quinta-feira, 22 de junho de 2017

Série histórica revela que número de tempestades permanece quase o mesmo de 160 atrás no Rio




Avenida Borges de Medeiros permanecia alagada 24 horas após forte chuva que atingiu a região - Fábio Rossi / Agência O Globo


Dados são coletados desde 1850, a partir de um decreto de Dom Pedro II

por Luisa Valle / Marlen Couto
22/06/2017 16:20 / Atualizado 22/06/2017 17:12



RIO - O prefeito Marcelo Crivella considerou a forte chuva que parou parte da cidade na noite da terça-feira um fenômeno atípico, mas a série histórica de tempestades no Rio - a mais antiga do país - mostra que na verdade pouco mudou desde 1850, quando o registro teve início. o número de ocorrências de tempestades na cidade é quase o mesmo que há 160 anos atrás.

- Diferentemente de outras cidades como São Paulo ou Campinas, que a medida que foram crescendo o número de tempestades foi aumentando, no Rio isso não aconteceu. É diferente por ter uma topografia extremamente acidentada, com a presença do oceano e das montanhas. A urbanização não interfere tanto. O número (de tempestades) é praticamente o mesmo - explica Osmar Pinto Junior, coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe):

- Em São Paulo, por exemplo, dobrou o número de dias de tempestades.

De acordo com dados do sistema Alerta Rio, porém, mostra que a intensidade das chuvas da última terça-feira foi maior que a registrada em junho dos últimos anos. Considerando todas as 33 estações pluviométricas da cidade, a média do último dia 20 foi de 59 mm de chuva em um único dia, 51% maior que a da maior tempestade ocorrida no mesmo mês em 2016.

A estação que apresentou o maior volume de chuva foi a do Alto da Boa Vista, que chegou a 247 mm, mas a que teve a maior alta em relação aos últimos três anos foi a da Tijuca, com crescimento de 249% em relação à média das maiores chuvas do período entre 2016 e 2014.

REGISTRO MAIS ANTIGO DO PAÍS

A série histórica dos dias de tempestades no Rio, considerados aqueles em que foi ouvida pelo menos uma trovoada ou visto pelo menos um relâmpago, começou em 1850 no Observatório Imperial, a partir de um decreto de Dom Pedro II. Desde então, os dados continuam sendo computados pelo Serviço Regional de Proteção ao Voo (SRPV) no aeroporto Santos Dumont.


Capa do documento do Observatório Imperial que continua a publicação da série histórica de tempestades do Rio - Reprodução




Segundo o coordenador do ELAT, no entanto, hoje esses dados estão espalhados. A primeira parte está na biblioteca do Observatório Nacional. A partir de 1912, a série passa a ser atualizada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Os documentos do período entre 1912 e 1949, no entanto, foram enviados para a Brasília com a transferência da sede do instituto, mas até hoje não foram digitalizados. Desde 1950 a série passou a ser atualizada pelo Serviço Regional de Proteção ao Voo (SRPV), da Aeronáutica, nos aeroportos. Os dados, no entanto, ficam guardados em São José dos Campos, no interior de São Paulo, no Centro Tecnológico da Aeronáutica.

- Levamos anos para conseguir esses dados. Ela (a série) continua a ser atualizada todo o mês - conta o pesquisador, que um dia pretende tornar o arquivo completo disponível ao público:

- O levantamento foi feito entre 2008 e 2012. A tendência é que a gente possa disponibilizar, um dia, um link com essas informações. Mas ainda existem alguns buracos no período que os dados ficaram à cargo do Inmet, justamente pelas dificuldades de acesso ao acervo.

VOLUME DE CHUVA RECORDE

Em apenas algumas horas choveu mais do que o esperado no mês de junho inteiro em pelo menos onze bairros da cidade, segundo dados do Alerta Rio. A prefeitura alegou que o volume de água da chuva, somado a uma ressaca e à maré cheia, foi responsável pelos alagamentos registrados principalmente a Zona Sul e a Grande Tijuca. Mas especialistas ouvidos pelo GLOBO apontam que o principal motivo foi um problema crônico: falta de manutenção do sistema de drenagem.


Fonte: O Globo









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