Expectativa da Fiocruz é de que, até 2018, 75% de Niterói, onde foi intensificada a ação contra o Aedes aegypti, esteja coberta pelo projeto com a bactéria Wolbachia Fotos: André Redlich |
Niterói quer ampliar uso da técnica da Fiocruz contra o Aedes Aegypti, a fim de cobrir 75% de seu território até 2018
Até 2018, 75% do território de Niterói poderá estar coberto pela técnica da Fiocruz, testada em Jurujuba, que utiliza mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia como arma contra a proliferação do Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. A fundação e a Prefeitura de Niterói apresentarão a proposta ao Ministério da Saúde.
O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, afirma que aguarda resposta positiva do Governo Federal. “Nós acertamos essa parceria com Niterói no sentido de buscar ampliar nossa experiência em Jurujuba, que já deu certo. Levaremos a proposta ao ministro da saúde e, uma vez emitido o aval para o financiamento, nossa ideia é que em 2016 tenhamos 10% da cidade de Niterói coberta pelas colônias do mosquito, com essa bactéria Wolbachia. A técnica torna o mosquito incompetente para transmissão da dengue, zika e chikungunya. Em 2017 o percentual cresce para 50% da cidade e, no terceiro ano, 75% do território do município”, explica Paulo Gadelha.
O presidente da Fiocruz ressalta que a técnica, testada em Jurujuba, se mostrou “extremamente bem-sucedida” a nível internacional. “Nós teremos o Brasil acompanhando esse momento. Temos a possibilidade de controle em Niterói, que tem em torno de 400 mil habitantes. Niterói estará na ponta de uma experiência internacional que depois será estendida para outras regiões do Brasil”, disse Paulo Gadelha.
Campanha – Na última quarta-feira, a Prefeitura de Niterói lançou a campanha “Não Crie Mosquito em Casa”, um pacote de ações de combate ao mosquito Aedes aegypti. Além da experiência com a bactéria Wolbachia, as ações incluem o aplicativo “Sem Dengue”. Por meio da ferramenta, já disponível para usuários do sistema Android, a população pode tirar fotos de possíveis criadouros do mosquito. A vantagem é que as imagens terão o endereço do local e poderão ajudar o trabalho dos agentes de controle de endemias.
O Sem Dengue é georreferenciado e funciona como os aplicativos de táxi: ao tirar a foto, o endereço será automaticamente identificado, ou a pessoa poderá digitar manualmente o endereço do local. As informações serão transmitidas pela internet para uma equipe da prefeitura, que ficará responsável pelo acionamento dos agentes para eliminar o criadouro. A partir do dia 23 o aplicativo estará disponível para usuários do sistema iOS.
De acordo com a prefeitura de Niterói, o sistema garante agilidade e confiabilidade às informações coletadas, além de reduzir custos com a eliminação da papelada e permitir melhor aplicação dos recursos disponíveis.
Além disso, armadilhas serão espalhadas pelo município para que os insetos coletados sejam analisados em laboratório. Com isso será possível saber quais tipos de vírus estão circulando na região antes das pessoas serem contaminadas. O município é o segundo do Estado do Rio a implantar a tecnologia e o primeiro a usar os novos recursos.
A campanha terá, ainda, a distribuição de panfletos, cartazes, divulgação nas mídias sociais e uma página especial no Portal da Prefeitura (www.niteroi.rj.gov.br/contradengue). Além do foco na eliminação dos criadouros, a iniciativa informará a população sobre os sintomas das doenças. Em Niterói, as pessoas já podem denunciar possíveis focos de Aedes pelo Disque-Dengue (2621-0100).
Casos – De janeiro a 4 de dezembro do ano passado, foram notificados 488 casos de dengue e dois de zika em Niterói. O município não registrou casos de chikungunya. Dados do Ministério da Saúde divulgados em novembro mostraram que 1,1% dos domicílios da cidade tinha focos do mosquito. O risco de epidemia é alto quando o índice é maior que 4%.
As localidades de Viradouro e Cachoeira, além do bairro Vital Brazil apresentaram a maior concentração de criadouros do mosquito e, segundo a Prefeitura de Niterói, já receberam mutirões especiais dos agentes de controle de endemias. Os próximos mutirões serão realizados nos dias 23 (Engenho do Mato) e 30 (Comunidade do Abacaxi/ Jonatas Botelho).
Rio das Ostras – O município de Rio das Ostras, norte fluminense, também vai usar a ferramenta inovadora no controle do mosquito. As equipes da vigilância em saúde da cidade iniciaram nesta semana o treinamento para trabalhar com o novo sistema, que permite identificar, em tempo real, as áreas com maior incidência do Aedes aegypti, além de acompanhar e mapear o trabalho dos guardas sanitários por meio de GPS (sigla para sistema de posicionamento global).
Com os programas Dengue Report e Monitoramento Inteligente da Dengue, a partir de um smartphone, as informações são transmitidas, armazenadas e ficam disponíveis na internet, de forma simples e imediata, para consulta de toda a comunidade. Os guardas sanitários passarão a usar o aparelho móvel, que vai identificar cada imóvel a partir da leitura de uma etiqueta (QR-code) colada dentro da residência ou comércio. Os dados das vistorias serão inseridos no aparelho.
Fonte: O Fluminense
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