As meninas do Projeto Grael comemoram a vitória na regata Elas |
Neste domingo o Clube Naval Charitas promoveu a regata Elas, só para mulheres. E, sob o comando de Andrea Grael, as velejadoras Tuanny, Lais, Thamilles, Helena, Larissa, Josilaine e Priscilla, alunas do Projeto Grael, ficaram com o título da regata. E a disputa não foi fácil para as meninas. Leia abaixo o relato de Andrea sobre os desafios da regata, que pode ser resumida em uma palavra: desafio.
“Acordamos hoje com o vento e chuva zumbindo na janela, suduca daqueles que te fazem pensar porque diabos vc tem que correr regata logo hoje, com aquela vontadinha de ficar em casa tomando chocolate quente e aproveitando o-que-tem-de-bom-pra-fazer-nos-dias-de-chuva…
Raios! Marquei um compromisso e não posso faltar, ainda por cima com as meninas que estavam com muita vontade de correr regata e algumas a primeira regata da vida delas. Também com as pessoas que se esmeraram para que acontecesse a regata que já tinha sofrido um adiamento… Vamos lá!! Cheguei no Projeto e encontrei as meninas para montar o São Joaquim , com a ajuda do Renan, o instrutor. A previsão do tempo dizia de ventos fracos , cerca de 8 nós, mas estava com muita nebulosidade baixa e com cara de chuva. Previni as meninas do frio que iríamos passar, mas mesmo assim elas estavam com muita vontade de ir para esse desafio contra a chuvinha e o frio de 15 graus ou menos. Éramos nove barcos cheio de mulheres guerreiras e valentes por estarem ali, naquelas condições de tempo sem inventar desculpas para ficar em casa! Deu prazer de ver a alegria de todas! Chegamos na linha com tempo justo, pois nos enrolamos para acabar de montar o barco.
Conseguimos fazer uma largada conservativa, mas do lado certo. Em seguida uma nuvem já deu o ar de sua graça soprando rajadas de uns 14 nós, mas de tapa, e deu logo emoção: no MV 25 são três velas pra domar e fazer o equilíbrio para a cana de leme não pesar. Fui incentivando as meninas a agüentarem na rajada e tentar manter a atenção constante nas velas, por que o ajuste era o tempo todo. O barco logo deu aquela arrancada e conseguimos colocar a proa livre pra respirar. Eu pedia ajuda o tempo todo na localização das bóias porque não enxergo nada de longe! Elas ficavam me ajudando o tempo todo na referencia (Miss Magoo!!)
Montamos a boia do Mac na primeira posição e o vento aumentou, acho que foi para cerca de 17-18 nós. Ali nossa adriça da buja cedeu e perdemos o controle de orça do barco. Como o ajuste da adriça estava difícil durante as rajadas , decidimos arrear a vela e seguir em segurança. Manobrinha difícil durante o ventão e a pouca experiência das meninas, mas elas conseguiram amarrar a buja com a escota e deu certo!
Após a montagem da segunda boia, em frente às praias de Adão e Eva, já tínhamos escorregado para a terceira posição , com bastante distancia do J/24 que seguia em primeiro. Falei ‘meninas, é possível que ainda mais barcos passem o nosso, mas vamos fazer o nosso melhor até o final’ até para tirar a expectativa delas em relação a ganhar ou perder, o que importava ali era fazer a regata por completo na melhor forma possível. Então o foco era caprichar.
Na perna seguinte o vento deu uma amainada e conseguimos içar a buja novamente, dando uma caçada extra na adriça! A velocidade melhorou assim como o equilíbrio entre as velas e começamos a alcançar o barco que estava em segundo até passar durante o jibe da montagem de boia em frente a Escola Naval. Perfeita manobra, as meninas receberam elogios e o incentivo já era de termos recuperado uma posição.
Agora no rumo à boia do MAC, tínhamos que pensar na corrente da maré vazando e nas rajadas traiçoeiras do Morro do Morcego logo adiante. Continuamos no capricho, ajustando as velas a cada pequena rondada e o São Joaquim seguiu galopando. Na aproximação de Niterói, logo antes da boia, conseguimos passar o J24.Foi uma alegria! Mas falei para conterem essa alegria, porque regata só termina quando acaba…depois da linha de chegada!
O rumo para a chegada, em frente ao CNC era de um contravento de um bordo só, de inicio naquela zona imprevisível de ventos do Morcego, mas justo numa condição menos favorável ao São Joaquim por ter uma bolina pequena e rolar um pouco no contravento. O J/24 já orçava bem mais e conseguiu um barlavento bom, ficando quase em paralelo ao nosso. Então decidimos botar o barco para andar em detrimento da orça, pois mais a frente o vento seria diferente. Assim que garantimos mais velocidade, deu para investir um pouco na orça e assim fomos controlando , o J/24 bem próximo a nós, mas viemos mantendo o nariz na dianteira até a chegada, com poucos metros entre nós e a segunda embarcação . “Agora sim , podemos comemorar” liberei a comemoração e depois finalmente relaxar! UFA! Foi bem legal!”
Andrea Grael
Fonte: Blog do Murillo Novaes
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