor emeritus at UC Berkeley and a Google researcher, “this single discovery would save more CO₂e (CO₂ and other greenhouse gases) than the CO₂e from all A.I. in 2020.”

Patterson’s analysis predicts that A.I.’s carbon footprint will soon plateau and then begin to shrink, thanks to improvements in the efficiency with which A.I. software and hardware use energy. One reflection of that efficiency improvement: as A.I. usage has increased since 2019, its percentage of Google data-center energy use has held at less than 15 percent. And while global internet traffic has increased more than twentyfold since 2010, the share of the world’s electricity used by data centers and networks increased far less, according to the IEA.

However, data about improving efficiency doesn’t convince some skeptics, who cite a social phenomenon called “Jevons paradox”: Making a resource less costly sometimes increases its consumption in the long run. “It’s a rebound effect,” Ren says. “You make the freeway wider, people use less fuel because traffic moves faster, but then you get more cars coming in. You get more fuel consumption than before.” If home heating is 40 percent more efficient due to A.I., one critic recently wrote, people could end up keeping their homes warmer for more hours of the day.

“A.I. is an accelerant for everything,” Dodge says. “It makes whatever you’re developing go faster.” At the Allen Institute, A.I. has helped develop better programs to model the climate, track endangered species, and curb overfishing, he says. But globally A.I. could also support “a lot of applications that could accelerate climate change. This is where you get into ethical questions about what kind of A.I. you want.”

If global electricity use can feel a bit abstract, data centers’ water use is a more local and tangible issue — particularly in drought-afflicted areas. To cool delicate electronics in the clean interiors of the data centers, water has to be free of bacteria and impurities that could gunk up the works. In other words, data centers often compete “for the same water people drink, cook, and wash with,” says Ren.

In 2022, Ren says, Google’s data centers consumed about 5 billion gallons (nearly 20 billion liters) of fresh water for cooling. (“Consumptive use” does not include water that’s run through a building and then returned to its source.) According to a recent study by Ren, Google’s data centers used 20 percent more water in 2022 than they did in 2021, and Microsoft’s water use rose by 34 percent in the same period. (Google data centers host its Bard chatbot and other generative A.I.s; Microsoft servers host ChatGPT as well as its bigger siblings GPT-3 and GPT-4. All three are produced by OpenAI, in which Microsoft is a large investor.)

In Chile and Uruguay, protests have erupted over planned data centers that would tap drinking water reservoirs.

As more data centers are built or expanded, their neighbors have been troubled to find out how much water they take. For example, in The Dalles, Oregon, where Google runs three data centers and plans two more, the city government filed a lawsuit in 2022 to keep Google’s water use a secret from farmers, environmentalists, and Native American tribes who were concerned about its effects on agriculture and on the region’s animals and plants. The city withdrew its suit early last year. The records it then made public showed that Google’s three extant data centers use more than a quarter of the city’s water supply. And in Chile and Uruguay, protests have erupted over planned Google data centers that would tap into the same reservoirs that supply drinking water.

Most of all, researchers say, what’s needed is a change of culture within the rarefied world of A.I. development. Generative A.I.’s creators need to focus beyond the technical leaps and bounds of their newest creations and be less guarded about the details of the data, software, and hardware they use to create it.

Some day in the future, Dodge says, an A.I. might be able — or be legally obligated — to inform a user about the water and carbon impact of each distinct request she makes. “That would be a fantastic tool that would help the environment,” he says. For now, though, individual users don’t have much information or power to know their A.I. footprint, much less make decisions about it.

“There’s not much individuals can do, unfortunately,” Ren says. Right now, you can “try to use the service judiciously,” he says.

Fonte: Yale Environment360




terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Restauração florestal de nativas

Floresta Amazônica • 26/10/2022REUTERS/Bruno Kelly

Paulo Hartung

É inegável o impacto do retorno de Donald Trump à Casa Branca. Conforme anunciado na campanha, as medidas tomadas já no dia da posse prenunciam tempos de mudanças em múltiplas áreas, com ampla repercussão, dada a importância dos EUA.

Toldado por essa nova realidade, o fato é que 2025 resulta de nossas próprias decisões – as recentes e também as do passado. Nesse sentido, como bem demonstra o final infeliz da COP29 no Azerbaijão, em novembro último, o fato é que continuamos sem saber como a sociedade irá reverter o cenário de degradação de nosso planeta.

Enquanto isso, a natureza, impacientemente, arde em labaredas na Califórnia, em mais um grave episódio de extrema desordem climática.

Sem esquecermos que o ano passado foi o mais quente da história, o Fórum Econômico Mundial se reuniu na semana que passou no frio de Davos para retomar relevantes discussões sobre os desafios de construir um futuro melhor.

No final deste ano, no calor tropical de Belém, teremos novo teste, para decidirmos que legado haverá de nos deixar a COP30. Bom sinal, embora não sem algum atraso, veio com a anúncio do embaixador André Corrêa do Lago como presidente da conferência, e de Ana Toni como CEO e diretora-executiva.

Em meio a sobressaltos, retrocessos, frustrações e muita retórica, ainda que por tortuosos caminhos, continuarão relevantes os esforços nacionais de redução de emissões, assim como o desenvolvimento de soluções tecnológicas e científicas que contribuam para a descarbonização da economia.

O Brasil pretende reduzir suas emissões líquidas de gases de efeito estufa em até 67% até 2035, tomando como referência os níveis de 2005. Ademais, o país reforçou em sua NDC (compromissos assumidos no Acordo de Paris em 2015) a meta do Planaveg (Plano Nacional de Vegetação Nativa) de restaurar 12 milhões de hectares de terra.

Não há bala de prata para se atingir tais objetivos: a solução é possível apenas via um conjunto de estratégias envolvendo governos, empresas e sociedade civil. Elas passam pela regulação de medidas como o mercado de carbono, o combate a ilegalidades como desmatamento, a grilagem e o garimpo, investimentos para a transição energética e, igualmente, a restauração florestal.

Aqui, nos referimos à recuperação de áreas degradadas a partir do plantio de espécies nativas que possam restabelecer o equilíbrio climático. Por meio da fotossíntese, as árvores representam efetiva solução para o combate às mudanças do clima – removem carbono da atmosfera e o estocam ao longo de seu ciclo de vida, em processos que regularizam os fluxos hídricos e protegem o solo, possibilitando a preservação da biodiversidade, entre outros importantes serviços ecossistêmicos.

Mas a restauração florestal também vai além: é um processo que envolve ciência e tecnologia para recuperar ecossistemas, trazendo reconexão com a natureza e o engajamento das comunidades locais.

A boa notícia é que, nessa seara, testemunhamos movimentos importantes e consequentes no país, em particular na iniciativa privada. São empresas e investidores que, juntos, já movimentaram bilhões de reais com produção de sementes e mudas, preparo de solo, manejo e controle de pragas, bem como o desenvolvimento de mercados. Como premissa, requer-se o estabelecimento adequado de regulações e legislações, tais como, por exemplo, a do mercado de carbono nacional e do Artigo 6 do Acordo de Paris.

O país detém condições únicas para liderar globalmente a restauração florestal. Segundo o Atlas das Pastagens, desenvolvido pelo Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás, possuímos mais de 100 milhões de hectares de terra com algum nível de degradação. Isso, combinado à biodiversidade incomparável, capacidade técnica e avanço tecnológico, nos coloca em uma posição privilegiada para captar investimentos internacionais.

O mercado global de restauração florestal e créditos de carbono pode movimentar uma grande soma de recursos nas próximas décadas, e o Brasil pode ser um dos maiores protagonistas nessa frente.

Em 2024, a Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), que há mais de 10 anos atua em nome de empresas que plantam árvores para fins industriais, passou a representar também companhias voltadas para a restauração de nativas, compartilhando o propósito de construir um futuro mais verde e sustentável.

Elas somam forças a um setor que já possui notável trajetória de preservação, assim como de manejo florestal sustentável, modelo para o mundo quando se pensa em cultivo com responsabilidade ambiental.

Trata-se de uma indústria que planta, colhe e replanta em 10 milhões de hectares, preservando outros 6,9 milhões de hectares de florestas, uma extensão superior à do estado do Rio de Janeiro.

Historicamente, o setor tem-se expandido sobre áreas antropizadas, convertidas para a produção de fibras a partir de um manejo sustentável em mosaicos florestais, intercalando plantações para fins industriais com áreas de conservação. Assim, preserva os serviços ecossistêmicos, a fauna e a flora.

O setor planta 1,8 milhão de árvores por dia e acumulou, ao longo das últimas décadas, pesquisas e muita experiência que podem servir como fonte de inspiração para escalar também o esforço de restauração de nativas.

Entre as novas associadas da Ibá, estão empresas como a Biomas, a Symbiosis e a re.green, cujos objetivos se voltam ao restauro de milhões de hectares em diferentes biomas brasileiros, trabalho viabilizado a partir de modelos de negócio que incluem a comercialização de créditos de carbono e de produtos florestais. Essas empresas já chamam a atenção de grandes investidores e fundos globais, que apostam no potencial para o planeta e também para seus negócios.

Essa é uma articulação entre diferentes atores em uma agenda pré-competitiva, essencial para o amadurecimento da atividade, a partir do compartilhamento de experiências e fortalecimento da pauta institucional fundada em políticas públicas, pesquisa e desenvolvimento.

A restauração florestal, portanto, não é apenas uma necessidade ambiental, mas também uma oportunidade econômica, social e estratégica. O Brasil, com sua riqueza natural e capacidade de inovação, pode liderar uma nova era de desenvolvimento sustentável, transformando soluções climáticas em motores da nossa economia. Para isso, é essencial que todos os setores da sociedade, do público ao privado, estejam atentos aos avisos escancarados da natureza e trabalhem em conjunto para transformar esse potencial em realidade.

Conjunturas políticas são transitórias, os ciclos administrativos se sucedem, mas o que há de permanente requer paciência estratégica e visão de longo prazo. Ao Brasil, como potência agroambiental, importa valorizar seus diferenciais e sua capacidade de transformar desafios em oportunidades.

Com a restauração florestal, tema discutido em Davos, estaremos servindo de inspiração para muitas iniciativas que farão a diferença, não no curtíssimo prazo, sempre fugidio, mas a largo prazo, que é como realmente se constrói o futuro.

Fonte: CNN Brasil



NASA EXPLICA OS INCÊNDIOS DEVASTADORES DE JANEIRO DE 2025, NA CALIFORNIA

 

June 1 - August 31, 2024

Fuel for California Fires


When hurricane-force winds whipped through Los Angeles County in early January 2025, the hills had ample fuels available to feed a wildland fire. Back-to-back wet years in California led to grasses and chaparral accumulating in the mountains and foothills. Then, warm, dry weather in Los Angeles during the last eight months of 2024 left the vegetation primed to burn.

On January 7, blazes spread quickly in the hills of Pacific Palisades and Eaton Canyon. Santa Ana winds pushed the fires down hills and into neighborhoods, and the two fires eventually covered 37,000 acres (150 square kilometers). Most of the fire spread in the first day after ignition, a characteristic of “fast fires.” These destructive events are usually propelled by strong winds and burn in the autumn or winter when fuels are exceptionally dry.

Researchers at the University of California, Los Angeles (UCLA) noted that several factors contributed to the severity of the fires, including a buildup of vegetation between 2022 and into 2024, followed by very warm and dry conditions in summer 2024. The rapid swing from wet to dry—dubbed “hydroclimate whiplash”—can amplify the risk of wildland fires and has become more common in the 21st century.

From 2022 to early 2024, Southern California received above-average precipitation, said Gavin Madakumbura, a postdoctoral researcher at UCLA. The 2022-2023 water year, which runs from October through September, saw unrelenting atmospheric rivers that delivered torrential rain to California. Much of the 2023-2024 water year was also wet, and rainfall totals for both periods, measured in downtown LA, were nearly twice the long-term average (1877-2024).

The ample rain allowed vegetation to build up, which is apparent in the map above. It shows a satellite-based index of plant health, or “greenness,” over the meteorological summer before the fires. This metric, known as the Normalized Difference Vegetation Index (NDVI), is based on data collected by the Landsat satellites.

The map indicates that many parts of Los Angeles County were 30 percent greener than average in summer 2024 (compared to a record from 1991 to 2020). That July, the National Interagency Fire Center warned that “herbaceous fuel loadings” were above normal throughout California, and in some hilly areas, were twice the normal amount.

January 7, 2025

Conditions shifted in the last half of 2024. According to Madakumbura and colleagues, the Los Angeles region received no significant rain between May 2024 and early January 2025, which dried out the accumulated vegetation. On January 4, 2025, the Los Angeles Times reported that the downtown area had only one instance in the previous eight months when rainfall exceeded a tenth of an inch—the threshold considered helpful for reducing wildfire risk by keeping plants from drying out. That made it the second-driest May to January on a record that goes back to 1877.

The landscape’s dryness was made worse by heatwaves that struck the U.S. Southwest in June and July 2024, either breaking or tying temperature records in several cities in California.

The map above shows moisture relative to normal in the top 40 inches (100 centimeters) of soil, in the “root zone,” on January 7, 2025, the day the Palisades and Eaton fires ignited. The data are from NASA’s SPoRT (Short-term Prediction Research and Transition) Center at Marshall Space Flight Center. The soil moisture in much of Southern California was in the bottom 2 percent of historical records (1981-2013) for that day.

“This is historically low soil moisture,” said Jonathan Case, a meteorologist with NASA SPoRT who has studied how moisture conditions can contribute to fire risk.

SPoRT’s Land Information System (SPoRT-LIS) provides 3-kilometer resolution gridded soil moisture products in near real-time to support regional and local modeling and is used by the U.S. Drought Monitor to track drought conditions across the country.

NASA Earth Observatory images by Michala Garrison, using Landsat data from the U.S. Geological Survey and soil moisture data from NASA's Short-term Prediction Research and Transition (SPoRT) Center. Story by Emily Cassidy.


References & Resources

Case, J. L., & B. T. Zavodsky (2018) Evolution of 2016 drought in the Southeastern United States from a land surface modeling perspective. Results in Physics, 8, 654-656.

CBS (2025, January 10) Maps show how dry Southern California is, as L.A. wildfires burn. Accessed January 30, 2025.

Madakumbura, G., et al. (2025, January 13) Climate Change A Factor In Unprecedented LA Fires. Accessed January 30, 2025.

Los Angeles Times (2025, January 4) With negligible rain in 8 months, Southern California swings toward drought. Accessed January 30, 2025.

NASA Earth Observatory (2025, January 9) Fires Tear Through Los Angeles. Accessed January 30, 2025.

NASA Earth Observatory (2024, December 12) The Fast Fire Threat. Accessed January 30, 2025.

NASA SPoRT Near real-time data viewer. Accessed January 30, 2025.

National Interagency Fire Center (2024, July 22) Fuels and Fire Behavior Advisory California Grass and Herbaceous-Dominated Ecosystems. Accessed January 30, 2025.

National Integrated Drought Information System NASA SPoRT-LiS Soil Moisture Products. Accessed January 30, 2025.

Swain, D.L., Prein, A.F., Abatzoglou, J.T., et al. (2025) Hydroclimate volatility on a warming Earth. Nature Reviews Earth & Environment, 6, 35-50.

Yale 360 (2025, January 16) Whiplash: How Big Swings in Precipitation Fueled the L.A. Fires. Accessed January 30, 2025.





Brasil tem o maior potencial de regeneração natural de florestas. Como aproveitá-lo?

Por Lídia Duarte, Vinícius Dias Póvoa e Bruno Calixto

O ano de 2025 marca a metade da Década da Nações Unidas de Restauração dos Ecossistemas. Um de seus motes alerta: “Nunca foi tão urgente reviver os ecossistemas danificados como é agora”. Ele não poderia ser diferente dado a importância da restauração para frear a emergência climática e impedir a extinção de diversas espécies. Ao observar os dados de desmatamento nos trópicos (área em que ocorre 96% da remoção de florestas do mundo), a situação é alarmante. Segundo dados mais recentes do Global Forest Watch, o mundo perdeu em um ano o equivalente a quase 10 campos de futebol por minuto de florestas tropicais primárias, o que emitiu 2,4 gigatons de CO² na atmosfera - quase metade das emissões anuais dos Estados Unidos. Manter florestas de pé é essencial para reduzir emissões de gases de efeitos estufa, na medida em que elas absorvem e armazenam carbono quando preservadas, mas o liberam quando derrubadas.

Florestas abrigam os ecossistemas mais biodiversos do mundo. A ameaça à essa diversidade afeta diretamente populações, a natureza e o clima. Atualmente, 1,6 bilhão de pessoas no mundo dependem diretamente de recursos de florestas para manter seu sustento. Além disso, florestas também fornecem serviços ecossistêmicos fundamentais para a existência humana e de outras espécies. A qualidade da água, do ar e do solo, bem como a regulação do clima, das chuvas e das temperaturas são serviços em risco com a perda da biodiversidade de florestas.

É nesse sentido que plataformas intergovernamentais foram estabelecidas buscando metas de restauração ambiciosas. O Brasil integra grande parte delas. A começar pelo Desafio de Bonn, que tem como objetivo a restauração de 350 milhões de hectares até 2030 no mundo todo. O país também é parte da Iniciativa 20x20 e a Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, que objetivam, respectivamente, iniciar o processo de restauração de 50 milhões de hectares na América Latina até 2030 e restaurar 30% das áreas degradadas do mundo até a mesma data. Ainda recentemente, durante a COP 16 da Biodiversidade na Colômbia, o Brasil lançou a nova versão do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), o qual reafirma seu compromisso de restaurar 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030.

Agricultora na capacitação de agricultores e agricultoras familiares realizada no Assentamento Abril Vermelho, no município de Santa Bárbara do Pará/PA, promovida pelo WRI Brasil em parceria com MST e Imazon. As atividades fazem parte do projeto “Promovendo a Regeneração Natural Assistida em larga escala no Mato Grosso e Pará”.


Como restaurar?

A restauração em larga escala como prevista no Planaveg, no Desafio de Bonn e outras plataformas pode trazer avanços importantes na mitigação das mudanças climáticas, impedir a extinção de diversas espécies e evitar catástrofes ambientais. Assim sendo, é importante compreender qual a melhor forma de restaurar e como fazê-lo em escala. Projetos de restauração ainda são majoritariamente focados em técnicas de plantio direto. Porém, esse tipo de técnica é custo intensiva. Seu alto custo traz dificuldades para atingir a grande escala necessária, principalmente em países em desenvolvimento, os quais concentram a maior parte do potencial de regeneração. Reduzir a ação humana e aproveitar da capacidade de regeneração dos próprios ecossistemas é uma forma de reduzir custos e garantir a restauração. Essa prática tem nome: a chamada Regeneração Natural Assistida (RNA) é uma solução baseada na natureza que combina a capacidade de regeneração natural das florestas com a intervenção humana planejada, como o plantio de espécies nativas de interesse e medidas de proteção contra o fogo ou degradação da vegetação em regeneração.

O grande potencial de regeneração das florestas tropicais

Uma das partes importantes da implementação da RNA é identificar as áreas na qual a regeneração natural tem potencial de ocorrer. Um recente estudo publicado na revista Nature aponta que esse potencial é grande na zona dos trópicos. A análise é baseada no uso de sensoriamento remoto e utiliza de variáveis geofísicas, socioeconômicas e biofísicas. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), distância de áreas urbanas, densidade da floresta local, distância da cobertura vegetal mais próxima e outras, são exemplos das variáveis usadas.

Saber quais áreas de florestas tropicais podem se regenerar é particularmente importante dado a enorme biodiversidade contida nelas, suas rápidas taxas de crescimento comparadas a outros tipos de florestas e, especialmente, porque elas já foram extensamente degradadas ou desmatadas.

O resultado do estudo: 215 milhões de hectares de floresta tropical têm potencial de regeneração natural. Em termos práticos, isso significa que o equivalente à área dos estados do Amazonas e Minas Gerais somadas podem ser regenerado e voltar a ser florestas tropicais. Desses milhões de hectares, 52% se concentram em 5 países: Brasil, Indonésia, China, México e Colômbia. Dentre eles, o Brasil possui a maior área com potencial de regeneração nos trópicos: 20,3% dessa área fica em solos brasileiros.

Esses 215 milhões de hectares, se regenerados, podem trazer importantes avanços na mitigação das mudanças climáticas. Estima-se que a regeneração dessas florestas, em um curso de 30 anos, é capaz de sequestrar 23,4 gigatons de carbono (Gt de C) somente em biomassa acima do solo. Esse valor equivale a mais do que a quantidade de carbono sequestrada globalmente por florestas tropicais e subtropicais primárias e secundárias em um período de três anos. Na realidade, esse potencial de sequestro de carbono é ainda maior quando contabilizado o que é sequestrado pela biomassa subterrânea. Ela é de difícil projeção, mas estima-se um aumento de 22 a 28% do número anterior. Ou seja, a regeneração dessas florestas poderia sequestrar até 30 gigatons de carbono em 30 anos.

Imagem de drone de restauração ativa na Caatinga nos estados da Paraíba e Pernambuco.

Incentivando a adoção da RNA no Brasil

Ampliar as iniciativas de restauração é essencial para aproveitar o potencial de regeneração no Brasil e nos trópicos. Com esse objetivo, o WRI Brasil realiza e integra projetos para impulsionar a agenda da restauração e RNA no Brasil.

Para incentivar a restauração no bioma amazônico, o WRI Brasil executa o projeto “Regeneração Natural Assistida em larga escala na Amazônia brasileira”. O projeto atua identificando áreas prioritárias, desenha e testa soluções, e expande a escala das iniciativas bem-sucedidas. Ele visa ao incentivo do uso da RNA por comunidades da região e combina restauração com necessidades locais ao gerar renda e melhoria de vida para as populações. Saiba mais na página do projeto.

O WRI Brasil também desenvolveu, em parceria com a União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), a metodologia ROAM. Ela identifica oportunidades, analisa dados e promove a restauração de paisagens. Seu método é participativo e parte dos interesses e desafios dos principais atores das regiões analisadas. O WRI Brasil já apoiou a aplicação da ROAM em 5 estados do Brasil. Entenda mais na página do projeto.

Fonte: WRI Brasil  



sábado, 25 de janeiro de 2025

NEGACIONISMO CLIMÁTICO DE TRUMP É UM CRIME CONTRA O PLANETA, MAS EUA SERÃO OS MAIORES PERDEDORES

Imagem ONU Brasil

Trump anunciou que boicotará novamente a agenda climática mundial, mas logo perceberá que não é o dono do mundo e nem o dono do seu próprio país. Suas atitudes encontram muitas resistências e o seu afastamento da agenda climática poderá causar um sério dano geopolítico para os EUA.

Postei aqui no blog há poucos dias o artigo DE VOLTA ÀS TREVAS: as sombras da volta de Trump, onde analisei as ameaças e riscos do retorno de Donald Trump à presidência dos EUA e os seus impactos sobre a agenda das mudanças climáticas liderada pela ONU. Trump é um negacionista climático, faz disso uma das suas bandeiras políticas e influencia conservadores do mundo todo com a sua retórica e atitudes. 

Em 01 de junho de 2017, no seu primeiro governo, Trump retirou os EUA do Acordo de Paris, ato que por sua vez foi revogado pelo democrata Joe Biden logo ao assumir o governo, após derrotar Trump. No dia 20 de janeiro de 2025, dia da posse do seu segundo mandato, Trump assinou uma Ordem Executiva (decreto) para retirar os EUA do Acordo de Paris pela segunda vez. No artigo, ponderei que na primeira vez que isso aconteceu, foi um grande abalo nos meios da diplomacia climática, como constatei pessoalmente na COP 26, em Glasgow. Diante da perplexidade de todos, houve de fato uma paralisia nos avanços da agenda climática, com prejuízos enormes nesta ação que é tão emergencial. Na ocasião, o Brasil também estava entre os vilões, com o negacionismo climático de Bolsonaro. Um enorme constrangimento!

Eleição de Trump é um evento climático extremo’, diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. Entrevista à Infoamazônia.

No entanto, Trump não é mais novidade para ninguém e o mundo saberá se proteger dos seus devaneios, principalmente num tema tão emergencial e decisivo para as atuais e futuras gerações. 

Acredito que no cenário mundial, a ausência dos EUA não deixará um vácuo de liderança, mas abrirá espaço para que outros países assumam o protagonismo, isolando e reduzindo a influência geopolítica dos americanos. Possivelmente, a China e a Europa devem assumir essa liderança.

Imagem publicada pelo Governo da Califórnia.
"If you don’t believe in science, believe your own damn eyes". Governador da Califórnia Gavin Newsom, logo após Trump assinar o decreto tirando os EUA do Acordo de Paris. 

REAÇÃO NOS EUA - A posse de Trump foi marcada pela presença de Mark Zuckerberg, Jeff Bezos e Tim Cook e o histriônico e deslumbrado Elon Musk, com sua saudação nazista. Se existem bilionários no "lado sombrio da força", também existem figuras de muita influência do lado certo. Cabe destaque ao empresário Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York por três mandatos (2002-2013) e dono de um império de comunicação, que reage mais uma vez a Trump. Ele anunciou que sua organização, Bloomberg Philanthropies, honrará os compromissos dos EUA perante a agenda climática. Diante da omissão do governo federal americano, assumirá as obrigações de elaborar os relatórios nacionais sobre os avanços nas políticas climáticas e ainda fará os repasses de recursos do governo americano para a secretaria-executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (em inglês, United Nations Framework Convention on Climate Change - UNFCCC). Trata-se do órgão que lidera e organiza as Conferência das Partes do Clima, as COP´s. 

Bloomberg já havia feito o mesmo na primeira gestão de Trump e anunciou que fará novamente para dar o necessário suporte financeiro para a continuidade das ações. A UNFCCC é financiada pelos cerca de 200 países signatários da Convenção do Clima, aprovada na Rio-92. Segundo os critérios da ONU, como os EUA são a maior economia do mundo, pagam a maior parcela. 

A primeira gestão de Trump, deixou uma dívida de US$ 8,3 milhões com o órgão climático da ONU, que só foi saldada por Joe Biden no ano passado. O governo Biden cumpriu com a sua contribuição com a UNFCCC. Em 2024, a Bloomberg Philanthropies já havia sido a maior doadora privada da UNFCCC, com U$$ 4,5 milhões.

Na primeira gestão de Trump, Bloomberg ajudou também a mobilizar lideranças nos EUA e foi criada a coalizão America Is All In, que conta atualmente com o apoio de 10 dos 50 estados americanos, 362 cidades (representam 46 estados e 60 milhões de habitantes), 2.978 empresas, 175 grupos de investimentos, 840 grupos religiosos, 428 instituições de ensino superior (Universidades) e 55 organizações da área da saúde. Segundo o site da America Is All In, trata-se da maior coalizão de lideranças climáticas nos EUA, e representa 2/3 da população e 3/4 do PIB do país. Em um press release divulgado no dia 20 de janeiro, dia da posse de Trump, estas lideranças reafirmaram o compromisso firmado na NDC americana (documento que expressa os compromissos voluntários de cada país diante do Acordo de Paris), que foi atualizado pelo governo Biden em dezembro de 2024. Ou seja, trabalharão para que a meta de redução de 61 a 66% das emissões que existiam em 2005 seja atingida em 2035. Estes líderes estão convencidos que a postura de responsabilidade climática, com o investimento em energia limpa, farão a economia crescer, vão reduzir as contas de energia das famílias, criará empregos bons e bem pagos e reduzirão as emissões levando o país a cumprir as suas metas.

Outra organização que merece destaque é a US Climate Alliance que reúne 24 governadores (54% da população e 57% do PIB) e que encaminharam uma Carta Aberta à ONU e à comunidade internacional reafirmando que seus estados continuarão trabalhando para que as metas dos EUA sejam alcançadas. 

REAÇÕES INTERNACIONAIS: No cenário internacional, a reação contra a política anunciada por Trump é enorme. Chefes de estado, ministros, cientistas de renome internacional e prefeitos como Sadiq Khan, de Londres; Anne Hidalgo, de Paris, mostraram indignação. Dirigentes da ONU, a Comunidade Europeia e uma porta-voz da governo da China criticaram os EUA e vozes das principais organizações da sociedade civil de atuação internacional também se manifestaram.

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, foi dura: "Eu exorto a todos os defensores do clima: precisamos estar firmes diante dos céticos climáticos (...) nunca nos faltará coragem e determinação. Mais do que nunca, continuaremos a inovar e adaptar as nossas cidades às mudanças climáticas".

Ani Dasgupta, presidente e CEO do World Resources Institute - WRI, uma organização de atuação global, que reúne mais de 1.900 pesquisadores e especialistas e que tem um ativo escritório no Brasil, declarou que "Estamos num esforço geracional para colocar o mundo num lugar mais seguro" e afirmou também que "Não faz sentido os EUA desistirem voluntariamente da influência política e repassar as oportunidades de estruturarem o mercado de energia verde que está explodindo no mundo".

Laurance Tubiana, CEO da Fundação Climática Europeia e um dos mais importantes articuladores e arquitetos do Acordo de Paris disse que "O contexto hoje é muito diferente de 2017. Há um momentum econômico irrefreável por trás da transição global que os EUA se beneficiaram por liderar mas agora abrem mão".

MOBILIZAÇÃO DOS GOVERNOS SUBNACIONAIS

Estive na COP 26, em Glasgow, conferência que foi marcada pelo boicote de Trump. Fui como prefeito de Niterói, como representante da Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos - FNP e também representando a organização Governos Locais pela Sustentabilidade - ICLEI. Esta última é uma organização que reúne mais de 2.800 cidades do mundo e da qual faço parte da governança regional (América do Sul) e global. Na ocasião, fiz parte de um grupo pequeno de prefeitos de várias partes do mundo que se reuniu com o secretário-geral da ONU, António Guterres. Levamos a reivindicação de que os governos subnacionais (cidades, províncias, estados, regiões) deveriam ter assento nas mesas de decisão climáticas. A ideia foi bem recebida por Guterres e seguiu avançando pelas COP´s seguintes. 

Participei com representantes de outras sete cidades do mundo de uma reunião com o secretário-geral da ONU, António Guterres, quando reivindicamos uma maior participação das cidades na tomada de decisão sobre clima.

Na COP 28, em Dubai, consolidou-se a Coalition for High Ambition Multilevel Partnerships (CHAMP) for Climate Change. A coalizão foi uma iniciativa de um conjunto de organizações: America Is All In, Bloomberg Philanthropies, C40 Cities, CDP, European Climate Foundation, the Global Covenant of Mayors for Climate & Energy, ICLEI, NDC Partnership, UN Climate Change High-Level Champions, Under2 Coalition, UN-Habitat, WRI Ross Center for Sustainable Cities e outros. A Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos - FNP assinou uma carta de apoio ao CHAMP, assim como outras organizações de cidades no mundo.

Costumo afirmar que estamos num Clinch Climático, pois os lobbies fizeram o seu trabalho e os avanços na agenda climática estão muito lentos e precisam ganhar mais tração. Para sair do atual estado de impasse e lentidão nos avanços, precisamos trazer para a mesa de negociação novos interlocutores e as cidades podem fazer a diferença. Não podemos ficar na mão apenas dos governos nacionais e corporações!

O pleito do CHAMP foi ouvido e a participação das instâncias subnacionais passou a constar dos documentos finais da COP 28.

COP 30: O Brasil prepara a COP 30 que será realizada em Belém, PA, no final de 2025. Acredito que seja a última oportunidade de se salvar o processo de debate climático internacional no formato que tem se mantido há mais de 30 anos e com resultados muito abaixo do esperado. O objetivo da COP 30 é a renovação das NDC´s dos países e, portanto, a renovação dos compromissos das nações com a agenda das mudanças climáticas.

Com Trump ou sem Trump, o mundo tem a obrigação de avançar e buscar caminhos para a redução das emissões de Gases do Efeito Estufa, a mitigação dos danos e atingir a resiliência climática.

Não há mais tempo a perder!

Axel Grael


quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

DE VOLTA ÀS TREVAS: as sombras da volta de Trump


Como dizia o Barão de Itararé, "... de onde menos se espera, dai é que não sai nada mesmo..."!

O novo mandato do Trump começou da forma esperada. Quando saiu o resultado do estranho processo eleitoral nos EUA, já sabíamos que viriam recuos criminosos nas agendas do clima, da sustentabilidade, dos direitos humanos, da paz, do comércio justo etc. Trump já havia feito isso antes, disse que faria novamente e já está cumprindo o que prometeu.

Talvez, a única vantagem - se é que algo de bom possa ser visto ali - é que Trump e sua turma resolveram rasgar a fantasia e estão sendo mais explícitos do que nunca. No evento de posse, o deslumbrado bilionário-patrocinador-amigo e agora ministro Elon Musk, o homem mais rico do mundo, fez a saudação nazista, enquanto o filho de Trump fez sinais suspeitos com as mãos até ser reprimido pela própria esposa. E o presidente fez um discurso ainda mais radical que o habitual. Trump reiterou as ameaças contra os países vizinhos (Canadá, México e até a Groelândia e Panamá) e, mais uma vez, com o seu discurso xenofóbico sobrou como sempre para os imigrantes.

Em entrevista, ao ser perguntado se ajudará a reconstruir Gaza, disse que "pode ser que sim" ("I might...!") e completou: "... vi numa foto que Gaza está toda destruída e precisará ser reconstruída. Mas, é um lugar na beira do mar. Dá para fazer muitas coisas interessantes lá!" Trump enriqueceu com negócios imobiliários. Deve estar pensando em resorts e não em refazer a cidade para os próprios milhares de desabrigados palestinos. Perguntado sobre a relação com a América Latina, desdenhou e disse: "Não preciso deles. Eles precisam de nós!"

Saudação nazista de Elon Musk. Foto Reuters.

O presidente que retorna já se manifestou a favor do estímulo do comércio de armas e também delimitou a sua percepção de mundo, bradando: "Só existem dois gêneros: masculino e feminino!" 

O governo Biden foi um fracasso, mas teve alguns avanços importantes na agenda do Clima, Transição Energética e Sustentabilidade.

Trump já anunciou que vai retirar os EUA novamente do Acordo de Paris, vai revogar todas estas medidas de Biden e com relação às limitações impostas à exploração de petróleo em lugares ambientalmente vulneráveis, disse que a sua regra será: "Drill, drill, drill!" ("Perfura, perfura, perfura!"). Ainda anunciou a retirada de todas as prioridades para a eletrificação da frota de veículos e mais outras vilanias contra o planeta.

Toda esta atitude de radicalização pode inflamar os seus seguidores mais radicais, mas aumenta as dissidências. As fichas começarão a cair para muita gente que acreditou na retórica de Trump.

Se os ambientalistas não estão surpresos com o que está acontecendo, passamos a imaginar o impacto sobre outros grupos da sociedade:

- O que estará pensando a parcela pró-Trump dos judeus, sempre tão influentes na política americana, sobre a atitude do bilionário-ministro fazendo a saudação nazista?

- O que estarão pensando as minorias que ao longo do tempo conquistaram com muita luta as políticas afirmativas de inclusão? O que os cidadãos americanos negros, das muitas minorias étnicas, deficientes etc. estarão pensando, diante da ameaça de voltar para o segundo plano social, diante de um presidente que diz que agora "será tudo pela meritocracia". Aliás, prática que ele prega, mas não adotou na escolha do seu ministério. Sua equipe é composta pelo simbólico Musk - um estranho no ninho no que se refere a politicas públicas, mas que aportou muitos milhões de dolares na campanha de Trump. Além dele, outros  doadores de campanha e amigos ganharam posições-chave no governo mais poderoso do mundo sem que se reconheça o excepcional mérito dessas pessoas para o cargo.

- O que o mundo todo está pensando de um chefe da nação mais poderosa do mundo ter arroubos xenófobos e até expansionistas sobre países vizinhos como Canadá, México, Groelândia (Dinamarca) e até o Panamá?


Trump é o oposto do estadista. O estadista fala para a sua nação, para o mundo. Trump só fala para os seus. Seu discurso nunca foi tão direcionado para a sua própria tropa e também nunca foi tão agressivo, irresponsável, sectário e excludente. Com isso, acredito que a tropa trumpista perderá preciosos batalhões, o que no equilíbrio da atual polarização mundial, poderá reforçar o lado dos que clamam pela ética e pela democracia.

Acompanho a agenda climática mundial e sei que na gestão anterior de Trump, houve uma paralisia da agenda por obra do boicote da diplomacia americana. Vejo dificuldades pela frente, mas Trump não é mais novidade e acredito que as mesas de negociação climáticas saberão como lidar melhor com a atitude americano sob o negacionismo trumpista. Os EUA sao fortes mas não são donos do mundo e o mundo sabe disso. Acredito que podemos ter uma reação de uma nova geopolítica climática, isolando os EUA. Outros paises podem assumir o protagonismo. Europa, China? Vamos ver...

Por um lado, a hegemonia de Trump no Congresso dos EUA (Senado e Câmara) preocupa pois o contraponto legislativo está comprometido e as leis também podem retroceder. Mas, uma coisa podemos ter certeza: ainda haverá muita disputa judicial e muita confusão pela frente.

No final, passado o pesadelo, o retrocesso civilizatório será derrotado pelo bom senso da democracia, da ciência e da boa política. Resta saber o tamanho do estrago e quanto custará a restauração. Infelizmente, possivelmente só as próximas gerações terão as respostas.

Axel Grael




quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

El Niño agrava impacto da seca em águas subterrâneas na Amazônia e eleva risco de incêndio, constata estudo

 

A ilustração mostra o impacto do El Niño nos níveis de água subterrânea do solo superficial (sfsm), da zona das raízes das árvores (rtzsm) e das águas subterrâneas (gws), e a relação com o risco de incêndio (crédito: Bruno Conicelli)


Pesquisadores conseguiram demonstrar relação entre o fenômeno climático e a propensão ao fogo, criando uma ferramenta que pode, no futuro, auxiliar em ações preventivas

Luciana Constantino | Agência FAPESP 

O risco de incêndio na Amazônia é maior em regiões onde o armazenamento de água subterrânea está comprometido, principalmente se o El Niño estiver agravando a seca. Usando imagens de satélite e dados de queimadas, pesquisadores conseguiram demonstrar a relação entre o fenômeno climático e a propensão ao fogo, criando uma ferramenta que poderá, no futuro, auxiliar em ações preventivas.

Os resultados do estudo, com base em informações de 2004 a 2016, revelam uma diminuição nas condições de umidade em três níveis – do solo superficial (sfsm), da zona das raízes das árvores (rtzsm) e das águas subterrâneas (gws), sendo este último o que apresenta maior severidade de aridez. São esses “reservatórios” que demoram mais para se recuperar quando afetados por secas consecutivas e extremas decorrentes do El Niño, um dos fenômenos climáticos de maior impacto na Terra.

Nas últimas décadas, incêndios florestais provocados pelo homem (antropogênicos) alteraram significativamente a dinâmica da vegetação na região amazônica. Essas atividades humanas são consideradas “ignições” para o fogo na floresta tropical, sendo que a escalada das queimadas está ligada às condições climáticas.

Somente em 2024, o total de focos de incêndio registrado de janeiro a 20 de novembro na Amazônia é o maior desde 2010 – foram 132.211 em pouco menos de 11 meses, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Com uma metodologia diferente da usada pelo Inpe, o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), alerta que já foram queimados cerca de 128 mil km2 do bioma neste ano, o que corresponde ao território da Inglaterra.

“Resolvemos investigar o impacto da seca meteorológica e hidrológica dos incêndios na Amazônia com atenção no papel das águas subterrâneas e eventos do El Niño dentro do projeto Sacre, que tem foco maior em áreas urbanas, mas também olha para zonas rurais e florestas. E conseguimos demonstrar a relação”, comemora o professor Bruno Conicelli, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), autor correspondente da pesquisa.

Publicado na revista Science of the Total Environment, o artigo tem como coautor o pesquisador Ricardo Hirata, coordenador do “Sacre: Soluções Integradas de Água para Cidades Resilientes”. Um dos maiores projetos de pesquisa aplicada em recursos hídricos no Brasil, o Sacre tem como tema central as águas subterrâneas e o objetivo de reduzir a vulnerabilidade de cidades e do campo em crises associadas às mudanças climáticas globais. Recebe apoio da FAPESP por meio de um Projeto Temático.

Base de dados

Para a caracterização da seca hidrológica, os pesquisadores utilizaram informações de satélite da missão GRACE, sigla em inglês para Gravity Recovery and Climate Experiment, que permite detectar o armazenamento de água terrestre integrando umidade do solo, água superficial e a subterrânea.

Cruzaram com dados sobre a gravidade da seca em cada local analisado. Com isso, conseguiram identificar áreas com menor concentração de umidade no nordeste da bacia amazônica, além de uma diminuição da umidade em direção ao leste.

As maiores áreas queimadas coincidiram com regiões que enfrentaram seca durante eventos extremos do El Niño, com um aumento entre 2015 e 2016. À época, o fenômeno foi considerado um dos três mais intensos já registrados (juntamente com 1982/83 e 1997/98). O de 2023/2024 está entre os cinco mais fortes, segundo a Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês).

O El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal da superfície do oceano Pacífico devido à diminuição da intensidade dos ventos alísios. Os padrões da circulação atmosférica sobre o Pacífico são alterados, com mudança também na distribuição de umidade e das temperaturas em várias partes do planeta. Relatórios internacionais apontam que haverá um crescimento na frequência e intensidade desse evento nas próximas décadas.

“Sabemos que as queimadas na Amazônia têm origem antrópica. No entanto, quando há o registro de um El Niño mais intenso, como ocorreu em 2016, que investigamos, e novamente em 2024, as secas meteorológicas e hidrológicas tornam-se mais severas na floresta. Nessas condições, a vegetação depende intensamente da água subterrânea para sobreviver. As árvores menores, com raízes menos profundas, são as primeiras a sofrer com a falta de água”, diz Conicelli, que foi orientador da primeira autora do artigo, Naomi Toledo. Quando a pesquisa começou, ela era aluna de graduação da Universidad Regional Amazônica Ikiam, no Equador, onde Conicelli foi professor durante quatro anos.

Em agosto, um grupo internacional publicou o primeiro relatório State of Wildfires, mostrando que os incêndios na Amazônia Ocidental – que inclui Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia – entre março de 2023 e fevereiro de 2024 foram impulsionados por secas prolongadas ligadas ao El Niño. Aliadas às condições meteorológicas, as secas explicaram 68% desses incêndios, seguida da influência de ações antrópicas, como desmatamento, agricultura e fragmentação de paisagens naturais (leia mais em: https://agencia.fapesp.br/52493).

Sistema de alerta

Com base no resultado do trabalho, o grupo desenvolve um índice de risco de incêndios adaptado à região amazônica, incluindo tanto indicadores meteorológicos (ligados às chuvas) quanto hidrológicos (água no solo, rios, aquíferos e outras reservas). O modelo pode ser aplicado em outros ecossistemas.

Ao demonstrar a interconexão entre as condições meteorológicas e hidrológicas e o agravamento dos incêndios florestais, os resultados podem contribuir com estratégias destinadas a mitigar o risco de queimadas e ações de prevenção. “Estudos como esses são importantes também para a conscientização do quanto a floresta fica vulnerável com eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes e intensos”, completa o pesquisador.

Segundo Conicelli, a expectativa é no futuro acrescentar dados coletados em campo para que o sistema sirva como um alerta quando as águas subterrâneas ficarem em níveis baixos.

O artigo Dynamics of meteorological and hydrological drought: The impact of groundwater and El Niño events on forest fires in the Amazon pode ser lido em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0048969724067688.

Fonte: Agência FAPESP



Mundo ultrapassa a marca de 1,6°C: entenda o que isso significa para o clima e quais os impactos para o Brasil

Primeiro dia sem gelo no Ártico pode acontecer em 2027, alerta estudo

Especialistas explicam que calor recorde afeta mais países subdesenvolvidos e tropicais, como o Brasil, e expõe à população a extremos. Dados do Cemaden mostram que, em 2024, regiões no país ficaram até 2,2°C mais quente.

Por Poliana Casemiro

O mundo está ficando mais quente e isso está acontecendo muito antes do esperado. O ano de 2024 foi o mais quente já registrado na Terra e, pela primeira vez, a temperatura média global aumentou 1,6ºC em relação aos níveis pré-industriais, superando o que é considerado limite seguro para o planeta.

➡️ Você pode pensar que o ano ser o mais quente já visto pode não ser uma novidade – e não é. Há uma década, os anos vêm marcando recordes de temperatura. Por exemplo: 2023 já tinha sido considerado o ano mais quente vivido na Terra.

🔴 O problema é que, agora, esse aumento chegou a um patamar acima do limite do que é considerado seguro. A previsão dos pesquisadores há quase uma década para quando isso acontecesse é que sofreríamos extremos de chuva, seca e mortes. E foi o que vimos em 2024:
🔴 Chuvas intensas como as que devastaram cidades inteiras no Rio Grande do Sul e na Espanha, que viveu a pior tempestade da história;
🔴 A pior temporada de furacões da história dos Estados Unidos;
Chuvas que mataram centenas de pessoas na África e mudaram a paisagem do deserto;
🔴 Ao mesmo tempo, secas extremas, deixando pessoas sem água e isoladas, como vimos no Norte do Brasil;
🔴 Incêndios florestais de grandes proporções, como os que aconteceram no Brasil e cobriram o país de fumaça por meses.

O que especialistas dizem é que todo esse cenário pode ser apenas uma amostra do que podemos esperar no futuro caso a Terra continue tão quente como está.

➡️ O 1,5°C foi definido no Acordo de Paris, em 2015, após pesquisas indicarem que esse seria o “limite seguro” das mudanças climáticas. Isso porque, se o índice atingisse a marca de 2°C, que era o que estava sendo previsto com o avanço das emissões, a Terra estaria em risco.

Para que esse limiar fosse mantido, no entanto, era necessário conter o avanço das emissões de gases do efeito estufa, causadores do aquecimento global. Esses gases, como o dióxido de carbono, fazem parte do dia a dia do mundo e de operações que são pilares da economia – o que torna tudo mais difícil.

O que os especialistas dizem é que ter chegado a 1,6°C mais quente em relação aos níveis pré-industriais em 2024 é um indício de que podemos estar mais perto dos 2°C.

"A indústria e os países estão fracassando no compromisso de reduzir as emissões e, agora, superamos um marco limite. Se a gente não reduzir rapidamente, vamos bater os 2°C em breve e isso vai ser um suicídio ecológico"

— Carlos Nobre, climatologista e referência mundial em estudos sobre mudanças climáticas.

🔴 É importante lembrar que o cálculo é uma média, que leva em conta as temperaturas registradas no mundo todo, que tem lugares mais quentes que outros. Os países mais vulneráveis são os tropicais, como o Brasil. Um levantamento feito pelo Cemanden a pedido do g1 mostra que há locais no país que ficaram 2,2°C mais quentes nos últimos 80 anos. (Leia mais abaixo)

O g1 conversou com Carlos Nobre, climatologista e referência mundial em estudos sobre mudanças climáticas; Paulo Artaxo, pesquisador e membro do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU; e José Marengo, membro do IPCC e coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) para explicar o que esse cenário pode causar e o que devemos esperar do futuro.

O que significa ultrapassar 1,6°C na temperatura para o clima?

Cientistas no mundo todo vêm alertando sobre o aumento da temperatura global. O calor é um risco à saúde humana e à natureza, muda o clima e pode até fazer países desaparecerem, como as Ilhas no Pacífico que podem sumir com o aumento do nível das águas – consequência do aquecimento global.

Quando foi feito o Acordo de Paris, em 2015, o que as pesquisas apontavam era que seria necessário reduzir essas emissões para evitar que o planeta chegasse aos 2°C de aquecimento. Ou seja, o esperado era que a Terra chegasse a temperatura atual apenas décadas de 2025.

No entanto, desde o acordo, a transição energética — para que o mundo usasse menos combustíveis fósseis em sua produção — andou a passos lentos. As emissões continuaram a subir. (Veja o gráfico abaixo)

Dados mostram que 2024 atingiu recorde de emissões de gases do efeito estufa — Foto: Arte/g1

À época do acordo, o ano de 2015 tinha sido o mais quente já registrado na Terra e a temperatura média global tinha aumentado em 0,90°C – o que já era considerado um alerta. Mas não parou por aí: os últimos 10 anos seguiram batendo recordes, ano a ano. Com isso, ficando mais perto do limite.

🔥 Por exemplo: em 2021, o aumento da temperatura média global tinha sido de 1,11°C em relação aos níveis pré-industriais. Em 2022 esse número foi para 1,15°C, superado em 2023 para 1,48°C e, agora, 2024 ultrapassa todos os índices ao chegar a 1,6°C.

Ou seja, enfrentamos “uma década de calor mortal”, como declarou a Organização das Nações Unidas (ONU) e esse calor significa que podemos estar mais perto de atingir níveis em que não é mais possível reverter.

Para Paulo Artaxo, membro do IPCC, painel ligado à ONU, o índice pode indicar que chegamos ao limite, avançando décadas em relação ao que a ciência havia previsto.

"O que estamos observando é que estamos ultrapassando todos os limites e isso significa que podemos já estar no caminho dos 2°C, o que não pode acontecer. Isso significa um colapso, principalmente para países tropicais como o nosso".

— Paulo Artaxo, pesquisador e membro do IPCC, o painel sobre mudanças climáticas da ONU.
Carlos Nobre, referência mundial em estudos sobre mudanças climáticas, também reforça que o índice indica que, caso as emissões não sejam reduzidas, é possível que não consigamos impedir a Terra de chegar a uma temperatura de “colapso”.

Rio Madeira em meio á seca — Foto: DNIT

Como isso afetou o Brasil e quais os riscos para o país?

De acordo com o centro europeu Copernicus, todos os continentes pelo mundo foram afetados pelas altas temperaturas. No Brasil, análises de órgãos locais como o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostram que o país viveu o ano mais quente de sua história.

Um levantamento do Centro Nacional de Desastres Naturais (Cemaden), órgão do governo federal que apoia na tomada de decisões sobre extremos climáticos, feito a pedido do g1 mostra que nos últimos 80 anos há regiões no país que ficaram até 2,2°C mais quentes.

A análise usou os dados do Copernicus, mas com o recorte nacional, por bioma, representando as regiões do país, e observou a diferença de temperatura entre 2024 e o que foi observado em 1940, início da série histórica.

Veja os índices por bioma:

🔥 No Pantanal, o aumento da temperatura nos últimos 84 anos foi de 2,2°C, o que abrange regiões do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, por exemplo.
🔥 Na Mata Atlântica, que fica na região Sudeste, o índice foi de 1,72°C.
🔥 No Cerrado, que cobre parte do Centro-Oeste e Nordeste, as temperaturas ficaram 1,61°C mais altas.
🔥 Na Caatinga o aumento foi de 1,3°C no período de 80 anos;
🔥 No Pampa, que fica na região Sul, o aumento foi de 0,62°C.

O aumento das temperaturas também causou extremos. Em 2024, o país viveu a pior seca já registrada em sua história recente. A estiagem fez a terra aparecer em meio aos rios do Norte, maior bacia do mundo. A falta de chuva fez a vegetação secou e vivemos incêndios recordes que cobriram parte do país de fumaça e tornou difícil respirar por meses.

Prédios praticamente somem no horizonte devido à camada de poluição e fumaça em São Paulo — Foto: Paulo Pinto/Agencia Brasil

Isso tudo aconteceu ao mesmo tempo em que na outra ponta do país, no Rio Grande do Sul, chuvas torrenciais se formassem, devastando cidades que ficaram completamente alagadas e matando dezenas de pessoas.

O que José Marengo, um dos principais especialistas do país sobre clima, explica é que o Brasil experimentou dos extremos que eram previstos quando a terra aquecesse além do patamar limite.

O Rio Grande do Sul foi prejudicado pelo grande volume de chuva que atinge o estado — Foto: Reprodução/TV Globo.

Marengo alerta que o Brasil é um dos países vulneráveis a esses extremos com o aumento das temperaturas e que se o patamar não for revertido, será como cair de um “penhasco alto”.

"O calor altera o clima e nos deixa expostos a desastres como ondas de calor intensas, seca, chuvas difíceis de conter os estragos. Passar desse patamar é como cair de um penhasco alto".

— José Marengo, pesquisador sobre o clima.

Um relatório recente do Cemaden, que faz o alerta de desastres no país, levando em conta desastres ligados às chuvas, aponta que apesar das oscilações, o volume de ocorrências chegou a patamares elevados. Em 2024, foram 1,6 mil ocorrências. (Veja o gráfico abaixo)

Os pesquisadores alertam que nesse período houve melhorias no monitoramento, o que fez com que os números crescessem. Ainda assim, o aumento das ocorrências de desastres se tornou uma realidade. Reforçam ainda que os dados são de ocorrências e não representam a magnitude. O caso do Rio Grande do Sul, por exemplo, é um dos piores desastres na história do país, o que faz de 2024 um marco quando se fala em tragédias por extremos.

Cestas de alimentos foram destinadas às famílias ribeirinhas afetadas pela seca extrema — Foto: Divulgação

Para além do risco à saúde e à vida, ainda há o risco para a economia. De um lado, há um gasto dos cofres públicos que precisam encontrar verba em meio às crises para apoiar as cidades afetadas. Entre 2011 e 2023, o governo federal perdeu R$485 bilhões com desastres naturais.

De outro, as perdas econômicas aos setores produtivos no país. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em um balanço que reuniu dados apenas de 2024 sobre a seca nos estados do Norte, região mais afetada pela crise, os prejuízos financeiros chegam a R$ 2 bilhões.

E se a média global superar os chegar aos 2°C mais quentes que a era pré-industrial?

O que os especialistas apontam é que as previsões são de que cidades pelo país fiquem até 4°C mais quentes. Isso significa um calor insuportável.


Fumaça de queimadas contribuem para o aquecimento do globo — Foto: REUTERS/Adriano Machado

O que é preciso fazer para frear o avanço das temperaturas?

A única maneira de conter o avanço das temperaturas e evitar que o mundo atinja a marca de risco de 2°C é frear as emissões de gases do efeito estufa.

De acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Copernicus, as emissões vem aumentando em 2024 e podem ter chegado a patamares maiores dos que já registrados antes.

🔴 Você pode se perguntar: como isso acontece se há um acordo internacional para redução desses índices? Isso acontece porque o compromisso não vem sendo cumprido e não é uníssono entre os países.

Empresas têm anunciado há alguns anos projetos de redução de emissão, mas especialistas apontam que isso não está sendo feito na velocidade que o mundo precisa.

A humanidade como um todo, em particular os países desenvolvidos e a indústria do petróleo, fracassou em reduzir as missões e acabar com a exploração de combustíveis fósseis.

— Paulo Artaxo, membro do IPCC.

Na COP 30, que acontece no Brasil, os países vão ter que anunciar as novas metas, atualizando o acordo de Paris. Para Carlos Nobre, essa edição da conferência, em que novas metas são estabelecidas, acontecendo depois de um anúncio como esse, torna o evento no Brasil um dos mais importantes desde a sua criação, mas é também um desafio.

“Os desafios do país são muito grandes para essa COP. A edição vai ser muito estratégica para mudar o patamar do aquecimento global que estamos observando atualmente”, reforça Carlos Nobre.

País é o sexto maior emissor de gases do efeito estufa — Foto: Reprodução/TV Globo

O Brasil já anunciou uma atualização do seu compromisso do Acordo de Paris e afirmou que prevê reduzir suas emissões de gases de efeito estufa entre 59% e 67% até 2035.

No entanto, o que especialistas citam é que, com os índices atuais do clima, já não seriam o suficientes. Segundo o Observatório do Clima, o Brasil deveria se comprometer a reduzir as emissões líquidas em 92% até 2035. Isso significa chegar até a metade da próxima década emitindo, no máximo, 200 milhões de toneladas de gases de efeito estufa.

Para se ter ideia, atualmente, a emissão líquida do Brasil é de cerca de 2,3 bilhões de toneladas de gases – o país é o sexto maior emissor do planeta.

China, Estados Unidos, Índia, União Europeia (UE), Rússia, Brasil, Indonésia, Japão, Arábia Saudita e Canadá foram os 10 maiores emissores de gases de efeito estufa (GEE) em 2023 de acordo com o relatório mais recente do EDGAR (Emissions Database for Global Atmospheric Research) da União Europeia.

Um ponto de atenção para o país é a questão da Foz do Amazonas. No ano passado, a Petrobras descobriu uma acumulação de petróleo em águas ultraprofundas da Bacia Potiguar, no poço exploratório Anhangá, na margem equatorial brasileira.

➡️ A margem equatorial se estende por mais de 2.200 km ao longo da costa entre o Rio Grande do Norte e o Oiapoque, no Amapá. A região é considerada a mais nova fronteira exploratória brasileira em águas profundas e ultraprofundas, e já foi chamada de "novo pré-sal".

A possibilidade de explorar petróleo nessa região é criticada por ambientalistas que apontam riscos de tragédias ambientais, afetando o território amazônico. A exploração depende da autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) – o que a Petrobras ainda não teve. Segundo o órgão, a empresa ainda não retornou ao último pedido de esclarecimentos para a avaliação, que estava em aberto desde 2024.

A possibilidade de explorar petróleo em meio à transição pode parecer contraditória em meio ao anúncio de redução de emissões – e foi exatamente isso que Lula disse em uma entrevista em junho de 2024. E completou que “o Brasil tem que ganhar dinheiro com esse petróleo”.

Fonte: G1