quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Cientistas encontram nova espécie invasora de coral na Baía da Ilha Grande



Os octocorais (mais claros) junto a organismos nativos na região - Divulgação/Marcelo Mantelatto


Cesar Baima

Octocorais da família ‘Xeniidae’ estão espalhados na costa de praia entre Angra e Paraty e pesquisadores ainda avaliam métodos de erradicação das colônias

RIO – Cientistas do Projeto Coral-Sol, do Instituto Brasileiro de Biodiversidade (BrBio), em conjunto com pesquisadores do Departamento de Ecologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), encontraram uma nova espécie invasora de coral na Baía da Ilha Grande. Segundo as estimativas iniciais, os octocorais exóticos da família Xeniidae estão espalhados numa faixa de 170 metros do costão rochoso da Praia Vermelha, entre Angra e Paraty. Os cientistas ainda estão avaliando métodos para tentar erradicar as 700 a mil colônias identificadas, com média de 10 centímetros de diâmetro, no local.

Segundo Elianne Omena, bióloga e coordenadora do Projeto Coral-Sol, os octocorais invasores foram avistados pela primeira vez no último dia 18 de setembro. Já no dia seguinte, integrantes do projeto entraram em contato com um especialista americano em corais desta família para identificar a espécie, e foi criado um grupo de ação para sua erradicação do local. A pressa se dá pelo fato deles representarem uma ameaça para as espécies de corais e outros organismos marinhos nativos.

- Em geral, quando uma espécie exótica chega em um ambiente novo, ela não tem predadores nem competidores naturais e pode se estabelecer rapidamente de uma forma invasiva, ameaçando a sobrevivência das espécies endêmicas, isto é, nativas – explica. - Então não podemos esperar muito, temos que agir logo.

Assim, no início deste mês uma expedição do projeto esteve na Praia Vermelha para remover os corais invasores. O trabalho, no entanto, enfrentou dificuldades inesperadas. Inicialmente, os pesquisadores tentaram acabar com os organismos do mesmo modo que combatem o coral-sol, outra espécie invasora que está se espalhando pela costa brasileira e ameaça chegar no Arquipélago de Abrolhos, um dos mais ricos ecossistemas marinhos do litoral do país. Nele, os cientistas usam martelos para remover manualmente os corais das rochas.

Mas, como os novos corais invasores são de um tipo “mole”, isto é, sem um “esqueleto” calcário, as colônias acabavam se partindo no processo, espalhando pedaços na água, o que arriscava propagar ainda mais sua presença. Diante disso, ainda durante esta expedição os pesquisadores decidiram tentar outro método de erradicação, por sufocamento. Neste, os corais são envoltos com sacos plásticos ou cobertos com lonas plásticas de forma a diminuir o suprimento de oxigênio e, assim, matá-los. Elianne conta que os cientistas devem voltar ao local até o fim deste mês para saber se a estratégia está dando resultados.

Ouro problema neste sentido é que esta espécie específica de coral tem uma reprodução acelerada. Por isso, ela é muito usada em aquários decorativos, o que levanta a suspeita que sua chegada ao litoral brasileiro se deveu ao descarte inadequado por um adepto do aquarismo na região.

- Assim, na próxima expedição também vamos ver se eles se espalharam além da área já identificada – adianta Elianne.

Por outro lado, a bióloga destaca que o novo coral invasor é de uma espécie “zooxantelada”, isto é, que vive em simbiose com algas microscópicas. E como elas precisam da luz do Sol para realizar a fotossíntese, estes octocorais não podem se espalhar a profundidades além de onde ela alcança, se limitando a águas mais rasas, o que pode facilitar na sua erradicação. Já o coral-sol não enfrenta a mesma limitação, já tendo sido encontrado a 40 metros da superfície do mar.

Fonte: O Globo












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