No fim da tarde, fogo já se aproximava do histórico Forte de São Luiz, e consumia áreas de florestas. Foto acervo Projeto Grael. |
Durante o dia todo, o fogo ardeu na encosta do Forte de São Luiz, sem que Bombeiros ou outras autoridades reagissem ao apelo para que controlassem o fogo. |
Os incêndios florestais são um dos principais causadores de perda de cobertura florestal em todo o país. A Secretaria Estadual do Ambiente (SEA) e a Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil (SESDEC), preocupadas com esta questão, instituíram o Plano de Prevenção e Controle de Incêndios Florestais no Estado do Rio de Janeiro, visando à redução de danos não só ao ambiente natural como também ao patrimônio público e privado.Os dois parágrafos acima foram extraídos do site do INEA e anunciam a criação do Plano de Prevenção e Controle de Incêndios Florestais, uma ação integrada das secretarias de Defesa Civil (que tem como subordinado o Corpo de Bombeiros) e do Ambiente (que tem como subordinado o INEA - Instituto Estadual do Ambiente).
O Centro Integrado de Gerenciamento de Incêndios Florestais, composto pelas Secretarias de Estado de Saúde e Defesa Civil e do Ambiente, através do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) e Instituto Estadual do Ambiente (INEA), respectivamente, será o responsável pela coordenação das ações de caráter emergencial para enfrentamento de situações de crise, bem como para as ações preventivas de curto, médio e longo prazo.
A implantação deste sistema é uma antiga aspiração para melhorar a capacidade do Estado agir nas situações de contingência de incêndios florestais, considerando que o fogo é reconhecido como o principal causador de perdas de florestas no RJ.
O Plano de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais instituiu o Índice de Risco de Incêndios Florestais, que informa à população e às autoridades a maior probabilidade de ocorrência de incêndios nas áreas protegidas do estado (parquer e reservas) e deveria acionar uma série de medidas preventivas para evitá-los e, se preciso, combatê-los com prioridade, presteza e eficiência.
Consultando-se o site do INEA na presente data (12/08/2011), obtemos a informação que o IRI para o Parque Estadual da Serra da Tiririca, localizado entre Niterói e Maricá, e quase todos os parques na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, encontram-se classificados em "Risco Médio" para a ocorrência de incêndios. Para os próximos dias (sábado e domingo), o nível de risco em quase todas as unidades de conservação do estado está classificado como "Risco Alto". O próprio sistema oferece uma classificação para toda a Região Metropolitana, classificando-a da mesma forma: "Médio" na data de hoje e "Alto" nos próximos dois dias. O alerta mostra que no domingo, todo o estado do Rio de Janeiro estará no nível mais alto de risco e a representação gráfica para isso é uma assustadora faixa vermelha em todas as regiões do estado.
E na prática? É fogo!!!!
O que verificamos no dia de hoje é que, apesar de todo o planejamento eleborado pelos técnicos das duas secretarias, o sistema ainda não produz qualquer efeito. Na manhã de hoje, diante de um incêndio que avançava rapidamente sobre a encosta do Forte de São Luiz (construção histórica e um bem tombado que é também um cartão postal da cidade de Niterói), começamos um longo e frustrante esforço de acionar o Corpo de Bombeiros, as autoridades ambientais municipais de Niterói e o INEA. Tudo em vão. Apenas no fim da tarde, algumas ligações foram retornadas, após acionarmos a imprensa. Nos perguntavam: "E ai? Como está o fogo?" O fogo estava bem, mas parte das matas já tinham virado cinza (veja as fotos acima).
E o tal Plano...? Não existe!!! Como sempre, ao ligar para os Bombeiros, sempre ouvimos do plantonista a pergunta: "Mas tem casa perto?". Caso responda-se que "não, só uma bela floresta", a atitude do interlocutor - a quem estamos rogando por ação - é minimizar a importância do incêndio. Afinal, é só fogo no mato!!!
Consequência: nada foi feito e o fogo ardeu noite adentro e apagou-se sozinho após algumas horas!!!
Como dizem nossos vizinhos argentinos: "Del dicho al hecho, hay un largo trecho" (Do dito ao feito, há uma longa distância). No caso do tal Plano: "do planejado ao realizado, ainda falta muito".
E nossas florestas...que sobrevivam ao próximo domingo!!!
Axel Grael
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