domingo, 29 de dezembro de 2024

"CAMINHABILIDADE": uma reflexão para seguir avançando para a sustentabilidade urbana em Niterói

PLANEJAR A CIDADE PARA O PEDESTRE

O artigo abaixo é o resultado de uma reflexão que fiz com o arquiteto e urbanista Filipe Simões e o jornalista Leo Rivera, do jornal O Dia. Apresentamos a ele o conceito de "Caminhabilidade", que é um dos avanços que precisamos seguir buscando no planejamento da mobilidade de Niterói, estimulando o deslocamento pedonal. Este seria o passo seguinte rumo à sustentabilidade diante dos avanços que tivemos na mobilidade da cidade nos últimos anos. Esta mesma reflexão já tive várias vezes com o secretário municipal de Urbanismo e Mobilidade, Renato Barandier, que sempre defendeu com entusiasmo este conceito e, pelas suas mãos, hoje está contemplado no Plano de Mobilidade Urbana Sustentável - PMUS, no novo Plano Diretor de Niterói (2019) e na recém aprovada Lei Urbanística (2024).

AVANÇOS NA MOBILIDADE DE NITERÓI

Niterói experimentou nos últimos anos o que chamamos da Década de Ouro dos Investimentos Públicos, com mais de R$ 4,3 bilhões investidos pela Prefeitura em infraestrutura. Uma grande parte destes investimentos foram em mobilidade e melhoria da infraestrutura viária, com destaque para a TransOceânica (inclui o túnel Charitas-Cafubá); o Centro de Controle Operacional da Mobilidade (CCO Mobilidade), que controla a sinalização semafórica da cidade, e o programa Niterói de Bicicleta, que elevou a malha cicloviária de Niterói quase nada a 86 km de ciclovias. Importante lembrar que Niterói conta hoje com a ciclovia mais movimentada do país, que é o eixo cicloviário das avenidas Roberto Silveira, Marquês do Paraná a Amaral Peixoto.

Na atual gestão (2021-2024), tivemos avanços importantes, como: 

  • VLT: Avanços no planejamento e garantia dos recursos do Novo PAC, do Governo Federal, para iniciar a implantação do VLT de Niterói.
  • ÔNIBUS ELÉTRICOS: Também com recursos do PAC, concluímos a licitação para a aquisição dos primeiros ônibus elétricos da cidade, iniciando a transição energética e descarbonização da frota do transporte coletivo da cidade. Lembramos que o transporte é a principal fonte de emissão de Gases do Efeito Estufa em Niterói. Com a atual licitação a Prefeitura poderá adquirir até 50 ônibus.
  • SUBSÍDIO: Encaminhamos mensagem executiva para o Legislativo Municipal para a aprovação do subsídio para o transporte coletivo, para mantê-lo mais atraente para os usuários.
  • NOVO TERMINAL: Demos início às obras de implantação do Terminal Rodoviário no Caramujo, que resultará numa maior eficiência do transporte público na Alameda São Boaventura, reduzindo os congestionamentos.
  • OBRAS PONTUAIS: seguindo a orientação do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável - PMUS, fizemos obras que reduziram pontos críticos que causavam engarrafamentos. Foram os casos da Rotatória de Camboinhas (Praça Stuessel Amora), que melhorou o acesso às praias, e a Praça José Bedran, em Icaraí, que melhorou o trânsito na Av. Roberto Silveira. A obra da Avenida Visconde do Rio Branco está remodelando a importante via do Centro da cidade e requalificando os acessos aos principais terminais rodoviários da cidade.
  • NOVA AMARAL PEIXOTO: desenvolvemos o projeto e licitamos as obras da nova Avenida Amaral Peixoto, que hoje é muito árida, será totalmente remodelada e passará a ter arborização e jardins.
  • CARROS ELÉTRICOS: aquisição de carros elétricos para o início da descarbonizaçção da frota de veículos de serviço da Prefeitura de Niterói.
  • MOBNIT: Demos início e concluímos o desenvolvimento do Sistema de Gestão da Mobilidade de Niterói - MobNit.
  • NITERÓI DE BICICLETA: Consolidação do Niterói de Bicicleta, quase triplicando a disponibilidade de ciclovias, com a implantação da Malha Cicloviária da Região Oceânica (viabilizada através do Programa Região Oceânica Sustentável - PRO Sustentável) e outras em outras regiões da cidade.
DESCENTRALIZAÇÃO E CAMINHABILIDADE

Com o Niterói de Bicicleta demos um enorme salto para o transporte ativo na cidade. O próximo passo é na mesma linha, avançando para fazer de Niterói uma cidade amiga e atraente para o pedestre. 

Num olhar de sustentabilidade para a nossa cidade e considerando as mudanças que estão ocorrendo, com a descentralizações de muitas atividades (aceleradas pelo advento do 'home office') e que levaram à Lei Urbanistica a definir novas centralidades urbanas para Niterói, as distâncias tendem a diminuir, com a redução do movimento pendular diário dos bairros para o Centro pelas manhãs e o contrário no fim das tardes. As pessoas não dependerão tanto dos bairros que concentram mais serviços e estes tendem a se deslocar mais para próximo aos bairros. Com isso, haverá o crescimento dos deslocamentos pedonais, ou seja, a pé. Isso é um grande ganho para a cidade que se humanizará ainda mais, com mais pessoas usufruindo das ruas.

Para estimular esta tendência, idealizamos o conceito da Caminhabilidade, para fazer as caminhadas mais aprazíveis e prazerosas. Para isso, é preciso avançar na política e legislação para as calçadas de Niterói, priorizar a arborização urbana e iluminação das vias, bem como repensar o padrão do desenho das esquinas e, obviamente, segurança. Também pensamos em implantar o projeto com alguns eixos pilotos, como os seguintes: a ligação entre Ingá e Centro pela Rua São Sebastião, a conexão entre a Praça do Rink e a Prefeitura de Niterói, o eixo ao longo da Gavião Peixoto, em Icaraí, e o trajeto Marquês do Paraná – Barreto, pela São Lourenço. 

Não tivemos tempo de desenvolver e muito menos implantar a política pública como um todo, embora o Parque Orla de Piratininga Alfredo Sirkis, os projetos de reurbanização das avenidas Marquês do Paraná (na gestão do prefeito Rodrigo Neves), Visconde do Rio Branco e no projeto da nova Amaral Peixoto já sigam esta lógica. Mas, deixamos aqui como contribuição de reflexão sobre o futuro urbano da cidade de Niterói, que sempre acreditamos que tem vocação para ser um modelo de sustentabilidade urbana.

A cidade não fica pronta nunca! Há 12 anos estive dedicado a implantar as políticas públicas que vem transformando Niterói. Certamente, o trabalho continuará com a liderança novamente do prefeito Rodrigo Neves e estas ideias sempre encontraram o apoio entusiasmado dele. Niterói seguirá avançando!

Axel Grael
Prefeito de Niterói

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Prefeito Axel Grael: incentivando a mobilidade ativa, através de projetos sustentáveis como 'Niterói de Bicicleta' e 'Caminhabilidade'. Foto Lucas Benevides

Prefeito Axel Grael lança projeto que incentiva a caminhada pela cidade

Ação inclui a realização de intervenções urbanísticas para priorizar o deslocamento de pedestres em várias travessias

Niterói – Será lançado na próxima segunda-feira (30) o projeto de requalificação urbana Caminhabilidade – que vai incentivar o cidadão no uso do deslocamento a pé pela cidade. Com a ação, o prefeito Axel Grael pretende deixar um legado de reflexão sobre a usabilidade dos espaços públicos de Niterói.

Axel Grael incentiva este desenvolvimento urbanístico e explica que a descentralização das cidades é uma realidade pós-Covid. “É importante construir uma nova cidade, com menos engarrafamento, menos poluição e as pessoas curtindo mais o lugar que moram. Esta é uma adaptação muito interessante e é uma preocupação que nós temos que ter, e já faz parte do Plano Diretor e na Lei Urbanística que aprovamos este ano”, explicou ele. “Precisamos estimular as pessoas a se deslocarem a pé – isso é uma tendencia nas principais cidades do mundo. É mais rápido, mais cômodo, entre 1km e 1km e meio. É uma distância razoável para ser feita a pé, desfrutando das ruas da cidade. A ideia é retomar o espaço público para as pessoas, em um desenho universal que estabelece prioridades para que as pessoas possam caminhar nas ruas com arborização, iluminação e rampas de acesso, por exemplo”, disse Axel.

O projeto faz parte das estratégias de mobilidade desenvolvidos nos últimos doze anos – como o Túnel Charitas-Cafubá e a transoceânica, entre outros. “Deixo de legado a aprovação e boa parte do financiamento para implementação do VLT (Veículo Leve sob Trilhos), dentro do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da mobilidade. Realizamos um estudo da viabilidade técnica e econômica do VLT em parceria com uma agência francesa de desenvolvimento”, disse Axel, que também conseguiu realizar em seu governo as licitações para aquisição dos ônibus elétricos e a transição energética da frota de veículos elétricos da Prefeitura.


No programa Niterói de Bicicleta, do qual um dos eixos é foi a criação da NitBike, o sucesso foi grande. Filipe Simões, coordenador do programa, disse que “a ação do poder público vem de forma solida e direcionada, incentivando o uso da bicicleta – além das potencialidades que o território e a morfologia urbana de Niterói já têm, com densidade e distâncias curtas. Toda cidade foi iniciada num cenário onde não havia automóvel, que foi introduzido de forma traumática ao tecido urbano, a partir de um projeto ideológico onde as ruas foram dilaceradas pelo projeto rodoviarista. Estamos trabalhando muito para reverter esta herança”, disse Simões.

“Desde 2013 saímos de zero para 86 km de ciclovia na cidade. Uma das coisas que a população mais reconhece da nossa gestão é a mobilidade urbana através das bicicletas”, explicou o prefeito Axel Grael. “Os temas da sustentabilidade, nas pesquisas de opinião, vem mostrando que o esforço que nós fizemos. Agora vamos avançar ainda mais na mobilidade ativa com a caminhabilidade, que é uma tendência nas cidades sustentáveis”, contou Axel.

Todos os projetos de requalificação urbana adotados na cidade nos últimos anos utilizam essa premissa da sustentabilidade. “A Marquês do Paraná, a Avenida Rio Branco, a rotatória de Camboinhas e a Praça José Bedran são alguns exemplos. Mas o que tenho debatido com o Prefeito é que devemos levar este olhar para as ruas internas dos bairros. Pequenos ajustes, numa escala intermediária, podem melhorar muito a qualidade urbanística e a experiência do pedestre. Com isso é possível atrair para a caminhada aquele cidadão que tem medo da rua, ou não se sentia confortável em caminhar, além de valorizar quem já praticam caminhadas naquelas ruas. Ter um aspecto de governança é fundamental para articular todos os órgãos envolvidos na gestão do espaço público e estruturar o projeto de maneira estratégica”, explicou Filipe Simões.

“Quando falávamos no uso de bicicletas em Niterói como alternativa de mobilidade na década de 80, achavam que nos éramos ETs. O apelo comercial e as propagandas dos automóveis na TV eram muito fortes. As pessoas diziam, quando fazíamos bicicleatas, que não havia espaço para bicicletas, que a cidade é muito quente. Só que hoje nos temos a ciclovia mais movimentada do Brasil, entre a Marques do Paraná e o bicicletário Araribóia”, contou Axel Grael. “Não é que a pessoa tenha que andar a pé ou de bicicleta, mas se quiser, que o morador o faça com conforto, segurança e qualidade. A cidade precisa estar planejada para que o cidadão tenha esse acesso”, disse Axel.

O prefeito explicou que apenas 15% das ruas da Região Oceânica eram pavimentadas, após décadas de espera. “Começamos a urbanizar e padronizar aqueles bairros todos. A parte mais antiga da cidade não possui essa padronização. Para fazer essa necessária transformação é preciso estimular as pessoas a caminhar e, aos poucos, é criada uma demanda política pela uniformização das calçadas”, diz Axel. “O Prefeito Rodrigo ainda está definindo sua equipe, mas sempre apoiou essa causa, acredito que ele terá toda sensibilidade para desenvolver as ações. Apresento esse projeto como um legado do que viemos fazendo nos últimos anos. É um olhar, um ideal de cidade”, conclui Axel.

Transformar a mobilidade da cidade foi um desdobramento natural e um compromisso do Prefeito Axel. Na prática o projeto Caminhabilidade tem a ver com a visão de futuro e o diálogo com a população sobre o desenvolvimento de Niterói. “Para ter uma adesão positiva, é preciso mudar a cultura da cidade neste quesito. Na formação acadêmica dos arquitetos e engenheiros, por exemplo, ainda se tem uma visão rodoviarista muito forte”, completa Filipe Simões.

MOBILIDADE ATIVA

O projeto Caminhabilidade vai considerar as principais ligações entre bairros e centralidades urbanas, como a ligação entre Ingá e Centro pela Rua São Sebastião, a conexão entre a Praça do Rink e a Prefeitura de Niterói, o eixo ao longo da Gavião Peixoto, em Icaraí, e o trajeto Marquês do Paraná – Barreto, pela São Lourenço.

Esses eixos serão complementados por melhorias em ruas internas de cada bairro, priorizando áreas com maior demanda pedestre e potencial de impacto. Será feito um redesenho de esquinas e travessias com intervenções urbanísticas, além de ajustes no raio de curvatura de esquinas para reduzir a velocidade dos veículos e ampliar a segurança dos pedestres. Também haverá a instalação de rampas largas e acessíveis, sinalização horizontal bem destacada e travessias elevadas onde possível.

O projeto prevê campanhas educativas voltadas para o respeito ao pedestre, incentivando a parada de veículos nas faixas de travessia, independentemente de semáforos; parcerias com escolas, empresas e organizações comunitárias para ampliar a conscientização sobre os direitos dos pedestres; plantio de árvores ao longo dos eixos prioritários para proporcionar sombra e conforto térmico; modernização da iluminação pública, com foco no pedestre, garantindo visibilidade e segurança noturna; implementação de princípios de desenho universal em todos os projetos, assegurando que rampas, calçadas e travessias sejam acessíveis para todas as pessoas, independentemente de suas condições físicas; retomada de espaços públicos subutilizados para a criação de pequenos espaços de permanência, como pocket squares, oferecendo mobiliário urbano, arborização e áreas de convivência; utilização de urbanismo tático para obter feedback da população, ajustar projetos e promover aceitação das mudanças; instalação de contadores automáticos de pedestres para medir o fluxo e identificar demandas; realização de diagnósticos participativos para elencar prioridades e definir metas claras para a mobilidade a pé; integração e cooperação entre os diversos órgãos responsáveis pela gestão do espaço público, incluindo transporte, obras, meio ambiente, iluminação pública e segurança viária; e a criação de um núcleo de gestão intersetorial para acompanhar e coordenar as intervenções, assegurando agilidade e eficiência.

Fonte: O Dia




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