Torben Grael foi quem fez as críticas mais duras à distância do público na vela durante Rio-2016 imagem: Sergio Moraes/Reuters. |
O fator casa é um ponto de discussão para a maioria das modalidades esportivas do Brasil que vão participar dos Jogos Olímpicos deste ano, no Rio de Janeiro. Não para a vela. A despeito de serem anfitriões, os brasileiros terão um distanciamento em relação ao público, que não poderá posicionar barcos na Baía de Guanabara durante as regatas e terá de acompanhar da terra as disputas no mar. E isso virou assunto de discussão no time local
“O público distante da vela é uma coisa que não dá para entender. Levamos cem anos para trazer os Jogos para o Rio de Janeiro, e por algum motivo que eu não sei qual é as pessoas que gostariam de estar lá em volta assistindo com barcos vão ser privadas disso. Não sei por que na vela ninguém pode assistir e na maratona aquática as pessoas ficam do lado, às vezes até agarrando os atletas. Isso é incompreensível para mim”, ponderou Torben Grael, 56, coordenador-técnico da vela do Brasil na Rio-2016.
“O público distante da vela é uma coisa que não dá para entender. Levamos cem anos para trazer os Jogos para o Rio de Janeiro, e por algum motivo que eu não sei qual é as pessoas que gostariam de estar lá em volta assistindo com barcos vão ser privadas disso". Torben Grael
Na maioria dos Jogos Olímpicos, as competições de vela são disputadas longe do centro da cidade-sede. A realização das regatas deste ano na Baía de Guanabara, portanto, era uma oportunidade de aproximar o esporte do público local. A maioria das raias fica perto da zona sul da cidade.
“Diferentemente de outras Olimpíadas, a gente está no coração dos Jogos. É uma grande oportunidade de chamar o povo para o esporte. A raia do Pão de Açúcar vai ter arquibancada, vai ter gente acompanhando, e isso vai trazer mais admiradores para a vela”, disse Isabel Swan, 32, da classe Nacra 17.
Até por essa questão de localização da modalidade, a presença de público e a distância em relação aos torcedores viraram assuntos entre os brasileiros da vela. “O ideal seria alguns barcos acompanhando, mas isso envolveria um controle muito maior da raia e demandaria um estafe muito maior”, completou Isabel.
A presença de torcedores também tem sido discutida por outros atletas da seleção. Alguns tentam minimizar isso, como Marco Grael, 27, que compete na classe 49er: “Uma vez que você começa a focar nas competições e pensa no que fez, você se contenta com isso e dá seu melhor. Pressão externa é uma coisa que a mídia cria, e se você parar para pensar nisso é possível que isso consuma você. Para mim não afeta”.
A tese dele é que a presença de atletas que lidam bem com a pressão vai minimizar o efeito do público (ou da distância do público) na vela da Rio-2016. “Na China estava todo mundo acompanhando, havia muita imprensa, mas a nossa torcida era só do Time Brasil. Aqui vai ter esse sentimento do público”, finalizou Isabel.
Campanha por Scheidt como porta-bandeira
imagem: Sergio Moraes/Reuters. |
Nessa tentativa de aproximar mais o público da modalidade, a equipe brasileira tem feito campanha para que Robert Scheidt seja o porta-bandeira da delegação nacional na Cerimônia de Abertura da Rio-2016. Com 43 anos, o experiente velejador compete com o líbero Serginho, do vôlei, e Yane Marques, do pentatlo moderno, pelo posto.
Scheidt esteve em cinco edições de Olimpíadas (Atlanta-1996, Sydney-2000, Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012) e obteve medalhas em todas (dois ouros, duas pratas e um bronze). Divide com o também velejador Torben Grael a condição de brasileiro que mais vezes passou pelo pódio em Jogos.
Desde que o nome de Scheidt foi anunciado na listra tríplice do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), os atletas da vela votaram no companheiro de equipe e começaram a fazer apelos em mídias sociais para tentar impulsionar a candidatura dele. A votação popular seguirá aberta até o próximo fim de semana, e o resultado será anunciado no domingo (31), no Fantástico, programa semanal da TV Globo.
“Já divulgamos entre os amigos, usamos o Facebook e estamos fazendo campanha. Me sinto honrado por tê-lo por perto. É um cara incrível por tudo que fez. São mais de 20 anos em esporte de alto nível, que o colocam como um dos maiores atletas do esporte mundial”, contou Henrique Haddad, 29, que será um dos representantes do Brasil na classe 470 masculina da Rio-2016.
“Não é nem só pela vela, mas o que o Robert fez pelo esporte e pelo Brasil. É o maior medalhista juntamente com o Torben, e eu tenho certeza que vai ser o maior da história. Ele vai ganhar outra aqui no Rio”, completou Haddad.
Fonte: UOL
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