sábado, 13 de junho de 2020

NOVO NORMAL: Como será e como influenciar para que esse novo futuro seja melhor?






Ultimamente, muito tem se falado e se pensado sobre o que será o tão propalado "Novo Normal", período que sucederá a pandemia da COVID-19. O termo remete-se ao entendimento que o que vem pela frente não será como o que havia antes. Mesmo com a chegada da tão esperada vacina para a COVID-19, ou sem ela, teremos uma trajetória gradual para uma nova rotina e a vida seguirá adiante, levando consigo as marcas do que estamos vivendo. O fato é que todos nós estaremos mergulhados nesse Novo Normal nos próximos meses: queiramos ou não!

A COVID-19 é uma tragédia, talvez a maior uma das maiores da história, que impõe um duro sofrimento pelas perdas de vidas, além da queda da renda das famílias, dos empregos e outras duras consequências. Isso nos leva a uma primeira reflexão: depois de tudo isso que estamos passando, caso voltássemos a ser o que éramos antes, estaríamos desperdiçando uma oportunidade histórica que nos leve ao caminho de um futuro melhor, sobre bases sustentáveis, solidárias e de justiça social.

É evidente que a vida mudou durante a pandemia, embora nem todos têm a clara dimensão do quanto as mudanças serão irreversíveis e para onde elas poderão nos levar. A pandemia tomou o mundo de surpresa e descortinou o quanto a humanidade está vulnerável a eventos de dimensões planetárias, forçando reflexões sobre a atual capacidade de governança planetária e sobre inquietações do tipo: 

  • Como evitar ou enfrentar com mais eficiência novas pandemias? 
  • Com as mudanças climáticas, a poluição, a destruição de ecossistemas e outras transformações no planeta, as pandemias serão mais frequentes? Quando será a próxima? 
  • Temos instituições supranacionais ou internas aos países em condição de gerir futuras crises? 
  • O mundo descobriu que depende da indústria chinesa para algumas de sua necessidades mais básicas. Isso mudará a economia mundial, as estratégias nacionais e o comércio entre as nações?

Enfrentando uma crise política e econômica, com um governo que de forma irresponsável optou por uma posição negacionista sobre a real dimensão do problema, o Brasil falhou na capacidade de resposta a uma ameça desta dimensão e, lamentavelmente, o país tornou-se um dos epicentros mundiais da pandemia, contabilizando dezenas de milhares de vítimas fatais. Só perde agora para o número de óbitos dos EUA, que também teve uma posição negacionista no início, mas embora tardiamente, mudou o discurso - o que não se verificou por aqui. 

O que se obteve de resposta à pandemia no país, ocorreu principalmente devido à estrutura do SUS e a sua gestão descentralizada. Na ausência da União, com o que restou do pacto federativo, estados e municípios assumiram a liderança das ações, com alguns destaques, como se verificou no caso do município de Niterói, cuja ação vem ganhando repercussão nacional e internacional. 

Uma das mais severas consequências da COVID-19 é na economia. Um estudo recentemente publicado pelo IPEA (veja abaixo) mostra o tamanho do impacto da pandemia na atividade econômica e nas relações do trabalho.

Diante do imperativo do isolamento social a que as famílias foram submetidas, surgiram novos hábitos e a necessidade de convívio com novas tecnologias, como as ferramentas de reunião online, seja para fins profissionais ou de relacionamento social. Como projetar o tamanho dessas mudanças para o Novo Normal? O edital de O Globo, da edição de 10/06/2020, apresenta números de pesquisas que indicam que já é possível estimar a mudança do comportamento e da rotina das pessoas num futuro próximo e que  as suas consequências são inegáveis.

Os estudos começam a mostrar a face do Novo Normal. Os novos costumes de relacionamento remoto, além de mudar as relações de trabalho, podem ter impacto na redução da demanda por mobilidade e consolidará o comércio online, um campeão de adesão nos tempos atuais, com as entregas de encomendas em domicílio sendo cada vez mais intensas. Uma das consequência deste processo é a crescente exigência pela melhoria das condições de conectividade. 

As pessoas estarão ainda mais tempo nas atividades online? Se assim for, pode-se esperar que haja uma rápida mudança de comportamento social gerados pela diminuição da necessidade de relação presencial, com consequências para a saúde, o aumento da necessidade da prática de esportes (serviços de academias etc) para combater o sedentarismo, que virá das práticas de "home office" e outros novos hábitos?

Como serão as escolas, as universidades, as igrejas, os espaços de representação política e social? Como será a procura pelos espaços de lazer, cultura, entretenimento e de relacionamentos sociais (espaços de convívio como praias, praças, parques, clubes, bares etc), nesse novo cenário? Como o novo comportamento impactará as relações de consumo, as demandas por serviços, pelo turismo, serviços públicos etc.

Novos tempos virão e o debate é para onde estas mudanças nos levarão? O acesso aos dados digitais, a capacidade de domínio dos novos recursos de comunicação, demandantes de conectividade e um certo domínio de habilidades e conhecimentos específicos, poderão aumentar as diferenças sociais? Teremos pela frente um ambiente propício para a transformação para uma sociedade sustentável, para economia verde, para novas relações de trabalho?

Como retomar a economia, o emprego, a renda das famílias, a vida da cidade? Quem terá mais protagonismo para promover as mudanças? Governo, sociedade civil, mercado? O mundo vive um momento de exacerbação das diferenças, de intransigência, de radicalização da política e de comportamentos. Os desafios são cada vez mais complexos e não há soluções simplistas para problemas complexos. Não haverá uma "bala de prata", nem "salvadores da pátria". Acredito que as mudanças serão lideradas, ou melhor, catalizadas e facilitadas por multiatores, por pessoas e grupos sociais capazes de interpretar as necessidades coletivas e aspirações individuais, gerando processos sociais edificantes, mediando conflitos e construindo consensos.

A mudança de rumo poderá ser para melhor ou pior, dependendo do quanto formos capazes de influenciar estas mudanças. Ideias inovadoras e a mobilização de forças transformadoras para a sustentabilidade com justiça social nunca tiveram a oportunidade que têm agora e nunca foram tão imprescindíveis. Resta fazer com que as pessoas capazes de promover as mudanças percebam a força e a importância histórica que têm nas mãos. 

Quem são essas pessoas? QUE TAL VOCÊ??? Pense nisso.

Axel Grael




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Mudanças no trabalho e no fluxo urbano devem ser permanentes

Estudo mostra que no Rio 2 milhões de pessoas deverão migrar para o home office

Editorial O Globo

Acabou em março a era dos grandes aglomerados de pessoas nos escritórios e no chão das fábricas. A pandemia vai obrigar a uma remodelagem de leis, normas privadas e protocolos sanitários nas cidades e nas empresas.

O trabalho remoto, por exemplo, é parte dessa nova realidade. Foi abreviado pela surpresa pandêmica. Mais de 20 milhões de pessoas devem passar a trabalhar à distância, em home office, preveem o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

A mudança deve afetar 25% dos 434 tipos de ocupações no mercado de trabalho — atividades intelectuais, técnicas, científicas e executivas. Pelas projeções, em São Paulo mais de 6 milhões de pessoas, hoje ocupando 27,7% dos empregos disponíveis no estado, tendem a transitar para o trabalho remoto, ou teletrabalho. No Estado do Rio seriam 2 milhões (26,7%), e no Distrito Federal, 450 mil (31,6%).

Nada será como antes, porque a pandemia obriga, também, mudanças no chão de fábrica. A Volkswagen mostrou o que está por vir ao reabrir a fábrica em São Bernardo do Campo (SP). O grupo adaptou ideias em experimento na China e na Alemanha. O “Valor” descreveu a nova rotina, com trabalhadores de máscaras embarcando nos ônibus fretados depois da checagem de temperatura, higienização, em fila, com lugares marcados. No portão, nova etapa de higiene. Na linha de produção o turno passou a ser único — há 70 dias era duplo e, no ano passado, triplo. Cada funcionário recebe três máscaras laváveis.

Na seção de montagem, automatizada, há uma série de novas normas, como a de limpeza constante de ferramentas. Em alguns núcleos o novo equipamento de proteção individual inclui máscara em tecido sobreposta a uma outra, de polietileno e transparente. Horários de refeições foram escalonados por turmas. Nos restaurantes, mesas só para duas pessoas, com luvas e máscaras.

São medidas obrigatórias na nova “normalidade”. Cidades vão precisar repensar a logística, reescalonar horários de fluxo de transporte nas áreas centrais e o funcionamento do comércio, além de integrar as redes pública e privada de saúde.

O sucesso da progressão no trabalho remoto ou no chão de fábrica dependerá, cada vez mais, da expansão da infraestrutura digital. Vai exigir uma transição mais rápida para a tecnologia 5G, capaz de proporcionar ambiente mais seguro e veloz na transmissão de dados. Esse será um dos maiores desafios na etapa pós-pandemia.

Fonte: O Globo


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Publicação inédita do Ipea avalia impacto da Covid-19 por setor econômico

Boletim de Acompanhamento Setorial da Atividade Econômica revela brusca reversão dos indicadores de serviços, comércio e indústria

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) passa a acompanhar, mensalmente, o desempenho dos principais segmentos de serviços, comércio e indústria, sob a ótica da crise provocada pela pandemia da Covid-19. A primeira edição do “Boletim de Acompanhamento Setorial da Atividade Econômica”, divulgado nesta quarta-feira (27), mostra que o bom desempenho dos indicadores de atividade econômica no 1º bimestre de 2020 foi bruscamente revertido a partir de março, com a adoção de medidas de prevenção ao novo coronavírus. As projeções antecipam dados das séries divulgadas nas pesquisas do IBGE: Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF); Pesquisa Mensal de Comércio (PMC); e Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). A análise faz um cruzamento de dados com um conjunto amplo de informações, desde pesquisas qualitativas a dados diários referentes a transações comerciais.

O setor mais atingido até agora é a indústria, cujo destaque negativo em março foi a produção total de automóveis (-95%). A previsão do Ipea aponta para uma retração de 36,1% em abril, em relação ao mês anterior.

No comércio varejista, a piora deve ser disseminada, com as vendas encolhendo 34,7% entre os meses de março e abril. O setor de serviços também foi severamente impactado pela pandemia - apenas o segmento de tecnologia, informação e comunicação deve recuar -21,2% no período. O Ipea prevê redução de 23,7% para o indicador PMS (Pesquisa Mensal de Serviços, do IBGE) de abril.

O boletim apresenta uma projeção detalhada por segmento para o mês de abril, cujos dados ainda não estão divulgados. A indústria alimentícia, que cresceu 0,5 % em março, tem previsão de queda de -14,7%. A produção de derivados de petróleo e biocombustíveis, que já havia recuado em março (-0,3%), despencaria para -14,3% - mesmo índice previsto para artigos químicos (que caíram -4,7% em março). O crescimento em março nos setores de produção de celulose e papel (0,3%) e artigos de limpeza e perfumaria (0,7%) também deve ser revertido em abril, com queda de 1,4% e 2,7% respectivamente.

A fabricação de produtos de borracha e plástico (-12,5% em março) deve cair para -24,3% em abril, mesmo movimento da metalurgia (-3,4% em março e -9,7% em abril), e da fabricação de equipamentos de informática e produtos eletrônicos (-7,2% em março e -33,1% em abril). A produção de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, que teve queda expressiva de -10,6% em março, deve recuar ainda mais em abril (-17,4%). Seguem essa tendência a produção de máquinas e equipamentos (de -9,1% para -19,6%), outros equipamentos de transporte (-4,4% para -41,7%) e outros produtos manufaturados (-0,3% para -30,3%). Um dos mais afetados em março foi o segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias (- 28%), com projeção de queda da produção de expressivos -92,9% em abril.

Para alguns setores, porém, a expectativa é de prejuízos menores em abril, na comparação com o mês de março deste ano. A construção civil, que registrou queda em março de -12,3%, tem projeção de -7% para abril. A produção têxtil, que caiu -20% em março, deve se recuperar um pouco (-10,6%). Nessa mesma linha estão artigos para vestuário (-37,8% em março para -14,6% em abril), artigos de couro e calçados (-31,5% para -6,6%) e farmoquímicos e farmacêuticos (-10,9% para -0,8%). Nesse último caso o prejuízo é menor devido à demanda por medicamentos.

Segundo Leonardo de Carvalho, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, “houve prejuízos menores, mas eu destacaria casos como o da celulose, que caiu um pouco, de um crescimento de 3% em março para um recuo de -1,4% em abril. Os empresários do setor externaram uma perspectiva positiva para a demanda externa e esse fato está relacionado diretamente à Covid-19, que elevou o consumo de papel para fins sanitários e embalagens”.

Acesse aqui a íntegra do documento

Assessoria de Imprensa e Comunicação
(21) 98616-6301/98556-3093p
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Fonte: IPEA


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