terça-feira, 5 de dezembro de 2017

ILHAS DE CALOR: Por que as árvores crescem mais rápido nas cidades do que no campo?



Estudo mostra que crescimento das árvores é mais acelerado em áreas urbanas (Foto: 12019/Creative Commons)


Diferença de tamanho chega a 25% em espécimes com 50 anos de idade; fenômeno climático está na raiz do problema, segundo pesquisadores.

As cidades não parecem, à primeira vista, o ambiente mais propício para o desenvolvimento de vegetação.

Mas, de acordo com um estudo recente da Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, as árvores crescem curiosamente mais rápido em áreas urbanas e metropolitanas do que em bosques ou zonas rurais.

Os pesquisadores chegaram a essa conclusão ao comparar informações de 1,4 mil árvores em dez cidades do mundo - como Paris, Santiago, Berlim e Cidade do Cabo - com exemplares da mesma espécie em áreas de natureza selvagem.


"...o crescimento acelerado da vegetação em áreas urbanas se deve aos efeitos das "ilhas de calor" - fenômeno climático em que a temperatura aumenta em cidades com alto grau de urbanização..." 
"Essa diferença de temperatura pode variar de 3°C até 10°C". 


Segundo eles, o crescimento acelerado da vegetação em áreas urbanas se deve aos efeitos das "ilhas de calor" - fenômeno climático em que a temperatura aumenta em cidades com alto grau de urbanização, devido à concentração de edifícios, ruas asfaltadas, sistemas de aquecimento e intensa circulação de veículos, entre outros fatores.

Essa diferença de temperatura pode variar de 3°C até 10°C.

"Podemos afirmar que as árvores urbanas são maiores que os mesmos exemplares de sua espécie da mesma idade que crescem em áreas rurais porque crescem mais rápido ali", explica o pesquisador Hans Pretzsch, coautor do estudo.

O estudo

Os pesquisadores selecionaram árvores mais maduras de espécies predominantes em cada cidade e em seus arredores, escolhidas por representarem diferentes tipos de clima.


No campo, as árvores demoram mais para crescer, mas também duram mais tempo (Foto: TimHill/Creative Commons)


Em Santiago, única cidade da América Latina analisada, a espécie escolhida foi a Robinia pseudoacacia, conhecida como falsa acácia.

É possível encontrar essa árvore por toda capital chilena.

Originária do sudeste dos Estados Unidos, onde o clima é temperado e úmido, essa espécie também pode crescer facilmente em condições mais secas.

De acordo com o estudo, a diferença de tamanho se mostrou mais evidente em árvores de 50 anos (crescimento de cerca de 25%) e menos acentuada (cerca de 20%) em árvores de 100 anos.


"... a diferença de tamanho se mostrou mais evidente em árvores de 50 anos (crescimento de cerca de 25%) e menos acentuada (cerca de 20%) em árvores de 100 anos".



Efeitos das 'ilhas de calor'

Segundo os cientistas, a "ilha de calor" acelera o crescimento das árvores de duas maneiras.

Por um lado, o aumento da temperatura estimula a fotossíntese. Por outro, prolonga o período de vegetação, estendendo a época do ano em que as árvores podem crescer.

O crescimento acelerado vem acompanhado, no entanto, de um ponto negativo: as árvores também envelhecem mais rapidamente.


"O crescimento acelerado vem acompanhado, no entanto, de um ponto negativo: as árvores também envelhecem mais rapidamente". 


Isso significa que, quando as árvores são plantadas na cidade para melhorar o ar e a qualidade de vida, elas vivem menos tempo e, por isso, precisam ser substituídas com maior frequência.

Independentemente das diferenças entre a cidade e o campo, o estudo mostrou que as árvores têm acelerado seu crescimento em ambas as regiões desde a década de 1960 por causa das mudanças climáticas.

Fonte: G1


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