ADEUS A UM CAMPEÃO DA VELA
Familiares, amigos e admiradores do ex-velejador acompanharam o sepultamento no Cemitério Parque da Colina Foto: Marcelo Feitosa |
Dayane Alves em 10/06/2018 20:00
Morador da cidade de Niterói, Axel passou a vida no bairro de São Francisco, onde criou os dois filhos Ingrid e Anders Schmidt, ao lado da esposa Moema. Através da sua trajetória na vela , o ex-velejador foi responsável por construir uma família vitoriosa na modalidade.
Após sua aposentadoria no esporte, Axel se dedicou a treinar os sobrinhos Torben e Lars Grael, que são campeões brasileiros e somam sete medalhas olímpicas. Nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, Martine Grael, que também leva o nome da família e é filha de Torben, conquistou ouro na regata de vela.
Capa do jornal O Fluminense, 12/06/2018. |
Para a família, Axel Schmidt deixa um legado de força e determinação, que são frutos de uma vida dedicada ao esporte. Segundo o secretário Executivo de Niterói, Axel Grael, que é sobrinho do ex-atleta, o tio era um exemplo de ética e sabedoria. Ao longo da infância, ele lembra observar com orgulho as medalhas expostas na casa do tio, que fez o nome da família Schmidt Grael ser reconhecido em todo o mundo.
“Os irmãos Axel e Erik eram exemplos de homens para nossa família. Nós crescemos tendo eles como ídolos, porque a cada medalha conquistada era mais um motivo para enxergamos nossos tios como verdadeiros heróis do mar. Eles nos inspiram e são referência no esporte até hoje, porque não mediram esforços para representar o Brasil, em uma época em que não havia investimentos para as modalidades olímpicas. Agora, toda coleção de troféus conquistada pela dupla são o maior legado da nossa família,” afirmou.
Em 2016, Axel Schmidt conduziu a tocha olímpica pelas ruas de Niterói e se emocionou ao viver o momento histórico ao lado da família. Mesmo aos 79 anos, o ex-atleta ainda velejava na Baía de Guanabara e costumava aconselhar as novas gerações de atletas do Rio Yacht Club, em São Francisco. No ano passado, ele reuniu toda família em um veleiro e navegou pelos mares do estado.
Importante lembrar que Axel e Erik foram precursores na conquista de títulos e ajudaram a formar gerações de velejadores do Rio Yacht Club (Sailing). Não só a família Grael, com os atletas olímpicos Torben, Lars, Martine e Marco Grael, se beneficiou. O Sailing também gerou outros medalhistas olímpicos como Marcelo Ferreira, Isabel Swan, Clínio de Freitas e outros velejadores de destaque como Cláudio Swan, Hélio Hasselmann, Rolf Schmidt, Anders Schmidt (filho de Axel Schmidt), Patrick Mascarenhas, Norman MacPherson, Luiz e Ricardo Clarkson Lebreiro, Bill e Edgar Hasselmann, Antônio Luis Barbosa e tantos outros. Axel Grael
“Ele gostava de orientar os mais jovens com suas experiências e costumava dizer que os fortes não desistem dos seus objetivos. Como pai, ele era companheiro e sempre apoiava nossos planos, mesmo quando soube que não seguiríamos o caminho do esporte. Apesar da sua seriedade, em casa ele era a pessoa que mais arrancava gargalhadas dos netos. Seu coração era enorme e tudo o que deixa é um exemplo de amor e altruísmo para as próximas gerações,” disse a filha mais velha do velejador, Ingrid Schmidt, 48 anos.
O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, também prestou sua última homenagem ao ex-velejador e ressaltou que Axel Schmidt contribuiu diretamente para o desenvolvimento da cultura do esporte marítimo na cidade de Niterói.
“Ao lado do irmão, Axel foi um dos maiores desbravadores da vela e incentivou toda geração de sua família a mergulhar no esporte. Ele é uma referência no município, porque investiu na modalidade e criou campeões com sua história de vida e determinação. Portanto, Axel Schmidt é um nome que sempre será lembrado,” reforçou.
No último domingo, a Confederação Brasileira de Vela divulgou uma nota de pesar pelo falecimento do ex-atleta niteroiense, ressaltando que o esporte brasileiro será eternamente grato a Axel Schmidt.
Trajetória – Nascido em 1939, Axel Schmidt foi o primeiro velejador brasileiro a conquistar o título de campeão mundial de vela. Pioneiro na modalidade no Brasil, ele ganhou sua primeira medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Chicago, em 1959, ao lado do irmão gêmeo Erik .
Quatro anos depois, os irmãos velejadores levaram a medalha de prata no Pan de São Paulo, em 1963.
Na categoria Snipe, junto ao irmão Erik, o velejador conquistou o tricampeonato consecutivo, nos anos de 1961, 1963 e 1965. Um marco único na história do esporte mundial.
Fonte: O Fluminense
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