quinta-feira, 31 de julho de 2014

Morre no Rio o ambientalista Ibsen de Gusmão Câmara


Almirante Ibsen: um valioso legado para o verde e para o azul

Uma perda lastimável. O almirante Ibsen Gusmão Câmara foi um dos pioneiros e um dos mais respeitados nomes do ambientalismo brasileiro.

Lutou pelas florestas e pelos ecossistemas marinhos, tendo liderado lutas pela criação dos Parques Nacionais de Fernando de Noronha e Abrolhos, além da Reserva Biológica de Atol das Rocas. Ainda na Marinha, lutou contra a caça das baleias e defendeu com sabedoria e perseverança o litoral e os oceanos.

Emprestou a sua experiência e prestígio para o sucesso de iniciativas de proteção a ecossistemas e espécies da fauna e flora brasileira, como no caso do mico-leão-dourado.

Tive a honra de estar ao lado dele no Conselho Curador da FBCN - Fundação Brasileira pela Conservação da Natureza e em incontáveis reuniões do CONAMA ou em qualquer outro fórum importante onde se discutia a proteção do patrimônio natural brasileiro.

Deixou um acervo de publicações sobre a conservação de biomas e para nortear políticas públicas, criação de parques, etc.

Obrigado almirante Ibsen. Que o Sr. continue a inspirar novas gerações de militantes da defesa do meio ambiente.

Axel Grael


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Almirante Ibsen de Gusmão Câmara em entrevista ao GLOBO em 28/03/1988 - Guilherme Bastos / Agência O Globo

Ele teve um hematoma cerebral após sofrer duas quedas

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RIO - O almirante Ibsen de Gusmão Câmara, de 90 anos, que teve sua história de vida voltada às causas socioambientais, morreu na madrugada desta quarta-feira no Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca. Segundo informações da família do almirante, ele morreu em consequência a uma hematoma cerebral que sofreu após duas quedas. O almirante deixou duas filhas e dois netos.

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O corpo de Ibsen será velado na manhã da sexta-feira no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, entre 8h e 14h. Segundo a família, ele será cremado após a cerimônia.

O almirante presidiu a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, participou do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e foi conselheiro de inúmeras organizações socioambientais. Ele também é considerado um dos fundadores do conservacionismo no Brasil.

Muito respeitado, ele liderou a campanha contra a caça de baleias no Brasil e também foi um grande defensor das Unidades de Conservação, com papel de destaque na criação de parques e reservas na Amazônia. A participação de Ibsen foi fundamental também na criação de Unidades de Conservação marinhas, como a Reserva Biológica Atol das Rocas, em 1979, o primeiro Parque Nacional Marinho do país.

Seu interesse e luta contra o desmatamento começou na juventude, quando comandou um flotilha de navios no rio Amazonas como militar da Marinha. Durante suas patrulhas pela região ele percebeu o avançado nível de desmatamento nas áreas por onde navegou. Desde então, passou a manter contato com organizações conservacionistas.

No livro "Água mole em pedra dura: dez histórias da luta pelo meio ambiente", de 2006, Marcos Sá Corrêa conta a história do almirante, que atuou também por Abrolhos, em 1983, e por Fernando de Noronha. Em dezembro de 2013 ele recebeu do Ministério do Meio Ambiente uma homenagem especial por sua dedicação às causas ambientais.

O ambientalista André Ilha lamentou a morte do almirante:

- Ele era um dos dinossauros da conservação da natureza no país, junto com outros nomes como Alceo Magnanini, Adelmar Coimbra Filho, Vanderbilt Duarte de Barros e Maria Tereza Jorge Pádua, uma geração que foi muito justamente celebrada no livro "Saudades do Matão" por seu trabalho em prol da biodiversidade e dos ecossistemas brasileiros. A melhor forma de reconhecermos a sua importância é levar adiante as suas bandeiras com o máximo empenho.

A jornalista e ambientalista Paula Saldanha também acredita que o legado do almirante não deve ser esquecido.

- É triste a perda do almirante Ibsen, grande batalhador das causas ambientais em nosso país, durante décadas. Seu exemplo de ambientalista ficará, com certeza, para todos nós - comentou Paula.

 
Fonte: O Globo
 




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