domingo, 29 de maio de 2011

Martine Grael e Isabel Swan conquistam o bronze da 470 em Medemblik

Martine Grael no leme e Isabel Swan no trapézio: medalhas de bronze.


Dupla brasileira venceu duas das sete regatas, em Medemblik
Da assessoria

A dupla brasileira Martine Grael e Isabel Swan conquistou a medalha de bronze na Semana Olímpica de Vela de Medemblik, na Holanda. A competição disputada por 59 países é uma das mais importantes do calendário da Isaf (sigla em inglês da Federação Internacional de Vela). A Semana de Vela de Medemblik é a quinta das sete previstas para 2011 e teve a presença dos principais atletas do mundo em 12 classes. As holandesas Lisa Westerhof e Lobke Berkhout foram as campeãs da classe 470, seguidas pelas japonesas Ai Kondo e Wakako Tabata e pela dupla brasileira Grael/Swan, que ficou entre as Top 3 do campeonato com 33 pontos.

27 duplas entraram na raia pela classe 470 e Martine e Isabel venceram duas das sete regatas. Elas começaram o último dia na quarta colocação da classificação geral, chegaram em quinto na Medal Race e subiram para a terceira colocação, garantido o pódio verde e amarelo.

A outra dupla brasileira, Ana Barbachan e Fernanda Oliveira, terminou a competição em quarto lugar.

O próximo desafio da dupla brasileira é a Semana Olímpica de Weymouth, na Inglaterra, que valerá como uma grande teste na raia das Olimpíadas de Londres, em 2012. A competição inglesa é de 05 a 11 de junho.

A dupla Grael/Swan tem patrocínio da Embratel, da Prefeitura de Niterói e apoio da Marinha do Brasil, da Connfederação Brasileira de Vela e Motor, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, da Lei de Incentivo ao Esporte e do Comitê Olímpico Brasileiro.

Fonte: Revista Náutica

Sede do Projeto Grael sofre com forte ressaca


Pátio do Projeto Grael invadido pelas águas da Baía de Guanabara. Foto Christa Grael.

A cena impressionou quem estava no local. Foto Christa Grael.

A água avançou sobre a rampa da área náutica do Projeto Grael, atingindo a garagem de barcos. Foto Christa Grael.
Hoje, domingo, 29 de abril de 2011, o litoral do Rio de Janeiro sofreu os efeitos de uma forte ressaca. Por volta de 13:00, com a maré alta, a água assustou até mesmo na sede do Projeto Grael, situado em Jurujuba, Niterói. A água avançou sobre as partes mais baixas do imóvel, atingindo até mesmo a casa principal, mas sem causar maiores danos.

Membros da equipe do Projeto Grael se mobilizaram para proteger os equipamentos e benfeitorias. Todos os barcos e equipamentos náuticos tiveram que ser deslocados para lugares mais altos e amarrados.

Agradecemos à Lais de Jesus Carvalho, que deu o alerta; Fernanda Hoffmann, a primeira a chegar e que trouxe a ajuda de funcionário do Clube Naval e Bruno Nunes dos Santos Silva, que também deu uma super ajuda. Christa e eu chegamos logo depois.

Interview with the Brazilian Grael family



Em entrevista gravada em Mendeblik, na Holanda, durante a Delta Lloyd Regatta, Torben e os filhos Martine e Marco, falam da paixão pela vela:
"Mais que uma profissão, velejar para nós é uma paixão". Torben Grael.
Confiram!!!

sábado, 28 de maio de 2011

Workshop Liderança e Responsabilidade Social, promovido pelo Rotaract.

Apresentando o Projeto Grael.

Com Babby, craque da seleção brasileira de basquete e ex jogador da NBA. Foto de Anderson Martins.

Participantes do Workshop.
Organizado pelo Rotaract lideranças de instituições que atuam com jovens participaram do Workshop Liderança e Responsabilidade Social e apresentaram as suas atividades, compartilharam as suas experiências e debateram as dificuldades.

Além de integrantes do Rotary, estavam presentes e fizeram exposições o Coordenador de Captação de Recursos da Casa Ronald McDonald, que atua com crianças com cancer; Babby, atleta do basquete e sua esposa Vivian Prez, que desenvolvem iniciativa de esporte social, e o Projeto Grael.

Projeto Grael com casa lotada na palestra: "Física do barco a vela"

Lars Grael faz a abertura da palestra. Mais de 100 pessoas presentes.
O palestrante Nelson Velho de Castro Faria.
Lojinha do Projeto Grael vendendo produtos para arrecadar recursos.
A sede do Projeto Grael, em Jurujuba, Niterói, lotou para assistir à palestra do físico e velejador Nelson Velho de Castro Faria, Professor Emérito da UFRJ, que abordou o tema "Física do Barco a Vela".

De forma prática, o prof. Nelson explicou fenômenos que permitem qe um barco veleje e aspectos do cotidiano dos barcos, abordando temas como hidrodinâmica, aerodinâmica aplicado às velas, meteorologia, etc.

Lars Grael ajudou a dinâmica da palestra instigando o expositor com perguntas técnicas sobre as suas experiências e observações em regatas.

O evento faz parte de uma programação de eventos técnicos e culturais destinados a aproximar a comunidade náutica do Projeto Grael.
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Mais informações sobre o palestrante Nelson Velho em postagem aqui no Blog.

Prêmio de educação ambiental Amigos do Mar recebe inscrições

As inscrições para a oitava edição do “Prêmio de Educação Ambiental Amigos do Mar” estão abertas até o próximo dia 10 de junho. O projeto é uma parceria entre o Instituto Arcor Brasil e o Projeto Tamar. O objetivo é estimular os alunos a realizarem estudos temáticos de educação ambiental, com foco na importância da conservação das águas de nosso planeta.

Cada aluno de 2º a 5º ano poderá participar com um desenho enfocando o tema “Nossas águas sempre limpas”. Além de brindes, a escola vencedora receberá a visita da equipe técnica do Projeto Tamar, realizando atividades de educação ambiental com os alunos, o corpo docente, os pais e convidados da comunidade.

As inscrições são limitadas a mil escolas do Brasil e devem ser realizadas pelo site http://www.amigosdomarnaescola.com.br/. Os prêmios serão entregues de 7 de novembro a 16 de dezembro de 2011.

Fonte: Pauta Social, 26 de maio de 2011/ FICAS Comunicação

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Cientistas afirmam que foram ignorados na discussão do Código Florestal

Entidades científicas divulgam nota sobre decisão da Câmara dos Deputados e pedem mais dois anos para produção de um Código Florestal com base científica e tecnológica

SBPC e ABC divulgam nota oficial sobre o Código Florestal
Agência FAPESP – A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Academia Brasileira de Ciências (ABC) divulgaram nesta quarta-feira (25/5) uma nota comunicando sua posição sobre a decisão da Câmara dos Deputados em relação à reforma do Código Florestal.

Nota da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC) sobre a decisão da Câmara dos Deputados com relação ao Código Florestal

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciência (ABC), tendo em vista a decisão majoritária da Câmara dos Deputados sobre o substitutivo do Código Florestal esclarecem que:
  • Nunca houve convite oficial por parte do Parlamento Nacional para que a ABC e SBPC, entidades representantes da comunidade científica brasileira, participassem das discussões sobre o substitutivo do código florestal.
  • A participação ocorreu em função de uma demanda da própria comunidade científica que resultou na formação de um grupo de trabalho (GT) composto por cientistas das diferentes áreas abrangidas no código florestal. Os trabalhos foram iniciados no dia 07 de julho de 2010, e resultaram na publicação do livro O Código Florestal e a ciência. Contribuições para o diálogo, que foi lançado em Brasília, no dia 25 de março.
  • Durante o período de trabalho, várias pessoas e entidades foram convidadas para dialogarem com o GT. Duas cartas foram produzidas e enviadas a todos congressistas e presidenciáveis alertando da necessidade de mais tempo para estudos aprofundados sobre os vários aspectos tratados no código florestal e seu substitutivo.
  • Reconhecem a importância do agronegócio na produção de alimentos e na balança comercial brasileira, bem como a necessidade de que o desenvolvimento e a ampliação do agronegócio ocorram sem prejuízos à preservação e conservação dos recursos ambientais do País.
  • Entendem que a agricultura familiar, responsável por 38,8% do valor bruto da produção agropecuária, representando 84,4% do número total dos estabelecimentos rurais que ocupam 24,3% da área agriculturável do Brasil, deve ter um tratamento especial por parte da legislação ambiental. Tratamento semelhante deve ser conferido às áreas consolidadas em ambientes urbanos e rurais que não provoquem degradação ambiental.
  • Que o código florestal de 1965 (Lei 4771), apesar de construído com o aporte científico da época, necessita de aprimoramentos à luz da ciência e tecnologia disponíveis na atualidade. Ao mesmo tempo entendem que o Projeto de Lei nº 1.876 aprovado na Câmara dos Deputados também não resolve as necessidades de modificações na legislação anterior, pois o mesmo não contempla uma fundamentação científica e tecnológica.
  • Que em função dos fatos expostos acima, a SBPC e ABC solicitaram mais dois anos para construção de um código florestal com base científica e tecnológica considerando aspectos jurídicos não punitivos e com equidade econômica, social e ambiental.
Desta forma, a SBPC e a ABC consideram precipitada a decisão tomada na Câmara dos Deputados, pois não levou em consideração aspectos científicos e tecnológicos na construção de um instrumento legal para o país considerando a sua variabilidade ambiental por bioma, interação entre paisagens urbanas e rurais que propiciem melhores condições de vida para as populações com uma produção agrícola ambientalmente sustentável.

Esclarecem também que esta decisão não tem nenhum vínculo com movimentos ambientalistas ou ruralistas, pois o mais importante é a sustentabilidade do País.

Reafirmam que estão dispostas a colaborar na construção de um código florestal/ambiental justo e que confiam que o Senado considere os aspectos científicos e tecnológicos na análise do substitutivo aprovado na Câmara dos Deputados.

São Paulo, 25 de maio de 2011.

Helena B. Nader, presidente da SBPC
Jabob Palis Júnior, presidente da ABC
José A. Aleixo da Silva, coordenador do GT


segunda-feira, 23 de maio de 2011

IBG - Instituto Baía de Guanabara participa da programação do Mês do Meio Ambiente em Niterói


Para melhor visualizar a programação, clique na figura acima.

Documento da Agência Nacional de Águas contesta mudanças no Código Florestal

A ANA - Agência Nacional de Águas divulgou uma interessante Nota Técnica intitulada "Modificações das condicionantes existentes no Código Florestal".  Nela, Devanir Garcia dos Santos, Gerente de Uso Sustentável da Água e do Solo daquela Agência, faz uma bem fundamentada análise técnica e jurídica dos dispositivos do Código Florestal vigente (Lei 4771/1965) e conclui que:
16. Em síntese:
  • o Código Florestal Brasileiro, do ponto de vista de recursos hídricos, não necessita de alterações em relação às exigências estabelecidas, notadamente no que tange a largura mínima de 30 m;
  • é necessário aprimorar a forma de aplicação do Código dando ênfase maior a proteção das áreas de recarga dos aquiferos;
  • a assistência técnica precisa ser fortalecida para que o setor possa contar com técnicos capacitados em número suficiente ao atendimento de sua demanda;
  • o manejo florestal sustentável da reserva legal precisa ser intensificado, para possibilitar sua recuperação ou permitir o desenvolvimento de políticas públicas que facilitem o financiamento da recuperação dessas áreas;
  • a adoção de uma política de pagamento por serviços ambientais é de fundamental importância para a recuperação das áreas de proteção permanente.
Tenha acesso a todo o documento clicando em: Nota Técnica.

Fonte: Remaatlântico.

Dora Negreiros registra um passado da Praia de São Francisco que se perde com a demolição do LIDO


Bonde que ligava a Praia de São Francisco a outros bairros de Niterói. O Lido era o ponto final. Foto de Carlheinz Hahmann, 1947.

Reproduzo, a seguir, o texto escrito por Dora Negreiros, engenheira química, ambientalista, fundadora da FEEMA e presidente do Instituto Baía de Guanabara. Seu texto nos convida a voltar aos anos 1940 e 1950 e viver no bairro de São Francisco, em Niterói, um bucólico paraíso que, à semelhança de Paquetá, recebia visitantes vindos do Rio de Janeiro em busca das belezas locais. Os visitantes chegavam a Niterói pelas barcas, de onde pegavam o bonde para chegar a São Francisco, onde o programa era passear de bicicleta e nadar na praia ainda de águas limpas.

As palavras da Dora o levarão também a lamentar a demolição do último casarão remanescente do Lido, um empreendimento turístico - hotel e restaurante - que recebia os visitantes da Praia de São Francisco.

Axel Grael


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E o Lido se foi...

Por Dora Hees de Negreiros

Derrubaram o último dos prédios do Hotel Lido, uma pequenina casinha verde no final da Praia de São Francisco. Tinha uma varandinha e o nome na fachada. Era o que restava do grande conjunto que ocupava toda a esquina até encontrar a Padaria N.Sa de Lourdes. O Lido era enorme e lembro bem do seu grande restaurante. Ocupando seu espaço já existem dois “shoppings” e vamos ver o que mais virá agora!

O hotel recebia os “veranistas” visitantes que, nas décadas de 40 e 50, vinham do Rio de Janeiro para uma temporada, um fim de semana ou um “pic nic”, passeio de um dia. Vinha-se a São Francisco como ainda hoje se vai a Paquetá. Para apreciar a vista, um banho de mar, um passeio de bicicletas. Assim como as bicicletas, as roupas de banho podiam ser alugadas no Lido que era onde se tomava banho, vestia-se e fazia uma refeição antes da volta.

O passeio dos cariocas começava na Praça XV, pela viagem de Barca acompanhada dos botos que apareciam muito mais naquela época. O bonde “Canto do Rio” levava os veranistas das Barcas até o fim da linha, local que embora ainda guarde o nome, não se vê mais o rio. Lá havia uma estação, um abrigo, semelhante ao que no Rio era chamado de Tabuleiro da Baiana e onde se aguardava o bonde “São Francisco”.

Para o bonde São Francisco só havia um trilho. Dois bondes faziam o trajeto. Um vinha e o outro ia. Na estrada Fróes, próximo ao Iate Clube Brasileiro eles se cruzavam. O bonde que ia entrava em um desvio e ficava esperando o da volta passar. O fim da linha era uma grande volta que faziam onde hoje existem o Prédio da Caixa Econômica e o shopping em frente a ela. Não havia estação de passageiros em São Francisco. Esperava-se pelo bonde na Padaria que era onde o motorneiro também aguardava o momento de partir para, na hora certa, deixar o outro passar no desvio da Estrada Fróes .

A Padaria Na Sra de Lourdes continua lá, sempre se adaptando aos tempos modernos. Mas a chaminé, antes usada para o forno a lenha, continua de pé. Hoje podem ser comprados lá até acessórios para computador como teclados e “pen-drives”. Sinal dos tempos.

E também continuam de pé as árvores do tempo dos bondes e do Lido. Aquela calçada central, no início da Av. Rui Barbosa e que divide as suas pistas, era destinada às pessoas que subiam e desciam dos bondes. Na Praia de São Francisco ela foi unida à estreita calçada anterior e formou um calçadão. As árvores felizmente foram poupadas e continuam nos dando sombra. Mas o Lido, já era.

Dora, 22 de maio de 2011

Terreno onde localizava-se o último remanescente do casario do antigo Hotel e Restaurante LIDO, na Praia de São Francisco, Niterói. A demolição leva ao châo os últimos vestígios de um passado cada vez mais distante. Ainda restam algumas construções da época, como o Velho Armazém. Por quanto tempo resistirá à pressão imobiliária? Foto de Axel Grael, 23/05/2011.



 
 
 
 
 






domingo, 22 de maio de 2011

Anunciados recursos para florestas comunitárias e projetos de manejo e extensão florestal

 


Serviço Florestal publica o Paar 2011 do Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal

A Resolução do Conselho Diretor do Serviço Florestal Brasileiro SFB/MMA nº 1 , de 19 de maio de 2011, publica o Plano Anual de Aplicação Regionalizada (Paar) 2011, do Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal/FNDF (DOU de 20/5/11, MMA, pág. 89). O FNDF, criado pela Lei nº 11.284/06 e regulamentado pelo Decreto nº 7.167/10, constitui-se como um fundo público de natureza contábil, cuja finalidade é fomentar o desenvolvimento de atividades florestais sustentáveis no Brasil e promover a inovação tecnológica no setor. O Fundo é gerido pelo Serviço Florestal Brasileiro e conta com um Conselho Consultivo, com a participação dos entes federativos e da sociedade civil, com a função de opinar sobre a distribuição dos seus recursos e a avaliação de sua aplicação. O objetivo do Paar é comunicar à sociedade as estratégias para apoio a projetos pelo FNDF para 2011, apresentando suas prioridades, orientando quanto às possibilidades de acesso e disponibilizando elementos para o controle social.


Leia mais: Resolução que publica o Plano Anual de Aplicação Regionalizada 2011 do Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal.

Posted by Angela Kulaif at 18:02

Fonte: Agenda Sociedade Civil

Atletas posicionam-se pelo legado social da Rio 2016 e Copa de 2014.


ATENÇÃO: Clique na imagem para amplia-la e poder ler o artigo com mais facilidade.

Um grupo de mais de 60 atletas, dentre eles Ana Moser, Raí, Magic Paula e Lars Grael, organizaram-se atraves do ATLETAS PELA CIDADANIA, para interferir nas políticas públicas de forma a fortalecer o papel e a reponsabilidade social do esporte.

Fonte: Caderno Razão Social, O Globo, 17 de maio de 2011. Página 6.

sábado, 21 de maio de 2011

Repercussões da palestra de Lars Grael em encontro nacional de legisladores

Velejador Lars Grael cumprimenta um jovem. Foto do acervo do Argo Challenge.

Lars Grael, um dos grandes orgulhos do Brasil
Escrito por Aspásia Camargo
Sex, 20 de Maio de 2011 16:17

Acabo de ouvir palestra do Lars Grael que comoveu a plateia. Ele falou sobre perseverança na corrida olímpica em um Brasil pouco interessado e sem patrocínio. Perseverança também em superar o terrível trauma físico e em voltar a ser campeão!

“O gosto da superação e da partilha” e “Nossos limites são impostos por nós mesmos”. O maior legado das olimpíadas vai ser no campo dos valores. Há oito anos nossas escolas estão sem competição nacional! Esporte na escola já! A informação e o espírito de equipe são fundamentais dentro de um barco! O pessimista reclama do vento. O otimista espera o vento mudar. E o realista ajusta as velas. Ele é um dos orgulhos do Brasil!

Foi difícil para ele conseguir um barco e um patrocinador. E depois ainda montar a equipe num Brasil completamente indiferente a competições, esporte, jogos olímpicos. E depois encarou a dificuldade em superar a tragédia pessoal. Ele passa uma grande serenidade, generosidade e realismo. Além de ser campeão olímpico é um ser humano que atingiu uma dose invejável e equilibrada de ousadia e perseverança, e a generosidade e a tolerância. Nem pelo sujeito bêbado que roubou sua perna ele cultiva mágoas ou ressentimentos. E fez questão de dizer que se o sujeito não tivesse voltado para socorrê-lo, ele teria morrido. Isso é uma lição de vida para todos nós, inclusive para os religiosos. Raramente, uma pessoa chega a esse nível de grandeza e tolerância.

OBS: Imagine se ele fosse candidato a prefeito de algum lugar? É de pessoas como essas que nós precisamos na política.

Fonte: Blog da deputada estadual Aspásia Camargo, PV-RJ.
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Lars Grael encerra ciclo de palestras na XV Conferência Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais

Superar limites foi o tema da última palestra da XV Conferência Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais, proferida pelo renomado esportista Lars Grael. Durante as duas horas que falou para uma plateia de aproximadamente 400 pessoas, entre elas autoridades como o deputado Kennedy Nunes (PP), que representou o Parlamento catarinense, o vice-presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Artagão Júnior, representando o presidente da Unale, Alencar da Silveira Júnior, Grael ressaltou os principais desafios durante sua trajetória de sucesso e seu drama particular ocasionado por um acidente marítimo em 1988.

Com uma ampla história de vida e dono de grandes conquistas como medalhas olímpicas, títulos nacionais e sulamericanos, Grael é considerado um dos maiores nomes do esporte nacional por priorizar em sua carreira o treinamento, a dedicação e a superação para enfrentar dificuldades encontradas em diferentes competições. "Desde o meu ingresso no esporte foram muitas etapas até chegar à competição profissional. Superando dificuldades relacionadas à falta de apoio financeiro observei que o Brasil, considerado país do futebol, possui uma lacuna a ser preenchida: o incentivo ao esporte de base", destacou.

Para o esportista, o investimento financeiro é o principal incentivo para qualquer esporte, uma vez que ele promove estruturas e possibilita as competições. Acreditando que o esporte anda de mãos dadas com a educação, Grael explicou aos legisladores que o esporte de base, se bem trabalhado, contribui para educação e, possivelmente, forma futuros atletas bem sucedidos. "Sempre acreditei nesta ideia, porém somente após o acidente, que quase tirou minha vida e a possibilidade de velejar é que me engajei na política em defesa de ações que possam contribuir para o esporte nacional", frisou. Na ocasião, Grael falou da carência do setor e exemplificou que no esporte marítimo, em especial na prática da vela, existe carência de serviços prestados como o da guarda costeira, imprescindível para que o esporte seja praticado com total segurança.

História de vida

A paixão pela vela vem de família. A mãe sempre foi a grande incentivadora. Em sua palestra, Grael relembrou sua infância sofrida, quando o pai, militar em conflito com o regime militar, era perseguido e preso, enquanto os irmãos Grael não tinham estrutura para custear o esporte, considerado até hoje de elite. Na esteira do irmão mais velho Torben, Lars entrou em uma escolinha de vela em Brasília, que acabou os levando até os Jogos Escolares Brasileiros.

Os anos foram passando e quando o irmão Torben comprou um barco, foi morar no Rio de Janeiro e foi campeão mundial Júnior em 1978, Grael se encheu de incentivo e se juntou a ele. Segundo o esportista, a competitividade entre os irmãos demorou a colocá-los no mesmo barco, pois Torben se negava a confiar no caçula. A circunstância tratou de fazê-lo e acabaram iniciando uma eterna parceria que rendeu grandes conquistas. Foram campeões brasileiros velejando juntos na classe snipe em 1980 e 81 e, em 1983, campeões mundiais.

Em 1984, Torben partiu para um barco de três tripulantes, mas com apenas uma vaga. Lars então explicou as proezas que fez para alcançar seus objetivos. Para estar nas Olimpíadas de 84, em Los Angeles, catequizou um primo até que este se convencesse em investir a herança da família em um barco Tornado, para dois tripulantes. Conseguiram a vaga e a sétima posição nos Jogos. O irmão foi segundo na classe soling.

No Brasil, a vela só existia de quatro em quatro anos, e o patrocínio também. A superação fez parte da campanha para estar nos Jogos de Seul, em 1988. Foi salvo pela gentileza e grandeza de um industrial húngaro residente no Brasil e apaixonado pela vela. Comovido com suas dificuldades bancou seu barco e sua preparação. Foi um momento ímpar. O pai, doente terminal de câncer, viveu para ver os dois filhos velejando em categorias diferentes, recebendo ambos o bronze olímpico. A Olimpíada de Barcelona, em 1992, foi diferente. Com boa preparação, favoritos pelos desempenhos nos campeonatos mundiais, os irmãos chegaram como parâmetro referencial de excelência e partiram altamente criticados pela ausência de medalhas.

Torben foi morar na Itália e Lars pensou em parar. Para estar em Atlanta foi obrigado pelos patrocinadores a mudar de barco e perder 14 quilos. Em sua quarta Olimpíada e com menos cobrança, fez parte da seleção brasileira que alcançou o recorde de 15 medalhas. Foi bronze, enquanto o irmão e a revelação Robert Scheidt foram ouro, cada qual em sua respectiva categoria.

Foi então que em 1997 um novo ciclo se iniciou. Competindo em Vitória, no Espírito Santo, foi atingido por uma lancha desgovernada. O acidente custou-lhe uma amputação da perna direita. O acidente foi integralmente detalhado com naturalidade e bom humor, numa demonstração nítida de grandeza e superação. Foi salvo pelas hábeis mãos de um amigo dentista e um cirurgião vascular que na hora pinçou sua artéria com o dedo. Sobreviveu a duas paradas respiratórias e nove cirurgias. Revolta e motivação se fundiam e geravam um conflito castigante. Teve nos exemplos de heróis anônimos a força para vencer a provação. Gente perseverante lhe serviu de inspiração, inclusive o ídolo João do Pulo, ouro no Panamericano no salto triplo, que lhe deu um telefonema confortador.

O irmão se mostrou um parceiro ímpar. Comprou-lhe de presente um barco dos anos 30, que ele mesmo coordenou a reforma, e deu-lhe de presente na tentativa de trazê-lo de volta ao mar. Funcionou. Quatro meses depois do acidente venceu o irmão numa regata festiva, com uma pequena ajuda da sorte, e sentiu o prazer de superar.

Adaptou-se à nova condição e passou a velejar na classe oceano. Em 2000, Torben pediu para treiná-lo para a Olimpíada de Sidney, na classe star. Conquistaram o bronze. Desde então, já venceu o irmão num pré-olímpico, foi campeão sulamericano em 2005, superando Robert Scheidt, a quem considera um fenômeno, e foi conselheiro no barco de Torben durante o Americas Cup 2005. Também foi campeão brasileiro em 2006 e vice em 2007.

Sua trajetória fantástica como esportista não apaga sua responsabilidade social. Em 1998 deu iniciou ao Projeto Grael, que mais tarde se tornou uma Oscip, a Rumo Náutico, que objetiva democratizar o esporte levando oportunidade a jovens carentes. Foi assim que chegou à vida pública: em 1999 foi diretor de programa especial do Ministério do Esporte e do Turismo e, em 2001, Secretário Nacional de Esporte, ambos no governo de Fernando Henrique Cardoso. Em 2003, foi convidado pelo então governador paulista Geraldo Alckmin para ser Secretário de Estado de Esporte e Lazer.

Hoje, Lars Grael está mais voltado para seus projetos sociais e continua um velejador extremamente competitivo. Fez de sua vida um exemplo de sucesso e superação e por isso viaja o Brasil dando seu exemplo. "Quando velejamos por uma paixão, uma utopia pode virar um sonho, e o sonho realidade", (Tatiani Magalhães).

Extraído de: Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina  - 20 de Maio de 2011
Fonte: JusBrasil
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Lars Grael relata lição de vida em conferência da Unale

O segundo dia de reuniões dos deputados tocantinenses na XV Conferência da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale) começou com uma palestra diferente. Na manhã desta sexta-feira, dia 20, o foco em temas políticos, econômicos e administrativos foi complementado com a palestra motivacional do iatista Lars Grael, que relatou, com bom humor e riqueza de detalhes, como venceu suas dificuldades para se tornar um velejador campeão olímpico e conviver com a deficiência física causada por um acidente no mar. O iatista contou como superou a falta de apoio ao seu talento, e ao seu esporte, no país que, conforme descreveu, notícia com alarde e futilidades sobre a vida íntima de jogadores de futebol, mas não dá a mesma divulgação a outros esportes menos conhecidos, como o iatismo. A partir dessas dificuldades, Grael enfatizou o quanto valores como humildade, dedicação e foco, além do apoio da família, foram importantes para que ele obtivesse patrocínio, prêmios e o respeito nacional. O acidente marítimo que lhe custou uma perna também foi lembrado pelo iatista. Para Grael, o evento tornou-se uma bandeira pelo aperfeiçoamento da legislação sobre a segurança nas águas. “Não há uma definição clara sobre a competência para o policiamento dos mares”, alertou. Lembrando as palavras de seu pai, que era militar, Grael disse que os atletas são soldados da paz que devem trabalhar para inspirarem outras pessoas e representar seu país positivamente. (Glauber Barros)

Fonte: Assembleia Legislativa de Tocantins

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Acordo sem aval do governo libera 420 mil km2 de áreas protegidas

Critérios vigentes na legislação ambiental atual, que o projeto de lei em discussão no Congresso Nacional pretende modificar. 

Impacto da aprovação do Código Florestal é considerado desastroso pelo governo, principalmente pela manutenção do agronegócio nas localidades que foram desmatadas até 2008; líder do governo fala em veto presidencial e relator ironiza possibilidade

Marta Salomon / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

Uma extensão de terra equivalente a quase duas vezes o Estado de São Paulo - 420 mil km2 - de áreas às margens de rios e nas encostas de morros terá a ocupação liberada para o agronegócio em consequência do acordo celebrado anteontem entre parte da base governista e da oposição para a reforma do Código Florestal. A previsão é que o acordo, fechado à revelia do governo, seja votado no plenário da Câmara nesta terça-feira.

O impacto da reforma do Código já começa a ser dimensionado pelo governo e é considerado desastroso, sobretudo pelo dispositivo que mantém as atividades que ocupam Áreas de Preservação Permanentes (APPs) desmatadas até 2008. As consequências imediatas foram calculadas com base em estimativas dessas áreas que já foram desmatadas.

Ontem, o relator do Código, Aldo Rebelo (PC do B-SP), tentou minimizar o impacto da proposta. Argumentou que o governo federal e os estaduais poderão, por meio de planos de regularização ambiental, estabelecer quais APPs já ocupadas terão de ser recuperadas, isto é, aquelas onde há risco de erosão do solo ou de danos aos rios.

Mas a Casa Civil avalia que a proposta da base e da oposição não só libera da recuperação as áreas já ocupadas, mas poderá colocar em risco a manutenção de outros 600 mil km² de APPs que detêm vegetação nativa.

Veto. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), acenou ontem com a possibilidade de veto presidencial. Essa possibilidade, porém, foi ironizada por Rebelo. "O que o governo fará com isso, como disse o conselheiro Acácio, são consequências que vêm sempre depois", disse, citando o personagem que só diz obviedades, do escritor Eça de Queiroz.

A Casa Civil avalia alternativas ao veto. O artigo que libera a ocupação nas APPs, por exemplo, também trata de casos de utilidade pública e de interesse social ou baixo impacto ambiental, temas com os quais o governo concorda. Isso cria dificuldades. De qualquer forma, após a votação na Câmara, o projeto segue ao Senado antes de ir à sanção da presidente Dilma Rousseff.

Caso as regras acertadas pelos líderes sejam mantidas, o resultado representará uma grande derrota política do governo, imposta por parte de sua base de apoio, além de uma situação complicada para Dilma diante dos compromissos assumidos na campanha eleitoral de vetar a redução das chamadas APPs.

Além da última proposta acordada anteontem entre aliados do governo e a oposição, o Planalto critica mudanças de última hora feitas por Rebelo antes de submeter seu texto ao plenário da Câmara, na semana passada.

Entre as mudanças estão a possibilidade de médias e grandes propriedades se beneficiarem da dispensa de preservar a vegetação nativa em parcela dos imóveis de até 4 módulos fiscais (de 20 a 400 hectares) - a reserva legal -, já que o mecanismo que bloqueava a hipótese saiu do texto. Outro dispositivo que sumiu do relatório proibia a concessão de crédito a produtores que tivessem as propriedades embargadas por desmate ilegal. "Não estamos tratando aqui de lei de crimes ambientais", reagiu Rebelo.

Fonte: Estadão/O Estado de São Paulo

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Política da vela faz Star pagar por sua independência, reclama Lars Grael


Dono de duas medalhas olímpicas, velejador fala ao iG sobre motivos que levaram Isaf a excluir classe Star do programa do Rio 2016

A menor possibilidade de que a classe Star da vela seja realmente afastada do programa dos Jogos de 2016 é assustadora para o Brasil. Dono de quatro medalhas nas últimas quatro Olimpíadas, o país perderia em casa sua categoria mais premiada neste esporte. Mais que isso, a exclusão poderia significar o fim da carreira olímpica de monstros como Torben Grael, Bruno Prada, Marcelo Ferreira e Robert Scheidt.

A discussão sobre o tema vem desde novembro de 2010. Na última semana, foi definido pela Isaf (sigla em inglês para Federação Internacional de Vela) que a Star realmente não fará parte do Rio 2016, o que é péssimo para as ambições brasileiras nos Jogos. O assunto, porém, não está encerrado. Nova reunião em julho e uma assembléia da entidade, marcada para novembro deste ano, ainda deixam no ar a possibilidade de uma reviravolta.

Cabe, neste caso, ao COI (Comitê Olímpico Internacional) e ao CO-Rio (Comitê Organizador dos Jogos de 2016) a tarefa de influenciar a Isaf para que a entidade volte atrás em sua decisão. Isto já ocorreu nas Olimpíadas de Sydney, em 2000. A classe Star foi excluída do programa em 1997 e, depois de muitas discussões (e politicagem), retornou no ano seguinte.

Medalhista olímpico em Seul 1988 e Atlanta 1996, Lars Grael falou com exclusividade ao iG sobre esta decisão da Isaf de retirar a Star das Olimpíadas do Rio de Janeiro, bem como todo o processo político por trás desta escolha e as tentativas do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) em reverter o quadro. Para Lars, isto é possível, sim, mas não está mais nas mãos de quem deveria estar: os velejadores.

iG: O que representa para o Brasil a saída da classe Star do programa dos Jogos do Rio de Janeiro?

Lars Grael: Uma derrota terrível para a vela internacional. Das classes olímpicas, a Star é a que reúne os principais nomes da vela mundial. No Brasil, mais do que isso, é uma classe onde o país concentra seus grandes nomes, como Torben Grael, Robert Scheidt, Marcelo Ferreira, Bruno Prada e outros. Então é você ceifar que esses velejadores, que tanto deram para a vela brasileira, possam participar dos Jogos Olímpicos, uma vez que não temos mais como participar de outra classe que não seja a Star. E é uma classe na qual o Brasil deposita suas maiores chances de medalha. Basta observar que nas cinco últimas Olimpíadas o país obteve quatro medalhas na Star. Acho que isso pode vir a diminuir a importância da vela nos Jogos do Rio de Janeiro e, sobretudo para o esporte brasileiro, é muito ruim.

iG: Você consegue enxergar algum culpado para essa decisão?


Lars Grael: O culpado principal seria a própria Isaf, que seria suscetível ao lobby de alguns países e dos interesses mercadológicos dos fabricantes de barcos. A classe Star, por exemplo, permite que cada pessoa construa seu barco. Não tem um fabricante oficial. Já nas outras classes você tem um monopólio privado. Então essas classes que têm interesses mercadológicos a defender fazem lobby eficiente com países com menos tradição na vela tentando obter voto. Mas não podemos culpar apenas os grupos de países ou outras classes que estão fazendo seu papel. A própria classe Star internacional tem certa culpa nisso porque, nos últimos tempos, menosprezou sua relação com a Isaf e esse menosprezo gerou um desgaste que deteriorou a relação da Star e a federação, que optou por enquadrar a classe fazendo esse afastamento do programa olímpico. Eu prefiro crer que isso é provisório. Na historia da Star, a classe já foi afastada dos Jogos de Berlim, em 1936, de Montreal, em 1976, e chegou a ser afastada dos Jogos de Sydney, mas antes das Olimpíadas chegarem já havia sido restituída. Acho que é um processo meramente político, onde os argumentos técnicos são de muita pouca valia e é no ambiente político que se trava a disputa.

iG: Pelo fato de acontecer isso bem nos Jogos do Rio, acha que faltou empenho do COB em reverter essa situação?



Lars Grael: Muito pelo contrário. Sou obrigado a reconhecer o quanto que o COB está empenhado nesse assunto. O presidente fez um trabalho corpo a corpo com vários comitês olímpicos internacionais, com a própria Isaf, com o COI e mandou uma carta sustentando apoio à classe Star para todos os conselheiros da federação internacional. Na verdade, o lobby contrário era mais forte do que esse movimento. Mas o presidente do COB defende a Star pela questão técnica da importância e relevância da classe, o que ela gera, ou geraria, de público para os Jogos do Rio e defendendo também os interesses de chances de medalha da equipe brasileira. Nesse sentido, somos obrigados a reconhecer que nossa maior chance, hoje, da Star voltar ao programa olímpico não se deve aos velejadores ou à associação da classe Star internacional. Nós depositamos nossa confiança no Nuzman e no COB.

iG: Em 1997, isso aconteceu na Austrália, que é contra a Star, e a classe acabou voltando...



Lars Grael: Isso foi uma disputa política dentro da Isaf. Ela era historicamente presidida por velejadores de Star. E naquele momento o candidato à presidência da Isaf era o brasileiro Peter Siemsen, que perdeu por míseros votos para o candidato canadense, que representava um voto contrario à situação, à classe Star. A forma dele enquadrar a Star, que passou a ser oposição, foi tirá-la das Olimpíadas para depois então ele barganhar uma nova relação com a classe. E o mesmo presidente que tirou se empenhou em colocar de volta, era o Paul Henderson. Hoje ele defende abertamente que a Star esteja nas Olimpíadas e critica duramente a decisão da Isaf em retirá-la.

iG: Essa decisão de maio sobre a exclusão é a final ou ainda há a possibilidade da classe voltar ao programa dos Jogos?


Lars Grael: No âmbito do conselho da Isaf, ela supostamente é final. Mas cabe recurso. Eles definiram nessa reunião a modalidade das classes, mas ainda haverá uma reunião em julho e uma outra assembleia em novembro, que há espaço para se apresentar uma nova votação e reinserir a Star. Tem todo um jogo político pela frente. Da mesma forma que a Star saiu para Sydney e em 1998 foi reinserida, há espaço para essa discussão continuar até 2014. Tem que haver agora uma maturidade da parte da classe Star e da Isaf para melhor o relacionamento e o papel do CO-Rio, junto com o COI, é muito importante para que possa ser resgatado o status olímpico da Star. Ou seja, ainda há espaço para que a classe seja devolvida.

iG: Sinceramente, como você vê as chances disso ocorrer?


Lars Grael: Sinceramente, eu acho que nós ainda conseguiremos que a classe Star volte às Olimpíadas. Ainda faço fé de que esse entendimento ocorrerá. Nesse meio tempo, haverá eleição na Isaf e nós sabemos que o candidato favorito defende abertamente a Star nos Jogos Olímpicos. Ou seja, dentro da própria Isaf vai haver muita contestação.

iG: Mas, caso seja confirmada a exclusão da Star, qual seria o caminho natural dos velejadores brasileiros?


Lars Grael: A maior parte dos velejadores da Star no Brasil é renomada e experiente, mas todos estão acima dos 40 anos de idade. Para estes velejadores, não restaria qualquer opção na vela olímpica. Seria decretar o fim das trajetórias olímpicas de Torben Grael, a minha, de Marcelo ferreira e tantos outros que realmente não teriam a menor possibilidade ser competitivos em outras classes. Já o Robert Scheidt e o Bruno Prada, que estariam numa situação também difícil, poderiam tentar velejar nas classes Finn ou Tornado misto. Embora, para eles, assumidamente seria um retrocesso uma vez que chegaram ao topo da cadeia alimentar da vela olímpica. Andar numa classe mais jovem é um desafio difícil, porem possível. Para mim e para o Torben seria o fim de linha na vela olímpica, o que não representa ser fim na vela. A gente pode continuar tranquilamente velejando na Star, que manterá seu calendário internacional prestigiado, como ainda temos a opção da vela oceânica, os veleiros clássicos e tantas outras.

Fonte: iG

terça-feira, 17 de maio de 2011

Os impactos do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - Comperj



O vídeo acima, divulgado pelo site O Eco, apresenta algumas das principais preocupações com a implantação do COMPERJ, próximo à Baía de Guanabara.

Vale a pena conferir.

Código Florestal: a opinião de um dos maiores especialistas em florestas do país

O engenheiro florestal José Carlos Carvalho, a quem reputo ser um dos maiores nomes do setor florestal e da gestão ambiental pública no país.

COMENTÁRIOS DO EX-MINISTRO DO MEIO AMBIENTE, ENGENHEIRO FLORESTAL JOSE CARLOS CARVALHO, SOBRE AS MUDANÇAS PROPOSTAS PARA ALTERAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL, EM TRAMITAÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL.

O País está debruçado sobre os debates que ocorrem no Congresso Nacional a respeito de mudanças que querem introduzir no Código Florestal brasileiro. Como se trata de matéria naturalmente polêmica, os ânimos estão acirrados e o debate se prolonga sem chance de um acordo, diante de posições inflexíveis e cristalizadas que acabam esterilizando a discussão.

É um assunto realmente sério, que deve merecer toda a atenção dos Congressistas e da sociedade brasileira, pois o que está em jogo é o patrimônio florestal do País. Por isso, não se está fazendo uma Lei para hoje, mas uma Lei intergeracional. Infelizmente, o tema está dominado pelas preocupações de ontem, quando deveria está focado nas premissas do amanhã, já que a cobertura vegetal e as florestas em particular, são e serão fundamentais para o desenvolvimento sustentável do Brasil a curto, médio e longo prazos.

Além do intenso debate sobre as áreas de preservação permanente e da reserva legal que está polarizando o debate, já que as APP são áreas ecologicamente sensíveis, fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas e as RL estratégicas para a manutenção e conservação da biodiversidade, há outros temas que merecem ser analisados mais profundamente, diante da importância do tema para o futuro da Nação.

Em primeiríssimo lugar é fundamental observar que embora o Código trate de florestas, não é só de vegetação que ele cuida, razão pela qual surge de forma tão evidente a questão da APP e da RL, uma vez que as florestas guardam uma relação de total interdependência com os solos, as águas e a fauna. De fato, não existe floresta sem solo, não existe água sem solo e floresta e a fauna não existe sem estes três elementos.

Daí porque o uso predatório dos recursos naturais renováveis não deve ser abordado como um problema exclusivamente ecológico, embora os prejuízos ambientais do uso inadequado desses recursos sejam flagrantes. Há considerações de ordem econômica também a serem analisadas, porque as florestas, o solo e as águas, alem de recursos ambientais, são também recursos econômicos. A destruição desses recursos significa, antes de tudo, destruir os fatores de produção do setor agropecuário. Malbaratá-los, agora, implica comprometer a prosperidade futura dos produtores rurais e agricultores e o desenvolvimento da Nação a longo prazo.

É comum ouvir o argumento de que a RL só existe no Brasil, o que é verdade, e que sua exigência significa um ônus para os proprietários rurais. É um equivoco. Juntamente com as APP elas prestam serviços ambientais de extraordinária importância para o País, começando pelos próprios agricultores, como elemento natural essencial para a conservação do solo, da água e como abrigo da fauna. Por outro lado, numa economia cada vez mais globalizada, em que os mercados estão mais exigentes em relação a produtos ambientalmente saudáveis, a Reserva Legal é uma vantagem comparativa para um País que se tornou grande exportador de commodities agrícolas. Além disso, temos grande disponibilidade de terras abandonadas e subutilizadas no processo de produção, algo em torno de 700.000 Km², uma área fabulosa, que permite a expansão da produção sem novos desmatamentos e com recuperação das áreas ecologicamente sensíveis.

De fato, a expansão da fronteira agrícola em áreas cobertas com florestas e a existência de terras abandonadas numa extensão tão grande, significa, na atualidade, uma das maiores, senão a maior contradição do modelo de desenvolvimento que estamos praticando. É uma irracionalidade total, absurda, incompreensível.

Esta situação impõe a perda de biodiversidade, de solos agricultáveis e de mananciais de água numa escala alarmante, mesmo para um País de dimensão continental como o nosso. Neste contexto, perde o meio ambiente e perde a agricultura. O meio ambiente perde em razão de danos irreparáveis provocados à natureza e a agricultura perde, porque destrói os fatores de produção do seu próprio negócio.

Aliás, uma agricultura que se torna competitiva utilizando predatoriamente seus fatores de produção é uma agricultura sem futuro, como demonstra as regiões dos Vales do Rio Doce e do Mucuri, em Minas, do Sul do Espírito Santo e do Noroeste do Rio de Janeiro, para citar exemplos geograficamente mais próximos, de como este modelo afeta a economia agrícola com drástica redução da produtividade, do mesmo modo que afeta o meio ambiente, ao degradar as bacias hidrográficas e devastar os ecossistemas.

Na prevalência deste modelo anacrônico de produção, nós estamos subsidiando a agricultura brasileira com o nosso capital natural, numa total demonstração de miopia estratégica e infantilismo político. Este modelo poderá nos fazer a quinta economia do mundo nas próximas décadas e, muito provavelmente, a qüinquagésima, no fim do século. Por esta razão, ao definir o novo Código Florestal não estamos tratando apenas dos interesses ambientais do Brasil, mas com igual importância, do sucesso e da sustentabilidade de nossa agricultura.

Graças ao talento profissional do ex-ministro Alysson Paulinelli que idealizou a criação da EMBRAPA, o Brasil já desenvolveu e está desenvolvendo tecnologias agrícolas tropicais que permitem ao nosso País praticar uma agricultura baseada no uso sustentável dos recursos naturais, sem a necessidade de insistir no modelo ultrapassado que levou vastas regiões brasileiras à decadência econômica e que já viveram a prosperidade que fazem o progresso de outras regiões, principalmente no centro-oeste. Por isto é que estamos vivendo este falso dilema, que dificulta a missão do Dep. Aldo Rabelo em encontrar uma proposta contemporânea para a Lei Florestal brasileira.

Com relação ao Substitutivo propriamente dito do Relator algumas questões centrais estão passando ao largo das discussões. A primeira e a mais importantes delas está na concepção da própria Lei. A proposta sob exame dos Congressistas repete os mesmos vícios de origem das Leis anteriores, isto é, continua baseada exclusivamente nos mecanismos de comando e controle do Estado, sem criar instrumentos reais e efetivos de fomento para conservação. Quando se trata de controle e fiscalização o Projeto de Lei é mandatório e quando aborda a questão crucial dos incentivos econômicos é meramente declaratório. Isto é, atenua as ações de controle e fiscalização, mas não define com precisão os incentivos para recuperar o que já foi detonado no passado, principalmente, para a agricultura familiar, fazendo recair sobre os agricultores os mesmos ônus da Lei atual. O agricultor familiar que não tem condições de recompor sua APP de 30m continuará sem condições econômicas de recuperar a faixa de 15m.

Se parte das APP e RL foram desmatadas com o financiamento do Estado, como argüi corretamente as lideranças do setor agropecuário, nada mais natural que o Estado financie a recuperação destas áreas. Até porque, como bem define a legislação florestal brasileira, desde 1934, as florestas e demais formas de vegetação existente no território nacional são bens de interesse comum do povo. Ora, se são bens de interesse coletivo, é justo que a coletividade participe diretamente do esforço de recuperação que a incúria do passado legou às presentes gerações e que se agravarão no futuro, se nada for feito na atualidade. No caso da agricultura familiar, a solução ideal, não está em desobrigá-la de manter as áreas necessárias à conservação, mas apoiá-la para reconstituir estas áreas a longo prazo, de tal maneira que esta obrigação não reduza ainda mais os padrões de renda já baixos dos pequenos agricultores.

Na verdade, é o intensivo uso predatório dos imóveis rurais no passado, sem observância da Lei e das práticas recomendadas de conservação do solo e água, com cultivos e criações de baixa produtividade que criaram o quadro de crise que estamos vivendo hoje. Os Vales do Rio Doce e Mucuri em Minas, regiões tradicionalmente ocupadas com a pecuária, chegaram a suportar 2,8 unidades animal por hectare, no auge da ocupação há 50 anos, e hoje, com a destruição dos recursos naturais, incluindo a devastação da mata atlântica, a bovinocultura atinge, em média, 0,6 unidade animal, no mesmo ha, isto é, uma redução de quase 5 vezes. Neste caso, como é comum ouvir dizer que o meio ambiente atrapalha a agricultura, é de se perguntar: quanto custa não proteger o meio ambiente para agricultura???

Outro ponto crucial, normalmente ignorado no Brasil, diz respeito às Leis de norma geral, como é o Projeto do Código segundo definição encontrada logo no seu Artigo 1º. No nosso sistema federativo, a Lei de norma geral, como define o mandamento constitucional da competência legislativa concorrente, deveria remeter aos Estados Membros da União, as normas especificas. Mas não é o que ocorre, já que o PL é um misto de norma geral e normas especificas, a ponto de disciplinar detalhadamente como deve ser feito um Plano de Manejo Florestal Sustentável, iniciativa inteiramente técnica que poderia ser disciplinada pelo órgão ou entidade responsável pela sua aprovação.

Todavia, a tendência de transformar Lei de norma geral em Lei especifica é um dos problemas enfrentados pelo Congresso Nacional, diante da exacerbada dificuldade de harmonizar as diferentes realidades regionais numa única norma, como ocorre no caso presente. A Lei nacional é simétrica por definição, mas sua aplicação se faz numa federação e num território totalmente assimétricos, com peculiaridades distintas e por vezes antagônicas. Eis aí, a causa principal da dificuldade em obter o necessário consenso em torno do tema e de outros assuntos de dimensão nacional que são submetidos ao exame do Congresso Nacional. Embora as lideranças do governo e da oposição digam que já há consenso sobre 98% do Substitutivo, é importante lembrar o saudoso Presidente Tancredo Neves que já nos ensinou que em política, 1% pode ser mais que 99%. As dificuldades em votar o Projeto de Lei demonstram que ele tinha razão.

Fica claro, mesmo para os leigos, que é praticamente impossível, produzir uma norma legal adequada aos seus objetivos, em relação a este tema, sem regras de caráter específico, que possam capturar e dar tratamento às peculiaridades locais e regionais, levando em conta as realidades dos nossos diversos biomas, os ecossistemas que os compõem e as diferentes bacias hidrográficas que drenam o território. Contudo, como os biomas se espalham por mais de um Estado, a melhor solução não está em remeter às unidades federadas a legislação complementar, mas estabelecer no âmbito do próprio Congresso, Leis especificas por biomas, como, aliás, já ocorreu com a Mata Atlântica, por iniciativa à época do então Deputado Fábio Feldman.

Desta forma, a solução recomendável no atual cenário político, seria aprovar a atualização possível do Código Florestal, sem retrocessos que descaracterizem os fundamentos que vem sendo erigidos desde a Lei de 1934, adotando a moratória dos desmatamentos por 5 anos, como originalmente previsto pelo relator, com a obrigação do Congresso Nacional votar Leis especificas para os biomas da Floresta Amazônica, do Cerrado, do Pantanal e da Caatinga, dentro deste prazo.Esta solução evitaria que os Estados, como Minas Gerais, no uso e no limite de sua competência constitucional concorrente sejam instados a elaborarem suas próprias Leis, tratando de biomas compartilhados com outros Estados, para atenuar os conflitos que giram em torno do tema e que tumultuam o processo de governança do setor e a gestão ambiental das florestas e da biodiversidade.

É preciso reconhecer a necessidade de dar às Áreas de Preservação Permanente tratamento compatível com o uso antrópico consolidado, historicamente, considerando o horizonte temporal de uso do solo agrícola no Brasil, principalmente com o objetivo de descriminalizar o uso de boa fé feito no passado. Este é um ponto que precisa ser enfrentado com coragem e bom senso, dando à agricultura familiar tratamento especial, em razão das condições sócio-econômica dos pequenos agricultores.

Quanto à Reserva Legal, é difícil compreender que se adote agora a sua inexigibilidade, já que é uma obrigação estatuída desde o Código de 1934, ratificada em 1965 e em 1989, em todas as ocasiões pelo Congresso Nacional, e não por Medida Provisória, como se tenta argüir na atual etapa dos debates. É sempre bom lembrar que a obrigatoriedade da recomposição da RL também foi adotada por Lei de iniciativa congressual, através da Lei Agrícola com apoio das bancadas partidárias vinculadas ao setor agropecuário. Ora, isto significa que o atual Substitutivo do Deputado Aldo Rabelo é uma contradição histórica, uma negação do papel histórico do Parlamento brasileiro, um lamentável retrocesso que não honra a biografia do Relator e depõe contra conquistas inalienáveis da Nação brasileira, obtidas exatamente pela clarividência e pela contemporaneidade de parlamentares que nos idos de 1934, 1965 e 1989, há quase 80 anos, deram ao Brasil um estatuto jurídico fundado no sentimento de Pátria, que não deve faltar agora.

Isto não significa que esta posição de vanguarda, historicamente afirmada e reafirmada no Congresso, deixe de considerar questões especificas como a da agricultura familiar, por razões sócio-econômicas. Mas, esta realidade não justifica a visão reducionista e a decisão simplista de se abolir a Reserva Legal. Há outras alternativas e outros caminhos a serem explorados, que podem assegurar a recomposição destas áreas, mediante financiamento e assistência técnica proporcionada pelo Poder Público, sem sua súbita eliminação, mais uma vez sem comprometer a renda dos agricultores familiares.

Uma das hipóteses a serem consideradas poderia ser a adoção de uma escala progressiva de redução da RL de 4 módulos fiscais para menos, condicionando a recomposição ao apoio efetivo do Poder Público, no âmbito do PRA – Programa de Regularização Ambiental estabelecido no próprio Substitutivo, estabelecendo mediante motivação edafo-climática, biológica, hídrica e geológica as áreas prioritárias de recomposição das RL. Isto significa que a recomposição só poderá ser cobrada da agricultura familiar se viabilizado o apoio do Poder Público. Caso contrário, o pequeno agricultor continuaria dispensado da obrigação de recompor, recaindo sobre os governos a responsabilidade de sua omissão.

Outra questão relevante sobre o tema da RL diz respeito aos aspectos locacionais. Mais uma vez o PL mantém a propriedade rural como a célula da reserva legal, oferecendo o bioma como opção na ausência de alternativa local. Embora polêmica, esta decisão precisa ser pensada na ótica da bacia hidrográfica. Definir a RL na propriedade, principalmente em regiões de estrutura minifundiária, é um erro técnico e estratégico, pois o máximo de conservação a ser obtida será um retalho de pequenas áreas, um conjunto de fragmentos sujeito ao efeito de borda, condenados ao desaparecimento, sem nenhuma serventia para a estratégia de conservação da biodiversidade, principalmente como corredores de conectividade para assegurar o fluxo gênico da flora e da fauna e como cobertura essencial à proteção de mananciais e cabeceiras de córregos e rios de ordem inferior até o rio de primeira ordem. Neste caso, a bacia hidrográfica é a melhor referência espacial para a localização dessas reservas.

As entidades que integram o movimento Diálogo Florestal, reunindo organizações ambientalistas e da iniciativa privada, apresentaram um documento baseado em dezesseis (16) pontos que constitui um bom eixo para orientar as negociações das partes interessadas visando a romper o imobilismo e criar as condições políticas que permitam um grande entendimento nacional sobre futuro das nossas florestas.

Muita critica tem sido feita ao Substitutivo do Código Florestal em tramitação na Câmara dos Deputados, em razão do debate acirrado entre ruralistas e ambientalistas, que praticamente, como seria natural, monopolizam o debate, ao discutir as falhas do Projeto segundo o pensamento dominante de cada um desses segmentos. Todavia, torna-se necessário considerar que este PL não pode ser elaborado para ambientalistas e ruralistas, ele tem que ser elaborado para a Nação, principalmente para a maioria silenciosa e indiferente que sequer percebe que o Congresso está decidindo o seu futuro e o futuro dos seus filhos.

Por isso, é necessário criticar o Substitutivo também pelas qualidades que ele não tem. E certamente, uma das lacunas desta iniciativa legislativa, diz respeito à ausência de instrumentos econômicos mandatórios para assegurar que os pequenos agricultores terão as condições necessárias para fazer o seu papel, ao lado dos médios e grandes. Em 2002, foram criados dois instrumentos econômicos importantes para estimular o reflorestamento e a recuperação de áreas degradadas, o PRONAF FLORESTAL E O PROPFLORA, duas linhas de crédito com prazo e carência compatíveis com as atividades florestais. Passados 9 anos, nada se fez para aprimorar e ampliar estes instrumentos e adotá-los como ferramentas importantes para fomentar a conservação e o uso sustentável das florestas no Brasil.

Outra lacuna está relacionada com o silêncio do Substitutivo no que pertine as instituições florestais e ambientais encarregadas de colocá-lo em execução. Com exceção de meia dúzia de Estados, os demais, incluindo a União, não estão preparados para assumir as competências que o Projeto de Lei está lhes atribuindo, em virtude, entre outros pontos, da gratuidade justificada que a proposta assegura aos agricultores familiares. O PL ignora a necessidade de fortalecimento institucional dos órgãos e entidades florestais e ambientais que lidam com a matéria. Só em Minas Gerais são mais de 300.000 propriedades a serem atendidas. Pela toada em que estamos, o problema continuará praticamente do mesmo tamanho. Restará novamente o controle e a fiscalização. E que os órgãos e entidades ambientais não venham a ser novamente amaldiçoados, pela incapacidade operacional de atender a esta nova demanda.

Fazer uma Lei que cria obrigações, sem meios de implementação, é fazer uma Lei inexigível.

O Brasil é uma das poucas, se não a única Nação do mundo com nome de árvore, o pau-brasil, incluído na lista das espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. É hora de lembrar os Congressistas desta verdade.


Fonte: Rema Atlântico

Destruição de zonas costeiras libera dióxido de carbono, revela estudo

Manguezal próximo a Soure, Ilha do Marajó. Foto de Axel Grael.
Estuário do Rio Mundaú, Mundaú, Município de Trairi, Ceará. Foto de Axel Grael.

ARLINGTON (EUA), GLAND (SUÍÇA) e PARIS (FRANÇA) - A destruição dos ecossistemas costeiros como manguezais, brejos e terrenos alagadiços à beira mar, que armazenam grande quantidade de carbono, está liberando grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) no oceano e na atmosfera, de acordo com o Grupo de Trabalho Internacional para Carbono Azul Costeiro.

O grupo, formado por 32 cientistas de 11 países, revelou em reunião em Paris que o conhecimento existente sobre estoques de carbono e emissões causadas pela degradação ou conversão de ecossistemas costeiros é “suficiente para justificar ações imediatas de melhoria do manejo desses ecossistemas”.

O Grupo de Trabalho foi criado como um passo inicial no avanço das metas científicas, políticas e de manejo da Iniciativa Carbono Azul, cujos membros fundadores incluem a Conservação Internacional (CI), a União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN, da sigla em inglês), e a Comissão Intergovernamental Oceanográfica (IOC) da UNESCO.

Apelidado de “carbono azul” por sua habilidade de seqüestrar e armazenar grandes quantidades de carbono, tanto nas plantas quanto nas camadas mais profundas do solo, esses ecossistemas marinhos podem conter até cinco vezes mais carbono do que em florestas tropicais. Em algumas áreas eles contêm até 50 vezes mais carbono do que em algumas áreas de florestas.

“Há algum tempo já sabemos da importância dos ecossistemas costeiros para a pescaria e a proteção contra tempestades e tsunamis. Agora estamos vendo que, se destruídos ou degradados, esses ecossistemas costeiros se tornam grandes emissores de CO2, e essa emissão é feita de forma lenta, por muitos anos. Em outras palavras, é como uma hemorragia longa e lenta, difícil de estancar. Então, precisamos urgentemente interromper a perda desses ecossistemas ricos em estoque de carbono para desacelerar as mudanças climáticas”, afirma a Emily Pidgeon, diretora do Programa Marinho de Mudanças Climáticas da Conservação Internacional.

A drenagem de terrenos alagadiços à beira-mar, como manguezais e brejos, libera um quarto de milhão de toneladas de CO2 por quilômetro quadrado para cada metro de solo que é perdido. Dados globais mostram que brejos e manguezais estão sendo degradados ao longo das regiões litorâneas de todo o mundo a um ritmo acelerado. Entre 1980 e 2005, 35 mil quilômetros quadrados de manguezais foram destruídos globalmente – uma área do tamanho da Bélgica. Essa área ainda continua a liberar até 0.175 giga-toneladas de CO2 a cada ano – equivalente às emissões anuais de países como a Holanda ou a Venezuela.

“Estudos científicos têm demonstrado que, apesar de alguns manguezais, terrenos alagadiços e brejos representarem menos de 1% da biomassa total das plantas em terra e em florestas, neles circulam quase a mesma quantidade de carbono que os 99% restantes. Dessa forma, o declínio desses ecossistemas tão eficientes em estocar carbono é uma causa válida de preocupação”, alerta Wendy Watson-Wright, diretor da IOC.

No decorrer de 3 dias de reuniões em Paris, cientistas apresentaram as prioridades e recomendações para ações imediatas, que incluem:

• Intensificação nas pesquisas nacionais e internacionais: tais como desenvolvimento de metodologias de inventário e contabilidade para carbono costeiro; realização de inventários de carbono; realização de pesquisa e monitoração para quantificar com mais precisão as emissões de gases de efeito estufa causados pela perda de ecossistemas costeiros; e o estabelecimento de rede de demonstrações em campo para aumentar a capacitação e colaboração de comunidades.

• Melhoria do manejo local e regional: tais como identificar e reduzir as principais causas da degradação de sistemas costeiros ricos em carbono – entre elas o desenvolvimento urbano, a agricultura, a aquicultura, a poluição, a drenagem e a introdução de construções artificiais –, o reforço das políticas de proteção de sistemas costeiros ricos em carbono e a restauração de sistemas perdidos/degradados.

• Maior reconhecimento internacional dos ecossistemas costeiros ricos em carbono: por meio de entidades internacionais estabelecidas tais como o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC) e a Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

Os cientistas enfatizaram que a melhoria no manejo de ecossistemas costeiros não visa a se tornar um bloqueio para o desenvolvimento dos países, e sim uma estratégia para priorizar a conservação de zonas costeiras específicas, únicas, de alto potencial para estocar CO2. Eles recomendam que os tomadores de decisão reconheçam mais os serviços vitais que essas áreas oferecem à humanidade e priorizem sua proteção.

“A capacidade das zonas costeiras de reduzir a mudança climática ao capturar e armazenar CO2 é considerável, mas tem sido ignorada”, declara Jerker Tamelander, gerente de Oceanos e de Mudança Climática da IUCN. “Se valorizados e geridos adequadamente, os ecossistemas costeiros podem ajudar muitos países a cumprir com suas metas de mitigação ao mesmo tempo em que ajudam com a adaptação em áreas costeiras vulneráveis.”

O grupo de trabalho se reunirá novamente em agosto e continuará seu estudo científico colaborativo. A Fundação Waterloo, a NASA e o Programa Ambiental das Nações Unidas (Pnuma) financiaram os trabalhos do grupo.

Para ler todas as recomendações dos cientistas, clique aqui.

Texto: Assessoria de Imprensa da Conservation International.

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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Geo-engenharia: os riscos de tecnologias que prometem ajudar o planeta

Soluções com efeitos colaterais

O desenvolvimento de novas tecnologias podem ser a saída para livrar o mundo do colapso climático. Historicamente, novidades tecnológicas sempre enfrentaram o ceticismo e o desprezo de segmentos mais conservadores da sociedade e resistentes às inovações. No entanto, momentos de grande desafios para a Humanidade, como enfrentamos agora, são vistos como uma grande oportunidade para o avanço da ciência, assim como, para se auferir notoriedade e lucros. É ai que surgem grandes ideias, mas também as mais mirabolantes e as vezes perigosas invenções.

O artigo abaixo alerta sobre os riscos de certas tecnologias anunciadas como a solução para os problemas climáticos. Embora inovadoras, podem trazer sérios impactos ambientais. Por este motivo, ambientalistas pressionam a ONU para aumentar o controle sobre essas experiências e pedem uma moratória do uso destas soluções em larga escala, até que haja um conhecimento científico e tecnológico que permitam que estas sejam utilizadas com segurança.

Dentre as tecnologias que preocupam os ambientalistas estão:

Fertilização do Oceano: pulverização de nutrientes no mar - como o ferro - para provocar a proliferação do plâncton e aumentar a retirada do CO2 da atmosfera. Teme-se que a prática possa ter como contraindicação a multiplicação de algas tóxicas e outros desequilíbrios que possam afetar a biota.

Refletores solares: pequenos refletores seriam lançados em grande quantidade no espaço para refletir a luz do sol e evitar a incidência de raios excedentes sobre a superfície terrestre.

Vulcões artificiais: lançamento de partículas de sulfato na estratosfera para refletir os raios solares, simulando o efeito de rupções vulcânicas.

Veja a seguir:
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Avião agrícola em ação na Tailândia lançando produtos destinados a provocar chuva artificial. Foto: Reuters/Sukree Sukplang
U.N. urged to freeze climate geo-engineering projects

(Reuters) - The United Nations should impose a moratorium on "geo-engineering" projects such as artificial volcanoes and vast cloud-seeding schemes to fight climate change, green groups say, fearing they could harm nature and mankind.

The risks were too great because the impacts of manipulating nature on a vast scale were not fully known, the groups said at a major U.N. meeting in Japan aimed at combating increasing losses of plant and animal species.

Envoys from nearly 200 countries are gathered in Nagoya, Japan, to agree targets to fight the destruction of forests, rivers and coral reefs that provide resources and services central to livelihoods and economies.

A major cause for the rapid losses in nature is climate change, the United Nations says, raising the urgency for the world to do whatever it can to curb global warming and prevent extreme droughts, floods and rising sea levels.

Some countries regard geo-engineering projects costing billions of dollars as a way to control climate change by cutting the amount of sunlight hitting the earth or soaking up excess greenhouse gas emissions, particularly carbon dioxide.

"It's absolutely inappropriate for a handful of governments in industrialized countries to make a decision to try geo-engineering without the approval of all the world's support," Pat Mooney, from Canada-headquartered advocacy organization ETC Group, told Reuters on the sidelines of the October 18-29 meeting.

"They shouldn't proceed with real-life, in-the-environment experimentation or the deployment of any geo-engineering until there is a consensus in the United Nations that this is okay."

Some conservation groups say geo-engineering is a way for some governments and companies to get out of taking steps to slash planet-warming emissions.

The U.N. climate panel says a review of geo-engineering will be part of its next major report in 2013.

SOLAR REFLECTORS

Some of the geo-engineering schemes proposed include:

-- Ocean fertilization. Large areas are sprinkled with iron or other nutrients to artificially spur growth of phytoplankton, which soak up carbon dioxide. But this could trigger harmful algal blooms, soak up nutrients and kill fish and other animals.

-- Spray seawater into the atmosphere to increase the reflectivity and condensation of clouds so they bounce more sunlight back into space.

-- Placing trillions of tiny solar reflectors out in space to cut the amount of sunlight reaching the Earth.

-- Artificial volcanoes. Tiny sulfate particles or other materials are released into the stratosphere to reflect sunlight, simulating the effect of a major volcanic eruption.

-- Carbon capture and storage. Supported by a number of governments and involves capturing CO2 from power stations, refineries and natural gas wells and pumping it deep underground.

Mooney said the U.N. Convention on Biological Diversity (CBD) should expand its de-facto moratorium on ocean fertilization agreed in 2008 to all geo-engineering, although the proposal was resisted by some countries, including Canada, earlier this year.

Canada said in Nagoya that it would work with the CBD.

"Canada was simply concerned about the lack of clarity on definitions including what activities are included in 'geo-engineering'," Cynthia Wright, head of the delegation, said in an email response.

"Canada shares concerns of the international community about potential negative impacts of geo-engineering on biodiversity and is willing to work with other CBD Parties to avoid these impacts," she said.

Environmentalists said geo-engineering went against the spirit of the Nagoya talks, which aims to set new targets for 2020 to protect nature, such as setting up more land and marine protected areas, cutting pollution and managing fishing.

"We are certainly in favor of more (geo-engineering) research, as in all fields, but not any implementation for the time being because it's too dangerous. We don't know what the effects can be," said Francois Simard of conservation group IUCN.

"Improving nature conservation is what we should do in order to fight climate change, not trying to change nature."

(Reporting by Chisa Fujioka; Editing by David Fogarty)

Fonte: Reuters

Lars Grael convida para palestra "Física do Barco a Vela", no Projeto Grael

Amigos da Vela Fluminense,

O PROJETO GRAEL e a FEVERJ convidam TODOS os velejadores para assistirem a palestra “A Física do Barco a Vela, a ser ministrada pelo experiente velejador e Professor Emérito da UFRJ Nelson Velho de Castro Faria (ver texto abaixo).

Trata-se de conhecimento útil para todos, desde o profissional experiente da Vela, até um principiante interessado no nosso esporte.

Ensina de forma prática, a física que norteia nosso esporte.

Chance ainda para muitos conhecerem as instalações do Projeto Grael. Temos razoável quantidade de vagas para carro dentro do Projeto Grael e ainda cais para atracação de botes e lanchas. Ficamos ainda há poucos metros do Clube Naval de Charitas.

Estarei lá.

Bons Ventos,

Lars Grael http://www.larsgrael.com.br/

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A física do barco a vela

Nélson V. de Castro Faria

Todos os que ensinam em qualquer nível se deparam, em algum momento, com o problema da motivação dos alunos pelo que é lecionado. A solução mais simples é dizer que motivação é problema do aluno, e agir em conseqüência. Minha abordagem do problema da motivação: tentei, por volta de 1968, quando fazia meu Ph.D. em Montreal, encontrar uma atividade de lazer que motivasse não um aspecto de um curso, mas o curso todo. Essa atividade deveria ser normal para o aluno antes do curso, que, assim, sem idéias preconcebidas, a executaria. As situações que aparecessem na execução dessa atividade, estas sim motivariam o aluno a estudá-las mais profundamente.

Esta é uma das opções de aprendizado. O mais comum é o inverso: o problema é do professor, que o apresenta ao aluno e em seguida o resolve, ou, no melhor dos casos, ajuda a resolvê-lo. O aluno fica em
posição passiva em todo o processo no primeiro caso e no segundo, pode ter participação mais ativa, mas nunca o problema é realmente dele. A proposta que então desenvolvi para enfrentar esse problema era utilizar um barco a vela para motivar um curso que contenha estática, cinemática, dinâmica, aerodinâmica e hidrodinâmica, calor, metereologia etc., utilizando o barco em si e os meios nos quais ele se move: a água e o ar. Na palestra serão dados alguns exemplos de como, a partir de um conhecimento empírico e intuitivo, é possível desenvolver métodos e teorias, utilizando estes conhecimentos como motivação.

A exposição será dividida em três partes. Na primeira, a física é discutida como ciência da natureza; na segunda, exemplos óbvios serão apresentados sucintamente em diversos fenômenos que podem ser analisados, tais como formação de ventos (terral, viração etc.), correntes marítimas e grandes ventos, marés, cinemática, movimento relativo etc. Na terceira é explicado o funcionamento do barco a vela, como motivação para o estudo do movimento relativo, aerodinâmica e hidrodinâmica.

Essa e outras idéias foram pensadas durante alguns anos após 1968 e deveriam fazer parte de um livro-texto que nunca foi escrito...

RESUMO DA CARREIRA DE NELSON VELHO DE CASTRO FARIA

Atualmente Professor Emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez seu curso secundário no Colégio Militar do Rio de Janeiro e graduação em Engenharia Civil na Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1962). Obteve Mestrado e Doutorado (Ph.D.) em Física na Universidade de Montreal (Canadá, em 1970). Realizou e ainda realiza pesquisas em Física Nuclear e Atômica, tendo no momento o título de Cientista do Nosso Estado (FAPERJ), além de acordos internacionais (CAPES-COFECUB, com a França e outros). Tem cerca de oitenta publicações em revistas de circulação internacional. Foi Diretor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro de 2006 a 2010. Na vela, participou de regatas em barcos como Percé (anos 1970), Traboule (anos 1980), Longueuil (anos 1985) e H3+ (anos 1990).

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Post relacionado no Blog:
FÍSICA DO BARCO A VELA - PALESTRA NO PROJETO GRAEL, POR NÉLSON VELHO DE CASTRO FARIA