sábado, 21 de dezembro de 2024

ENTREVISTA QUE CONCEDI AO JORNAL "A TRIBUNA": 'Luto por uma sociedade mais sustentável, democrática e igualitária'

O jornal A Tribuna é um importante e tradicional veículo de comunicação de Niterói e é o que acompanha mais de perto os projetos e as políticas públicas de Niterói. O nosso agradecimento à família Amora, em particular o Jourdan Amora, um protagonista e profundo conhecedor da política e da história de Niterói. Também o nosso agradecimento ao Dandan Amora e e ao editor Luiz Antonio Mello, que fundou comigo o Movimento de Resistência Ecológica - MORE, nos idos de 1980.

Gratidão.

Axel Grael
Prefeito de Niterói

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“Serei candidato a deputado federal”, diz Axel Grael

“Luto por uma sociedade mais democrática e igualitária”, diz Axel Grael


A TRIBUNA recebeu o prefeito de Niterói, Axel Grael, que fez um grande balanço de seu mandato, e revelou qual será o seu futuro na política

Nos últimos dias de seu governo, o prefeito de Niterói, Axel Grael (PDT), concedeu uma entrevista exclusiva ao Jornal A TRIBUNA, realizada em nossos estúdios. Após quatro anos à frente da prefeitura e outros oito em cargos de destaque, como vice-prefeito e secretário de Planejamento, Axel reflete sobre os desafios e conquistas de sua gestão.

Com a eleição de Rodrigo Neves, ele se prepara para um descanso, destacando os legados que deixa para a cidade e suas expectativas para o futuro de Niterói, além de revelar qual será seu próprio futuro.

A TRIBUNA: Sobre a mobilidade urbana em Niterói. O que melhorou no seu mandato e o que ainda falta?

AXEL GRAEL: Niterói tem mais de 300 mil carros registrados, mas muitos automóveis que circulam aqui vêm dos municípios vizinhos. Então, o transporte é um grande desafio. E não há outro caminho a não ser investir no transporte coletivo e em formas alternativas de transporte. De 2013 para cá, nós fizemos o “Niterói de Bicicleta”, e hoje temos a ciclovia mais movimentada do Brasil.

Além disso, Niterói tem um serviço de transporte que se você comparar com outras cidades, os nossos ônibus são mais novos, são todos climatizados. Temos um subsídio. Se você pegar o ônibus antes de pegar a barca, a prefeitura paga uma das passagens. Isso estimula o uso do transporte coletivo. Conseguimos recursos junto ao governo federal para implantar um VLT. Nós já começamos a obra do terminal rodoviário lá no Caramujo, que vai melhorar muito o trânsito na Alameda, tirando inclusive muitos ônibus da Alameda.

A TRIBUNA: Como você avalia o processo de revitalização da orla de Niterói?

AXEL GRAEL: Começamos a obra na Avenida Visconde do Rio Branco, chegando até o Forte Gragoatá. Esse trecho já está bem avançado, quem passa ali pela Praça Arariboia já vê a Baía de Guanabara. O projeto para a Praia das Flechas está pronto, e é só licitar.

A Ilha da Boa Viagem já foi totalmente reformada, e nós estamos nos encaminhando em direção à Praia de Icaraí, que já existe um projeto. Nós temos a solução de quiosques para a praia, inclusive com banheiros, para melhorar aa experiência de quem passa pelo calçadão, que vai ser mais alargado, vai ter mais espaço e vai ter uma ciclovia ali também, pois hoje as bicicletas disputam o espaço no calçadão com pedestre.

A TRIBUNA: Niterói se candidatou junto com o Rio de Janeiro aos Jogos Pan-Americanos de 2031. Quais equipamentos a cidade tem a oferecer aos jogos?

AXEL GRAEL: Nós fizemos na Concha Acústica um campo de futebol de tamanho oficial. Estamos fazendo essa arena poliesportiva no mesmo espaço para a disputa de campeonatos de handebol, futsal, artes marciais, e tudo mais. No outro lado da rua nós fizemos uma parceria com a UFF, uma pista de atletismo, chamado de complexo de atletismo Aida dos Santos. No remo, na vela, no surfe, Niterói tem tradição, tem estrutura. Nós temos, talvez, um dos maiores parques náuticos do país.

A TRIBUNA: Na saúde: o que melhorou, e o que ainda falta pra melhorar?

AXEL GRAEL: Niterói é referência na saúde para vários municípios do entorno. Nós recebemos muitos pacientes que vêm de outras cidades. O Getulinho é um exemplo disso. Um avanço muito importante foi que os profissionais de saúde eram pagos por RPA (Recibo de Pagamento Autônomo). Era ilegal e impossível de administrar direito, pois RPA é como se fosse uma diária. Se o profissional vem, você paga. Se não vem você não paga. E é por isso que faltava médico.

Nós também modernizamos a gestão do Mario Monteiro e do Carlos Tortelly. Hoje nós temos um sistema de Organizações Sociais que é o sistema que mais deu certo em Niterói. É o sistema do Getulinho e do Hospital Oceânico. Hoje nós temos um controle de estoques, um controle de suprimentos. Antes que falte alguma coisa, o próprio sistema já nos avisa.

A TRIBUNA: Faça uma avaliação do que foi feito na educação nesses seus anos de governo.

AXEL GRAEL: Nós tínhamos muitos professores fora da sala de aula, muitas vezes fazendo trabalhos administrativos. Ampliamos a disponibilidade dos profissionais de educação. Construímos seis novas escolas, e reformamos tantas outras. Nós fizemos a climatização de todas as escolas. A gente tinha menos de 15% das salas de aula climatizadas.

A remuneração dos profissionais em Niterói é uma das melhores do Brasil. Com isso, a gente consegue atrair também alguns dos melhores profissionais de educação. Fazemos uma escola cada vez mais atraente para o aluno, para enfrentar o problema da evasão escolar. Hoje, nós temos o maior programa do país de iniciação musical nas escolas, que é o Aprendiz Musical. No início do meu governo, o Aprendiz Musical tinha 1.700 alunos, se não me engano. Hoje já passa de 10 mil alunos.

A TRIBUNA: Sobre segurança pública, qual sua avaliação?

AXEL GRAEL: Niterói conseguiu equacionar os problemas que havia há alguns anos. Vocês devem se lembrar do “bonde do fuzil”, pessoas que andavam pela cidade, por Icaraí, levando pânico para os moradores. Nós revertemos essa situação numa parceria que foi construída da Prefeitura com o governo do Estado.

Reformamos todas as delegacias da cidade, inclusive as delegacias como a de Homicídio, que atende Niterói e São Gonçalo, Fizemos o CISP, que é o Centro Integrado de Segurança Pública, que agregou muita tecnologia e capacidade de investigação.

A TRIBUNA: Niterói tem uma vocação histórica na cultura. Como você avalia o crescimento e a expansão da produção cultural dessa cidade?

AXEL GRAEL: Estamos revitalizando o Cinema Icaraí, que está em obra, e vai ficar lindo. Vai continuar sendo um cinema, mas vai ser também a sede da Orquestra Sinfônica Nacional da UFF. Entregamos a Casa Norival de Freitas. Nós fizemos o Castelinho do Gragoatá, estamos agora fazendo o Casarão da Alameda, o primeiro espaço de cultura da Zona Norte da cidade.

Só na minha gestão, são mais de R$200 milhões investidos em restauração de prédios históricos. Para você ter uma ideia, o IPHAN, que cuida do patrimônio histórico e cultural do país, tem para o país todo um orçamento de cerca de 90 milhões.

A TRIBUNA: Você deixará de ser prefeito. Como é a sensação de voltar a, digamos, ser uma “pessoa normal”?

AXEL GRAEL: Eu sempre digo que ser prefeito não é fácil, mas é muito bom. Eu tenho uma militância ambientalista desde o final da década de 1970. Naquela época a gente não era nem chamado de ambientalista, nós éramos ecologistas. Muito do que a gente tem hoje é resultado daquele período todo de militância. Se nós temos mais da metade do território da cidade protegido como unidade de conservação, é porque houve uma geração de ambientalistas que ajudou para que isso acontecesse.

A TRIBUNA: Com relação às enchentes: como Niterói está se preparando para receber esse período de chuvas?

AXEL GRAEL: Niterói foi a primeira cidade que buscou se preparar para os processos climáticos. Criamos a Secretaria do Clima. Só em obras de contenção de encostas foram mais de 400 obras já realizadas e mais de R$1 bilhão investido só em obra de drenagem. Vocês lembram de 2013? A Região Oceânica tinha apenas 15% das ruas pavimentadas. Hoje nós estamos fazendo agora as últimas ruas que faltam ter drenagem e pavimentação.

No Barreto estamos fazendo a maior obra de drenagem que a cidade já viu. Nós contratamos os estudos para drenagem da Avenida Roberto Silveira, aquele ponto de alagamento crônico da cidade que existe há gerações, que é ali no Campo de São Bento. Com isso, todos os principais pontos de alagamento da cidade estarão equacionados. Tem chuvas que podem ocorrer com um nível de precipitação tão grande e ainda assim vai ter alguma inundação, mas o importante não é que a cidade não alague, mas que ela drene o mais rápido possível.

A TRIBUNA: Hoje em dia há muito ruído na comunicação. Como enfrentar esse novo momento de tanta fragmentação, tanta confusão na comunicação?

AXEL GRAEL: Hoje nós somos uma das poucas cidades no Brasil que tem a nota máxima em transparência pública pela Controladoria Geral da União e pelo Ministério Público Federal. Nós temos nota 10 em transparência. Mas nesse novo mundo de comunicação há alguns problemas. Muita gente usa as redes sociais como exercício da sua cidadania, mas muita gente usa para propagar fake news, criar tensões políticas, e para desrespeitar os agentes públicos.

A TRIBUNA: Qual a importância da dragagem do Canal de São Lourenço?

AXEL GRAEL: Essa dragagem era esperada há pelo menos 40 anos. É uma obra de responsabilidade federal, mas a prefeitura resolveu não esperar mais. Nós fizemos o projeto de dragagem, fizemos todo o licenciamento ambiental dessa intervenção e nós contratamos os serviços que estão em andamento nesse momento. Vamos permitir a chegada de navios bem maiores e melhorando muito, assim, a competitividade do setor naval de Niterói. E com isso, geração de empregos. Queremos abrir acesso para o terminal pesqueiro, que já foi inaugurado três vezes e nunca funcionou.

Nós desapropriamos a área de docas e conseguimos no Governo Federal a seção da estrutura do prédio com os equipamentos que estão lá e já publicamos um chamamento público para uma parceria público-privada para que a gente bote para funcionar o Porto Pesqueiro de Niterói.

A TRIBUNA: Quais seus próximos passos na política?

AXEL GRAEL: Serei candidato a deputado federal em 2026. Agora, vou dar uma boa descansada. Eu estou há 12 anos sem férias, minha esposa puxa a minha orelha, ela diz que são 12 anos sem férias, então tem 12 férias acumuladas, mas sabemos que não é bem assim. Tenho muita coisa para fazer ainda, mas preciso dar uma descansada.

A TRIBUNA: Deixe uma última mensagem para nossos leitores.

AXEL GRAEL: A vida sempre me deixou muito perto daquelas coisas que eu gostava de fazer, eu estou dando oportunidades de fazer. Eu sou engenheiro florestal, eu sou ambientalista de longa caminhada, e sou gestor público, sou seguidor público de carreira, então essas coisas todas se combinam. Cabe a cada um de nós fazer agora o que é preciso fazer, fazer a transição para uma sociedade sustentável, de baixo carbono, uma sociedade cada vez mais democrática, mais participativa, mais igualitária, e isso se faz na ação do dia a dia, e eu vou continuar fazendo isso do jeito que eu gosto de fazer.


Fonte: A Tribuna


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