sexta-feira, 15 de março de 2019

Relatório da ONU faz extensa revisão científica para guiar futuro do planeta até 2050



A população urbana deverá crescer 66% até 2050 — Foto: Marcelo Brandt/G1


Com análises do mundo atual e projeções, o Panorama Ambiental Global (Global Environmental Outlook) tem mais de 700 páginas e mostra status dos sistemas de energia, alimentação e água.

Um relatório com 740 páginas traz um panorama completo da situação do mundo atualmente em três grandes sistemas econômicos e sociais – energia, alimentação e água. Ele serve como um guia para as metas de 2030 e de 2050 e foi montado após análise extensa das pesquisas científicas mais relevantes sobre esses setores. O texto será discutido em Nairóbi, no Quênia, até a próxima sexta-feira (15), durante a 4ª Assembleia Ambiental das Nações Unidas (UNEA), maior fórum mundial para questões de meio ambiente.

Alguns dos pontos abordados no Panorama Ambiental Global (Global Environmental Outlook, GEO):

  • As análises focaram no tema "Planeta saudável, pessoas saudáveis";
  • O GEO busca mostrar os estudos científicos que podem guiar os governos e demais interessados;
  • Com base nas informações do Panorama, as metas para 2030 e 2050 podem ser estabelecidas pelas autoridades;
  • Desde o primeiro relatório, lançado em 1997, a condição geral do meio ambiente no mundo continuou se deteriorando;
  • É fundamental: buscar a redução da degradação do ar, da água, do solo e da biodiversidade.

Estarão na UNEA: chefes de estado, ministros do Meio Ambiente, CEOs de companhias multinacionais, ONGs, ativistas ambientais e outros convidados. O ministro do Meio Ambiente no Brasil, Ricardo Salles, não comparecerá ao evento porque está em missão na Antártica para visitar o Programa Antártico Brasileiro.
O cientistas mostram o que poderá acontecer em 2050 caso nenhuma medida seja tomada pelos países, quando a população atingirá a marca de 10 bilhões de pessoas na Terra:

  • Mais pessoas viverão nas cidades: a população urbana deverá crescer 66% até 2050 - aproximadamente 90% disso irá ocorrer na África.
  • Desenvolvimento econômico tirou bilhões de pessoas da pobreza e trouxe acesso à educação e saúde na maior parte das regiões do mundo. Por outro lado, as abordagens econômicas em algumas regiões não se preocuparam com as mudanças climáticas, com a poluição e com a degradação dos sistemas naturais.
  • Essas abordagens econômicas acabaram aumentando a desigualdade entre os países – esse modelo não será o suficiente para garantir saúde, produtividade e realização para as 10 bilhões de pessoas no futuro.

As inovações tecnológicas desde a década de 1990, segundo o GEO, trouxeram mais benefícios para a vida das pessoas do que malefícios. A organização aponta que novas abordagens aliadas à tecnologia podem reduzir as consequências negativas para a saúde e dos ecossistemas. Do ponto de vista ambiental, os países que priorizarem as políticas de baixo carbono terão vantagens econômicas, segundo os estudos analisados.

Mudanças do clima

As mudanças climáticas são prioridade. Elas afetam todos os sistemas da Terra ligados à vida: ar, diversidade biológica, água potável, oceanos, solos.

"As emissões contínuas e históricas dos gases do efeito estufa comprometeram o mundo durante um período prolongado de mudanças climáticas, que estão levando ao aquecimento global do ar e do oceano, elevação do nível do mar, derretimento de geleiras, do permafrost (camada de solo permanentemente congelada) e do gelo marinho do Ártico, mudanças nos ciclos de carbono, bioquímicos e globais da água, crises de segurança alimentar, escassez de água doce", traz o artigo.

Por isso, relatório reforça que o mundo está em vias de ultrapassar o limite de temperatura estabelecido no Acordo de Paris, feito em 2015. A ONU já havia divulgado um outro estudo em 2017 com a previsão de que as metas estabelecidas naquele ano representam um terço do que é necessário para combater o aquecimento global.

Os riscos da degradação do meio ambiente e das mudanças do clima deverão afetar mais profundamente as pessoas em situação de vulnerabilidade, particularmente mulheres e crianças em países em desenvolvimento. Boa parte das mudanças serão irreversíveis.

Poluição e espécies ameaçadas

A poluição do ar é o principal contribuinte para o aumento das doenças no mundo, liderando entre 6 milhões e 7 milhões de mortes prematuras e uma perda financeira estimada em US$ 5 trilhões todos os anos. No mundo todo, a diminuição da emissão de poluentes em determinados locais é compensada por um aumento em outras regiões.


Nível de poluição no ar é oito vezes maior que o indicado pela OMS — Foto: Juan Diaz/Arquivo Pessoal


Desde 1880, a superfície da Terra apresentou um aumento na temperatura entre 0,8ºC e 1,2ºC. Oito dos anos mais quentes da história foram registrados na última década. Se a emissão de gases continuar, as temperaturas continuarão a crescer.

Outro ponto que influenciará a saúde está relacionado às interferências negativas na biodiversidade do planeta. Segundo o relatório, a estimativa é que 60% das doenças já estejam relacionadas a isso.

A população das espécies está decaindo:

  • 42% dos invertebrados terrestres estão em risco de extinção;
  • 34% dos invertebrados aquáticos;
  • 25% dos invertebrados marinhos.

Entre 1970 e 2014, a população de espécies vertebradas diminuiu cerca de 60%. Dez em cada 14 habitats terrestres passaram por um declínio na produção de sua vegetação e quase metade dos ecossistemas têm um status desfavorável. Isso afeta diretamente a vida das pessoas, segundo o estudo, já que 70% das pessoas em situação de pobreza dependem de recursos naturais.

Oceanos

A pesca e a aquicultura geram US$ 252 bilhões (R$ 960 milhões) por ano. A pesca em pequena escala garante a subsistência de até 120 milhões de pessoas. Os peixes fornecem a mais de 3 bilhões mais de 20% de suas proteínas e nutrientes importantes para a saúde.
Mesmo assim, a poluição dos oceanos ainda não foi controlada. 

Estimativas apontam que são 8 milhões de toneladas de plástico despejadas anualmente devido à má gestão dos resíduos.

Há um aumento da presença de microplásticos com potencial de causar efeitos adversos na saúde de todos os organismos marinhos e humanos.

O relatório apresenta, ainda, dados importantes relacionados à produção de alimentos, ao uso e direito da terra, água potável e o crescimento populacional, entre outros.



Fonte: G1
















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