sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Floresta em pé, com toda a biodiversidade e conservação que garante, “rende” R$ 4.900,00/hectare/ano


O produtor agroecológico Guaraci Diniz e a área reflorestada em seu sítio, ao fundo. Floresta em pé é valiosa. FOTO: MÁRCIO FERNANDES/AE

Já um hectare de pasto? Dá “prejuízo” de R$ 20.000,00/hectare/ano. Esses números serão apresentados durante o Encontro Paulista de Biodiversidade, na Secretaria do Meio Ambiente, na capital, entre hoje, dia 16, e amanhã, dia 17. Eis mais conclusões que serão apresentadas no evento e que têm tudo a ver não só com a preservação da mata nativa, mas também com uma agricultura de bases ecológicas, ou agroecologia:

Um hectare de pasto abriga apenas uma espécie de planta – a própria gramínea que compõe o pasto. A mesma área de mata nativa, há sete anos em processo de recuperação, contém 55 tipos de espécies vegetais. Uma floresta de 25 anos abriga 68 espécies e, uma de 75 anos, 100 espécies. O que dizer, então, de uma floresta de 200 anos? Abriga nada menos do que 130 espécies diferentes de plantas.

Parte desses números foi obtida no Sítio Duas Cachoeiras, em Amparo (SP), pertencente ao produtor agroecológico Guaraci Maria Diniz Jr.

Ali, pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e do Laboratório de Engenharia Ecológica e Informática Aplicada da Unicamp enfronharam-se tanto na mata nativa quanto na recomposta – nos 30 hectares do sítio, 80% são cobertos por floresta replantada ou original – para tentar comparar a biodiversidade florestal num sistema agroecológico de produção e num sistema convencional de cultivo – no caso, a pastagem.

Outros números obtidos pelos pesquisadores conferem valores de referência monetária ao pasto, à mata nativa e ao sistema agroecológico de produção de alimentos que é praticado no sítio, levando-se em conta todos os benefícios ao entorno – como produção e preservação de água de qualidade, conforto térmico, prevenção de erosões, manutenção da biodiversidade, biomassa e sequestro de CO2.

Segundo Guaraci Diniz, o “saldo final” de serviços prestados, por exemplo, pela floresta de 75 anos é de R$ 4.900,00 por hectare/ano. Já em uma área de pasto, o mesmo cálculo detectou um prejuízo de R$ 20.000,00/hectare/ano. Pelo critério de benefícios ambientais, o pasto só faz o produtor perder dinheiro. “Se o agricultor recebesse para preservar, teria de receber do Estado, como pagamento por serviços ambientais, quase R$ 5.000,00/hectare/ano; já o dono do pasto, pelo prejuízo ambiental que acarreta, teria de pagar uma multa anual de R$ 20.000,00/hectare”, compara Diniz Jr.

Esses e outros números surpreendentes sobre os benefícios da biodiversidade em um sistema agroecológico de produção serão apresentados por Diniz Jr. no dia 17 de outubro, quinta-feira, a partir das 13h30 até as 17h, no painel “Medindo a sustentabilidade na pequena propriedade rural”, no 5º Encontro Paulista de Biodiversidade, evento promovido pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

Utilizando a metodologia de análise energética, adotada pelo Leia, da Unicamp, será apresentado, neste painel, como a sustentabilidade pode ser entendida e medida em uma  propriedade rural e também como a utilização de sistemas agroflorestais tem contribuído para a conservação da biodiversidade em um sistema de produção familiar.

Além de Guaraci Maria Diniz Jr., comporão a mesa o professor Enrique Ortega, chefe do laboratório da Unicamp; o engenheiro agrônomo Osmar Mosca Diz, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral da Secretaria de Agricultura, e o engenheiro agrônomo e produtor rural Rodrigo Junqueira B. de Campos, da Fazenda São Luís, de Morro Agudo, que trabalha com o sistema agroflorestal desde 1997.

SERVIÇO: O 5º Encontro Paulista de Biodiversidade vai ocorrer nos dias 16 e 17 de outubro (quarta e quinta-feira), das 8h às 17h, no Auditório Augusto Ruschi, na Av. Professor Frederico Hermann Jr., 345, São Paulo, SP. Outros painéis a serem realizados são “Nova resolução sobre restauração ecológica”; “Ecossistemas ameaçados e hábitats críticos”; “Indicadores de sustentabilidade” e, por fim, o acima citado “Medindo a sustentabilidade da pequena propriedade rural”.

A programação completa pode ser obtida no site da Secretaria do Meio Ambiente (www.ambiente.sp.gov.br), no link “acontece/eventos”.

Fonte: Blogs Estadão


Um comentário:

  1. É o novo paradigma da sustentabilidade. Será necessário faltar água para que as nascentes que a produzem tenham um alto valor ? Ou podemos colocar o valor que queremos às árvores, água, ar puro e biodiversidade ?
    Parabéns pelo blog !
    Newton Almeida www.newtonalmeida.com.br

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