quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Arthur Maia: uma vida versátil dentro e fora dos palcos


Aos 51 anos e com uma carreira musical consagrada no Brasil e no exterior, o baixista ainda divide o seu tempo entre as funções de pai, produtor, empresário e secretário de Cultura de Niterói, cargo que ocupa há um ano

Requisitado. Mesmo à frente da secretaria, Maia encontra tempo para os shows Freelancer / bia guedes

Gabriel Menezes

NITERÓI - Quase sem fôlego e com um óculos escuros Ray-Ban estilo aviador, Arthur Maia chegou para a entrevista ao GLOBO-Niterói, na segunda-feira passada, pedindo desculpas e perguntando se havia se atrasado. Contou que estava em São Paulo, onde fez um show com Gilberto Gil no fim de semana. O voo de volta atrasou, e ele só conseguira chegar na cidade naquela manhã.

— Dormi três horinhas e corri para cá — acrescentou.

Na verdade, haviam passado sim alguns minutos da hora marcada, mas algo que no Rio de Janeiro onde ele nasceu sequer é considerado atraso. E, aos 51 anos, Maia carrega os trejeitos de um carioca clássico — como os malandros (no bom sentido) imortalizados na música, literatura e televisão. Seu andar enviesado, o “s” carregado e simpatia quase juvenil talvez sejam herança da infância em Madureira, onde viveu até os 13 anos.

— A região em que morávamos começou a ficar muito violenta. Uma tia morava em Niterói. Viemos passar as férias na casa dela e nunca mais voltamos para o Rio. Saí do morro diretamente para a Praia de Icaraí — conta.

Nessa época, ele já trabalhava como músico profissional tocando bateria — instrumento que aprendeu aos 4 anos — em bailes pelo subúrbio do Rio. A mudança de cidade acabou coincidindo também com a troca de instrumento. Por influência do tio, o lendário baixista Luizão Maia — a quem se refere com o seu pai musical — trocou as baquetas pelas quatro cordas.

De lá para cá, acumulou um currículo invejável. Acompanhou nomes conhecidos da MPB, como Martinho da Vila, Luiz Melodia, Lulu Santos, Lobão, Marina, Djavan, Ney Matogrosso, Ivan Lins e Gilberto Gil (com quem fará um show na virada do ano em Salvador ao lado também de Caetano Veloso e Gal Costa), além de músicos estrangeiros como Carlos Santana e Plácido Domingo. O primeiro disco do grupo instrumental Cama de Gato, que formou nos anos 80, vendeu cerca de 50 mil cópias só no Brasil. Já como produtor, fez trabalhos com artistas como Mart’nália, Renegado e Mombaça.

— A minha profissão sempre me fez passar muito tempo fora, mas nunca deixei de ter Niterói como a minha casa. É sempre uma sensação muito boa quando chego depois de uma longa viagem —afirma o músico.

Ele já passou por 48 países por conta do trabalho. Há quase duas décadas, faz turnês pelo menos uma vez ao ano pelos Estados Unidos. Em Niterói, seus compromissos como músico ocorrem em grande parte no seu estúdio na Lagoa de Piratininga, onde atua como instrumentista, produtor e compositor.

A vida além da música

Desde que recebeu o convite do prefeito Rodrigo Neves para assumir o cargo de secretário de Cultura, há cerca de um ano, a rotina de Arthur anda agitada. Ele conta que, no primeiro semestre no cargo, decidiu abdicar da profissão de músico para aprender tudo sobre a secretaria:

— Abri mão de 60 shows para me dedicar ao trabalho de secretário. Depois desse período, fui voltando aos poucos. Em julho, fiz uma turnê com o Gilberto Gil na Europa e em Israel, mas continuei trabalhando pela secretaria via internet.

Ele diz que aceitou o convite porque sempre se considerou um militante cultural, e algo que o deixava muito frustrado era a dificuldade de conseguir fazer as coisas acontecerem.

— Acho que qualquer pessoa, independentemente da sua profissão, é antes de tudo um cidadão. Todo mundo tem que deixar a sua contribuição — diz.

Pai de quatro filhos — dois ainda crianças, com 9 e 11 anos —, Arthur tenta sempre reservar um tempo para ficar com eles. Entre os programas favoritos em família estão pedalar pelo Bairro Peixoto, Itaipu ou Itacoatiara ou ir a algum restaurante, como o Seu Antônio, no Cafubá, que ele frequenta há décadas.

Fonte: O Globo Niterói


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